A Senhora da Sorte escrita por Ana Letícia


Capítulo 8
Ele dá sorte




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Era oficial: Andrômeda Allen era uma fraude!

Aceitar o pedido de namoro de Pablo ia contra à todas as suas convicções morais. Andrômeda não estava apaixonada por Pablo, ela gostava dele como amigo, e agora se sentia a pior pessoa do mundo, aceitara o pedido apenas para poder pôr as mãos no colar que ele oferecera.

Assim que ela disse sim, Pablo a agarrou e deu um grande abraço de urso.

O perfume dele era bom, e seu abraço era quente, ela poderia ficar ali para sempre.

— Estou tão feliz! - disse Pablo.

— Também estou. - disse Andrômeda.

E não era mentira, ela estava realmente feliz por vê-lo feliz.

Pablo colocou a caixinha do colar nas mãos de Andrômeda. Ela estremeceu ao tocar a pedra.

O restante da noite passou rápido como uma brisa. Eles voltaram para dentro do salão, e logo depois os pais de Pablo decidiram ir embora. Quando ele contou aos pais que agora eram namorados, Andrômeda ficou vermelha, os pais dele pareciam muito satisfeitos com a notícia, ela só não sabia se seus pais teriam a mesma reação.

Ela mal podia esperar pra experimentar o colar. Será que ele também tinha o poder de convencer as pessoas a fazerem coisas idiotas?

Andrômeda se despediu dos Hinostroza, e saiu do carro ao chegarem em sua casa, ela teve a leve impressão de que Pablo iria beijá-la mas desistiu no último instante, e ela ficou agradecida.

Já estava tarde, e apenas sua irmã estava acordada na sala de estar estudando.

— Ei, como foi a noite? - ela perguntou.

— Boa. - respondeu Andrômeda.

Ádria continuou olhando para ela.

— Pablo me pediu em namoro.

— Oooh. E o que você disse?

— Eu disse sim.

Andrômeda se sentia um pouco envergonhada pela sua atitude.

— Que ótimo, Pablo é um bom rapaz, mas eu achei que gostasse do Daniel.

— Eu, hã. Mal o vejo, as coisas mudam.

— É verdade, acontece. - ela deu uma risadinha – Felicidades ao casaaaaal.

— Obrigada? - Andrômeda riu.

Andrômeda subiu as escadas, entrou em seu quarto e arrancou a roupa. Abriu a caixinha do colar e colocou no pescoço. Segundos depois, sua sobrinha Alison escancarou a porta de seu quarto e começou a rir, pois Andrômeda ainda estava nua.

— Eu não estou sem roupa. - disse Andrômeda com convicção.

— Tá sim. - ela continuou rindo.

— Você não está me vendo sem roupa! - disse ela com firmeza.

— Tô sim. - Alison riu ainda mais. - Você é boba, tia.

E ela foi embora ainda rindo.

Andrômeda se sentiu idiota. Ou o efeito não funcionava com crianças ou aquele colar não era mágico.

Então ela vestiu seu pijama e caiu na cama.

***

Acordou no dia seguinte com o celular bipando.

Saiu da cama, tomou um banho e tomou café. Apenas quando subiu novamente para terminar de se arrumar que percebeu que estava usando o colar e se lembrou do que aconteceu. E pensou que aceitara o pedido de Pablo à toa, e logo depois se sentiu horrível por pensar isso.

Olhou dentro da mochila e viu um dos diários de Lana.

“Chega!”, ela pensou. Chega de me torturar com essa história de anel mágico, Lana tinha uma vantagem que Andrômeda nunca teria.

Frustrada, ela passou a manhã toda de cara fechada no trabalho. Foi para a escola de mau humor, e quando chegou lá teve que lidar com toda a paixão de Pablo.

Ele a abraçou e beijou umas dez vezes, e o calor estava insuportável. O sinal tocou para o início da aula e Andrômeda ficou grata.

— Ei, você está usando o colar. - ele disse sorrindo.

— Pois é. - ela deu um sorriso amarelo.

— Você vai gostar mesmo dele, ele dá sorte.

— O que você quer dizer com isso?

Pablo olhou o relógio.

— Desculpa, tenho que ir pra aula, a gente se vê no intervalo.

— Espera! Como assim dá sorte?? Pablo!

Mas ele foi embora correndo, e era a hora dela ir também.

Andrômeda mal conseguiu se concentrar na aula pensando no que Pablo dissera, “ele dá sorte”. Será que ele achou que dava sorte por que percebeu que Andrômeda se sentiu mais motivada a aceitar seu pedido de namoro depois de ver o colar, ou ele realmente dava sorte?

— Senhorita Allen? - a professora de álgebra chamou.

— Sim?

A classe inteira riu.

— Qual a resposta dessa equação? - insistiu a professora.

Andrômeda não fazia ideia. O assunto era novo e ela não ouviu nada da aula pensando no colar. Ela o sentiu por baixo da roupa e o pressionou contra o peito.

— 22? - perguntou sem muita certeza.

— Isso mesmo. Está correto! - disse a professora com um sorriso e prosseguiu a aula.

Andrômeda não fazia ideia de como poderia ter acertado a questão se nem sequer olhou para a equação. Ela ainda estava pressionando a pedra contra o peito.

Com toda a certeza aquilo foi pura sorte.

***

Na hora do intervalo ela faria o possível para não esbarrar em Pablo, porque queria testar o colar outra vez. Mas seu plano foi frustrado porque Pablo estava bem na porta da sala dela.

— Oi, saí mais cedo da aula. - ele disse sorrindo.

— É, tô vendo. - ela esboçou um sorriso.

Ele agarrou a mão dela e a guiou até um banco próximo.

— Você disse que o colar dava sorte. - ela despejou.

— Sim, ele dá sorte. Não sei bem como ou o motivo, mas ele dá sorte.

— Como você sabe disso?

— Minha mãe me contou. Esse colar foi dela.

— Por que você me deu o colar da sua mãe??? - Andrômeda não entendia como a mãe de Pablo deixou ele lhe dar o colar sabendo que ele dava sorte.

— Ela não precisa mais da sorte dele. E eu quero que seja seu.

— Ah. - disso fez Andrômeda se sentir péssima.

Pablo continuou olhando para ela e sorrindo. Ela já não sabia mais o que fazer, parecia que ele ia beijá-la. Ele chegou bem perto da sua boca, e no último instante o celular dela tocou.

Ela sorriu sem graça e se afastou para atender, mas quando olhou de perto não era uma ligação, era só uma mensagem da operadora, mas não fez o barulho de mensagem. Defeito no aparelho ou sorte?

Andrômeda apostava na segunda opção e se sentiu grata por isso.

Fingiu falar no telefone por longos minutos até ouvir soar o sinal de fim de intervalo.

— Te vejo na saída. Vou te acompanhar até em casa. - disse Pablo.

— Não precisa, sério. - disse ela quase desesperada.

— Claro que precisa, quero ser um bom namorado pra você.

E sem que ela esperasse ele a beijou nos lábios, foi um beijo rápido, mas foi o suficiente para chamar a atenção de diversos alunos.

Andrômeda ficou vermelha e andou rápido até a sala de aula.

***

Fugir de Pablo na hora do intervalo não deu certo, mas na hora da saída tinha que dar. Ela não queria arriscar mais abraços grudentos e beijos inesperados.

Quando o sinal tocou ela foi a primeira a sair da sala, não viu Pablo em lugar nenhum.

Ótimo, ela escaparia dele tranquilamente, e depois mandaria uma mensagem dizendo que teve uma emergência feminina.

Já estava quase perto do portão quando Lana a parou.

— Vai embora sem seu namoradinho? - ela entoou. As amigas dela riram.

— Não é da sua conta o que eu faço, palito de fósforo. - respondeu Andrômeda.

Lana fez uma careta.

— Pois é bom você ficar esperta, Allen. Estou de olho em você.

Lana fechou com força a mão em que o anel estava. Andrômeda automaticamente levou a mão ao peito. O pingente ainda estava por dentro da roupa mas ela o sentiu mais quente do que nunca. Lana agitou a mão casualmente e foi embora.

Andrômeda poderia jurar que o anel também esquentou.

Infelizmente, toda a ladainha de Lana fez Andrômeda ficar parada muito tempo, e quando ela estava prestes a ir embora avistou Pablo acenando freneticamente e correndo em sua direção.

— Que bom que me esperou aqui. - disse ele ofegante e agarrou sua mão.

A ida para casa foi longa e pegajosa, Pablo não desgrudava um segundo sequer e não parava de tagarelar.

— Então, Andy. - continuou ele – Apesar da minha vó ter esse problema de empurrar comida pra gente o tempo todo ela é muito legal, ela vai gostar muito de você, ela gosta de ver garotas com cabelos longos.

Andrômeda não entendeu a lógica mas sorriu.

Finalmente chegaram à porta de sua casa e Pablo a soltou.

— Boa noite, Andy. - ele disse.

— Tchau.

Ela já ia entrar em casa, mas Pablo a agarrou firmemente e lhe tascou um grande beijo na boca, não tinha como sair, então ela o beijou também morrendo de culpa.

O que pareceu ser uns 2 minutos depois Pablo a largou e se afastou sorrindo.

Andrômeda ficou paralisada e respirando com força. Aquilo não podia mais acontecer.

Ela começou a procurar as chaves dentro da bolsa quando ouviu uma voz familiar que fez a sua espinha congelar.

— Sentiu minha falta?


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Notas finais do capítulo

Então, gente. Desculpem da demora :( tive que resolver uma tonelada de coisas, mas prometo não demorar a postar mais ♥



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