Bruce Wayne

Precisava focar minha mente em outra coisa e essa outra coisa se tornou a pesquisar mais sobre a nova vigilante de Gotham.

Não tinha nenhuma aparição dela em outro lugar, e faz um tempo desde a última vez que foi vista.

— O que faz aqui tão cedo, Bruce? — Ouvi a voz de Clark.

— Não deveria estar escrevendo sobre o jogo de ontem? — Perguntei e sabia que ele tinha aberto um sorriso.

— Já fiz, e vamos enfrentar Gotham na final.

Olhei para Clark e voltei minha atenção para o computador, o único que poderia ficar em silêncio e pensar era ali. Precisava entender tudo o que estava acontecendo na minha vida nesse momento.

Senti Clark colocar sua mão em meu ombro.

— Algum problema? — Perguntei e virei a cadeira ficando de frente para ele.

— Estou bem, mas é você que parece ter um problema. Se quiser conversar, Bruce, estou aqui.

— Se precisar de alguém eu vou em um psicólogo.

Ele sorriu para mim, não se importou com meu humor.

— Tudo bem, se não quiser falar, Bruce. Mas eu e o resto da equipe estamos aqui se precisar de ajuda para qualquer coisa.

— Sei que posso contar com você e o resto da equipe, mas isso não é algo que vocês possam ajudar.

— Por quê?

— Porque isso envolve a vida pessoal de Bruce Wayne, e só eu posso resolver isso.

Selina Kyle

Com Helena na mansão Wayne tinha uma coisa a menos para me preocupar, mas mesmo assim não conseguia parar de pensar nela e no perigo que ela estava correndo.

Slam apareceu com uma xícara de café, ele tentava me convencer como estava deixando minhas emoções me atrapalharem.

— Maggie está bem, Selina, já conversou com ela. Meu pai está lá com ela e ele prometeu não deixar nada acontecer com ela e você, ambos prometemos. — Ele estendeu a xícara para mim. — Apenas repense sobre o que vai fazer, Selina, por favor. Não pode se jogar direto nas mãos do Sionis, é isso que ele quer.

Ele segurou minha mão e a preocupação estava estampada em seu rosto.

— Pensei nisso mil vezes, e é isso que preciso fazer. Se Sionis morrer isso acaba. Se eu morrer isso acaba. Se ambos ficarmos vivos... todo mundo que amo ainda vai estar em perigo. Só um pode sobreviver, Slam.

— Quero que Selina Kyle sobreviva. — Ele se aproximou mais de mim sem soltar minha mão. — Não posso imaginar um mundo sem você, Selina.

Sabia onde isso tudo iria levar e eu não queria ter essa conversa, não quando existia uma corda no meu pescoço.

— Slam, agora não. Isso tudo está complicado para mim.

— Então vamos deixar menos complicadas.

Os lábios de Slam encontraram os meus, foi um beijo suave, no entanto me afastei.

— Não posso, não agora.

— Sempre vou estar aqui, Selina, sempre que precisar de mim.

— Queria ter conhecido você antes. Antes que eu tivesse ido embora de Gotham.

Ele iria falar algo, mas a campainha interrompeu qualquer possibilidade. Slam apenas parecia querer saber o que se passava na minha mente, o que me impedia de tentar algo e só havia uma pessoa que estava no caminho dele.

— Precisamos conversar, Selina. — Escutei a voz de Bruce.

Ele pareceu avaliar o quanto próxima estava de Slam.

— Sozinhos. — Adicionou.

Olhei para Slam, ele encarava Bruce e sentia uma tensão entre os dois.

— Tudo bem. Vou passar mais tarde no apartamento para olhar minha irmã. — Ele assentiu. — Obrigada.

Beijou minha bochecha e demorou mais que o esperado, passou perto de Bruce, mas não antes de encara-lo por alguns segundos.

— Qual o problema, Bruce?

— Você dois estão juntos?

— Não acredito que tenha vindo aqui para me perguntar sobre o Slam. — Levantei do sofá e caminhei até ele. — Mas não, não estamos juntos. Isso é a última coisa que estou pensando no momento.

Bruce apenas ficou me observando, me analisando.

— Por que não me contou sobre Helena? — Fiquei em silêncio, tinha alguns segredos que envolviam ela e não sabia qual deles ele tinha descoberto. — Por que não me contou que Helena é nossa filha?

Não tinha uma resposta pronta para isso, estava muito cedo para ele ter descoberto isso.

Comecei a caminha na direção do escritório, a sala não era o melhor lugar para ter essa conversa.

— Conversou com Helena?

— Ainda não.

— E não vai. Ela não sabe e esse não é o melhor momento para ela descobrir. Não desse jeito.

— Por que escondeu isso de mim?

— Porque talvez você deixou Gotham sem se despedir de mim, me deixou sozinha. Não ia ficar esperando Bruce Wayne voltar, não ia pedir ajudar para Alfred. Eu dei meu jeito. E quando ouvi que Bruce Wayne tinha voltado, eu estava bem sem você. Achei que não merecia saber que tinha uma filha, que ela não merecia você como pai.

Por um momento pareceu que tinha passado do limite, o olhar de surpreso e talvez de culpa estavam estampados.

— Se tivesse me contado tudo teria sido diferente...

— Talvez. Talvez nunca tivesse se tornado o Batman, eu nunca teria me transformado em Mulher-Gato. Mas seu desejo para começar uma jornada para salvar Gotham e meu orgulho estavam na frente.

— Eu não merecia saber, não quando eu abandonei você. — E lá estava Bruce Wayne me surpreendendo pela segunda vez. — Me desculpe por isso. Mas Helena merecia saber sobre mim, decidir se queria fazer parte da minha vida. Por que agora, Selina?

— Porque Sionis está colocando todos que amo em perigo, e eu confio apenas em você para proteger nossa filha... caso Sionis tenha sucesso na sua vingança. Ela vai precisar de alguém que a ajude a guiar raiva e o desejo de vingança, e você é o único que pode fazer isso.

— Como, Selina? Eu não sei nada sobre ela...

— Ela ama roxo, adora rock, prefere gatos do que morcegos, está se preparando para entrar na Universidade de Advocacia. Você pode conhecer ela, Bruce, só tem que conversar. — Abri um sorriso para ele. — É assim que os pais conhecem os filhos, conversando.

Ele ficou me olhando por um tempo, porém parecia perdido nos próprios pensamentos, talvez pensando como começar a conhecer Helena.

— Um dia ela vai ter que descobrir sobre mim.

— Quando ela estiver pronta, Bruce. Tudo tem seu tempo, principalmente quando se trata de Helena. Vai aprender isso.

Dick Grayson

Conseguia escutar Alfred conversando com Helena na cozinha, algumas palavras que ouvi davam a entender que o assunto era sobre a Inglaterra e ambos pareciam animados com isso.

Não era surpreendente Alfred já ter conquistado a garota, ele tinha um talento natural para fazer amizades.

— Eu fui para alguns jogos. Mas não fiquei muito tempo na Inglaterra, depois fomos para Itália.

Os dois olharam para mim e o assunto pareceu morrer naquele momento.

— Precisa de algo, Mestre Dick?

— Estou bem, Alfred. Como você está, Helena?

— Bem. — Ela pegou o celular e sorriu. — Que lugares mais trabalhou, Alf?

Alfred não pareceu se importar com o apelido carinhoso da garota, chegava até parecer que ambos se conheciam há muito tempo.

— Em vários lugares, Senhorita Helena, mas diria que minha passagem por Butão foi o lugar mais revigorante que tive. — Alfred sorriu para mim. — Pelo menos tenho alguém que não se entendia com minhas histórias.

Helena sorriu.

— Suas histórias não são entediantes, Alfred, porém tenho outras coisas em primeiro lugar para resolver. — Me defendi.

— O que fez depois de Butão? — Helena parecia realmente interessada em Alfred.

— Abandonei minha carreira, minha vida em Londres e recomecei. Vim trabalhar para os Wayne. Na época não era como mordomo, mas segurança. — Alfred se sentou de frente para Helena, ele estava contando algo que nunca contou para mim. — Infelizmente no dia da morte de Thomas e Martha foi quando eles acreditavam que não precisariam de mim. Quando fui buscar o patrão Bruce... prometi para mim mesmo que iria cuidar daquele garoto, foi isso que fiz.

— Bruce teve sorte de ter você.

— Obrigada, Senhorita Helena. Se me dão licença tenho que checar se o Patrão Bruce já chegou.

Ele passou por mim me deixando sozinho novamente com Helena, ela voltou sua atenção novamente para o celular.

— Ahn... sabe quanto tempo vai ficar aqui?

Helena colocou seus olhos sobre mim.

— Não sei bem, talvez quando... Selina parecer que é seguro. — Ela estava me analisando. — Então como Bruce Wayne é?

— Bruce Wayne? — Ela não poderia ter feito pergunta melhor. — Bruce Wayne é um homem complicado. Ele é sério, irônico e talvez parece que ele não se importa, mas Bruce Wayne é uma das pessoas que se mais importa com aqueles que estão ao lado dele. Espero que tenha tempo para conhecer o homem que conheço.

Seu olhar dizia que ela não fazia ideia que Bruce era seu pai e gostava disso, dava a oportunidade de Bruce começar algo verdadeiro.

Talvez houvesse algo maior para Bruce Wayne além de uma máscara, e ela estava sentada na minha frente.

Roman Sionis

Ele olhava para o mercenário que tinha contratado, ele sabia o que tinha que fazer por conta do erro estúpido de Cláudio Volpe.

— Paguei adiantado pelo sequestro de Maggie Kyle e você falhou. Poderia ter pago para uma criança de oito anos e ela teria feito um trabalho muito melhor.

Sionis acendeu seu charuto, olhou para Volpe esperando uma resposta.

— Aqueles dois policiais aparecerem e estragaram tudo, mas vou sequestrar a garota e fazer os dois pagarem. Vou fazer isso de graça.

— Não, não vai, Volpe. Ninguém falha comigo duas vezes seguidas.

Um dos homens de Sionis pegou a arma e atirou na cabeça de Cláudio, tirando quaisquer chances de reação do homem.

Máscara Negra tinha se livrado de um problema.