Still Alive escrita por Jubs Malfoy


Capítulo 23
Já faz um mês, sabia?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721923/chapter/23

O relógio da torre anunciou as três horas, e a ruiva de cabelos cacheados já aguardava, imersa em um livro, debaixo de uma das escadas do grande castelo. Havia já alguns dias que eles se encontravam assim, às escondidas. Ela não era como a Snape, não conseguiria divulgar tão rápido que estava saindo com Escórpio Malfoy.

O loiro chegou, trazendo mais livros e um lanche. Após algumas semanas desde que se resolveram, ele finalmente parecia à vontade com ela. Ele era até fofo quando não estava nervoso e tentando agradá-la. Rose gostava quando ele era isso: apenas ele.

A Weasley sempre esteve ciente de que seus amigos a achavam uma babaca pela forma como ela o tratava, mas não ligava muito, não havia como eles entenderem. Rose fora criada para odiar os Malfoy, e o garoto não contribuía, sendo completamente irritante. Ele a perseguia e gaguejava na frente dela, e ela simplesmente não suportava aquilo.

Ele melhorou, lá para os quatorze anos; ganhou confiança, deixou de ser um bobão ao dar em cima dela, e passou a ser mais descolado e indiferente, mesmo quando sugeria toda semana que eles deveriam ficar juntos. Rose não sabia se queria beijá-lo ou socá-lo na cara. Para não correr o risco, revirava os olhos e resmungava, detestando o sorriso que ele dava logo depois, como se adivinhasse que ela estava deixando de odiá-lo.

A verdade é que o garoto era inteligente, e também um completo idiota. Fazia piadas sem sentido e uma dancinha ridícula quando tirava uma nota maior que a dela. Era um dos raros momentos em que ele pouco ligava para o que ela pensaria e era apenas ele, sem medo. Rose, por vezes, pensava que talvez fosse uma armadilha, pois eram nesses momentos hilários que ela abaixava a guarda, e ele, aos poucos, roubava o seu coração.

Rose o beijou pela primeira vez alguns dias depois do Natal. Até hoje ela não sabe o que deu em sua cabeça para fazer isso. O Malfoy aparecera do nada para lhe dar seu presente atrasado, um livro que ela queria muito, mas não havia como ele saber disso. Juntos, terminaram de abrir e arrumar os presentes que ela recebera, e o retardado fazia uma piada de quase tudo.

Ele estava feliz por causa da Lis, e ela, com um bom humor incomum, justificável apenas pelo espírito natalino, e quase sem fôlego de rir dele. Quando se deu conta, seus lábios já estavam juntos, e ela quem tivera a iniciativa. Ao contrário do que esperava, ele não se assustou, e não hesitou em retribuir, sendo suave mas sensual de um jeito que ela não saberia descrever.

Se qualquer um dissesse aquilo para ela anos antes, ela riria, mas ela estava vivendo, e era verdade. Rose Weasley beijou Escórpio Malfoy. E gostou disso.

A naturalidade com que ele sorriu e apenas voltou a organizar os objetos foi o que a fez decidir. Ele havia se tornado um homem seguro, nem ao menos ruborizou após o beijo, como se soubesse que aconteceria e não estivesse surpreso. Ela daria uma chance a ele. Mais tarde, suas amigas perguntariam o porquê de não ter feito isso antes, e a explicação era simples: Rose era uma mulher forte, não precisava de alguém que vivesse pisando em ovos ou estendesse um tapete vermelho quando passasse; queria alguém que também fosse forte, com ela e contra ela. Por algum motivo, Escórpio se tornara esse alguém.

A Weasley observou o garoto rabiscar ferozmente alguma ideia que deu errado. Seus encontros não eram exatamente românticos, o que era bom, já que ela odiava coisas melosas. Geralmente, apenas ficavam em um lugar silencioso enquanto liam e faziam as intermináveis atividades passadas pelos professores. Por vezes, ele lhe roubava um beijo por detrás de um livro, ou ela o fazia. Rose já se acostumara a se flagrar observando-o e não resistir a entrar em seu abraço enquanto ele corrigia algo dela ou vice-versa.

Os dois haviam combinado em manter segredo por um tempo, mas ela desconfiava que logo os outros descobririam. Mesmo sozinhos, ainda existiam as provocações e brigas sem motivo, mas algo havia mudado; era como se alguma coisa tivesse se encaixado entre eles. Não havia mais atrito e conflitos quando estavam juntos, e as reuniões do grupo se tornaram harmônicas. Rose sabia que Lis também percebia isso, pelas olhadas que dava aos dois.

A garota Snape era inteligente demais para o próprio bem, e não eram suas notas que demonstravam isso. A francesa enxergava o mundo em um misto de calculismo e paixão, como se estivesse sempre mensurando os riscos que valiam a pena correr para fazer o que o coração mandava. Rose, às vezes, tinha inveja dela e, mais vezes ainda, se perguntava porque a garota andava com o James, o que enxergava de interessante nele. Até que os viu juntos no baile.

Rose nunca confiara na Lis, a achava uma pessoa de muitas máscaras e poucas verdades; a garota tinha a habilidade de fazer os outros verem nela o que queriam que ela fosse, e fazia essa transição tão naturalmente quanto respirava. Quase ninguém percebia, mas Rose, sim.

No entanto, quando ela desceu aquelas escadas e se juntou ao Potter, Rose viu uma Lis que nunca vira antes. E tinha certeza de que aquela era a verdadeira Lis. Era como se seu primo a tivesse visto com todas as máscaras ao mesmo tempo e, sobrepondo-as, tivesse descoberto quem ela era de verdade. Ele fazia isso, enxergava a verdade nas pessoas, e assim, a francesa podia ser ela mesma com ele.

Escórpio puxou-a pela cintura, tirando-a de seus devaneios. Seu toque, seu cheiro se tornaram tão familiares que, às vezes, ela se assustava. Rose o beijou, deixando que ele a deitasse na capa que usavam como tapete sobre o piso. Ela estava no meio de um resumo de Aritmância, mas… Não importava, não quando os dentes do garoto mordiscavam seu lábio inferior e o cabelo loiro, que estava quase em seus ombros, fazia cócegas em sua pele. Rose apenas fechou os olhos; Aritmância que esperasse…

Escórpio estava atrasado, para variar. Há duas semanas que o garoto não chegava no horário, pois passava os últimos minutos das aulas tirando dúvidas com os professores, enquanto Rose preferia chegar mais cedo para isso, o que a fez esperá-lo na biblioteca naquele momento.

O mês de fevereiro chegou trazendo um calor pré primavera, que derretia, lentamente, os vários palmos de neve formados nos meses anteriores. Alguns dos pássaros já começavam a aparecer, presenteando o final de tarde com seus cantos suaves e pulando nos galhos ainda nús das árvores, planejando seus ninhos.

Tirando o olhar da janela, Rose viu Lis se aproximando, o cabelo acobreado brilhando no sol poente; ele já passava da linha dos quadris e a Weasley não sabia como ela conseguia ostentá-lo com tanta leveza; se o dela própria chegasse no meio das costas, já se tornava uma tortura, prendendo em tudo e impedindo-a de estudar. A francesa sentou na cadeira em frente à da garota e a encarou. Aqueles olhos azuis gélidos eram parecidos demais com o do Escórpio, e a deixaram inquieta.

— Serei direta. Você e o Escórpio estão juntos — não era uma pergunta.

— Talvez… mais ou menos — a outra semicerrou os olhos.

— Não tem isso de mais ou menos — ela estava certa, não tinha.

— Você demorou para perceber.

— Na verdade, percebi antes do ano novo, apenas estava dando espaço para vocês, e agora estou com raiva dele por ter me escondido isso por tanto tempo, então vim falar direto com você. É bom que estejam juntos.

Um silêncio pairou entre as duas, e poderia ser desconfortável, mas não foi.

— Como está sua mãe?

— Ela tenta fingir que está tudo bem, mas o pai do James nos conta a verdade. Há uma tensão sem fim no Ministério por conta dessa guerra. Inocentes estão desaparecendo, os trouxas estão desconfiando, cidades bruxas estão sendo atacadas, várias pessoas são obliviadas por dia, e os quartéis dos franceses são protegidos e escondidos; os aurores nem se arriscam a tentar muita coisa pois não fazem ideia do que vão encontrar.

— Eu queria poder ajudar; a verdade, é que nem eu mesma sei. Meus contatos não estão no meio da confusão, entre os soldados. E não me arrependo de estar feliz por isso — apesar disso, os ombros dela caíram um pouco — Tudo o que eu sabia, já contei, mas não é de muita serventia.

— Tudo bem, a culpa não é sua. E você tem sorte dos outros alunos não saberem de você vem. É díficil lidar com os olhares e perguntas.

— É, eu sei. Os de Hogwarts podem não saber, mas não são apenas eles que estão aqui.

De novo o silêncio, e uma empatia se juntou à festa.

— Você e Escórpio viriam a Hogsmead comigo e James no fim de semana?

— Não é dia de visita.

— E quem disse que precisa ser? Com tudo o que está acontecendo, precisamos de descanso. Hogwarts ainda é segura, assim como a vila. Temos autorização do meu pai — pensando bem, não seria ruim sair com eles um pouco, os dois sabiam como se divertir.

— Tudo bem — ela sorriu, radiante, surpreendendo a Weasley.

— Sábado, então. Às nove.

— Às nove.      

 

***

Ah, não…, foi a primeira coisa que Escórpio pensou ao reparar no cabelo ruivo meio afundado na poltrona. A sala estava completamente vazia e quase totalmente escura, com exceção la lareira, que iluminava parcialmente o rosto da garota. Lis o encarou, as sobrancelhas arqueadas e o maxilar trincado. Seus olhos refletiam as labaredas, dando-lhe uma aparência assustadora. O garoto tentou esboçar um sorriso trêmulo.

— Oi, florzinha.

— Senta, Escórpio — somente o tom da sua voz diminuiu a temperatura da sala uns dez graus — e não venha com “florzinha” pra cima de mim, estou muito chateada com você.

— Mas, Lis…

— Silêncio! — Ela se levantou, sua silhueta se destacando contra a lareira — Sinceramente, depois de todo aquele drama quando eu quis esconder o lance com Nikolai, e depois o James… Você acha que eu sou idiota? Que não ia perceber que você e Rose estavam saindo? Achou que iria esconder isso? Já faz um mês, sabia?

— É, eu sei — ela suspirou, e foi para as escadas. sua forma de dizer que a conversa havia acabado.

— Vocês vão para Hogsmead conosco no fim de semana, às nove. Melhor não se atrasar, ou levo apenas ela, e te deixo aqui.

Ela estava falando sério. Às nove, em ponto, no sábado, a passagem secreta do quarto andar já estava aberta, e os dois casais já entravam nela rumo ao vilarejo próximo ao castelo. Haveria uma apresentação de teatro na praça, foi o que James dissera, uma comédia. Seria divertido.

Durante o caminho, Rose e Lis conversavam quase naturalmente, como se estivessem se esforçando para conviverem bem, como se não tivessem trocado farpas todos aqueles anos anteriores. Escórpio via a dificuldade que a Weasley tinha em fazer isso; ela não confiava na outra, como um animal arisco demais, desconfiado das intenções do outro que se aproximava.

A neve finalmente cedia espaço ao calor e ao verde, que despontava no chão, ainda úmido. A vida, aos poucos, retornava; Malfoy esperava que trouxesse, também, de volta, a esperança. Estavam, todos, precisando dela. Mesmo ali, ele via as sombras nos olhos das duas ruivas. Lis parecia bem, a maior parte do tempo, mas seu rosto ficava terrivelmente triste e pensativo quando ela achava que ninguém estava olhando, como se ela vasculhasse, de novo e de novo, as informações em sua mente, procurando algo útil. Escórpio quase conseguia vê-la em seu porão mental, jogando para o ar as coisas que não prestavam, frustrada.

James comprou castanhas e pipocas cobertas com caramelo e chocolate, as preferidas da Lis, como se adivinhasse. Rose apenas pediu um algodão doce enorme que tinha o formato de uma flor para dividir com o Escórpio, enquanto ele e Lis comparam refrescos para todos. O grupo ocupou um banco que não era muito perto do espetáculo, mas o suficiente para verem tudo direito.

Foi incrível. Os atores eram muito bons e o roteiro, muito lúdico e engraçado. A produção era simples, mas eles mantinham todos no lugar totalmente entretidos utilizando roupas coloridas e elementos da própria praça para compor a apresentação. Por vezes, o Malfoy se pegava observando a Rose, ao invés da peça; ela parecia encantada, e feliz. Em alguma parte do show, um mímico que fazia parte daquilo lhe trouxe uma rosa, que explodiu em dezenas de borboletas fazendo-a gargalhar, deliciada, como uma criança.

Na verdade, o tempo todo, ela pareceu uma criança. Os olhos arregalados, sorvendo avidamente cada luz e som e cor; provavelmente era sua primeira vez em uma peça daquele jeito, que misturava as técnicas trouxas de atuação com magia. Ele e Lis iam a apresentações assim desde pequenos, frequentemente assistindo uma peça mais de uma vez. Escórpio lembrava de uma, quando eles tinham cinco anos, em que os atores pareciam voar de verdade, flutuando sobre a plateia, como plumas, e os dois prendiam a respiração, e não faziam movimentos bruscos, com medo de que qualquer coisa pudesse atrapalhar aquele encanto.

Quando, enfim, terminou, os quatro aplaudiram entusiasmado; Lis e James traziam coroas de plástico na cabeça, que ele não reparara antes, parecendo Rei e Rainha. Aliás, todas as pessoas levavam algo diferente do que haviam chegado: orelhas falsas de coelhos, auréolas de anjinhos e outras coisas. Ele próprio estava com um chapéu de bobo da corte e Rose usava a mesma rosa de antes, atrás da orelha.

Eles fizeram o almoço em um restaurante simples, e gastaram o resto da tarde entrando e saindo das lojas, às vezes com sacolas de coisas, outras vezes sem ter comprado nada. Rose e Lis encontraram sua diversão em experimentar as roupas mais espalhafatosas e coloridas, e em fazer os garotos usá-las, também. Por algum motivo, sua amiga gostava de roupas de couro que a deixavam parecendo uma caçadora de bruxas da idade média e tinham inúmeros lugares para guardar armas. Por que aquelas lojas vendiam isso? Escórpio não sabia.

Perto do pôr do sol, ele já precisava ir embora. Tinha várias atividades sem terminar. Com um biquinho, Rose pediu que ele ficasse, mas ele não podia.

— Venha, Rose. Deixa esse nerd aí — Lis disse antes de agarrar o braço dela e se virar para outra loja sem se despedir. Ele cogitou voltar e beijar a Weasley, mas por fim, deu de ombros e seguiu seu caminho.

 

***

 

O corredor do sexto andar estava completamente vazio e silencioso. O trio usara outra entrada para voltar a Hogwarts, e andavam, ainda rindo de uma piada que James fizera. Lis ainda estava chateada com o Malfoy, mas adorara a tarde. Sentia que Rose ainda não confiava nela, mas a garota parecia muito mais à vontade com sua presença. O som de uma porta se fechando ecoou, provavelmente algum professor que ficara até tarde corrigindo atividades, então eles apertaram o passo, para não serem pegos, tomando um caminho incomum para não esbarrar em ninguém.

A conversa entre eles fluía em sussurros, e o som de passos foi sumindo. Com um sopro, todas as lamparinas do corredor se apagaram, sobressaltando-os. Sem tempo nem para pegar suas varinhas, um feixe de luz roxa atravessou o ar, Rose gritou em algum lugar, enquanto era lançada para a parede com um feitiço não pronunciado. Lis não ouviu mais a sua voz. Outro feixe, e a Snape sentiu que estava sendo empurrada antes de ver o James voando para um dos quadros e derrubando-o.

Uma figura aguardava no final do corredor, usando uma roupa preta com capuz. Aparentava ser alto, e Lis não conseguia ver seu rosto. Aconteceu tão rápido. Ela avançou com a varinha em punho, lançando um feitiço de estuporar que ele defendeu com facilidade. Isso se repetiu enquanto ele avançava e se defendia, e a garota procurava uma falha em sua guarda. Sempre havia. O problema, é que a dela, também. A próxima investida dele errou Lis por vários centímetros, mas ela não era o alvo. As palavras proferidas partiram o coração de Lis em vários pedaços, atingindo-a com um pavor que ela nem sabia que existia.

Sectumsempra! — A voz era carregada e grossa, como se forçada para não ser reconhecida.

A lux roxa atingiu James no peito, e um grito de dor saiu dele antes que largasse a varinha. Cortes se abriram no corpo do grifinório, derramando a tão sagrada vida de dentro dele, e o garoto desabou  no chão com um gemido. Um grito morreu na garganta de Lis, pois ela não conseguia abrir a boca. Estava paralisada.

A ruiva não conseguia mover nada além dos olhos, que captavam a cena com avidez. Rose inerte de um lado, aparentemente havia batido a cabeça na parede, estava desacordada; James do outro, tossindo e com espasmos que faziam o sangue jorrar e chegar perto de seus pés, na estupidez do momento, ela apenas conseguia pensar que não era saudável que ele estivesse sangrando tanto daquele jeito; e em sua frente, a figura envolta em sombras, que se aproximava dela.

Olhos brilhantes a encararam, e dedos fortes enxugaram uma lágrima que descia por sua bochecha antes de se virar para a Weasley e colocá-la no ombro como se fosse um saco de batatas. Ele precisava soltá-la. Ele tinha que soltá-la. Era a única coisa que conseguia pensar. E repetiu esse pensamento mil vezes nos passos que ele deu até o final do corredor. Não aceitava imaginar que ficaria ali, presa, até que alguém os encontrasse ou o encanto perdesse a força. Não aceitava que o veria sangrar até a morte sem poder fazer nada.

Já haviam passado cinco segundos desde que a figura virara a esquina no corredor; cada vez mais, Lis forçava os seus músculos a obedecerem. Até que, como uma corda se partindo, ela caiu no chão, de joelhos na poça que se formava. Não hesitou ao praticamente se jogar nele, agarrando com força a varinha em sua mão. Rose tinha tempo, James não.

Suas mãos tocaram a camisa ensanguentada, abrindo-a à força. As lágrimas descendo do rosto dela com a mesma intensidade com que a força vital deixava o corpo de seu namorado. Seus olhos ainda estavam abertos, e sua respiração era fraca, mas existia. Ele tentou falar, mas sangue saiu de sua boca, fazendo-o tossir. Lis virou sua cabeça de lado, sussurrando.

— Shhh, não fala. Apenas fica acordado, ok? Não feche os olhos. Se concentra na minha voz.

Com a varinha, começou a fazer movimentos treinados sobre as feridas, obedecendo a uma voz que ecoava em sua cabeça, lições aprendidas há muitos anos atrás. Ela se lembrava de um encantamento, que parecia mais uma canção usada por sacerdotes pagãos, e fluía como água em sua voz. A melodia corria e tecia um emaranhado de luz e cura, reatando a pele, deixando para trás apenas o sangue e uma linha branca fraca onde antes estava aberto em carne. Sugando a energia da garota para isso.

Lis sentia o coração do Potter, ainda fraco, sob suas mãos, e o sangue que ensopava suas roupas, e as lágrimas que não paravam de cair enquanto ele a encarava, a dor estampada em seu belo rosto. Infelizmente, iria doer por alguns dias… Mas aquilo impedia que ele continuasse a morrer tão rapidamente.

Ela não soube como conseguiu energia para aquilo, mas conjurou um patrono, um lobo grande e prata que correu pelo corredor, iluminando-o por alguns segundos, até que tudo o que restasse fosse o som dos soluços dela e da respiração em arquejos do garoto. Chamá-lo esvaiu suas últimas forças, e a garota tombou a cabeça e as mãos no tórax do garoto, pegajoso por conta do sangue que já secava. Ele deslizou uma das mãos para a dela, e isso foi a última coisa que ela viu antes da escuridão a reinvidicar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Still Alive" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.