O marido apaixonado acompanhou Sara com os olhos enquanto ela ia em direção a sala da recepção. O menino estava conversando animadamente com Hodges, quando sem explicação ele voltou para o pai.

— Pai, quando que o meu irmão chega mesmo? – Ele sorriu animado para o pai.

Vários pares de olhos caíram sobre Grissom, e o mesmo não sabia o que falar.

— Sara está grávida? – Era uma pergunta que vinha de todos os lados, seguidas obviamente de outras como: - Vocês vão ser papais de novo?

Arthur olhou para o pai culpado, sabia que aquilo era segredo, havia saído de sua boca sem querer. O que ele podia fazer se sua boca tinha vontade própria e que segredos não ficavam guardados como seus pais pediam?

— Não. O papai não pode ter nenéns, não é? – Ele olhou para o pai com a maior ingenuidade e depois tapou a boca, novamente ele havia contado um segredo que não deveria ter saído da pequena boca do Sidle Grissom.

O pai de Arthur então se sentia ainda mais constrangido com os olhares curiosos para cima dele. Ele respirou profundamente.

— Arthur por que não vai ver o que sua mãe está fazendo lá na recepção? – Ele instigou o pequeno.

— Tá papai. – Ele ia saindo como se nada houvesse acontecido. – Ah, meu coleóptero. – Ele voltou e pegou a caixa de sorvete, e seguiu para fora em busca de sua mãe.

Todos mantinham seus olhares focados no mesmo lugar, obviamente queriam uma explicação plausível sobre o que o pequeno havia falado. Se havia algo que aqueles peritos haviam aprendido em anos de trabalho, era que crianças inocentes como Arthur não mentiam e por isso aguardavam respostas. E como se não bastasse, para infelicidade de Grissom, acabara de chegar mais um telespectador para sua história, D.B. entrou na sala de convivência diante daquele clima.

— Olha, isso era algo que Sara e eu queríamos falar juntos, mas como o pequeno Arthur tem a beleza da mãe, a inteligência do pai e a boca do Hodges,  - todos riram – vou adiantar por cima o que está acontecendo.

Todos prestavam bastante atenção.

— Não sei se vocês se lembram de Eli Brown.

— Filho do Warrick? – Perguntou Nick com estranhamento.

— Quem é Warrick? – D.B. perguntou conforme ia se inteirando do assunto.

— Era um dos peritos na época que o Grissom era supervisor da noite, ele morreu desmascarando policiais e juízes corruptos. Era um grande homem, Grissom o tinha como um filho, cuidou muito dele, e ele era como um irmão para mim.

A lembrança os deixou saudosos e nostálgicos, lembrar de Warrick era sempre doloroso. Morrera tão jovem e deixara em todos uma falta enorme, especialmente em Grissom e Nick.

— Bem, - Grissom tentou retomar o assunto – como sabem Tina está internada e provavelmente logo irá para a cadeia por se envolver com drogas, Eli então era cuidado pela avó que morreu há poucas semanas. Eli ficou sozinho no mundo, conseguimos a guarda provisória do garoto e estamos lutando pela definitiva.

Todos ficaram calados por alguns segundos.

— E sobre não poder fazer nenéns? – Hodges perguntou irônico, acabando com a tensão do local.

— Isso é algo pessoal e eu não irei responder. – Respondeu sem dar importância.