Preço do Amanhã escrita por Cristabel Fraser, Sany


Capítulo 12
Salvation


Notas iniciais do capítulo

Boa noite... Olha quem esta de volta com duas semanas de atraso e a culpa foi minha. A Bel e eu antes tínhamos alguns capítulos adiantados, mas esses capítulos acabaram e eu realmente ando na correria e não consegui fazer minha parte no prazo, mas estou tentando deixar tudo em ordem.
Bom nesse período a fic recebeu uma recomendação que nos deixou muito feliz. BeyBlue16 esse capitulo é dedicado a você.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/722213/chapter/12

Você é a avalanche

Um mundo distante

Meu faz-de-conta

Enquanto estou acordada

Apenas um truque de luz

Para me trazer para perto novamente

Aqueles olhos selvagens...

... O conto de fadas mais obscuro

Na calada da noite

Deixe a banda tocar

Enquanto estou voltando para casa novamente...

... Eu nunca quis me apaixonar por você, mas eu...

(Salvation - Gabrielle Aplin)

 

Meus olhos param no panfleto e sinto como se, mais uma parte do meu mundo, estivesse desmoronando. Durante as últimas horas tudo parecia estar saindo do lugar. Não havia dormido quase nada, na noite anterior e desde que vi aquele teste no banheiro, minha cabeça estava trabalhando sem parar. Katniss olha o papel sem reação e tomo a inciativa de pegar o panfleto.

“OS AMANTES DESAFORTUNADOS SERIAM MESMO UM CASAL?”

 A manchete está em destaque e a matéria apresenta diversas questões, que colocam em dúvida, nosso casamento. Além de ressaltar, um possível fim, para o que descrevem como teatro mal ensaiado.

— Quem escreveu isso? – olho mais uma vez o papel em busca de um nome, mas não há nada.

— E, isso importa? Essa foto está se espalhando como fogo em pólvora pela Capital. O nome de vocês não para de circular e o povo acredita nisso. O que eu me pergunto é, onde vocês estavam com a cabeça de irem brigar em um lugar aberto? – Haymitch está claramente sóbrio e nervoso. – Vocês já devem estar cansados de ouvir isso de mim, mas volto a repetir, os dois são mentores agora e toda a atenção de Panem está voltada ao casal mais desejado. E, caso o belo romance de vocês der errado, as pessoas e os distritos pagarão muito caro!

— Haymitch...

— Não quero ouvir desculpas, vocês têm ideia no que isso pode significar? As pessoas da Capital acreditarem nesse casamento, torcerem por vocês, acreditarem no amor incondicional dos amantes desafortunados. É o que nos mantém VIVOS. O presidente, só não matou todos nós até agora, por conta deles.  

— Haymitch...

— A única coisa que vocês precisavam fazer era fingir se amar. Levar adiante a ilusão, que eles tinham sobre o casamento perfeito, o amor impossível que se tornou realidade, mas vocês conseguiram o impensável...

— Estou grávida!

Katniss, que tentava intervir na fala de Haymitch, solta as palavras rapidamente e nosso ex mentor a encara pasmo, mas no mesmo instante solta uma de suas inusitadas gargalhadas. Ela o olha furiosa e não tem tempo de contestar, pois coloca a mão sobre a boca e sai desesperadamente. Vou atrás dela e a encontro de joelhos sobre o sanitário.

— O que eu posso fazer por você? – seguro seus cabelos e acaricio suas costas, enquanto coloca tudo pra fora.

— Temos que resolver esse problema, Peeta. – Me encara depois de se recompor um pouco, e não sei o que pensar. – Sobre o panfleto. Temos de resolver isso, ou muitos irão pagar o preço.

— Vamos dar um jeito. Sempre damos um jeito.

— Posso ficar um momento sozinha?

— Claro... – volto para sala, onde Haymitch ficou e o encontro pensativo.

— Ela estava falando sério? – confirmo com a cabeça. – Por essa não esperava, vocês dois... Bom me surpreenderam dessa vez, devo dar os parabéns?

— Não sei ao certo – aponto a foto. – Ela não parece nada feliz com a descoberta, como você pode ver.

— Não é como se pudéssemos julgá-la por isso, não é mesmo? Você sabe o que isso significa não sabe? – novamente confirmo com a cabeça, odiava quando pensavam que não entendia, o que estava em jogo. Como se não soubesse do perigo constante que vivíamos. – Snow vai usar isso com certeza.

— Sei disso, mas não podemos deixar de viver por conta dele. -  Sempre soube que nosso casamento não era real, mas tinha esperanças de um dia torná-lo verdadeiro e, um filho, mesmo não planejado, era mais do que pude sonhar um dia em ter com ela. 

Lembro claramente de nossa discussão na noite anterior. De como ela ficou nervosa e de como demonstrou nunca querer um filho. De como tomou aquele chá sem falar comigo. Um chá que a longo prazo, pelo que ouvi falar, causava infertilidade. Senti tanta raiva naquele momento, por mais que entendesse os motivos dela, não havia me consultado em nenhum momento, mesmo sabendo que sua decisão também me afetaria. E, agora nem ao menos sabíamos o que ele poderia ter causado ao bebê.

 

Depois de me recompor, voltei até onde Haymitch e Peeta estavam. Meu ex mentor me encara um tanto enigmático e nem sei o que dizer.

— Quer dizer que os amantes desafortunados, finalmente se assumiram e consumaram o casamento, devo parabeniza-la queridinha? – Sua fala tem um tom de deboche, mas sei que há certa preocupação ali.

— Haymitch, isso não vem ao caso. Precisamos pensar nesses panfletos e em uma estratégia para afastar a dúvida do povo. – Peeta diz categoricamente.

— Tudo bem, como queiram. Talvez, negar seja uma boa estratégia, vamos desacreditar esse boato, mas vocês terão que se esforçar mais um pouquinho. Demostrar mais afeto na frente do público, sabe... – ele faz um gesto com as mãos como se tivéssemos que acelerar as coisas. - Melhor serem menos discretos quanto a troca de carícias e beijos.

— O que? – pergunto nervosa.

— O que foi lindinha? Deixe o garoto te abraçar e beijar sem pudor algum. Mostre ao público o que querem ver. Vocês são casados e sinceramente o mais constrangedor, já fizeram, alguns beijinhos e troca de carinho não serão nada e deixarão o público feliz.

— Acha que o presidente vai fazer alguma coisa?

— Tenho certeza, mas vamos torcer para reverter isso antes que o dano seja grande demais. Mas agora é hora de manter o foco nos tributos. Vocês precisam pensar neles também, ou teremos outra curta participação do Distrito 12 nos Jogos.

Durante a manhã continuamos treinando separadamente Tyah e Doryan, que logo seguem para as apresentações individuais diante dos idealizadores. Concordamos que o melhor era não sair do nosso andar e evitar ao máximo o contato com a população, deixar que eles nos procurassem. O clima em nosso andar está estranho, mas ninguém comenta nada em nossa presença. A noite nos reunimos na sala para ver as notas, e não é nenhuma surpresa quando, elas são reveladas.

Vou me deitar mais cedo e percebo que Peeta demorou, mais do que o normal, para vir dormir e sei que é por conta da discussão da noite anterior. Quando enfim, entra no quarto finjo dormir, espero sentir o corpo dele perto do meu, mas isso não acontece e não preciso abrir os olhos para saber que deitou na outra extremidade da cama.

No dia seguinte a preparação para a entrevista com Caesar acontece como planejado e a surpresa do dia é quando um dos Avox traz, um pequeno envelope em nosso nome, alguns minutos antes de sairmos. Peeta abre com determinação e consigo ler claramente a letra bem trabalhada.

“Ligar para casa talvez seja uma boa ideia”.

 Não há assinatura, mas o papel timbrado, com o símbolo de Panem é a assinatura que precisamos para temer o que estava por vir.

Tento ligar para casa da minha mãe, mas ninguém atende. Sinto meu coração acelerar e pensamentos ruins passam por minha cabeça. Peeta pega o telefone e liga, quase que imediatamente para o telefone que instalou na padaria. Observo ansiosa, enquanto ele fala com quem está do outro lado. Estou a um passo de tomar o telefone das mãos dele, quando enfim, desliga.

— O que aconteceu? Prim, nossas famílias...

— Eles estão bem, Esdras, disse que elas estão ajudando algumas pessoas. – Olho sem entender e ele continua. – O prego pegou fogo essa noite.

 

Quando meu irmão contou o que havia acontecido ao prego na madrugada passada, senti um aperto no peito, segundo ele as chamas começaram repentinamente e de forma rápida, devastou todo o local. E, sabia que aquele era a forma do presidente dar seu recado. Queimar o local onde, grande parte da população mais necessitada do Distrito 12, conseguia alguma troca ou mercadoria ilegal, era uma forma de nos dizer que tínhamos que dar um jeito na situação atual.

— O que vamos fazer, Peeta?

— O que for necessário. – Precisávamos acalmar os boatos, e sabia exatamente como fazer isso.

Seguimos até o local da entrevista, de mãos dadas e sorrindo embora, não tenhamos falado com ninguém nos bastidores. Como sempre o Distrito 12 é o último. Tyah, fala com determinação em seus minutos. Quer ganhar e vai fazer de tudo para que o distrito tenha mais uma vitoriosa. Doryan, é mais tímido, ainda assim, simpático enquanto fala sobre seu desejo de vencer os jogos e voltar para casa.

— E, esses foram os tributos do Distrito 12, que tem como mentores nosso casal favorito. – As câmeras se voltam em nossa direção. – Aliás, Peeta e Katniss, que história mal contada, é essa que anda circulando a Capital? - Não é surpresa quando Caesar nos chama, faço sinal perguntando se posso ir até lá e, é quando afirma animado. Assim que me junto a ele consigo ouvir os aplausos, o espetáculo tinha começado. – Confesso que fiquei surpreso com o que ouvi. Afinal, se aquilo fosse verdade não só eu, mas toda Panem se sentiria muito enganada.

— Confesso que mais surpreso que você, fiquei eu, com tamanha mentira.

— Então todo aquele alvoroço é falso? Aquela foto é uma montagem obviamente. – Sabia que precisava mentir, já estava virando um profissional nisso, mas sabia também que a mentira tinha um limite e negar uma evidência como uma foto era arriscado demais.

— A notícia é falsa, vocês nos conhecem, sabem nossa história. Sempre fomos sinceros com todos vocês e vamos continuar sendo, por isso não nego a foto, ela realmente é verdadeira.

— E, vocês estavam discutindo naquele momento?

— Você é casado Caesar? – pergunto em um tom mais leve e ele ri sem me responder diretamente. – Bem, quem é casado sabe que, por mais que se ame alguém, sempre há uma pequena coisa aqui e ali. A toalha molhada em cima da cama que irrita a mulher... – brinco.

— Imagino pelo jeitinho dela. – A câmera se volta para a morena que acompanha atentamente a entrevista. – Ela odeia toalha molhada em cima da cama?

— Sim, ela detesta, mas isso não significa que o amor acabou, ou que nunca existiu.

— Então vocês estavam brigando, por conta de uma toalha?

— Não.. Como em qualquer relacionamento, temos nossos conflitinhos domésticos, mas além de marido e mulher, somos mentores e obviamente levamos isso muito a sério. É nosso trabalho e em alguns momentos precisamos separar, o casal dos mentores, é preciso ter uma estratégia a seguir. Um preparo com os tributos e nem sempre concordamos com a estratégia a ser tomada e isso gera conflito.

— Então a foto foi tirada em uma discussão sobre os tributos, sobre estratégia? – confirmo com a cabeça. – Então, o casal Peeta e Katniss, estão bem?

— Estamos muito bem, acho que posso afirmar que, estamos em nossa melhor fase. Aliás estávamos ansiosos para ver você. – Ele olha sem entender e dou meu melhor sorriso. – Seu programa Caesar, é parte da nossa história. Eu assumi meus sentimentos nesse palco. Fiz um pedido de casamento aqui e ano passado prometi que quando tivéssemos notícias, você seria um dos primeiros a saber, lembra?

— Claro que lembro.

— Como disse estamos em nossa melhor fase, nossa família vai crescer.

— Não! – ele coloca uma mão no rosto em espanto.

— Sim, estamos grávidos! – O alvoroço é geral na plateia e de onde estou posso ver várias expressões de surpresa. Evito olhar para Katniss, sei que ela vai ficar uma fera, por fazer algo assim. Por contar em rede nacional sobre a gravidez recém-descoberta, mas sabia que a notícia iria encobrir os boatos e acalmar o público. Caesar está animadíssimo e eufórico, logo me parabeniza chamando Katniss ao palco.

 

Tento sorrir enquanto me aproximo para receber os parabéns. Peeta havia feito novamente uma grande revelação pública sem falar comigo e parte de mim está realmente irritada com isso.

— Já ultrapassei meu horário, mas estou realmente feliz com essa notícia e quero marcar uma entrevista com vocês, para falarmos melhor sobre esse bebê que vem por aí. – Caesar se despede do público e assim que as câmeras desligam, somos cercados por várias pessoas entre elas, Effie que não consegue se conter de tanta euforia.

É preciso de um tempo considerável para conseguimos voltar para o Centro de Treinamento, onde o assunto é obviamente minha gravidez, embora Peeta constantemente tente voltar ao assunto sobre a entrevista dos tributos.

Após o jantar vamos juntos para o quarto e vejo Haymitch bater no ombro dele em aprovação.

— Você não tinha o direto. – Acuso assim que ele fecha a porta do quarto.

— Era preciso. Uma hora todos saberiam, não é algo que se esconde Katniss, e contar ao vivo afastou qualquer dúvida que poderiam ter em relação ao nosso casamento.

— Minha mãe, Prim... Todos descobriram pela TV Peeta. – O que minha família estaria pensando agora? O que Gale estaria pensando agora?

— Acha mesmo que queria, que minha família soubesse sobre nosso filho dessa forma? Fiz o que era preciso fazer.

— Sem me consultar.

— Não quero discutir Katniss, amanhã vai ser um longo dia, então melhor irmos dormir – ele dá o assunto por encerrado e estou sem forças para continuar aquela discussão, principalmente porque sei que, de certa forma ele tem razão.

→←→←→←

Estar naquela sala em frente aquela grande televisão não me trazia nenhuma recordação agradável, ainda assim me sentei ao lado de Peeta para ver o início dos Jogos. Acompanhamos atentamente o cronômetro e mantivemos nossa atenção aos dois. Quando o banho de sangue começou, Doryan correu o mais rápido que pôde, enquanto Tyah se juntou aos carreiristas como combinado. Após a primeira hora, os mentores começaram a deixar a sala em busca dos patrocinadores. A corrida havia começado e agora era nosso papel conseguir suprimentos para os dois na arena.

Não sei se, pela minha gravidez recém anunciada, ou se por sermos conhecidos, mas não tivemos dificuldade em conseguir patrocinadores dispostos a ajuda-los. Tyah era uma das favoritas nas pesquisas do público, seu temperamento forte e força de vontade em sair viva da arena, chamava atenção. Doryan por outro lado continuava sozinho, as dicas de camuflagem que Peeta ensinou estavam sendo úteis, mas ele não estava entre as apostas mais altas para ser o vitorioso daquela edição.

E, uma semana após o início dos Jogos notei que estar nos bastidores, podia ser quase tão difícil, quanto estar dentro da arena. Como mentores havíamos vivido aquilo e ver todos aqueles momentos de dificuldade, de mãos atadas, era terrível. A morte da Tyah de forma cruel, enquanto dormia, pelas mãos de seus supostos “aliados” me deixou abalada. Nessa ocasião Peeta e Brutus acabaram discutindo e por pouco não partem para um conflito físico.

— NÃO ERA ESSE O TRATO!

— É um jogo para pessoas espertas e, meu tributo foi esperto em eliminar alguém antes de ser pego, simples assim.

— SEU... – Não havia regras em relação ao comportamento dos mentores, mas a última coisa que precisávamos era estar novamente envolvidos em polêmicas. Então, quando Finnick, segurou Peeta eu fui até ele e pedi para que se controlar. – Nunca deveríamos ter feito essa aliança, ela deveria ter jogado sozinha.

— Eu sei, mas era o que ela queria.

— Tyah poderia ter ganhado. Ela tinha chance de ganhar.

— Acalme-se, temos que manter o foco no Doryan. Ele ainda está no jogo.

De alguma forma era como se os tributos tivessem esquecido dele. Doryan era ágil e passou a maior parte dos dias camuflado. Conseguimos patrocínio suficiente para enviar para ele, água e um quite de suprimento que, muito sabiamente poupou comendo apenas o necessário. Como estava camuflado não era como se estivesse fugindo, dessa forma os idealizadores não tinham como força-lo a ir para o meio dos outros tributos, como fizeram comigo. Ele já estava lá, só não estava sendo visto.

Ninguém havia entendido quando ele guardou algumas pedras logo no primeiro dia, pelo menos, não até fazer seu próprio estilingue. Quando sobraram apenas ele e mais três tributos não era permitido mandar mais nada para arena e quando foi anunciado o “banquete” ele não compareceu. Doryan se manteve firme, mesmo estando à poucos metros do local, onde acabou acontecendo a morte de dois tributos.

Foi de cima de uma árvore, primeiro lançando uma pedra que chamou a atenção do tributo do Distrito 2 e em questão de segundos vi o momento em que ele, com as mãos trêmulas, lançou com o estilingue a ponta de uma lança encontrada durante os primeiros dias, acertando a cabeça do garoto em cheio.

Quando anunciaram o ganhador da 76º Edição dos Jogos Vorazes, Doryan estava sem qualquer reação, e eu entendia. Ele havia ganhado, mas depois daquele momento, sua vida jamais seria a mesma. Era um garoto de apenas treze anos e tinha sangue nas mãos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso, o Doryan ganhou. Sim ele ganhou e eu já adoro ele rs.
Espero que vocês tenham gostado.
Vou fazer o possível para entregar minha parte no prazo para que não atrase o próximo capitulo.
Ah a Bel, eu e mais algumas autoras temos uma coletânea aqui no nyah é um projeto bem legal e ontem (15/07) começou a segunda rodada , com novas autoras participando. Então quem quiser dar uma passada lá vou deixar o link.

https://fanfiction.com.br/historia/731702/Encontros_Acasos_e_Amores/

Uma ótima semana a todos.
Beijos