Estavam sentados no terraço do colégio, observando o por do sol e, às vezes, olhavam-se de soslaio sem que o outro percebesse, ou, pelo menos, acreditavam que o outro não percebera, mas ela sabia quantas vezes ele deixava de prestar atenção no sol se pondo para poder olhá-la e depois olhar para o horizonte. Uma cena clássica de quando um garoto está apaixonado, mas não quer dizer. Apesar de ambos já saberem disso e estarem namorando há um ano.

— Oz... — ela chamou-lhe e ele imediatamente a olhou.

— Sim?

— Você me ama?

— É lógico que sim, mas por que a pergunta?

— O quanto você me ama?

— Ah, é incalculável. — ele ficara vermelho, ela sempre o deixava assim.

— Bom saber. — ela disse voltando a fitar o horizonte.

— Alguma coisa te incomoda, Alice? — ele ainda a olhava, confuso e curioso pela pergunta repentina.

— É que... — ela começou a dizer, mas sem olhá-lo. — Vou te contar algo hoje à noite, na festa da Sharon, então, me espere até lá, ok?

— Ok.

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A noite viera, era uma sexta-feira de verão, todos estavam ansiosos com essa festa, especialmente Oz que estava curioso para saber o que Alice tinha a lhe dizer. Caminhou entre os convidados a procura de um rosto conhecido que há muito tempo não via, mas sabia que estaria ali, porque seu irmão mais velho, Jack, não perderia uma festa dos Rainsworth jamais. Elas sabiam dar festas, Sharon sabia dar festas, afinal, até os universitários participavam delas.

Universidade. Essa palavra ecoava na mente de Oz que ainda não sabia direito o que iria fazer, mesmo estando no último ano do colegial, ainda assim estava indeciso, até porque não é algo que simplesmente se possa fazer por impulso, é o seu futuro e é necessário pesquisar e ver bem, antes de tomar qualquer decisão. Já com Alice era diferente, sempre determinada e decidida, sabia muito bem o que queria e era isso que Oz mais amava nela.

Saiu de seu devaneio ao sentir uma mão bagunçando-lhe os cabelos. Olhou e viu que era quem estava procurando.

— Gilbert.

— Oz. — disse e olhou ao redor. — Cadê o coelho?

— Ah, vocês ainda estão nisso. — riu.

— Tire suas patas dele, cabeça de alga marinha. — falou uma voz feminina por de trás de Gilbert.

— Falando no diabo, ele aparece. — Gilbert virou para encará-la com desdém.

— Vamos, Oz. Depois vocês conversam. — ela puxara Oz pelo braço.

— Me liga amanhã! — disse Oz para Gilbert e deixando ser arrastado por Alice.

— Tá. — respondeu Gilbert acenando e indo para a mesa de bebidas.

— Vocês dois deveriam fazer as pazes. — comentou Oz já caminhando normalmente ao lado de Alice e de mãos dadas com a mesma, indo para dentro da casa.

— Nem morta. — retrucou.

Eles foram até o quarto de hóspedes, que era o único vazio, as pessoas realmente ficavam animadas mais rápido do que Alice e Oz imaginavam, eles até riram disso quando fecharam a porta do quarto onde estavam.

— Pobre Sharon. — riu Oz.

— Não se preocupe, amanhã tudo estará limpo antes da vó e da mãe dela chegarem. — disse Alice.

— Mas, mudando de assunto... — disse Oz, encostado na porta, enquanto olhava Alice que sentava na cama. — O que queria me contar?

— Acho melhor você se sentar. — ela disse pousando a mão ao seu lado, mostrando onde ele deveria se sentar.

Ambos estavam nervosos, mas Oz estava mais ansioso do que nunca.

— Alice, você está grávida ou coisa parecida? — ele perguntou, achando estranho o suspense todo.

— Não. — ela sentiu suas bochechas arderem e jogou um travesseiro nele, que riu apenas. — Está tudo certo. Apenas senta.

— Mesmo? — ele se aproximou e se sentou, ainda olhando-a.

— Pare de brincadeira, e se eu estivesse, o que você iria fazer? — perguntou mais por curiosidade.

— Assumiria a responsabilidade e me casaria com você. — deu um selinho nela.

— Que fofo, mas não. — disse. — É um pouco mais grave do que isso.

— Agora eu estou com medo. — soltou Oz.

— Eu também estou. — Alice disse séria e fitando suas mãos no seu colo, que logo foram cobertas pelas mãos quentes de Oz.

— Eu estou aqui, não precisa ter medo. — ela o olhou, ele ainda tinha o mesmo olhar apaixonado desde que se declararam há um ano.

— Nós precisamos terminar.

Ele arregalou os olhos, não acreditando muito no que tinha escutado. Ela permaneceu séria, quieta e o olhando de forma franca. Alice não estava brincando e Oz não gostou da verdade pela primeira vez na sua vida.

— Por quê? — foi tudo que ele conseguia dizer.

— Porque eu ganhei uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, vou poder realizar o meu sonho lá de ser astronauta e ter um futuro brilhante. — ela conseguiu lhe responder, por mais baixa que estivesse sua voz, ele ainda a escutou.

— Isso é... — ele afastou suas mãos das dela, colocando no próprio colo as mãos e forçando um sorriso para animá-la. — Ótimo, Alice.

— Oz... Você vai me deixar ir?

O loiro congelara. No fundo ele sabia que não queria deixá-la ir, mas também não poderia priva-la de seguir suas próprias vontades. Ele fixou o olhar no chão, enquanto ela fazia o mesmo. Ambos tristes e presos em seus pensamentos negativos sobre a possível separação.

“É claro que eu não queria deixá-la ir, mas se eu a segurar para mim, um dia, a perderei completamente... A única coisa que eu não entendo é que dentre todas as pessoas existentes no mundo, por que tinha que ser logo você a primeira a me deixar?”

— Eu preciso de um tempo... — Alice o olhou. — Desculpa. — ele pedira cabisbaixo, sem parar de fitar o chão.

— Entendo. — ela disse o olhando se levantar e sair.

Lágrimas rolaram pela sua face, não sabia o que fazer. Seguir seu sonho ou não?