Welcome to Prision City escrita por Untitled blender


Capítulo 1
A Cerimônia


Notas iniciais do capítulo

Aos meus amigos que comentaram e me deram o maior feedback nas minhas outras histórias.
me contem o que acham dessa.



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Meus passos não ecoam pelo salão. Nem precisam. Todos estão com os olhos fixos em mim. À minha volta, vários flashes e spots de luz. A mobília antiga contrasta com a arte moderna por todo o saguão, me deixando levemente desconfortável. Eu nunca gostei muito da decoração desse lugar. Ou talvez sejam apenas as milhares de câmeras apontadas na minha direção.

Todos os repórteres têm em seu peito crachás com seus nomes, digitais e dados de DNA. Desde o último atentado que tentara destruir aquele prédio, milhões de medidas de segurança adicionais haviam sido tomadas. Não que importasse. Não naquele momento. Não pra mim.

Eu aceno antes de sair pela porta de vidro. Há mais repórteres do outro lado, sobre as calçadas e o gramado, amontoados uns sobre os outros, em cima de veículos e gritando perguntas. Existem vários drones, militares e das emissoras de TV.

Eu havia batalhado tanto pra chegar até ali. Todos os anos de esforço haviam valido a pena. Senti orgulho de mim mesmo, ao lembrar a primeira vez que vira aquela cerimônia. Eu pensara que era uma cerimônia esquisita. Agora sabia o quanto ela era importante.

Essa é a cerimônia de abertura da Semana.

Do lado de dentro das linhas de contenção, há uma fileira mista de soldados. A cada cinco soldados Fardas-Pretas da Guarda Nacional, havia um oficial dos Dragões da Independência, com seus uniformes vermelhos berrantes e capacetes com penachos ridículos.

Estão aqui para me escoltar, mas não pela minha segurança.

Eles estão aqui para impedir que eu fuja.

A calçada parece se estender até o infinito, mesmo que eu veja que o quadricóptero me aguarda no fim.

As câmeras captam cada passo meu, cada minúcia na minha expressão. Deixo para trás o Palácio da Alvorada, caminhado confiante rumo à aeronave militar que me espera. É de costume que se faça um discurso antes de entrar, mas eu apenas passo pela pequena tribuna que tinha sido

posta ali e aceno antes de passar pela comporta e sentar-me em um dos bancos.

Afinal, eu sou o presidente.

Bem, eu serei, em uma semana.

— Coloque o cinto, senhor.

Quem fala comigo é o primeiro oficial da Guarda Nacional, um sujeito mediano e moreno, com cabelos negros e olhos cor de mel. Afivelo o cinto antes de olhar em volta.

 A comporta ainda não foi fechada, e alguns cinegrafistas mais corajosos ainda tentam focalizar a mim. O interior do quadricóptero é austero. Vários tubos e cabos passam de lá pra cá, se entrecruzando através das paredes e do teto, fazendo-o parecer inacabado. A cor predominante é verde escuro, numa estampa de camuflagem, assim como o exterior.

As quatro hélices começam a girar suas pás em conjunto, e a aeronave começa a subir. O Palácio da Alvorada se distancia rapidamente, e eu tenho um vislumbre da cidade de Brasília antes da comporta se fechar, lacrando-me dentro do veículo blindado e selando o meu destino.

O oficial a minha frete pigarreia.

— São oito horas de voo até Prision City – ele começa a falar – o almoço será servido ao meio dia me ponto. O senhor deve passar por todas as etapas de revista após o mesmo.

 Eu suspiro.

—Claro.

Puxo o livro do bolso interno do meu paletó e recomeço a leitura que comecei no dia anterior. Vai ser uma longa viagem.

É um livro instigante de antes da época de meu nascimento. Chama-se Eragon. É o primeiro livro de uma série de fantasia que fizera muito sucesso antes do ano negro. Toda vez que eu olho para as letras no papel, me pego lembrando do mundo antes do Ano Negro.

Ignoro a lembrança e foco na história do livro. As palavras são um pouco antigas, mas o texto é épico. Uma história sobre um fazendeiro que se torna cavaleiro de um dragão. Concentro-me na leitura por um tempo. Leio dois capítulos antes de sentir o quadricóptero balançar violentamente.

Encaro o oficial à minha frente.

— O que...? – eu balbucio.

— Estamos entrando em modo de segurança, senhor.

— Por quê?

— Vamos cortar caminho sobre algumas favelas – ele diz – e aposto meu cargo que vão tentar nos derrubar.

O número de favelas havia crescido descontroladamente desde o ano negro, e ainda não diminuiu, mesmo com todos os esforços dos países do Acordo a respeito.

Uma das coisas que cabe a mim resolver.

Ouve-se uma súbita explosão e a aeronave balança de novo.

— Eu não disse – o oficial sorria – não vão conseguir nem arranhar a lataria.

Ele pressiona o minúsculo chip em sua têmpora direita com o indicador.

— Acelera aí, magrão! – diz, aparentemente para o piloto. Ele baixa a mão e finalmente afivela o cinto.

— Se segura.

A nave começa a girar loucamente enquanto o piloto faz manobras de evasão. Mais explosões são ouvidas. Uma luz vermelha começa a piscar no teto, e uma sirene irritante começa a tocar. Seguro uma barra de aço que encontro fixa na parede ao lado do meu banco.

— Isso acontece toda a vez que vocês passam por cima de uma favela?

— Ah, você não viu nada. O pessoal lá no Rio tem mísseis melhores. Eles nos derrubavam. – ele aciona o chip novamente, gritando com o piloto – Acerte esses malditos de uma vez!

Sinto os mísseis sendo disparados rumo ao solo, em algum lugar sob meus pés, enquanto saímos do perímetro da favela.

 

Mas não chego a ouvir a explosão.

 

Vai ser uma longa viagem.

 

 


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Notas finais do capítulo

E aí?
quem quer que continue?
( não se preocupem, eu ainda vou terminar Zootopia 3)
deixem suas opiniões nos comments!!!



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