Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 43
We Remain


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde!!! Era para este capítulo ter sido postado ontem, mas houve imprevistos e não consegui. Feliz dias das mães atrasado a todas as mamães.

Amei cada comentário do capítulo passado e sei que deixei todas vcs com os corações nas mãos, não é? Bem esse capítulo está mais do que encaminhado para um final, mas me recuso a encerrar PA (olhinhos cheios de lágrimas) Bem sei que se passaram um mês, mas estou aqui sempre e confesso que não foi fácil de escrever este capítulo por "Ns" motivos.
Espero de coração que gostem e se sintam tão emocionadas como me senti ao editar.

Fiz com acontecimentos parecidos com os livros e filmes, mas mudei boa parte a cronologia de cada acontecimento, espero que gostem.

Enjoy!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722213/chapter/43

 

Todas as formas que você acha que me conhece
Todos os limites que você descobriu
Limites que você descobriu
Teve que aprender a manter todos abaixo de mim
Só para não serem jogados em volta
Só para não serem jogados em volta

Sim
A cada momento que o vento sopra
A cada momento que o vento sopra
Eu vejo em seu rosto
Numa noite fria, não haverá nenhuma luta justa
Não haverá nenhum boa noite para se virar e ir embora

Então, me queime com fogo, me afogue com chuva
Vou acordar gritando seu nome
Sim, sou uma pecadora, sim, sou uma santa
O que quer que aconteça aqui
O que quer que aconteça aqui
Nós continuamos

Agora falamos sobre nosso futuro perdido
Mas damos uma boa olhada em volta
Sim, damos uma boa olhada em volta
Sim, sabemos que não foi por nada
Porque nunca deixamos isso nos desacelerar
Não, nunca deixamos isso nos desacelerar

 

(We Remain - Christina Aguilera)

 →←→←→←

 

Passamos a vida lutando para nos apegarmos às pessoas que mais valorizamos. As quais acreditamos que não conseguiríamos viver sem, mas nossas lembranças são frequentemente uma ilusão. Protegendo uma verdade muito mais destrutiva.

A dor que antes parecia que me levaria a morte, passou. Creio que seja os efeitos do Mofináceo. Meus olhos demoram para se acostumarem com a claridade, mas assim que entendo onde estou, começo a me desesperar.

— Chamem o médico, ela acordou. – Alguém logo surge em meu campo de visão. Nunca vi esse rosto antes. — Acalme-se, não tente falar. Você inalou muita fumaça.

— Sra. Mellark, sou o Dr. Kurt da ala de queimaduras intensivas – diz enquanto remove com cuidado a máscara de oxigênio. — Você está em um hospital improvisado.

Olho ao redor e consigo reconhecer uma estrutura aqui e ali. Estou na mansão presidencial.

— Tudo bem doutor, pode deixar que daqui eu assumo. – Haymitch me encara como se quisesse me poupar dos últimos acontecimentos.

— Sem rodeios – peço sentindo um desconforto na garganta. — Água... – aponto para o copo em cima do suporte ao lado do meu leito. Ele me estende o copo e bebo a água sentindo um pequeno alívio.

— Por onde começo... – Ele puxa uma cadeira e olha dentro dos meus olhos. — Tivemos grandes perdas, é claro, mas a guerra acabou. Sua mãe veio e está ajudando outros feridos. Ela veio todos os dias te ver e passar unguento em suas queimaduras.

— Acharam o corpo da Prim e do Peeta? – Mesmo temendo e tendo a plena certeza do ocorrido, preciso saber.

— Ninguém te disse? – O encaro com meus olhos já embaçados pelas lágrimas. — Sua irmã e o Peeta estão se recuperando na ala de queimaduras intensivas no hospital da Capital. – Permito que as lágrimas escorram livremente pelo meu rosto. — Ei, calma... não pode sair daqui... – Ele tenta me impedir quando faço menção de sair da cama.

— Preciso vê-los – imploro.

— E você os verá, mas precisam de tempo para se recuperarem. Você também precisa se recuperar. – Volto a repousar a cabeça sobre a cama e só então sinto uma faixa envolta da minha cabeça. Ele me conta que tive uma concussão.

— Os outros estão bem?

— Sim. Annie está com o Finnick em um quarto aqui na mansão. Ele teve alguns ferimentos, mas já está bem. – Ele me conta. — Ah, quase ia me esquecendo. Doryan está aqui e que muito ver você e o Peeta.

Logo o vejo passar pela porta. Seu sorriso e os olhos marejados me comovem. É como estar vendo um filho crescido que há muito não via.

— Pensei que nunca mais colocaria meus pés aqui. – Ele me abraça com carinho e retribuo o gesto.

— Bem, agora estamos em uma nova realidade. Do tipo que parece fruto de nossa imaginação. – Ele quer saber desde que cheguei aqui na Capital. Quando me encontrei com Peeta. Vou em frente e conto o poupando de alguns de alguns detalhes mais doloridos.

— Sinto muito pelo Gale. – Ele pousa sua mão direita sobre a mim. — Tantos acontecimentos. Tanta devastação. Fiquei com tanto medo quando vocês foram dados como mortos – desabafa ele.

— Lamento o que perdemos, mas o importante, é que, estamos aqui. Somos uma família, Doryan.

— Obrigado. Vocês são muito importantes para mim.

Com o passar dos dias percebo que Haymitch está aqui para cuidar de mim. Quando minha mãe vem me visitar, pergunto sobre as crianças e diz que estão com o Esdras e a Delly em nossa casa no Distrito 12. Fico aliviada e feliz em saber que Benjen recebeu alta e está bem. Sinto muita falta deles e espero vê-los em breve.

Pouco antes de receber alta, me indicam um médico para avaliar minha saúde mental. Dr. Aurelius deduz que, apesar da desorientação, posso ser liberada, desde que eu faça algumas seções de terapia com ele.

 

→←→←→←

 

Chegou o dia de rever a Prim e o Peeta. Como os dois tiveram queimaduras gravíssimas, ficaram isolados para não adquirirem nenhuma bactéria.

— Acho que nunca te vi tão ansiosa assim – comenta minha mãe. Estamos sentadas na sala de espera. Meus joelhos não param de tamborilarem desde que chegamos.

— Acho que a ideia de perder a Prim e o Peeta no mesmo dia me destruiria, mãe. Não estou preparada para isso e acredito que nunca estarei – desabafo, segurando sua mão esquerda. — Agora consigo compreender com clareza, o que sentiu, quando o papai se foi.

Seus olhos transbordam de emoção.

— Ohhh... Katniss nunca quis abandonar vocês duas...

— Agora eu sei disso, mãe. – A abraço e ficamos um tempo assim, até que uma enfermeira surge e diz que podemos visitar primeiro a Prim. Suspiramos antes de entrar no quarto. Prim está sentada. Seu rosto está quase curado e percebo as muitas cicatrizes. — Ei, Patinho nos deu um susto entanto.

— Sou uma sobrevivente, assim como você. – Sua voz soa um tanto enrouquecida. — Devo muito ao Peeta.

— Acho que perdi a conta de quanto devo a ele.

Fico um pouco com ela antes de ir ver o Peeta. Minha mãe fica com ela.

Saio do quarto e caminho até o quarto vizinho. Respiro fundo antes de abrir a porta. Ele está acordado e quando me aproximo suas mãos algemadas. Ao questionar, diz que teve alguns flashbacks e tiveram que sedá-lo.

— Fiquei com tanto medo... – Inicio meu desabafo. — Pensei que tinha perdido você. – Me aproximo com os olhos já encharcados e os dele não estão diferentes. Faço um carinho em seus cabelos e aproximo vagarosamente meu rosto do seu apenas para beijá-lo. — Obrigada por salvar a Prim. Eu te amo, Peeta Mellark.

— Como pode amar alguém tão deteriorado como eu? – Seu rosto se contorce angustiado.

— Você me disse que da próxima vez que nos encontrássemos, seria em um mundo diferente – repito suas palavras antes de deixarmos a loja da Tigris. — O mundo está diferente agora.

— Acha mesmo que está? – Não consigo compreender suas palavras e ele parece perceber. — Escutei dois guardas discutindo em uma noite dessas que, aquele aerodeslizador com a insígnia da Capital, não pertencia ao pessoal do Snow, mas sim a Coin. Aqueles paraquedas que quase mataram a mim, a Prim e a outros inocentes, foram jogados a mando dela. Parece que não passamos de joguetes nas mãos deles desde sempre. Até quando isso vai continuar? Quem garante que a Coin fará de Panem um lugar melhor?

— Será que você não confundiu os fatos...

— Não! – rosna ele. Seus punhos estão cerrados e os puxa com força, fazendo as algemas tremerem na grade da cama.

— Tudo bem, acredito em você. – Na verdade, nunca engoli o que aquela mulher me dizia. Pra mim, ela sempre teve um plano individual. Preciso procurar Haymitch e compartilhar minhas dúvidas com ele. — Quando você sairá daqui? – Tento desviar um pouco a tensão que está sentindo.

— Não sei, mas estão falando em terapia – fala com tristeza. — Conseguiram remover o chip, mas ainda tem um longo processo.

Consigo sentir a intensidade de cada palavra que diz. Passamos por muita coisa, porém, Peeta foi e voltou do inferno.

— Eu sei que vai melhorar. Precisa melhorar – digo voltando a acariciar seus cabelos. — Hope pergunta por você todos os dias. Não temos mais desculpas para lhe dar. O Benjen saiu do hospital e está sendo cuidado pelo Esdras e a Delly.

— Sinto falta de cada um... – Ele resfolega. — Quero ser o que eu era, mas sei que isso não será possível. – Olho bem para ele e noto muitas cicatrizes. Enxertaram os locais atingidos pelo fogo, mas creio que a maior das cicatrizes esteja em sua mente.

— Daremos um jeito – digo confiante. — Vou te ajudar todos os dias a se lembrar de quem você era. O seu eu está aí dentro, Peeta. Não vou desistir de nós. Eu amo você demais. Você despertou sentimentos em mim que, eu tinha trancado quando meu pai nos deixou.

— No fim, acho que o Hawthorne tinha razão. – Me lembro da conversa dos dois quando pensaram que eu estava dormindo. — Desisti de tudo por você. Sempre te amei, mesmo quando pensei que a odiava – ressalta.

Encosto meus lábios nos seus e iniciamos um daqueles beijos que desperta tudo em mim. Meu corpo apenas deseja o seu. E mal posso esperar pelo momento em que poderemos estar juntos como um casal.

Alguém bate à porta e ao abri-la vejo Doryan e Haymitch que ainda não tinha se encontrado com Peeta pessoalmente. Ele vinha ao hospital, mas só o observava pelo lado de fora.

— Bom te ver, garoto – cumprimenta Haymitch.

— Obrigado por manter nosso trato e ter salvo a Katniss.

— Eu queria ter salvo os dois, mas até com o Doryan falhei – diz entristecido.

— O que passou, passou – argumenta Peeta. — E você rapaz, parece que cresceu um pouco mais desde a última vez que o vi.

— Não sabe como senti de não ter você por perto. – Doryan o abraça meio desajeitado.

Os dois conversam e Peeta fica confuso entre um relato e outro que Doryan conta do tempo que passaram sequestrados na Capital. Logo Haymitch diz que precisam dar uma saída e me deixa só com Peeta.

— Você não perdeu o olhar paterno quando o assunto é o Doryan.

— Não tem como não o proteger.

Fico um tempo com o Peeta até a hora de acabar a visita. Me despeço dele com a promessa de voltar dia após dia.

 

→←→←→←

 

Mais algumas semanas passam. Os vencedores são convocados para uma reunião.

— Ah, minha nossa até que não está tão acabada como imaginei – alfineta Johanna, assim que puxo uma cadeira para me sentar ao lado de Peeta.

— É bom ver você. – Ela enruga a cara se fazendo de antipática, mas logo está sorrindo.

— Sua fuga me custou mais uma visita ao quarto de hospital e ao Morfináceo, mas sendo sincera eu estava mesmo precisando daquilo correndo em minhas veias. – Olho para seus cabelos e noto que estão um pouco maiores que a última vez que a vi.

A presidenta propõe uma edição simbólica dos Jogos Vorazes com os cúmplices do Snow na opressão em que vivíamos, Johanna gargalha.

— Claro que, permito uma votação entre vocês para ver se há essa possibilidade – conclui Coin.

Quando conversei com Haymitch, também percebeu o que vinha acontecendo. Agora nos entreolhamos lembrando de nossa conversa.

Beetee, Finnick, Annie e Doryan votam contra essa possibilidade. Enobaria diz que será bom eles sentirem o gostinho do que sentimos. Johanna sugere até que a neta do presidente esteja junto com os demais. Peeta dá uma rápida olhada em minha direção antes do seu “sim”. Creio que ele leu as entrelinhas do que eu tinha em mente.

— Quase perdi a Prim e o Peeta. Voto sim.

— Só resta você, Haymitch – diz Coin.

— Eu voto com o Tordo – sentencia ele.

— Votação encerrada. Após a execução do Snow, hoje à tarde, farei o pronunciamento. – Ela olha em minha direção antes de se levantar e sair.

— Como podem concordar com isso depois de tudo pelo o que passamos? – questiona Finnick.

— Você não tem ideia do que está acontecendo – respondo levantando e segurando na mão de Peeta para logo sairmos. — Vamos caminhar um pouco por aí.

— Agora não posso, tenho uma sessão com o Dr. Aurelius – diz ele. — Mas vai você, mais tarde nos encontramos. – Ele planta um selinho em meus lábios e segue seu caminho.

— Espero que tenha certeza do que esteja fazendo, Katniss – sussurra Haymitch, passando por mim.

Ando por um tempo por extensos corredores até ao olhar pela janela e avistar uma enorme estufa de vidro. Vou até lá, mas me deparo com um par de soldados que impedem minha passagem.

— Deixem-na entrar. Há algo aí que pertence a ela. – Escuto a voz da comandante Paylor logo atrás de mim e mesmo não compreendendo muito sua fala, adentro o local.

Passeio por entre muitas rosas de diversas cores. O cheiro me incomoda bastante. Mesmo assim, continuo a caminhada a procura dela. Bem no topo está uma majestosa rosa branca. Tento cortá-la e acabo me espetando com os espinhos.

— Essa é perfeita. – Acabo por me assustar com sua voz. — As variedades de cores são belas, mas nada fala tão puramente como o branco, não acha? – Assim que consigo cortar a rosa com um canivete que estava no bolso lateral da minha calça, me viro para a voz. — Lembro como se fosse ontem, você em seu vestido branco de noiva, entrando no salão aqui na Capital para se casar com o Peeta.

— Você o destruiu – acuso.

— No entanto, ele ainda parece amá-la. – Ele tosse e noto sangue no lenço que usa para aplacar a crise.

— O que há entre eu e ele é mais forte do que imagina.

— Um grande progresso, já que, ele sempre rastejou por você.

— Seu dia chegou, Snow. Hoje você vai pagar por todo mal que fez a mim e as pessoas que amo e me importo. Eu poderia te matar aqui e agora. – Mostro o canivete. — Por ordens suas, aqueles paraquedas quase mataram minha irmã e o Peeta.

— Ora, minha cara... – Tosse antes de prosseguir. — Que motivos eu teria em bombardear os próprios cidadãos da Capital, ainda mais crianças? Sendo bem sincero, eu já estava me entregando.

— Não acredito em você.

— Prometemos um para o outro nunca mentirmos. Não se lembra?

De repente, toda a teria da conspiração que Peeta me contou, parece tão real quanto ver Snow se deteriorando à minha frente. Não troco mais nenhuma palavra com ele. Dou meia volta e saio voltando para a mansão. Effie me barra dizendo que estou atrasada. Ela praticamente me empurra para um quarto e vejo minha equipe de preparação. Sou maquiada e visto o traje do Tordo. Olho meu reflexo no espelho e estou pronta para executar.

 

→←→←→←

 

Sou encaminhada para a frente da mansão. Todos estão presentes, há um espaço para os vitoriosos e dou uma olhada em Peeta antes de tomar meu lugar. O Círculo da Cidade está cheio de pessoas. Da sacada, Coin faz seu discurso tentando me bajular.

— Tordo, que a sua apontaria seja tão precisa como a pureza do seu coração – conclui ela.

Encaro o Snow preso no pilar e posiciono meu arco com a flecha. Quando solto a flecha ela acerta em cheio o coração da Coin. Ela cai morta. Não sinto arrependimento algum. Entretanto, sou cercada por guardas e Peeta intervê.

— Não podem tocar nela! – protesta ele.

— Se afaste, Sr. Mellark.

Sou arrastada por soldados rebeldes e ao dar uma última olhada em Snow, vejo a multidão que se joga em cima dele.

Sei que foi burrice o que acabei de fazer. Todos que amo poderão sofrer. Os guardas me levam para o Centro de Treinamento e me jogam dentro do meu antigo quarto. Quando saem, ouço a porta ser trancada. Não há um forro na cama e nem roupa alguma no armário. Todo esse local me traz muitas lembranças. Passo a semana andando de um lado para o outro do cômodo. Quando me trazem as refeições, me recuso a comer. Fico apreensiva com o resultado dos meus atos. Não posso perder meus filhos. Não conseguiria viver sem minha família. Em meio aos meus dilemas me surpreendo com a visita de Haymitch.

— Pronta para ir para casa? – pergunta e fico estática.

A palavra casa me pega de surpresa.

— Estava esperando pela minha execução.

— Houve um julgamento e nele, Plutarch foi a testemunha principal a seu favor. No fim, o Dr. Aurelius interviu por você. Ele disse que você passou por muitos traumas e foi diagnosticada como mentalmente desorientada. É claro que, deve continuar as sessões com ele. E precisará tomar os medicamentos que ele prescreveu – conclui.

Haymitch também me informa que houve uma votação de última hora e a comandante Paylor foi nomeada presidenta interina. Quando pergunto sobre minha mãe, Prim e o Doryan, me informa que estão nos aguardando no aerodeslizador no terraço. Digo a ele que preciso tomar um banho e me arrumar. Ele fica de me encontrar lá fora. Não quero multidão, nem câmeras e muito menos despedidas. Por hora, só quero esquecer tudo que vivi.

Após meu banho, caminho até o terraço. Encontro Haymitch, Plutarch, Effie e Peeta. O abraço assim que vejo.

— Senti tanto sua falta. – Absorvo seu cheiro enquanto meus dedos acariciam sua nuca. — Estou aliviada de irmos para casa. – Ele retribui meu abraço, mas me afasta para me observar.

— Eu... eu... – Peeta parece relutar em sua fala e fico apreensiva.

— Diga de uma vez – suplico.

— Não voltarei para casa...

— O quê? Como assim? Temos uma família, Peeta. Não consigo viver sem você! – Em meu total desespero e a ideia de não o ter em minha vida, já me faz chorar. Não me importo com a presença dos outros três presentes.

— Fico aliviado e feliz ao saber que não consegue viver sem mim. Também não consigo viver sem você. Amo a família que formamos e, é por isso, que preciso ficar aqui na Capital – explica ele, com toda calma. Minha vontade é de bater em seu peito, até se convencer de que temos que ficar juntos. — Ainda tenho traços do soro que usaram em mim e isso me deixa instável. Não quero voltar para o 12 e ter que lidar com isso perto de vocês. Vou ficar aqui e me tratar. Quero ser o Peeta que você aprendeu a amar.

Tudo o que diz é perfeito, mas o que direi a Hope?

— Quan-quanto tempo vai ficar aqui?

— Ainda não tenho certeza, mas o Dr. Aurelius está confiante.

— Promete pra mim pensar em nós todos os dias? – Juntamos nossas mãos em uma promessa.

— Prometo – afirma.

Solto nossas mãos e retiro o medalhão do meu pescoço.

— Você me deu e agora quero que fique com isso para ter onde se apoiar.

— Obrigado. Amo você – declara com os olhos marejados.

— Até breve. – Faço um último carinho em seu rosto antes de abraça-lo. — Eu te amo, volta logo pra mim.

Os demais que tinham se afastado um pouco para nos dar privacidade caminham até nós.

— Você nunca me desapontou, Katniss – diz Plutarch. — Agora que sou o secretário de comunicações, comecei a escrever um programa de televisão. Em breve entrarei em contato com você para participar.

Tento sorrir, mas sei que meu sorriso saiu bem apagado.

— Querida senti que precisava me despedir de vocês, apesar de, detestar despedidas. – Effie já segura um lenço entre seus dedos enluvados. — Já passei instruções ao Haymitch para cuidar de você e das crianças. Assim que possível irei visita-los – promete ela. — Espero que encontre a vida de uma verdadeira vitoriosa. Você merece ser feliz, Katniss.

— Obrigada por tudo, Effie. – Então ela me puxa para um abraço e quando nos afastamos ela está em prantos.

— Cinna quis muito estar aqui, mas está cuidando de alguns assuntos. Aliás, muitos queriam estar, mas cada vitorioso precisou ir cuidar de seus próprios afazeres. No entanto, estou com algumas ideias em mente que possam dar muito certo. – Ela sorri com uma animação genuína.

Haymitch se encaminha para o aerodeslizador e abraço Peeta mais uma vez.

— Eu sou sua e você é meu – digo o beijando.

— Sempre – diz retribuindo suavemente o beijo.

Ainda o olho por cima dos ombros. Quero protestar e ficar aqui com ele, mas sei que meus filhos precisam de mim. Já fiquei tempo demais longe deles. Já dentro da nave abraço minha mãe e a Prim, as duas já tinham se despedidos dos demais. Percebo os olhares que Doryan troca com Prim. Ele é bem atencioso com ela. Sempre preocupado com seu bem-estar.

Durante o trajeto não consigo falar muito. Fico em silêncio boa parte do caminho e só respondo “sim ou não” para comer ou beber algo.

Haymitch comenta que cada distrito está se reerguendo aos poucos. Diz que a tarefa não será fácil, mas a meta é que, nenhum distrito seja superior ao outro. Paylor está criando táticas para cada reforma e construção civil que for necessária. Seja resignando para aqueles que perderam suas casas ou mesmo aqueles que nunca tiveram uma, podendo a chamar de lar.

Um frio na barriga se inicia à medida que nos aproximamos do nosso distrito.

— Quer saber o que nos aguarda? – pergunta Prim.

— Não – respondo. — Quero me surpreender.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, se sentiram falta de algo, me avisem e vou citar o Gale no pov da Katniss, porque o próximo capítulo estou pensando em fazer no pov do Peeta. Beijos, beijos e me digam o que acharam...
Comentem amores e vou responder a cada comentário com muito carinho. Até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Preço do Amanhã" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.