Still Alive escrita por Jubs Malfoy


Capítulo 45
Capítulo extra - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Esse é o capítulo final, e eu estou extremamente animada. É o final de uma era, de uma vida, e eu agradeço aos que acompanharam. Stef, te amo, esse é pra você. essidois.



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Linda. Linda, linda, linda. Era a única palavra que James sussurrava ao observar, tão de perto, a pele leitosa de sua namorada sob o aguado sol nascente. As sardas em tom avermelhado formavam uma constelação particular que ele fez questão de traçar com os lábios, seguindo do pescoço até o esterno, beijando o espaço entre os seios.

 

Ele sentiu quando ela acordou, embora ela não tivesse dito uma palavra. Os dedos esguios entrelaçaram no cabelo dele, em uma carícia leve e afetuosa. James inspirou a pele dela, que cheirava a uma mistura deliciosa de sono, canela e o corpo dele.

 

— James — a voz dela ressoou pela caixa torácica para os lábios dele, que ainda se ocupavam com cada sarda na pele.

 

— Eu amei esse seu perfume novo. É ainda melhor que rosas — a pele dela se arrepiou completamente, e ela enrijeceu os dedos, como se tentasse não agarrar o cabelo dele com força.

 

— Você precisa parar com isso — "hmm" — Estou falando sério, James Sirius — o último nome dele saiu em um gemido surpreso, pois ele havia agarrado o seio dela, apertando o mamilo.

 

— O que estava dizendo mesmo? — ele a olhou nos olhos, ainda massageando o bico túrgido, desequilibrando a respiração dela. O olhar dela era uma tentativa falha de repreensão.

 

— Vai a merda, Potter — ele riu, e voltou a fazer o que estava fazendo antes, sem permitir que os lábios subissem para onde ele queria. Sua mão, no entanto, ainda a fazia se contorcer — Nós não temos tempo.

 

— Eu sempre tenho tempo para acordar minha namorada do jeito certo, os outros que esperem — ela agarrou os cabelos dele, puxando para o seio esquerdo, e ele riu antes de obedecer, lambendo a borda da aréola — Merlin, você é deliciosa.

 

Lis sufocou os gemidos que queriam sair, enquanto os dentes dele tomavam seu mamilo, e a outra mão ainda dava atenção ao outro seio. Sem conseguir resistir, permitiu que os próprios dedos deslizassem para entre suas pernas, sentindo-se já quente e completamente úmida. James estalou a língua.

 

— Não estrague minha diversão, ruiva — ele se afastou, tirando a mão dela. Ele a pôs sobre onde as dele estavam, no entanto, e Lis mordeu os lábios enquanto capturava o próprio seio e empurrava o quadril contra a perna dele, que havia se instalado entre as coxas dela — Você está mesmo fazendo isso, Lizzy?

 

Ela riu, e deu um gritinho de surpresa quando ele saiu de cima dela, puxando-a pelas pernas para a beirada da cama. Apoiou os joelhos dela nos ombros dele, se ajoelhando no chão, e brincou, passando os dedos calejados pela pele mais sensível na sua coxa.

 

— Uma pena que não temos mais tempo, eu poderia te torturar o dia inteiro só por causa de seu atrevimento, milady — apesar disso, ele não demorou para pôr a língua onde queria.

 

Os movimentos eram lentos, no entanto, e apesar dos protestos dela para que fosse mais rápido, ele manteve um ritmo enlouquecedor, que a obrigou a morder a própria mão para não gritar.

 

Aqueles dedos, aquela língua, a forma como ele os trocava de posição. Ela iria queimar, de dentro pra fora. Não conseguia prestar atenção em mais nada que não fosse ele entre suas pernas. Não ouvia nada além do rugir do sangue em seus ouvidos.

 

Sua libertação veio em ondas intensas, e um travesseiro absorveu seus gemidos altos demais. Ele não parou, no entanto, e ela achou que ia desmanchar sob seus lábios. Não aguentava mais, cada músculo do seu corpo tremia. Não demorou muito para alcançar o prazer pela segunda vez, muito mais intenso, e se soltar na cama, sentindo-se cansada e sobrecarregada. Uma eletricidade percorria por sua pele que formigava por inteiro.

 

Com um sorriso lupino, James a sentou, beijando-a, e ela arfou ao sentir o próprio gosto nos lábios dele. Um gemido frustrado lhe deixou os lábios ao ouvir algumas batidas na porta.

 

— Milady?

 

— Eu falei que não tínhamos tempo — ela sussurrou, ainda ofegante.

 

— Foi tempo suficiente para fazer o que eu queria — ele sussurrou, dando um beijo suave na têmpora dela — Vai se arrumar. Nos vemos mais tarde.

 

Dito isso, ele não demorou muito para deslizar dentro das próprias roupas e ir embora. Para onde, só Merlin sabia, pois ele nem sequer perguntou onde os outros estavam dormindo. 

 

Para a surpresa de Lis, atrás da porta não estava apenas Stefanie, esperando para arrumá-la, mas toda a comitiva formada por Rose, Lily e Kaleen, que sorriram simpáticas para James antes de entrarem no quarto como pássaros chilreando.

 

— Uau. Vocês não estavam tão falantes ontem à noite.

 

— Na verdade, estávamos, sim — Lily respondeu, olhando distraída alguns dos enfeites do quarto dela.

 

— Você e James estavam tão entretidos um com o outro que não quisemos invadir sua bolha. Vocês estavam precisando de um momento para vocês depois de tudo — se as meninas se surpreenderam com Kaleen dizendo tanto de uma vez só, não demonstraram. Ela devia, mesmo, ter perdido algo no dia anterior. O jantar era um borrão, no qual apenas se lembrava de trocar frases divertidas com James e conversar um pouco com Escórpio.

 

— Pedimos para que trouxessem nossas coisas para cá. Vamos nos arrumar com você.

 

— Que bom que tenho um banheiro grande o suficiente então, não é?

 

Lis estava acostumada com as preparações extensas para os bailes, e não se surpreendeu quando suas criadas levaram a manhã inteira, mais parte da tarde, para cuidar de suas peles, unhas, cabelos. Era como um dia de Spa para os trouxas, e elas estavam se divertindo como não faziam há muito, muito tempo.

— Então, Lis, eu adiei essa pergunta, mas… — a Snape encarou a Potter com uma sobrancelha ruiva arqueada; era estranho como ruivos faziam parte de uma porcentagem tão pequena da população, mas apenas naquele quarto havia três delas — Você vai voltar para Hogwarts para o último ano?

 

— Que pergunta é essa, Lilu? Claro que vou.

 

— Não sei… É que aqui é tão incrível, e você é praticamente a administradora de metade dessas terras… imaginei que voltar fosse tão mundano que você não fosse querer — Lis colocou de volta a compressa fria em seus olhos, um truque de Marie para diminuir suas olheiras que funcionava incrivelmente bem.

 

— Sim, é bem legal ser condessa, e tudo isso — as meninas riram — Mas não é o que eu quero fazer, pelo menos não no momento. e para seguir meu caminho, preciso ir a Hogwarts por mais um ano.

 

— Entendi… E você, Kay, o que vai fazer daqui pra frente? Eu quero ser professora de DCAT, Rose quer trabalhar no Ministério, previsivelmente — a Weasley respondeu dando a língua para a prima — Mas e quanto a você? Agora que não vai ser obrigada a casar com ninguém, o que pretende fazer com sua vida?

 

A francesa demorou um tempo para responder, como se estivesse pensando a respeito, e suspirou algumas vezes. As outras não a empurraram, no entanto. Sabiam como podia ser difícil pensar em um futuro diferente quando o seu havia sido premeditado desde sua infância.

 

— Não sei… talvez eu queira… experimentar? Não me importaria de me casar em breve se fosse com alguém que me permitisse fazer as minhas coisas — era possível ouvir o sorriso na voz dela, e todas as outras sorriram sabendo exatamente de quem ela estava falando — Mas não sei. Eu gosto de construir coisas. Quem sabe alguém gosta das minhas vassouras e compre os projetos para produzir? 

 

— É uma ideia fantástica. Morgana sabe que eu sou doida por pilotar uma vassoura sua. Vai ser um sucesso! Imagina, as seleções mundiais voando com suas vassouras na Copa Mundial de Quadribol! — Kaleen sorriu um pouco constrangida, mas Lis estava falando sério. Os projetos de vassoura da garota haviam trazido de volta toda a sua animação por Quadribol profissional.

 

A conversa continuou por caminhos leves como os times favoritos delas, e as chances deles nas respectivas competições, e então Lily trouxe um assunto que arrancou a voz de todas as outras.

— E o Nikolai..? O que vai acontecer com ele daqui pra frente? Desculpa perguntar, mas é que estou quase morrendo com esse final incompleto.

Foi Lis quem respondeu, sabendo que o assunto ainda era sensível para Kaleen. Havia acompanhado a confusão que fora depois que ajudou os dois a fugirem e… Havia sido difícil.

— Vai cumprir um ou dois anos de trabalho compulsório em meio aos trouxas, proibido de usar magia por esse período, então vai voltar para a França. Todas as terras Pelletier estão em posse do meu tio enquanto Kay não tem autorização legal para tê-las, e quando Nik… — ela tropeça no apelido com o qual já se acostumara a chamá-lo, apesar de tudo — Quando Nikolai voltar, receberá um pequeno pedaço de terra e será tirado da Corte Francesa, vai viver uma vida normal… Ou tão normal quanto a vida de um bruxo pode ser.

— Imagino que seja o justo — a Potter ponderou depois de algum tempo — Quero dizer, perdoaram o seu pai, o Draco, e mais um monte de gente depois da guerra. Ele foi forçado a fazer aquilo. Não é como se acreditasse na causa… E uma vida normal… é melhor que uma vida preso.

— Uma vida normal é um sonho — Kaleen arremeteu com tanta velocidade que surpreendeu as outras — Uma vida normal é tudo o que queríamos, não essas coisas da Corte… Nada disso. Vai ser melhor pra ele, ficar afastado.

Lis sabia o quanto doía para ela dizer aquilo. Provavelmente, nunca estaria longe das maquinações da Corte, mas… Torcia muito para que Kay tivesse o mais perto de uma vida normal que pudesse. Ela merecia. Também sabia que sentia falta do irmão. Falaria com o tio para ver se ela podia encontrá-lo pelo menos uma vez ou duas antes do natal. É. Ela faria isso.

As criadas já haviam terminado de fazer a maquiagem e o cabelo da maioria delas quando Marie entrou com um sorriso conhecedor no rosto.

— Mademoiselle Lis, o Monsieur Potter deseja falar com você. O deixei esperando na antecâmara.

Lis havia aprendido a função daquela parte do cômodo recentemente. Não fazia muito sentido ter uma sala antes do quarto quando ninguém além dela mesma e das criadas entrava ali. Nas últimas semanas, no entanto percebeu como era útil. Às vezes administradores ou algumas pessoas da corte vinham visitá-la, e ela não tinha um escritório próprio. Então ela redecorou o lugar, deixando mais aconchegante, com algumas poltronas, um pequeno sofá, e uma mesinha de centro para servir chá, ou café, ou o que quer que quisesse.

E era lá que James estava, analisando minuciosamente um bibelô que ela trouxera de uma viagem à Rússia e achou que ficaria lindo em cima da lareira. Ele estava lindo — não, estava deslumbrante — com aqueles trajes a rigor em preto e prateado, um corte novo, provavelmente projetado pelo alfaiate da família.

— Olha… fizeram um bom trabalho com você. Está até parecendo, não sei… quase bonito?

A gargalhada dele a aqueceu por dentro, e ela deu alguns passos em sua direção.

— E você? Parece incrível. Poderia aparecer naquele baile vestindo apenas esse roupão, e ainda assim deixaria todos de queixo caído.

— Ainda não perdi o juízo a esse ponto, não se preocupe — com um sorriso, ele escovou os lábios nos dela, se segurando para adiar a descoberta de se ela estava usando aquele batom com gosto de morango ou não — o que veio fazer aqui?

Ele inspirou fundo, porque estava esperando enrolá-la um pouco mais. O som de risadas vindas do quarto de vestir indicava que não estava sozinha ali, embora, e provavelmente era melhor ele fazer aquilo rápido.

— Vim te dar seu presente — ela arregalou os olhos e ergueu as sobrancelhas, mas permitiu-se guiar para o sofá bonito e confortável da sala — Por favor, não pira, não é nada demais.

Lis semicerrou os olhos, desconfiada.

— Da última vez que me disse isso, eu realmente quase pirei. Devo me preocupar?

Ele riu baixinho, mas pegou as mãos dela entre as suas, os dois sentados frente a frente.

— Antes de tudo, quero te dizer que isso não é uma cobrança. É… e também não é uma forma de te prender a mim, eu… Você pode simplesmente me mandar embora se cansar de mim…

— James? O que você está tentando fazer? — ele respirou, e resolveu tirar a pequena caixinha dos bolsos das vestes, e Lis levou uma das mãos à boca — Ai meu Merlin, isso é, definitivamente, o que eu estou pensando que você vai fazer, não é?

— Amor, não pira.

— Não, não… Estou bem — mas ela olhava para a pequena caixinha como se ela fosse uma granada prestes a explodir.

— Lizzy… Lis, olha pra mim — ela fez o que ele disse, e James apoiou a mão na bochecha dela, acariciando — Eu te amo. Mais do que minha própria vida. Eu não estou aqui para te pressionar, de forma alguma — ele tomou mais um fôlego — Você não precisa dizer sim, nem se sentir presa a esse anel. Se você sentir que não é o certo… Bem, eu sei que somos jovens demais, e isso não vem com uma data marcada na próxima primavera — ela esboçou um sorriso pequeno com a tentativa de piada — Eu apenas… Eu quase te perdi. Eu vi você com um vestido de noiva ensanguentado, e me dei conta de que você quase se casou com outro. E me dei conta de que queria você vestida daquele jeito, mas comigo esperando no altar.

Lis ainda não esboçava muita reação, e James pôs a caixinha nas mãos dela, com cuidado.

— Eu percebi naquele momento que é com você que eu quero passar todos os dias da minha vida. Se você aceitar, isso provavelmente não vai acontecer nos próximos três anos — ele evitava de propósito a palavra casamento, a última coisa que precisava era que ela saísse correndo — E você nem precisa dizer sim hoje. Posso refazer o pedido a alguns anos se for necessário. Eu apenas precisava fazer isso. É minha forma de dizer que te amo, ok?

Lis assentiu lentamente, mas seus olhos fitavam a caixinha vermelha de veludo, ainda fechada. Ela não tivera coragem de abrir. James a segurou pela nuca, deixando um beijo em sua testa com um eu te amo sussurrado, antes de andar para fora da sala.

Respirando fundo, Lis abriu a caixinha, e soltou um arquejo. O anel era perfeito. Um trabalho lindo em ouro branco, trançado com pedrinhas e encimado com uma linda turmalina verde. Era belo, e atencioso. Algo que somente james escolheria.

Como que acordando de um transe, se levantou, e correu para o corredor, ignorando os olhares lançados por alguns dos cortesãos que já se hospedavam ali por estar somente de roupão. 

— James! — Ela o alcançou rapidamente, e o beijou tão rapidamente que levou alguns segundos para ele conseguir reagir e beijá-la de volta — Eu te amo — ela espremeu as palavras entre um beijo e outro antes de se afastarem. O sorriso de James era tão brilhante que ela se sentiu meio tonta.

A voz de Marie gritando seu nome soou no corredor, e ambos riram.

— Nos vemos no baile?

— Com certeza, minha lady.

 

 

***

 

— Que vestido moderno.

Kaleen tinha razão. Aquela era a criação mais moderna que Lis havia vestido. Um vestido grande e rodado, sim, mas com uma espécie de tecido recortado, metade preto, metade branco. Diferente de tudo que havia vestido antes. Os cabelos ruivos nos ombros, meio cacheados e completados com uma coroa de estrelas brilhantes davam o contraste necessário para ressaltar a beleza de sua criação.

— Foi ideia minha. 

Kay também estava deslumbrante em um vestido lavanda e diáfano. O preto seria de Lis naquela noite. De Lis e de Carlo. Somente os D’Noir usavam negro em festas como aquela.

As duas se olharam, lado a lado, no espelho. Aquela havia sido uma amizade inesperada, e ambas sentiriam falta daquele contato no final do verão, quando Lis fosse embora para Hogwarts.

— O que foi, Lis..? Você parece tensa.

Ela assentiu, e então olhou nos olhos muito negros da amiga.

— Na verdade… pode fazer um favor pra mim?

 

***

 

James não sabia o que esperar de um baile organizado naquele palácio, mas certamente se surpreendeu. Era a festa mais bonita que havia estado. Velas flutuantes iluminavam o salão, como em Hogwarts, várias faixas de tecido faziam uma decoração leve e graciosa. Uma mesa grande estava em um dos cantos, um banquete servido e magicamente aquecido. No outro canto, um quarteto de cordas trazia uma suave música de fundo, e o centro estava livre, apenas algumas poucas pessoas circulando por lá. Era onde aconteceria a valsa mais tarde.

— É uma festa e tanto, não? —uma voz que James conhecia muito bem lhe chamou a atenção, e o garoto se virou para encontrar o que seria sua versão mais velha e de olhos verdes.

— Lis não brinca em serviço — ele sorriu, e aceitou o champanhe que o pai oferecia.

— Tudo bem com vocês? Depois de tudo.

— Sim. Está tudo certo. Sem ressentimentos, sem problemas. Apenas nós dois felizes.

— Contou do programa de Aurores? — James anuiu com a cabeça, e olhou ao redor. Maia e os pais já haviam chegado, estavam conversando com Gina e Alvo. Kaleen interagia com algumas damas da corte, e o Potter percebeu um brilho de desespero em seus olho antes que Rose fosse buscá-la, sussurrando algo em seu ouvido — Engraçado como as dinâmicas mudaram tanto em tão pouco tempo, não é? seus olhos acharam alguém na multidão  Filho... com sua licença.

Antes que ele pudesse dizer algo, Harry Potter já desviava pelas pessoas na direção do novo Conde D’Noir, que vestia trajes a rigor tão negros que pareciam sugar completamente a luz. 

Lis havia explicado a tradição daquela festa na noite anterior. Era meio como uma apresentação da mulher para a sociedade, quando ela completava dezessete anos e tinha idade tanto para casar como para assumir oficialmente seu papel como condessa das terras. Oficialmente, o baile começava apenas após a dança dela: primeiro com o pai, então com o tio; somente aí, o salão seria liberado para que os outros dançassem. Arcaico, sim, mas o que não era, naquele lugar?

James permaneceu conversando com mais algumas pessoas antes que as luzes diminuissem, e o quarteto mudasse de música para uma que ele sabia ser a favorita da Lis. Todos os olhos se voltaram para a escadaria, e a sensação de dejavu não passou despercebida ao Potter.

Lentamente, e com a graça de uma fada, Lis desceu os degraus, arrancando o fôlego de todos. Estava tão linda naquele vestido preto e branco brilhante que o coração de James apertou. Carlo aguardava no final da escada, e pegou sua mão, com um sorriso largo no rosto.

— Ela está maravilhosa — a mãe de James sussurrou, e ele não pôde fazer nada a não ser concordar.

— A maioria de vocês conheceu minha irmã mais velha — a voz de Carlo soou, preenchendo todo o salão — Infelizmente ela não está mais entre nós, mas — ele olhou para a sobrinha com a adoração que somente era capaz — Clarissa não fazia nada pela metade. Viveu intensamente, e trouxe ao o futuro do Condado D’Noir. O Conselho da Corte escolheu nosso Condado para representar, centralizar, e liderar a Corte Francesa. Minha sobrinha, e eu, estamos gratos pelo apoio de vocês.

Ok. Aquela era nova. Representante da Corte? Os olhos de James se arregalaram, se voltando para a ruiva no centro da atenção de todos. O sorriso de Lis poderia iluminar Londres inteira quando ela fez uma meia reverência e se dirigiu aos ‘súditos’.

— É um prazer assumir o papel de liderança que estão me confiando. Eu sei que sou apenas uma menininha de dezessete anos, mas farei o possível, como fui ensinada, para acompanhá-los, e liderá-los ao lado do meu tio. Estou assumindo o papel que meu avô tanto almejou, e gosto de pensar que ele está orgulhoso. Onde quer que esteja. Sei que é hora da primeira dança da noite, mas façamos um minuto de silêncio em memória ao Conde Arcturo, que tanto honrou sua posição, e morreu lutando por nós. 

A música parou, mas o salão não ficou completamente em silêncio. As pessoas murmuravam o que James percebeu ser alguma coisa para o antigo Conde. Alguns diziam características honradas que ele tinha, outros desejavam que estivesse em um bom lugar. Lembrando da voz dele quando mandou Lis ir e se salvar, James sussurrou sob a respiração.

 — Obrigado.

Os músicos retomaram a melodia; uma valsa suave, e calma, enquanto Severo Snape tomava a mão da filha em uma reverência. Ao lado de James, Harry assobiou.

— Nunca achei que chegaria o dia em que o veria dançar.

Apesar da risada baixa que soltou, James estava impressionado com a postura e classe com que Severo conduzia Lis pelo amplo espaço do salão, girando em um círculo de maior raio possível. Para a maioria, ele estaria completamente sério, mas James sabia reconhecer aquele repuxar leve de lábios, e o enrugar próximos aos olhos. Sabia que estava sorrindo. Não abertamente, mas aquilo com certeza era um sorriso.

Quando a música acabou, James esperou que Carlo tomasse o lugar do Snape, e assumisse a dança, mas ele apenas chamou a atenção para si mesmo, ampliando a voz.

— Seguindo as nossas mais antigas tradições, gostaria de convidar o Sr. James Potter para a próxima dança.

O arquejo de surpresa de James foi espelhado por toda a multidão, e enquanto ele caminhava em direção à namorada, todos aplaudiam em um êxtase que ele não compreendia. Lis sorria tão ampla e verdadeiramente que o coração dele perdeu um compasso. James fez uma reverência profunda antes de tomar uma mão dela, sussurrando.

Mon cher, o que está acontecendo?

— Eu poderia explicar, mas acho que é agora que você se ajoelha.

James arregalou os olhos quando sentiu uma caixinha de veludo ser empurrada para a palma da sua mão.

— Lis, você…

— Eu estou dizendo sim, bobão. E te chamar para dançar comigo é um anúncio oficial para toda a Corte. Sem amarelar, agora, viu?

James tentou sugar um pouco de ar, achando difícil respirar, e se ajoelhou com os olhos marejados. Abriu a caixinha e pôs o anel escolhido com tanto cuidado no dedo anelar da mão esquerda. Beijou seus dedos, sem acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo, e se ergueu para encontrar uma Lis com os olhos tão aguados quanto os dele. Eu te amo. Foi o que sussurrou sob as batidas frenéticas do próprio coração.

Quando ia se aproximar para conduzi-la na próxima dança, Lis olhou para além dele, estendendo a mão para Carlo, que depositou na palma alva um anel muito parecido com o que ela usava na mão direita. Um anel preto, com o brasão da família, que ela pôs no anelar da mão direita dele.

— Agora, você está oficialmente noivo da Condessa D’Noir — ela sussurrou com os lábios contra a mão dele. Todos aplaudiam de novo, comemorando, e antes que James percebesse, estava deslizando pelo salão ao som de uma valsa lenta e romântica.

A ficha ainda não havia caído. Tinha quase certeza de que Lis recusaria seu pedido, e que ele teria que repeti-lo dali a alguns anos. Ainda não acreditava que ela havia, mesmo, aceitado. Estava meio que esperando acordar e descobrir que era alguma espécie de sonho traiçoeiro.

— Terra para James? — ele voltou a atenção àqueles olhos azuis que o encaravam com diversão — Tudo bem?

— Eu.. eu não esperava — Lis assentiu, séria.

— Eu sei.. pra ser sincera, nem eu esperava — ela mordeu o lábio inferior, e James se pegou de novo com vontade de experimentar o sabor daquele batom vermelho — Mas James… Eu quero. Eu quero passar a vida com você. Eu te amo.

— Lizzy..

— E isso não vai acontecer esse ano, ou no próximo, ou nos próximos três anos na verdade, exatamente como você disse — ela riu nervosa — Eu ainda tenho um ano em Hogwarts, mas… Eu aceitei, aceitei porque quero que você saiba que vou dar meu melhor para isso funcionar, para que algum dia eu sinta o prazer de me vestir de noiva só pra você. Nós vamos ter isso, ok?

Ele havia desistido de tentar chamá-la, então apenas a calou com um beijo, que coincidiu com o final da música que dançavam, o que fez todos os observadores aplaudirem novamente. Quando se afastaram, os olhos azuis de sua noiva arregalados em surpresa e admiração, ele encostou a testa na dela, nariz com nariz, e sussurrou:

Je t'aime, mon coeur. Toujours.

Com um sorriso aguado, ela ecoou:

Toujours.

No final da noite, quando a maior parte das pessoas já havia dançado até os pés doerem e a música havia sido trocada por performances trouxas e mais animadas; quando Lis e suas amigas já haviam experimentado cada doce da mesa, catalogando suas favoritas para que pudessem pedir que os cozinheiros enviassem algumas remessas para casa; depois que Gina Weasley havia estourado os tímpanos dos noivos com seus gritos sobre como estava animada mas furiosa por James não ter contado a dela. Depois de tudo isso, a condessa D’Noir se aproximou do noivo, enroscando o braço ao dele.

— Quer ir pra outro lugar? Você vai embora amanhã, nós poderíamos nos aproveitar de um tempo sozinhos.

Ela tinha razão, e ele apenas concordou, deixando que a ruiva o guiasse para o lado de fora, com destino a um jardim com flores tão altas que alcançavam sua cintura.

— Carlo me trouxe aqui no meu primeiro baile… Quanta coisa mudou desde então… No entanto, o jardim continua igual.

Ela arrancou os saltos pretos, e se uniu a James em uma dança lenta e hesitante. Era mais um balançar, com seus corpos unidos, e seus rostos tão próximos que poderiam se beijar. Mas ele estava fazendo outros usos da própria boca, enquanto tentava fazer planos sobre ela ir para a Inglaterra no verão, e sobre ele ter férias no natal para visitá-la. Cansada, a ruiva pôs o dedo indicador sobre os lábios dele.

— Sabe o que eu acho? Que você fala demais, e que esses detalhes podem ser decididos por cartas. Mas sabe o que não pode ser feito por cartas?

Não era preciso ser vidente para perceber a intenção dela quando seu dedo traçava a linha dos lábios dele, e seus olhos estavam escuros de desejo enquanto o corpo feminino se prensava ainda mais contra o dele.

— Sim, milady — ela arfou com o tom rouco da voz de James, e sorriu, maliciosa.

— Então, porque não faz um uso melhor dessa belezinha, e me beija?


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