18 anos depois...

Ed e eu estamos morando em Hamptons. Como chegamos aqui? Uma longa história...

Depois que os gêmeos fizeram três meses eu voltei ao trabalho. Foram os dois anos mais difíceis pra mim. Pensei em desistir algumas vezes, Ed e Carol não me deixaram e foram fundamentais para que eu continuasse. 

Em três anos me tornei capitã e Finn, meu número dois, finalmente resolveu fazer os exames para sargento. Com isso parei de trabalhar nos fins de semana, passei a dedica-los a minha família. Finn só me chamava em casos de extrema urgência.

Logo depois que Carol e Don fizeram 10 anos minha sogra adoeceu. Um câncer de pulmão gravíssimo a acometeu. Resolvi me aposentar, Carol merecia toda a minha atenção, cuidado e carinho. Me dividi entre minha casa e a dela durante o dia, eu ficava com ela todos os dias depois de deixar as crianças na escola. Durante a noite, uma enfermeira a acompanhava. Durante seis meses muito doloridos, Carol não reclamava de dor, mas seu rosto mostrava nitidamente as dores que sentia, fiz tudo o que estava ao meu alcance para conforta-la. Num sábado à tarde no fim do outono, Carol sentiu muita dor e pediu a Ed que aumentasse sua medicação. Enquanto ele foi buscar, aconcheguei Carol em meu peito. Suas últimas palavras antes de morrer em meus braços: " Filha, obrigada! Mui...to o...briga..."

Dois anos depois Ed também se aposentou e nos dedicamos em tempo integral aos nossos filhos. Anos fundamentais em suas vidas pre adolescente. Quando Carol e Don fizeram 18 anos e entraram pra faculdade, resolvemos deixá-los seguir suas vidas. 

Noah com 23 anos, menino doce e carinhoso, adora nos surpreender como o pai. Entrou para a academia de polícia, seguindo os nossos passos. Ele e Jesse, filha de Amanda são muito amigos, não duvido que um dia descubram o amor.

Serena está com 20 anos, minha flor de menina. É a responsabilidade e justiça em pessoa. Terminou a faculdade de direito, é assistente da promotoria e está estudando para os exames para magistratura.

Carol, minha aventureira poliglota. Dá aulas de inglês, domina o francês e o italiano, está cursando faculdade de letras, se aprofundando em espanhol e língua portuguesa. Adora fotografia e em breve deve correr o mundo. E, posteriormente se tornar diplomata. Detesta bagunça, é muito organizada.

Don, meu caçula. É o chicletinho de Carol, são parceiros em tudo, até quando faziam besteiras. Mesmo que eu e Ed soubéssemos a verdade eles não entregavam um ao outro, acabavam os dois de castigo. Don entrou para a corporação de bombeiros e estuda enfermagem. Adora cuidar de todos. Muito parecido com o pai, é um pouco ciumento também.

Com a herança de Carol, vendemos a casa no Colorado, meu apartamento em Manhatan e compramos a casa em Hamptons, de frente pro mar como Ed sempre quis. As "crianças" ficaram na cobertura e Lucy cuida deles até hoje. Ela se casou mas não teve filhos, sempre disse que meus filhos eram dela também. E ela tem razão. Foi a segunda mãe deles, sempre ao meu lado. 

Estamos nos adaptando à vida na praia. Ed está com 69 anos e eu com 67. Ele corre todos os dias e acabou me viciando em correr também, corremos antes do café. Temos dois cães pastores que cuidam da casa e são apaixonados por Ed. Cultivo uma horta no quintal, nossas verduras e temperos vêm todos de nossa horta.

Ed adora pescar, falando nisso, esta pescando agora. Suas crises de ciúmes? Rsrsrsrs

São mais fracas, mas continuam, e eu aprendi que deixá-lo falando sozinho é o melhor remédio. Às vezes finjo que estou magoada e apimento nossa relação, que por sinal ficou ainda melhor. Cada cômodo da casa já foi explorado com nosso amor. Ed continua vigoroso, intenso, sempre buscando algo novo.

No próximo fim de semana iremos a NY, estou morrendo de saudades dos meus filhotes. Hoje é quarta-feira, já demos nossa corrida e tomamos nosso café. Eu estava lavando louça e Ed secando quando um forte aperto no peito me fez a visão escurecer e as pernas bambearem.

Aiiiiiiiiiiii

Liv? Liv? O que foi?

Ed me amparou nos braços e me levou pro sofá, por pouco não caí no chão. Eu não conseguia falar, Ed ficou assustado e  muito preocupado.

Liv? 

No..ah! 

O que?

Noah!

O que tem Noah, Liv?

Ed, aconteceu alguma coisa com nosso filho, liga pra ele, por favor.

Ele está trabalhando Liv.

 Eu supliquei a Ed que ligasse pra ele, aos prantos.

Calma, eu vou ligar, eu vou ligar.

Para meu desespero, Noah não atendeu ao celular.

Ed, por favor! Eu sei que algo aconteceu.

Vou tentar de novo.

Quando Ed começou a rediscar Serena ligou para o pai.

Oi filha, tudo bem?

Papai, agora está tudo bem.

O que houve Serena?

Pai, Noah sofreu acidente de carro, mas já estamos em casa.

Filha, como ele está? Ele pode falar?

A agonia tomou conta de mim ao ouvir as palavras de Ed.

Sim, papai, ele pode. Está tudo bem. Ele quebrou duas costelas e levou dois pontos na testa. Só um minuto.

Liv, se acalme. Noah está em casa, sofreu acidente de carro, mas está bem. Ele vai falar com você.

Alô?

Filho?

Oi mamãe. Não fique nervosa, estou bem e em casa.

Ao ouvir sua voz eu não conseguia falar, eu só chorava. Ed pegou o telefone me abraçou e continuou a conversa. Aos poucos fui me acalmando.

Filho, sua mãe não consegue falar agora. Como você está? O que aconteceu? Que horas foi isso?

Pai, durante uma ronda, sofremos uma batida e o carro capotou. Está tudo bem. Foi no início da manhã. Fui pro hospital, e estou com uma faixa torácica e medicado. Não se preocupe.

E seus irmãos?

Estão todos aqui, pai. Vieram ficar comigo. Acalme a mamãe, por favor.

Ok, filho. Estaremos aí na sexta-feira. Ligo mais tarde, bj.

Te amo, pai. Abrace a mamãe por mim.

Ed desligou o celular e comigo no colo, explicou com calma o que aconteceu.

Ed, quero ir pra NY! Vamos?

Agora?

Sim, agora. Não vou aguentar até sexta. Vamos, por favor?

Ele me abraçou forte, beijou minha testa e me confortou.

Vamos! Arrume a bolsa, irei cuidar dos cães e saímos, ok?

Ok.

Nunca arrumei uma bolsa de viagem tão rápido! A minha e a dele. Em menos de 20 minutos eu estava pronta. Fechamos a casa e seguimos viagem.

Em 2 horas estávamos em NY.