Fênix Negra escrita por FireboltVioleta
A pancada que Nora desferiu contra a porta sobressaltou Cavallone, que ergueu-se de imediato de sua poltrona, indo rapidamente receber a recém-chegada.
— Que diabos, Stuart…!
Para sua maior perplexidade, a jovem entrou sem rodeios dentro de sua suíte, ofegando consideravelmente. Seu corpo tremia, e o pânico era evidente em seu olhar.
— C-Cavallone… onde está Weasley…?
Abandonando um pouco de sua máscara insatisfeita, Renato aproximou-se dela, pousando a mão firmemente sobre seu ombro.
— O que houve? - indagou, espantado – pensei que Hermione tivesse mandado vocês fazerem um reconhecimento do território!
Aturdido, Renato viu-a começar a soluçar.
— Rayane…. Eles pegaram Rayane.
O rapaz vincou a testa, incrédulo, recuando meio passo.
— Eles? Eles quem, Nora?
O olhar de Nora tornou-se sombrio.
— Andrew Blackhole… e a Serpente.
Um som alto, vindo do corredor, anunciou que Cavallone já não era mais o único que havia recebido a desagradável notícia.
Ambos viraram os olhares na direção da porta, de onde Hermione surgiu repentinamente, as mãos completamente fechadas em punhos.
— Ele está aqui – sibilou baixo, transformando a pergunta numa afirmação convicta.
— Sim… - Stuart guinchou, lacrimejando – ele...fez Rayane de refém… - soluços mais fortes pareceram engasgá-la por um momento – eu… não pude fazer nada…!
A mão de Renato avançou, segurando Nora pelo colarinho da blusa, chacoalhando-a contra a parede de forma intimidadora.
— Uma coisa, Stuart - rosnou - pedimos para fazerem apenas uma coisa! Até nisso vocês conseguiram falhar?
— Cavallone.
Interpretando o chamado como um dissuasivo, Renato afrouxou o aperto, soltando Nora. A garota sacudiu a cabeça, segurando o próprio pescoço.
Hermione a encarou, tácita.
— Se eles a capturaram… é por que querem nos levar até eles… talvez para uma armadilha – observou – o que Blackhole disse?
Stuart arfou.
— Que a Serpente queria a todos nós… no Chateau Miranda.
Observou Cavallone inclinar a cabeça.
— É um castelo abandonado em meio ao Parque de Noisy. Está á uns dois quilômetros do hotel… se pegarmos a Chaussée Romaine – fitou Nora – tem certeza disso, Stuart?
— Absoluta – retrucou, exasperada – devem estar ali… escondidos… - juntou as mãos, súplice – por favor… precisam salvá-la!
Viu, angustiada, Renato e Hermione trocarem olhares calculistas.
— Dolcezza… - Renato não parecia feliz em sugerir o que dizia – não podemos arriscar… resgatá-la poderá significar nossa derrota… precisamos pensar em outra forma de confrontá-los!
Recebeu, no entanto, uma expressão incomumente preocupada de Hermione.
— Se esperarmos mais… vamos perder esta chance – sussurrou – à qualquer momento, aurores podem estar chegando na fronteira, procurando uma solução diplomática… interferindo nos planos que fizemos até agora – concluiu, convicta – resgataremos Blink… e confrontaremos Blackhole e a Serpente.
Nora guinchou.
— Obrigada, Hermione… - agradeceu, debulhando-se em lágrimas - obrigada…
O bruxo não parecia convencido.
— E como faremos isso, fenice?
Recordou-se, contudo, que estava viajando em companhia de uma bruxa excepcional. A jovem lançou-lhe um olhar tão presunçoso quando feroz, contraindo os lábios numa linha rígida.
— Fazendo o que faço de melhor, Cavallone – disse – colocando um plano sigiloso em ação...
Ronald ainda se encontrava encolhido contra a parede, revirando-se de frio e fome. A ferida latejava, lançando ondas excruciantes de dor por seu corpo debilitado.
Foi surpreendido por Blackhole, que adentrou abruptamente no recinto, jogando ao seu lado o corpo de uma jovem desacordada.
— O que… - piscou, confuso, sentindo seu corpo enregelar de choque.
Analisou o rosto pálido da garota, retraindo-se ao ver a sua falta de movimentos ou respiração. Temia que o pior tivesse acontecido com aquela pobre menina.
— Não se preocupe… - Andrew titubeou, reprimindo um desagradável sorriso – ela ainda está viva… por hora.
Dizendo isso, deixou o cômodo, sem dar mais explicações. Uma das correntes afixadas na parede, ainda aberta, flutuou até o tornozelo da moça, agarrando-se firmemente em sua perna.
O rapaz recuou, tenso, imaginando o que a infeliz garota tinha feito para ter o azar de ser capturada por Blackhole.
Ficou um longo tempo em estado de torpor, observando-a, esperando que desse qualquer sinal de que recobrava os sentidos.
Enfim, depois de alguns minutos – que mais pareceram horas – percebeu que ela se remexia, lentamente abrindo os olhos, com uma expressão de imensa surpresa e pavor.
A jovem dobrou-se no chão, tremendo de dor, enfim focalizando Ronald, com o olhar perdido e confuso.
— O que…?
Ávido por informações do que quer que estivesse acontecendo lá fora, Weasley se aproximou de Rayane, ajudando-a a se levantar.
— Ei… calma… - disse, tentando diminuir o tremor que acometia o corpo da garota – se acalme… está segura agora…
No entanto, viu o pânico surgir no olhar de Rayane, assim que notou que ela, de alguma forma, parecia o reconhecer.
— Ronald Weasley…? - ofegou, afastando-se dele repentinamente, como que havia se recostado numa coluna de ferro em brasa.
— Sim – o ruivo vincou a testa, surpreendido – você… me conhece?
Rayane endireitou-se, ainda enrijecida pela dor das facadas – já curadas – que Andrew havia desferido em sua cintura.
— Como não conheceria…? - choramingou – o que raios você faz aqui…? - ergueu a cabeça levemente – ela vai enlouquecer de tristeza quando descobrir…
Ronald a soltou por um momento.
— Ela?
Blink assentiu, abalada.
— Sua esposa… - explicou, num tom de voz obscuro – esteve viajando conosco… - suspirou – está aqui… em Noisy.
Foi como levar outra apunhalada.
O auror retraiu-se, ofegante, sentindo os olhos arderem e a garganta fechar-se de angústia. Ao mesmo tempo, uma sensação de alívio o invadiu, finalmente tendo a confirmação de que Hermione ainda estava viva.
— Ela… está procurando…?
— Sim… e eu acho… - Rayane murmurou, a voz carregada de culpa – que eles virão para cá… muito em breve – voltou a fitá-lo – eu… sinto muito… foi tudo culpa minha.
O bruxo esfregou as mãos contra o rosto.
— Hermione não sabe que estou aqui – lamentou-se, pesaroso – isso vai… vai acabar com o que quer que ela esteja planejando…!
Ambos já não podiam fazer mais nada a respeito de tudo aquilo. Agora, naquele momento crítico, lhes restava apenas esperar.
Esperar para viver… ou esperar para morrer.
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