Grissom chegou em casa e encontrou a esposa adormecida no sofá. Era folga de Sara, e ela deveria estar exausta. Ele chegou a passos lentos e tentando não acordá-la deu um beijo bem de leve na face. Ainda se sutil, fora o suficiente para despertá-la. 

— Não queria acordar você querida. – Ele falou. 

— Estava te esperando. – Murmurou. – As crianças já jantaram. Você demorou, já passou da hora do seu turno. 

— Houve alguns problemas, desculpe. Sei que estamos nos vendo muito pouco. E é por isto que gostaria de conversar contigo. Lembra-se que há uns três dias tinha dito que queria sua opinião. – Sara assentiu com a cabeça. – Bem, eu recebi uma proposta de emprego. 

— Gris, pelo amor de Deus. Não me diga que vai para longe de novo. – Seu coração acelerou naquele exato momento. 

— Não. Nunca mais cometeria o mesmo erro de ficar longe de você. – Ele comentou, agora sentando-se no sofá e colocando os pés de sua esposa sobre suas pernas. – Eu recebi uma proposta para participar de uma pesquisa aqui em uma universidade local, não é tão grande quanto as da Califórnia, mas pagam bem. Também darei aula, mas com foco principal em pesquisa. Enfim, o salário será pouca coisa menor, mas poderei te ver todos os dias. 

— Você já faz um tempo que não quer trabalhar mais no laboratório. Já tenho percebido isto. Por mim não há problemas com isto, só quero que você seja realizado não apenas pessoalmente, mas também profissionalmente, e se isso vai te fazer feliz, irá me fazer feliz. Só vejo um problema, como poderemos nos ver todos os dias se eu trabalho a noite? Dará praticamente na mesma.  

— Bem eu já conversei com o Nick e ele concordou que eu te indique como a supervisora do dia.  

— Como? – Ela foi pega de surpresa. 

— Bem, hierarquicamente somente você e o Nick poderiam ocupar esse lugar. Conversei com ele, mas ele também conversou comigo... – Grissom deu uma pequena pausa. – E temos outro assunto sério a tratar. 

— Por favor Gil, não me venha com problemas.  

Grissom recordou então da conversa que tivera mais cedo com Nick, o rapaz havia entrado em sua sala meio acanhado, mas de alguma forma muito decidido.  

— Grissom, eu preciso falar com você. 

— Claro Nick, o que deseja? 

— Eu estava errado no começo quando falei de Eli. Ele é um garoto muito especial e com certeza puxou ao pai. 

— Percebi que estão muito próximos, isso me deixa feliz. Eli é um pouco fechado com a gente ainda. – Grissom agradeceu. – A saída de vocês ontem o deixou muito feliz. 

— É, ontem milagrosamente a minha folga e a da Fin fecharam no mesmo dia, e decidimos ir ao jogo de baseball com o Eli. Ele é um garoto incrível, e ele e a Julie se dão muito bem. No final da tarde fomos em um campo e ele jogou um pouco com a gente, você tem que ver como ele se divertiu. – Nick sorriu apenas de se recordar, mas seus olhos de repente ficaram mareados. – Ele me chamou sem querer de pai.  

Grissom ficou estático naquele momento, mas deixou que Nick prosseguisse. 

— Julie e eu conversamos muito, aliás temos conversado muito desde a nossa conversa. Já havíamos decidido adotar uma criança. Queremos, se você e Sara concordar, adotar o Eli. Pode parecer uma doideira querer adotar uma criança desse tamanho sem nunca ter tido um filho pequeno, mas há uma ligação muito forte entre Eli e eu. E entre Eli e Fin também. Nós nos apegamos a ele. Provavelmente eu mais do que a Fin, por que convivo mais com ele. – Nick deixou que escorresse uma lágrima sem querer, mas logo limpou. – Sabe, desde que Warrick morreu eu criei uma poupança para o Eli, para pagar a faculdade dele quando ele atingisse a idade. Todo mês eu depositava um valor, não importando se o mês estava apertado ou fácil, mas ainda sim, não havia um sentimento terno, eu mal o conhecia. Tina jamais deixou que a gente participasse da vida do garoto. E agora eu sinto como se ele... Como... – Ele procurava palavras. 

— Como se ele também fosse seu filho. – Grissom falou emocionado, sabia exatamente como era esse sentimento em relação a Arthur.