Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 35
Destruição




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Ronald já se encontrava num profundo estado de torpor angustiado.

A sua companheira de prisão havia acabado de ser retirada do cômodo, e levada para algum lugar desconhecido.

Cada minuto lhe parecia uma eternidade;

Contraiu o rosto de desgosto quando Blackhole adentrou outra vez no recinto. Trazendo em suas mãos algo redondo e de cor familiar.

O Comensal abriu um meio sorriso, lançando um dos objetos para o rapaz – e que, ao ser apanhado em suas mãos, Weasley percebeu se tratar de uma maçã.

— Ainda acordado? - riu-se, sentando-se sobre a mesa desgastada no centro da sala – deveria descansar – vincou a testa, lançando-lhe um olhar subjetivo – coma… não queremos que morra de fome antes do tempo.

Seu primeiro pensamento foi de jogar imediatamente a maçã o mais longe que podia. Contudo, a apetência falou maior que seu orgulho, e Ronald ergueu a fruta em sua mão trêmula, dando uma cautelosa e sôfrega mordida sobre a superfície avermelhada.

Ambas as cabeças se viraram, pegas de surpresa, perante o som de folhas secas rasgando-se sobre pés apressados – incomumente audível, já que a quietude no castelo era tal que a menor sonoridade ecoava com a intensidade de um trovão.

O auror deixou a maçã cair, escorregando de sua mão e rolando pelo piso de madeira.

— O que…

Andrew sorriu outra vez.

— Parece que ela realmente não perde tempo – suspirou, abocanhando a maçã que havia restado – sabe, Weasley… no fundo, eu admiro toda a coragem e comprometimento de vocês. È sério. Vocês acreditam cegamente que podem… resolver qualquer problema. Salvar a todos. Fazer a comunidade bruxa… se sentir segura e em paz – fitou-o, fazendo o sorriso cínico esvaziar-se, até tomar a forma de uma linha rígida e contida – mas não entendem… que essa paz e segurança… jamais acontecerá. Não enquanto tivermos que nos esconder. Não enquanto a comunidade trouxa tomar cada vez mais domínio neste mundo – enfatizou, olhando em direção á janela. Somos todos parte de uma árvore… e se não podarmos os ramos podres… toda a nossa existência continuará sendo ameaçada.

O ruivo ergueu a cabeça, enfurecido.

— E quem decide quais são os ramos podres, Blackhole? - grunhiu – vocês defendem tanto esta ideia doentia… que não percebem que são o único mal que existe aqui…!

Em questão de poucos segundos, o rapaz sentiu uma mão agressiva fechando-se em seu pescoço, içando-o contra a parede.

— Você ainda se ilude com isso, não é? Achando que haverá alguma saída. Mas não haverá, Weasley. Todos já estão condenados, e não há anda que possa fazer para mudar isso – proferiu de forma rascante – - faremos o que for necessário pela nova ordem, e nada nos impedirá. Nem você. Nem sua esposa… - sorriu de forma doentia, soltando-o repentinamente, fazendo com que Ronald caísse de volta ao chão – e muito menos… a pequena criaturinha imunda que está crescendo dentro dela.

Com perversa satisfação, observou o jovem bruxo empalidecer.

O auror sentiu um soco na boca do estômago.

— O… o que…?

— Oh… não sabia ainda, não é? - Blackhole gargalhou – por algum motivo, parece que ela concebeu essa criança logo após o kindermoord. Acredite… devo admitir que isso surpreendeu até mesmo a própria Serpente – deu de ombros – de qualquer forma, não importa. Assim como vocês, esse bebê também deixará de existir em breve – inclinou a cabeça para o prisioneiro amargurado, parecendo deliciado – olhe por outro lado, Weasley. Vocês todos começaram tudo isso como família… e terão a oportunidade de morrerem como uma.

Virou-se sem cerimônia, voltando a mordiscar a maçã, e deixando o recinto com um deplorável sorriso sádico no rosto.

O bruxo contraiu-se, ainda em estado de choque, sem conseguir acreditar.

Não. Não, não, não, não, não... não!

Um soluço alto entalou-se em sua garganta, recobrindo a face nas mãos, fazendo-o fremir num choro amargurado.

Não sabia por que todas aquelas desgraças estavam acontecendo – ainda mais quando tudo parecia ter acabado há tanto tempo.

Era como se não houvesse mais um limite para o quanto uma pessoa inocente poderia sofrer de uma só vez. Aquilo estava destruindo-o lentamente.

Repentinamente, porém, suas palmas se baixaram. E seu olhar, antes aflito, tomou uma surpreendente apatia, como se toda e qualquer emoção tivesse se desligado por completo de seu corpo.

Não vou deixar isso acontecer.

Não outra vez.

Ele não ficaria parado novamente, vendo seu mundo ruir de maneira catastrófica. Lutaria para salvá-los. Estava disposto a morrer por isso.

E, se fosse necessário, era exatamente o que faria.




Rayane sabia o que haviam lhe feito.

Sua consciência, porém, estava amordaçada e vacilante.

Queria tomar controle de si mesma. Queria impedir que a usassem como arma contra aqueles ao qual havia se aliado.

Mas não podia. Estava fora de seu alcance.

Já não podiam mais contar com ela. Havia sido a causa daquele embate que se avizinhava. E agora, talvez jamais pudesse voltar a lutar pelo que havia desejado.

Por mais que odiasse admitir, só havia uma única esperança agora.

E ela estava nas mãos vingativas da Fênix Negra.


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