Crônicas de luz e sombras escrita por Luiz Cláudio Rolim


Capítulo 18
Parte 14: Uma traição inesperada




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Era possível ouvir os risos de Peris em todos os lugares. Risos maldosos de alguém que se mostrou bondosa apenas no primeiro momento. Ela prendeu Zen em algumas correntes espirituais que pertenciam a um templo próximo, da camada do Nimbus, chamado de Ligontes, era por  esses Ligontes que poderia se transitar por todas as camadas do Nimbus.

—Você prefere frouxa ou arrochada? Disse Peris enquanto prendia Zen as correntes.

—Como você foi capaz de tamanha traição. Pelo que você me disse, tudo que me explicou naquele momento, pensei que se preocupasse com a Aiko.

—Eu me preocupo com ela Zen, não por ela exatamente mas sim pelo seu corpo bonito e jovem. Como sou um espírito, não posso demorar muito no mundo dos humanos.

—Se preferia viver, então por que deixou ser sacrificada?

—É uma questão de inteligência apenas, agora posso viver pra sempre no Nimbus e roubar o corpo de qualquer idiota que pegue no medalhão. É muito fácil enganar as pessoas.

—Aiko pode ser nova mas não vai cair nas armadilhas de uma prostituta como você.

Peris pega a espada de Zen e começa a perfurar uma de suas mãos.

—Nunca mais me chame de prostituta, você pode ser só uma alma aqui mas ainda consegue sentir dor.

Zen se contorcia enquanto Peris movimentava a lâmina entre a palma da sua mão.

—E-estou bastante acostumado com a tortura garota. O que você quis dizer com alma?

—Não lhe interessa, assassino imundo. Irei buscar sua filha e então prenderei os dois aqui pra sempre.

Enquanto isso, Aiko ainda estava dormindo do lado de fora. A floresta estava bastante quieta nesse dia e não havia atividade dos obsidianos naquele momento. Talvez fosse uma noite tranquila para ela, mas os planos de Peris poderiam mudar um pouco o curso da coisas.

—Aiko, Aiko... Acorde.

Ela então abre seus olhos e vê uma pessoa estranha do seu lado, era Peris e Aiko rapidamente se levantou e fez posição de combate.

—Se está me subestimando por ser só uma criança, vai acabar morrendo, quem é você?

—Calma Aiko, não fique preocupada. Estou a bastante tempo com você, mas nunca me percebeu.

—Pelo seu brilho corporal, deve ser um espírito de Luz, o que quer de mim?

—Lembra da vez em que te salvei na floresta? Eu te guiei por aquela mata intensa até uma árvore de cerejeiras e caminhei com você no braço até as escadarias do templo.

—Então era você. Por que só agora se apresenta pra mim?

—Como você já tinha falado do medalhão com um estranho, tive medo que colocasse minha existência em risco também.

—O que o medalhão tem a ver com isso tudo?

—Eu estava dentro dele todo esse tempo, é uma história muito grande pra se contar, venha comigo para o medalhão e vou te dizer tudo.

O corpo de Zen ficou do lado de fora imóvel enquanto sua alma estava presa dentro do medalhão. No momento em que ultrapassou as barreiras, apenas sua alma foi redirecionada, deixando seu corpo físico.

—Tenho que acordar o Zen. Ele é meu amigo e também é de extrema confiança.

—Não pequenina, ele não precisa saber de mim, vamos somente eu e você.

—Mas o Zen é meu amigo.

—Ele iria pensar que sou uma ameaça e tentaria me afastar de você, garanto que não vamos demorar muito, deixe seu pai... O Zen aliás, descansar um pouco.

—Pai? Ele não é meu pai, ele é só meu amigo.

—Sim, é sim. Eu apenas confundi.

—Primeiro me diga seu nome e como irei entrar nesse medalhão.

—Meu nome é Peris. Vamos, coloque medalhão no chão e o resto deixe comigo.

Aiko então tirou medalhão do pescoço e o colocou encostado a uma árvore, Peris entrou na frente dela é então esticou sua mãe para que Aiko a segurasse. Ela olhava para o corpo de Zen bastante preocupada em deixa-lo sozinho.

—Vamos pequenina, ele irá ficar bem.

Ela então segura a mão de Peris e também é redirecionada para o medalhão, com seu corpo físico ficando do outro lado. Na mente de Peris tudo parecia correr bem, prenderia Aiko junto de seu pai e então assim assumiria seu corpo. Ela sorria por dentro enquanto as duas subiam juntas as escadarias.

—Preste atenção Aiko, essa escadaria faz parte do medalhão e no final dela chegaremos ao Nimbus. Não podemos ir até as outras camadas por que o medalhão não tem acesso a elas, somente ativando os lingotes podemos ir para as outras camadas, mas até hoje isso é impossível de acontecer.

—Que me lembre são cinco camadas do Nimbus.

—Como sabe disso Aiko?

—Também sei que uma mulher foi sacrificada para que o medalhão fosse feito, sei também que somente Objetos e espiritos transitam nessa zona, notei também que a espada do Zen, aquele que ele tanto tem medo de que eu veja não estava com ele. Zen ficaria acordado toda noite vigiando, acho que ele não voltaria com sua palavra e iria dormir.

—Nossa que garota esperta, sua mãe deveria ter orgulho de você.

—O que você fez com o Zen? Aiko então ativa sua magia.

—Se quiser lutar garota esse não é o lugar certo, se cairmos no infinito do medalhão nunca mais iremos voltar e também os degraus desaparecem com um tempo. Tem certeza que quer lutar?

—Nunca estive tão preparada.

Aiko estava com toda sua magia emanando do seu corpo, ela queria uma luta séria. Peris também não ficaria atrás, era muito forte e sabia lutar.

—Se eu destruir sua alma aqui garota você será levada para terra dos mortos e não conseguirá mais voltar para o seu corpo. Se você cair eu tomarei ele pra mim, de todas as formas seu corpo será meu.

—Então irei ativar minha magia suprema, ficarei grande e forte.

—Você não vai conseguir, ela só era possível por que nós duas se unimos em um único corpo, não me notou pois o corpo assumiu sua forma adulta e não a minha.

—Lutarei de qualquer forma. Espero que não tenha acontecido nada com meu amigo.

—Veremos do que é capaz criança.

As duas então partem para luta. A magia de luz que elas usam é impressionante e bastante perigosa. Com o bater de seus punhos, elas conseguiram criar feixes reluzentes como faíscas. Se mantinham equilibradas e sempre atentas aos degraus que diminuíam a cada instante.

—Se uma de nós deve sair daqui devemos nos apressar, ou cairemos no infinito do medalhão. Disse Peris enquanto lutava.

—Eu sairei daqui e vou resgatar o Zen, ele é como um pai pra mim.

—Como um pai pra você? Ele é seu pai garota.

—Ja disse, o Zen é meu ami...

—Zen é seu pai, casado com Hasu do clã bara, pertencente ao clã dos assassinos e traidor do reino.

Aiko começa a ficar meio surpresa com o que Peris estava dizendo.

—Mas... Por que ele esconderia isso de mim?

—Vocês dois poderiam viver muito bem juntos. Conseguiriam fugir, mas seu pai se tornou um homem ganancioso. Sua mãe e ele eram caçados pelo reino e seu pai em vez de optar por uma vida com sua esposa e filha, preferiu ser um assassino de aluguel e por a vida de vocês duas em risco.

—É mentira!!! Disse Aiko chorando.

—Mentira? Mentira foi ele mentir para sua mãe. Eu vi quando ele me tirou daquele baú no templo do rei, eu ouvi quando a voz do Deus da luz passou por todo o Nimbus para falar com ele, vi quando ele entregou o medalhão a sua esposa e vi quando foi preso pelo próprio pai. Tudo que sua mãe pode fazer foi observar de longe. Ele não a deixa ver sua espada por que o nome Hasu está escrita nela, alguém que ele jurou proteger mas não conseguiu.

—Não consigo acreditar nisso.

Aiko não esboçou reação naquele instante. Depois de descobrir que seu pai estava ao seu lado todo aquele tempo foi como uma espada atravessasse seu coração, várias dúvidas surgiram em sua mente deixando ela vulnerável aos ataques de Peris, que com um gancho de direita conseguiu mandar ela para os ares. não desistindo fácil, Aiko segura em um dos degraus dá escadaria enquanto Peris se aproximava. Seria esse os únicos momentos de Aiko, não conseguiu salvar o reino, o que restou a ela foi aceitar o fim.

—Bem Aiko, creio eu que fui a vencedora dessa luta, deixa que eu te ajudo a cair.

Peris então pisa nos dedos de Aiko. Ela não conseguiria se segurar por muito tempo.

—Papai, me ajude!!! Gritou Aiko.

Algumas correntes são envolvidas no pescoço de Peris, fazendo um contorno em seu corpo dos pés a cabeça. Zen conseguiu se soltar delas e prendeu Peris com as mesmas.

—Você prefere frouxa ou arrochada, Peris?

—Como conseguiu se soltar?

—Eu apenas escutei os gritos de minha filha e a força brotou dentro de mim, você nunca mais colocará suas mãos nela, isso eu juro.

Zen então a pega pelo pescoço e a segura em meio ao precipício.

—Parece que as pessoas gostam de pegar você pelo pescoço também Peris.

—Um dia eu vou voltar e acabarei com a vida dos dois.

—Talvez quando você aprender a voar.

Zen então solta Peris no precipício sem fim para pagar pelos seus atos. Logo após pega Aiko que estava prestes a cair e abraça ela bem forte.

—Você não precisa me perdoar se não quiser minha filha. Tem todos os motivos para odiar alguém como eu.

—Eu te amo papai, você não precisa de perdão, mesmo com seus erros eu sei que tudo que o senhor queria era nos proteger.

—Vamos, seu queixo está machucado, temos que sair daqui para que não tenhamos o mesmo destino que Peris.

Zen deixou que algumas lágrimas caíssem de seu rosto.

—Está chorando papai?

—Não. Disse zen querendo disfarçar

—Como a mamãe disse, o senhor é bastante tímido.

—Ela dizia que eu era.

Ele então põe Aiko no braço e pula para chegar a passagem do mundo dos humanos. Como o Nimbus não era algo pra se preocupar no momento, Zen viu que o melhor seria unir reforços e combater os obsidianos. Eles então chegam a passagem e voltam para o mundo dos humanos. Ambos já conseguia movimentar seus corpos que foram deixados na floresta, uma pequena dormência era o que podia se sentir, algo que passaria rápido.

—É bom está de volta.

—E a sua espada papai?

—Trouxe ela comigo, Peris já te disse que o nome de sua mãe está escrito nela, não é?

—Sim. Não te culpo por tudo que aconteceu com a gente, sei que só queria nos proteger das pessoas ruins.

—Mas tirei vida de inocentes pra isso algumas vezes. Consegue me perdoar mesmo assim?

—Isso foi antes, apartir de hoje você é um novo homem.

—Aiko, como sabia que Peris estava tramando contra nós?

—Eu li em um livro que o senhor deixou sobre algumas coisas, foi de grande ajuda.

—Livro? Sim, agora me lembro, foi o velho monge Mizei que me deu, nunca tive a oportunidade de ler aquele livro.

—Era Um livro muito bom.

—Vamos aproveitar e descansar mais um pouco, partiremos em busca de reforços amanhã, teremos que derrotar os obsidianos e salvar o reino.


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