-

Harry quando chegou ao lugar determinado pelo mestre de poções, instintivamente ajeitou os óculos na face e se encostou à parede, meio pensativo. De relance percebeu que seu inimigo se encontrava a sua frente com os braços cruzados e o encarando arrogantemente. Na realidade todas as ocasiões que o fizeram se desentender com o sonserino eram fatos que ele se esforçava para relevar, apenas o tratou com cautela na maioria das vezes, porque não queria arriscar a levar detenções e perder pontos para sua casa. Alguma coisa que não sabia definir tinha acontecido há poucas horas atrás quando salvou Gina, que o fez mudar sua decisão de ficar alheio a esses fatos.

Malfoy, enquanto aguardava a chegada de seu padrinho, resolveu ficar quieto em seu canto esperando a poção de sobriedade fazer efeito, pois não queria que Snape o repreendesse, por estar alcoolizado. Era monitor-chefe e tinha que dar o exemplo para os outros alunos, temia perder o cargo que tanto custou a conseguir, por causa de um deslize que não podia ter cometido. A raiva que sentia de Potter ainda o consumia por dentro, toda vez que se lembrava da cena dele com sua amada, dava vontade de dar um soco no grifinório ou estuporá-lo. Esperava ansioso que Virginia tivesse recebido o bilhete que tinha escrito as presas, precisava encontrá-la para conversarem e esclarecerem muitas coisas. Resolveu cruzar os braços e olhar arrogante para seu desafeto que parecia perdido em pensamentos, só virou o rosto quando ouviu passos cada vez mais perto, vinham na direção deles. Colocou as mãos nos bolsos do casaco ao ver Severus se aproximando com um olhar mais intimidador que o normal.

– Ótimo! Pelo menos vejo que chegaram na hora marcada – Comentou o diretor sonserino friamente para logo abrir a porta com a senha, permitindo que os alunos entrassem. Sem perder tempo sentou-se na cadeira atrás da escrivaninha e gesticulou para os dois estudantes se acomodassem a sua frente – Me diga Sr. Malfoy o que exatamente aconteceu lá no bar? – Inquiriu sério.

– Eu apenas estava defendendo a Senhorita Snape de oportunistas que querem somente aproveitar-se da ingenuidade dela – Respondeu o loiro ocultando o motivo real de sua briga.

– Entendo! E você não pediu a Virginia o motivo que a fez estar junto com o Senhor Potter? – Questionou.

– Pedi! Mas não acreditei muito no que me foi contado, não gosto do Potter – O loiro bufou.

– Agora a sua versão dos fatos Senhor Potter, me diga o que aconteceu? – Perguntou com indiferença na voz.

– Professor Snape, eu estava junto com a Gina porque a salvei de um cara da corvinal, que estava agarrando ela à força – Falou orgulhoso o grifinório – Depois a convidei para ir até o bar e ela aceitou daí o Malfoy ficou incomodado em nos ver junto. O resto da história o senhor já sabe – Murmurou encarando o semblante ameaçador de Draco.

– Qual é o nome do aluno da corvinal? – O mestre poções exigiu estreitando os olhos.

– Jan Matry, artilheiro do time da corvinal – Falou sem rodeios o moreno.

– Aquele loiro safado! – Malfoy resmungou.

– Não quero ver nenhum dos dois tentando se vingar desse garoto. Eu tomarei uma providência sobre isso, não se preocupem.

– Sim senhor – O loiro e o moreno responderam juntos.

– Bom, agora que já conversamos, vou dar a minha punição pela briga vergonhosa que vocês iniciaram num lugar público – Explicou – Como muitas pessoas presenciaram o ocorrido, não posso deixar esse fato passar em branco sem nenhuma repreensão – Severus pegou uma pena e um pergaminho onde começou anotar algumas coisas.

– Professor, qual será a nossa punição? – Harry pediu preocupado.

– Senhores, eu resolvi apenas descontar cinqüenta pontos da sonserina e grifinória, por consideração a uma pessoa muito especial para mim. Vou deixar somente por isso, mesmo sabendo que deveriam cumprir alguns meses de detenções além dos pontos retirados - Confessou o diretor sonserino.

– Obrigado professor Snape – Agradeceu o loiro.

– Agora podem ir e lembrem-se eu não quero que isso se repita. Da próxima vez não serei tão brando – Avisou.

Enquanto isso, no dormitório feminino do sétimo ano da sonserina, Virginia estava contando tudo o que tinha acontecido a Helen, pois apenas as duas não desceram até o salão comunal da casa.

– Helen, o Draco ficou com ciúmes quando me viu com o Harry, eu notei isso no olhar dele. Você sabe, ele nunca foi de demonstrar esse sentimento por ninguém, mas tenho certeza que era ciúmes, ainda mais depois do que ele sussurrou no meu ouvido - Sorriu contente.

– Então parece que o nosso plano está funcionando, a propósito tem uma coruja já faz algum tempo ali na janela – Apontou – Nosso papo estava tão bom que esqueci de ver para quem era a carta.

– Essa coruja cinzenta não me é estranha parece com a do Draco – A ruiva deduziu indo em direção à janela, onde a abriu, dando passagem para a ave pousar em cima de uma cama. Aproximou-se do pássaro que ergueu a patinha, para ela pegar o bilhete e ler.

-

Gina

Precisamos conversar urgentemente, ainda hoje, não posso esperar até amanhã. Aguardo você no meu dormitório de monitor, às nove da noite.

Draco Malfoy

-

– É do Malfoy? – Perguntou curiosa Barsky.

– Sim, é dele! Adivinha! O Draco quer que eu vá até o quarto de monitor-chefe dele, ás nove da noite para conversarmos – Disse entusiasmada.

– Acho que você tem que ir, mas deve tomar cuidado para não ceder aos encantos dele tão facilmente, o faça implorar para ficar com você – Aconselhou séria a loira.

– E se ele se declarar para mim? Vou fazer o que? – Pediu aflita a herdeira dos Snape.

– Escute o que ele tem para dizer e depois se declare se for favorável a você - Helen falou se ajeitando no colchão.

– Não sei se vou conseguir – Cruzou os braços e começou a andar de um lado e do outro.

– Se eu fosse você, eu primeiro daria uns beijos no Potter, para em seguida ficar com o Draco. Isso faria o loirinho sofrer um pouco – Sugeriu.

– Você está brincando não é? – A ruiva gritou.

– Sabe amiga! Faça o que o seu coração mandar. Eu não quero te ver chorando por aí, por causa dele – Esclareceu.

Nesse mesmo momento na torre da grifinória. Rony e Harry conversavam sentados no sofá do salão comunal, no qual o local contava com a presença de mais alguns alunos.

– Então o Snape só tirou cinqüenta pontos de cada um e não deu nenhuma detenção? – Weasley questionou surpreso.

– Pois é! Eu também achei estranho, esperava uma detenção de no mínimo dois meses além dos pontos tirados. Creio que a pessoa especial que ele se referia era a Gina, foi por causa dela que o Snape agiu de uma forma tão "generosa" – O moreno comentou.

– Sorte sua que a minha irmã mudou a decisão dele – Cochichou o ruivo – Agora em relação ao artilheiro da corvinal, estou ficando com pena dele, apesar de querer o socar. Realmente o Snape vai ser cruel com o Matry na primeira oportunidade que tiver.

– Rony, o que achou da reação estranha que o Malfoy teve? Será que ele gosta da Gina, mais que uma amiga? – Harry murmurou olhando para os lados, para ver se ninguém ouviu, além de seu amigo.

– Pelo que você me contou, eu acho bem possível. Só o que me preocupa é a Virginia corresponder a esse sentimento – Gesticulou nervoso.

– O Malfoy não presta, olha só a fama dele no colégio, creio que a sua irmã não é boba de cair na lábia dele – O moreno falou confuso – Eu tenho que agir, porque estou interessado nela – Confessou.

– Eu a prefiro com você, pelo menos a sua fama não é ruim e além do mais somos amigos - Apoiou.

– Depois vou mandar uma coruja para a Virginia – Confidenciou o rapaz que sobreviveu.

Nesse instante, Draco se encontrava em seu dormitório de monitor-chefe sentado na cama, desde que tinha saído do banho, apenas uma toalha verde envolvia sua cintura. Cansado resolveu deitar-se no colchão para em seguida fitar o teto, perdido em pensamentos sobre os últimos acontecimentos daquele dia, suspirou angustiado ao imaginar que Gina poderia arrumar outro cara para namorar que não fosse ele.

Sabia que Potter aparentava interesse por ela e teria que acabar com os planos do herói do mundo bruxo de conquistar sua amada. Seu outro obstáculo era Parkinson, ela fingia ser avoada e boba, porém ele sabia que era apenas uma fachada para enganar os tolos, isso não se aplicava a um Malfoy. Precisava continuar ignorando Pansy da mesma forma fria que usou no bar, isso poderia ser uma opção para se livrar dela. Sua cabeça estava uma confusão por causa disso tudo e para piorar a situação seu padrinho parecia irritado com ele por algum motivo, talvez desconfiasse de suas intenções em relação à Virginia. Fechou os olhos imaginando como agiria com Gina quando ela fosse encontrá-lo e o que a diria. Ficou matutando várias situações e reações que de repente adormeceu.

Algumas horas se passaram e Draco continuava dormindo tranqüilo esparramado no colchão sem nenhuma roupa em seu corpo, somente despertou quando ouviu a porta da entrada se abrir, ao ser pronunciada a senha por uma voz feminina. Escorou-se sobre os cotovelos meio-sonolento e olhou a ruiva que adentrou em seu dormitório, ela o encarava aterrorizada, por causa de alguma coisa.

-

Continua