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“Wasted”. É possível traduzir essa palavra de três formas. Como adjetivo, embriagado. Como verbo, desperdiçar. Como substantivo, inútil.

     Alexia acendeu o cigarro com pressa e deixou que a fumaça invadisse a garganta e os pulmões. Fechou os olhos para que pudesse prestar toda a atenção na ardência incômoda que surge em suas fossas nasais toda vez que traga, mas foi interrompida pela lembrança da porta, bem atrás dela.

Ela trancou a porta, sabia disso. Entretanto, não conseguia se livrar dessa impressão que tinha de que seu pai podia abri-la a qualquer momento e esse pensamento pareceu golpear seu estômago com intensas ondas de enjoo. Então, foi até lá para checar; destrancou e trancou novamente. E logo voltou para a cura temporária de sua ansiedade.

Sentia-se como um casulo vazio ao sentar sobre o parapeito da janela e observar Bristol ser engolida pela noite. Era sexta-feira e os bares começavam a por as mesas e cadeiras na calçada e alguns clubes até já abriam suas portas – pouco preocupados em barrar a entrada de adolescentes que se arriscavam com suas identidades falsas.

Seu olhar cruzou o quarto até se enxergar no espelho. A raiz loira de seu cabelo estava tão extensa que parecia engolir o azul desbotado. Quando ela se olhou nos olhos – pequenos e amendoados, cor de terra molhada – confirmou o que sentia: era um casulo vazio. Era início de semestre, um novo ano letivo estava para começar. Alexia ainda precisava desempacotar coisas da mudança, no entanto não conseguia parar de pensar na festa para a qual foi convidada e que aconteceria no dia seguinte – no evento estava escrito “Aquecimento”.

Não suportava mais esse nada que sua vida parecia ter se tornado.

Estava naquele meio termo em que tudo que fazia parte da sua vida antes parecia ter chegado ao fim, mas nada a havia preenchido ainda se não a fumaça do cigarro.