Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 40
Devil May Cry


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, após dois meses sem postar voltei...
Gente sei que prometi um milagre de natal, mas confesso que foi osso do final do ano até o início. Não consegui parar para escrever, me perdoem.
Não foi fácil escrever este capítulo, ficou grande, mas foi preciso colocar aqui alguns fatos e tals para chegar nos "finalmente"
Peeta ainda vai ficar nessa corda bamba de dupla personalidade, mas é preciso por conta da alteração que fizemos na fic. Estamos mudando alguns paradigmas e vão perceber que estamos encaminhando pro final mesmo e quero vocês aqui comigo. Comentem, teorizem, enfim. Jamais abandonei esse projeto, nunca nem passou pela minha cabeça.
Agradeço o imenso carinho de cada um nos comentários passados. Vocês são incríveis.
Vamos ao capítulo!!!!!



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Não vai ser em vão
Engolir toda a sua dor
E aprender a amar o que queima
E reunir coragem para voltar

Rostos na multidão
Rostos na multidão irão sorrir de novo
E o diabo pode chorar
O diabo pode chorar no final da noite

A luz vai brilhar através da chuva
E o céu vai ouvi-los chamar seu nome
E o lar vai parecer um lar novamente
A corrupção vai encher o seu cérebro

(Devil May Cry - The Weeknd)

 

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Encontrar Peeta nas ruas de Panem foi mais inesperado do que tinha planejado. Pensei que teria de entrar no Centro dos Tributos, mas não precisei. Ainda assim, não imaginava o quão deteriorado ele estava. Meu maior choque foi quando seus olhos me olharam com ódio e logo suas mãos se fecharam em meu pescoço. Devo admitir, foi a pior sensação que senti. Nunca havia passado em minha mente que uma pessoa como ele faria isso com alguém. Mas, foi o nome da nossa filha que o fez ficar em alerta e até mesmo mexer com seu íntimo. Claro que, vê-lo numa luta interna não foi uma tarefa fácil de lidar. Eu queria tocá-lo. Beijar seus lábios com vontade. No entanto, quando eu tentava algo ele se esquivava. Confessou que estava com medo de me machucar. E, quando consegui sentir seus lábios foi como se todo meu corpo clamasse por isso. Em alguns momentos o escutava a conversar consigo mesmo.

Lipp, o único soldado que sobrara de seus homens, fez inúmeras descobertas sobre o que fizeram com Peeta, agora ele tem receio de tentar ajudá-lo e acabar piorando a situação.

— Lipp, tente localizar esse grupo. Preciso de um tempo sozinho...

Sei que está mexido pelas imagens que acabamos de ver. Esse é o Esquadrão 451, lembro-me do Gale comentando com a tal Valla que passou nos testes. Lipp parece bem concentrado e saio de fininho indo em direção ao quarto. Noto a trilha de suas roupas até o banheiro e escuto a água do chuveiro. Entro sorrateiramente e vejo seu corpo nu e de imediato observo muitas cicatrizes.

— Peeta... – sussurro, ele parece estático quando, estando de olhos fechados, os abre fixando-os em mim.

— Não devia estar aqui... – Sua voz soa hesitante e aproveito para tentar algo insano, mas que tenho vontade.

— E onde acha que eu devia estar, Peeta? – Estou bem perto dele quando levo minha mão direita ao seu rosto.

— Eu-eu me sinto uma bomba de dor reprimida. – Sinto uma fisgada em meu peito. Me dói por dentro em vê-lo assim.

— Você é meu, Peeta Mellark – falo, com o máximo de convicção que consigo. Aproximo meu rosto do seu.

Cubro sua boca fria com meus lábios e o beijo com toda ternura que reúno dos momentos que já tivemos.

— O Snow me disse que tudo que sai da sua boca é mentira – diz ele, com certa hesitação na voz.

— Ele não sabe nem a metade do que passamos. O que temos tornou-se verdadeiro – partilho firmemente.

— Estou me deteriorando... – Ele tenta se afastar, mas não permito e acabo por avançar ficando debaixo da ducha.

— Não os deixem que te controlem. Você é meu – sussurro, retirando rapidamente minhas roupas.

Ele sacode a cabeça em negativa. Não dou espaço para ele protestar e mais uma vez, ataco seus lábios e seu corpo estremece. A água cai sobre nós enquanto nossos corpos matam a saudade um do outro. Sei que ele trava uma luta interna. Tenho a plena consciência de que estou me arriscando, mas é este risco que, de uma forma louca, quero correr. Ao erguer meu corpo, com nenhuma gentileza, envolvo minhas pernas ao seu redor e logo estamos conectados. Seus lábios se encontram em meu pescoço e não hesita em morder e proferir algo, que a princípio não consigo compreender, mas logo entendo.

— E-eu... eu não consigo...

— Eu sou sua e você é meu – digo, segurando seu rosto entre as mãos. — O que temos é real e ninguém pode nos tirar.

— Já disse que não tenho controle sobre...

— Olha como estamos... – ouso dizer, entre um aperto e outro seu. — Quer prova maior? Você está no controle agora.

— Posso não estar daqui alguns instantes.

Noto sua preocupação e um misto de desordem mental que conversa consigo mesmo. Ainda assim, capturo seus lábios em um daqueles beijos ardentes que já trocamos inúmeras vezes. Ele parece recordar em alguma parte de sua memória e, em um rápido gesto, sua mão direita agarra meu seio e o aperta entre seus dedos. A sensação é bem-vinda. Ele mexe seus quadris mais rápido e logo somos preenchidos por aquele êxtase conhecido.

— Peeta, eu am...

— Não devíamos ter feito isso. – Ele me corta e se afasta bruscamente. — Por favor, não tente mais nada como isso. Posso não estar no controle e não quero ter que... – Não tenho tempo nem de rebater, pois ele sai do banheiro como um relâmpago e quando entro no quarto suas roupas não estão mais espalhadas. Assim que me seco e visto a mesma roupa ouço sua voz alterada dando ordens ao Lipp. — Temos que tirá-la daqui imediatamente. Vamos nos juntar aos outros e dizer que fomos atacados e a perdemos de vista.

— Conheço um lugar em que estará segura...

— O que? – Sinto meu peito inflar em agonia. — Eu não vou me separar de você... está fora de questão... – Começo a alterar minha voz já chorosa. — Você vai comigo. Vamos encontrar o acampamento rebelde e você voltará comigo para o 13 pra ficar com nossos filhos como deve ser, droga! – Já me encontro esmurrando seu peito quando ele segura meus pulsos os apertando.

— Me escute de uma vez por todas. – Sou empurrada por ele até a parede atrás de mim e sua rispidez soa bem próximo ao meu rosto. — Eu não posso ficar com você ou vou matá-la! Sei que vou matá-la e depois te entregar de bandeja para o Snow.  – Peeta nunca usou esse tom feroz comigo. — Você vai fazer a merda que estou mandando. Vai desaparecer da minha vista. Não te quero por perto.

Já estou com a visão embaçada pelas lágrimas e os soluços vem de encontro ao meu murmúrio.

— V-você disse que s-sempre... s-sempre me amou...

— Sei que deve ser difícil pra você ouvir isso, mas não amo mais – desdenha com a voz fria e cheia de ressentimentos.

— O-o que vou dizer aos nossos filhos?

— A verdade, Katniss. – Ele se afasta e deixo meu corpo escorregar até o chão. Não consigo acreditar no que está acontecendo. — Lipp, não podemos mais ficar aqui.

— Consegui localizar o tal grupo. Se encontram na entrada da cidade. Posso desativar as câmeras de segurança, mas só por um breve tempo. Deixamos ela próximo e regressamos sem que ninguém note – conclui ele.

Um bip começa a soar.

— É o meu comunicador – diz Peeta. — Mellark na escuta, prossiga.

— Comandante Mellark, como está sua situação? Vimos que seu grupo foi atacado por rebeldes.

— Isso mesmo, apenas eu e o soldado Lipp sobrevivemos quando corremos até um prédio abandonado. – Peeta faz um sinal para Lipp que digita algo e logo assente com a cabeça. — Tem como saber onde estamos? – questiona, assim que encerra a comunicação.

— Eles te rastreiam pelo seu localizador. Eu disse que consigo desativar por um breve tempo, mas estamos correndo um enorme risco.

— É melhor você entrar no sistema e nos dar cobertura até o anoitecer. Daí saímos com ela pelas ruas. O que acha? – Lipp diz que fará isso.

Sou erguida do chão e Peeta nem me encara quando veste a capa em mim.

— O que tivemos no chuveiro não significou nada pra você? – pergunto sentindo raiva de toda essa situação.

— Eu estava apenas suprindo as necessidades de um homem. Apenas isso. – O tom de sua voz é fria e calculista. Até seus olhos estão com um tom mais sombrio de azul.

Passo o restante do dia em silêncio e Peeta reúne alguns itens para partirmos. Seu comunicador não para de tocar e Lipp dá um jeito para não localizarem onde estamos.

Levo um susto quando a TV liga com a abertura do Notícias da Capital. Primeiramente aparece um lembrete em letras maiúsculas:

VISUALIZAÇÃO OBRIGATÓRIA

ATENÇÃO MORADORES DE PANEM

— Boa tarde, eu sou Caesar Flickerman. Na sequência da nossa cobertura, você verá como o repúdio dos rebeldes pelos Pacificadores aconteceu na noite anterior.— Algumas câmeras noturnas passam imagens de alguns minutos de combate corpo a corpo e até mesmo armas de fogo, entre os rebeldes e os Pacificadores. — E, devo acrescentar, nossa história tem uma reviravolta surpreendente— continua Caesar. — O tal grupo de rebeldes, cujo alguns dos rostos conhecemos. Como Finnick Odair que um dia foi um dos nossos favoritos. Outra, mas não mais importante é a vencedora Abigail Jackson...

— Droga! – Peeta que estava atento a notícia fica irritado.

— No entanto, alguns acabaram se dando mal. — As imagens que aparecem a seguir é traumatizante. Uma lama negra encurrala o grupo. Na sequência um dos soldados tem o corpo enrolado por um tipo de arame farpado e morre agonizando. — Ainda por cima, momentos antes atacaram nosso grupo de soldados de elite, o qual está sendo comandado pelo agora, nosso favorito, Peeta Mellark. Como não se impressionar com tantas reviravoltas. Voltarei mais tarde para mais notícias.

— Lipp, me diga que não sabem que matei soldados da nossa unidade. – Peeta quer saber.

— Isso não. Invadi o sistema e deletei qualquer imagem que o comprometa.

— Tenho uma dívida com você, mas precisamos ir e deixar Katniss em segurança. Não podemos deixar que ninguém da Capital a rapte.

Tenho que me esconder por baixo da capa antes de sairmos. Lipp apaga qualquer vestígio de que passamos por aqui.

Caminhamos com cautela, mas as ruas estão vazias, por enquanto.

 

 

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— Peeta, há armadilhas em vários pontos da cidade – informa, Lipp.

— Consegue desativá-los?

— Estou tentando.

Passamos por alguns destroços e somos surpreendidos.

— Levantem as mãos, agora! – Reconheço a voz e retiro o capuz para que saibam que sou eu.

— Não atirem, sou eu.

— Katniss, o que está fazendo aqui? – Gale se aproxima e vejo Valla com ele.

— É uma longa história – digo, apontando para Lipp e Peeta que tem o semblante ameaçador.

— Peeta, é você mesmo? – Gale pergunta com descrença. Ele não responde, apenas continua a olhá-lo com desprezo.

— Onde estão os outros? – Temo que Peeta avance e acabo por distrair o questionamento de Gale.

— Estamos escondidos. – Gale toca meu ombro de leve. — Venha, os outros...

— Tire sua mão dela, agora!

— Peeta nãoooo... – É tarde demais quando tento impedi-lo. Ele avança em Gale e os dois se atacam ferozmente. Valla está com a arma apontada para a cabeça de Peeta quando me aproximo e consigo impedi-la. — Não ouse fazer isso – vocifero e ela me empurra.

— O que está acontecendo aqui? – Uma voz potente se ergue e ao se aproximar mais, vejo que é Boggs acompanhado de outro que não reconheço. Gale e Peeta estão agarrados um ao outro e Peeta não parece querer se afastar, mesmo Lipp tentando separar o embate. — Hawthorne, se afaste agora!

Saio de perto da garota e me aproximo dos dois.

— Peeta solta ele! – Peeta está relutante em soltá-lo e tento me infiltrar entre eles e acabo por ser empurrada pelo meu marido. — Peeta! – grito e ele parece acordar de algum torpor, pois se afasta.

— Katniss, não era pra estar aqui – diz Boggs se aproximando.

— Eu sei, mas e-eu tinha que tentar... – Inutilmente tento explicar. — Peeta não está bem – digo ofegante.

— O que ele...

— Katniss venha. – Antes que Boggs consiga conversar comigo, sou arrastada para um canto. — Minha ideia era te deixar segura com esse grupo e voltar pra base, mas vou ficar.

Sei que parece idiota. Tudo que mais desejo é tê-lo comigo, mas como uma pequena vingança pergunto:

— Por que quer ficar se disse que não me ama?

— Eu... bem... eu disse...

— Não podemos ficar aqui fora. Vem, vamos entrar. – Boggs nos interrompe e o seguimos.

O local parece algum comércio abandonado. Tudo está deteriorado como se um vendaval tivesse passado por aqui. Seguimos um longo corredor até adentrarmos um outro espaço onde ao dar uma rápida olhada vejo alguns móveis e utilidades domésticas.

— Katniss, é você mesma? – Finnick pergunta com descrença ao se aproximar. No mesmo instante me abraça e retribuo.

— Até você veio para cá? – Não consigo imaginar como a Annie e o Andy ficaram no 13 sem ele por perto.

— Bem, eu tinha que fazer alguma coisa. A propósito, Doryan queria vir, mas os médicos disseram que não tinha a menor chance de isso acontecer. O rapaz está passando por um processo pós-traumático. – Acho que Finnick se compadece com meu semblante preocupado. — Bem, é claro que está tendo uma ótima assistência – explica, enquanto sinto a presença de alguém se aproximar. — Peeta! – É inevitável, Finnick o abraça sem pensar duas vezes. — Sinto muito por tudo e...

— Você me deixou pra traz – acusa Peeta.

— Olha, eu não quis que nada disso...

— Deixou eu e a Johanna pra morrermos.

Me coloco diante de Peeta, tentando evitar mais uma briga e noto seu nariz sangrando e outros hematomas se formando.

— Você está horrível. Vem vou cuidar disso. – Ele permite que eu segure sua mão e o guie até onde outros soldados do 13 estão. — Alguém tem um kit de primeiros socorros?

— Homes, entregue um kit a ela – ordena, uma mulher.

— Katniss, essa é comandante Jackson. Na minha ausência ela fica no cargo. – Boggs me apresenta o cabo Holmes. Sou informada que tiveram algumas perdas como o soldado Mitchell e as gêmeas Leeg. Os demais como: Cressida, Messalla, Polux e Castor, já os conheço. Ficam impressionados em ver a mim e a Peeta, mesmo que este estranhe a todos. — Assim que um aerodeslizador chegar te enviaremos ao 13... – nego veemente com a cabeça. — Não tem escolha, seus filhos precisam de você lá.

— Eu vou matar o Snow – falo firme.

— Compreendo...

— Katniss pode me ajudar aqui – pede, Peeta com a mão fechada tentando estancar o sangue que escorre de seu nariz.

O arrasto até um canto onde tem uma torneira com água corrente. Ele senta em uma cadeira e início o processo.

— Não precisava chegar a isso, precisava? – Molho uma gaze grande. Torço pra tirar o excesso de água e pressiono contra seu nariz.

— Auuu... – ele reclama. — Sabe, confesso que bem lá no fundo, sempre quis fazer isso – desabafa, olhando para a outra extremidade onde Valla cuida dos ferimentos do Gale.

— E pra quê? Vingança pessoal? No fim de tudo acabei escolhendo você e agora, ele tem alguém. – Peeta me encara com descrença.

— Mesmo eu estando com a mente confusa, recordo que você não teve escolha.

— Mas no fim eu quis você. – Pego sua mão e a levo até a gaze pra que a segure em seu nariz enquanto cuido dos outros ferimentos.

— Você não vai querer por perto um homem desequilibrado que tente matá-la a todo momento. – Sua voz sai triste e comedida.

— Daremos um jeito. – Seguro em seu queixo e o faço ter contato com meu rosto. — Vamos encontrar algo que possa reverter tudo isso. Estamos juntos. Tarde demais pra você desistir de mim. Porque eu não pretendo desistir de você. – Seus olhos são preenchidos pelas lágrimas e sinto uma enxurrada de emoções vindo à tona, mas preciso continuar cuidando desses ferimentos.

Ficamos em silêncio durante alguns segundos até ele perguntar:

— E como será que nossos filhos estão? – Paro o que estou fazendo e ao perceber ele me encara. — Eu disse algo errado?

— Não. – Deixo as lágrimas deslizarem pelo meu rosto ao escutá-lo. — Você não disse nada errado. – Dou uma fungada antes de continuar. — É só que, é a primeira vez que se refere aos nossos filhos.

— Sabe, minha mente é um turbilhão. – Começa ele. — Bagunçaram muito com ela aqui na Capital, mas aos poucos vou distinguindo o que é real e o que não é.

— Você vai melhorar cada vez mais – encorajo.

— Você está tentando me proteger. Verdadeiro ou falso? – Fico chocada com sua pergunta, mas procuro responder firme.

— Verdadeiro. É o que sempre fizemos. Um protege o outro.

— Eu te amo. – O encaro quando se levanta da cadeira. — Sempre amei. – Ele avança e me beija com fervor. Seus lábios estão inchados, ainda assim quentes. Sua língua procura pela minha e esse beijo faz despertar aquela velha ânsia de estar com ele. — Posso ser um excelente mentiroso, mas não consigo enganar a você quando digo que não te amo. Meus olhos mentem por mim, sei disso.

— Eu amo você, Peeta. – Sinto as batidas do meu coração galoparem mais rápido quando escuto sua declaração. Com toda certeza era tudo que eu mais queria escutar.

Quando nos afastamos para eu continuar a limpar os hematomas, noto Gale olhando em nossa direção.

— As vezes vêm lembranças da nossa vida no 12. Como se fosse um sonho, sabe? – O escuto atentamente. — Me lembrei de algo que vi filmagens de um bombardeio no 12. Gostaria de saber sobre minha família.

Agora ele chegou em uma das partes que eu mais temia.

— Foi terrível pra todos... – Início meu relato. — Sei que no momento não gosta do Gale, mas ele e os trabalhadores das Minas que ajudaram a evacuar o máximo de pessoas... No entanto, nem todos conseguiram. – Sinto o corpo de Peeta tremer e fico em alerta.

— A minha família não sobreviveu? – pergunta com a voz já embargada.

— Sua mãe, o Esdras e a Delly estão a salvos no 13, mas infelizmente seu pai e o Sedah não conseguiram. Eu sinto muito. – Os braços de Peeta me rodeiam e o abraço tão forte quanto consigo. — Eu estou aqui com você.

— Não é justo, Katniss. Meu pai era um homem bom, o melhor que já conheci... – desabafa deixando as lágrimas escorrerem por seu rosto.

— Ele era sim.

Chamam a nossa atenção e temos que nos juntar ao grupo no meio do galpão em que estamos.

— Vamos montar duplas para ficarem de guardas – explica Boggs. — Jackson e Holmes primeiro... – E assim diz por diante. — Peeta, precisamos algemá-lo.

Quando faço menção de protestar Peeta responde:

— Concordo. Devo pedir desculpas pelo meu ataque ao Gale e sei que não sou confiável para transitar livremente por aí. – Gale lança um olhar solidário.

— O soldado Lipp me contou tudo, Peeta. E ao que me parece, mesmo fazendo algum tipo de alteração em você e mesmo tentando matar a Katniss... – Todos a volta parecem chocados com a revelação. — Sei que o que sentem um pelo outro é mais forte. Isso é notável. – Ainda que Boggs não compreende totalmente nossa atual situação tenta contornar. — Caso preciso for, temos sedativo, Peeta. – Ele mostra um estojo contendo algumas seringas dentro.

Peeta estende os pulsos para que o algemem.

Não é fácil engolir toda a dor que nos consome. É quase impossível amar o que nos queima. Passamos por tantos momentos ruins e outros bons, mas cá estamos reunindo coragem para tentar voltar de onde saímos.

— Katniss... – sussurra Peeta na madrugada. Nós dois estamos de frente um para o outro. Todos os soldados se espalharam. Eu consegui algumas esteiras e almofadas.

— Está sentindo alguma coisa? – pergunto preocupada, ao acender a lanterna que me deram.

— Você não vai matar o Snow sozinha. Quero olhar nos olhos dele... ele pagará por todo mal que nos fez.

— Não posso te perder de novo.

Só em pensar nisso já fico aterrorizada.

— Você não vai me perder.

— Peeta, fica comigo – peço, aproximando meu rosto do seu.

— Sempre – diz ele, cobrindo meus lábios com os seus.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam o que acharam e o que esperam para o final. Deem sugestões.
Sei que sentem falta dos outros personagens, mas quis focar mais no Peeta e na Katniss, mas os outros irão aparecer...
E o Finnick? Qual final desejam para ele?
Até a próxima.
Ps: Vou tentar voltar mais rápido.



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