Fênix Negra escrita por FireboltVioleta


Capítulo 17
A Natureza de Um Conflito




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Rayane ergueu o olhar para o falso Comensal da Morte, que se ocupava analisando um grande mapa sobre a mesa da tenda.

— Então Pharrel está morto – confirmou, sem esboçar qualquer reação.

Cavallone esboçou um sorriso torto no canto da boca.

Bambina intelligente— com o dedo, traçou um curso pelo mapa, sem virar a cabeça na direção de Blink – Hermione me surpreendeu com a ideia do Voto. E me parece que fez uma ótima escolha – finalmente desviou a atenção da mesa, encarando-a – como deve saber… precisaremos de mais Poção Polissuco. E tenho certeza que vocês tem um estoque aqui.

A garota baixou a cabeça.

— Acertou – sua cabeça virou-se na direção da entrada da barraca – mas há vigias na barraca. A poção é controlada pelo supervisionador de Blackhole.

O bruxo cruzou os braços.

— Acho que já sabe o que fazer agora, signorina.

A jovem grunhiu baixinho, fechando as mãos em punho. Nãos e arrependia de estar ajudando-os em troca da própria vida. Mas aquele rapaz insolente zangava-a de modo descomunal.

— E como vou fazer isso?

Ele deu de ombros, despreocupado.

— Use a cabeça, Blink. Não é problema meu – acrescentou em tom baixo – e se falhar, já sabe o que a aguarda. Caso você morra, teremos que partir para o plano B.

Renato disse isso sem expressar qualquer incômodo com a possibilidade da morte da garota. Isso fez com que Rayane o desprezasse ainda mais.

Sentiu o feitiço silenciador pulsar ao seu redor, contendo os cochichos entre os dois.

— Escuta aqui – sibilou – não é por que jurei lealdade a vocês serei obrigada á aturar essa sua atitude!

O homem a fitou, sua expressão vincada de deboche.

Bene, bene – riu baixo, em tom de sarcasmo – me parece que a piccola volpe está tentando mostrar as garras…

Houve um baque quando Renato agarrou-lhe a garganta, prendendo seu pescoço contra a coluna da tenda.

Com a raiva estagnando qualquer medo, Rayane apenas o fuzilou com o olhar.

— Hermione não consegue se focar – sussurrou de modo sombrio – não pense que terei a mesma benevolência dela, bambina. Se nos prejudicar… - apertou ainda mais – e se insistir em me desafiar… - intensificou o aperto, fazendo-a arquejar – eu te mato. E não será ela que irá me impedir!

Num movimento rude, soltou Rayane. A garota dobrou o corpo, arquejante, com as mãos na garganta.

Lacrimejando, Blink devolveu um olhar encolerizado para o rapaz.

Dando as costas para ele, fez menção de sair da tenda, com a respiração alterada.

Antes de sair, porém, olhou-o de soslaio.

— Vocês não foram os únicos que perderam tudo – rosnou – e estão esquecendo qual é o verdadeiro inimigo aqui.

E, tendo dito isso, sem aguardar para ver a reação de Cavallone, Rayane saiu da barraca.






As horas pareciam uma eternidade para Hermione.

Ainda presa, sentindo o corpo dolorido pelos ferimentos, encontrava-se num estado de torpor reflexivo, deixando sua mente vaguear.

Lembrava-se daquela noite fatídica, sentindo o rombo no peito rasgar-lhe a alma, tirando-lhe quase todo o ar.

Rememorou-se dos eventos que precederam a tragédia, tentando ignorar a dor que teimava em tentar dominá-la.



— Hermione…

Ele sabia como a satisfazer. O chocar dos corpos, as respirações ofegantes, os suspiros de prazer. Aquilo a enlouquecia. Era ali, como em tantos outros momentos, que Rony a fazia ser a mulher que era – o único momento em que desejava ser vulnerável, e se entregar aos seus mais delirantes desejos.

Sabia o que seus choramingos provocavam nele. Sentia-o sobre si, dentro dela, produzindo aquela sensação prazerosa que lhe invadia o corpo, como uma tormenta extasiante.

Desde o casamento, era uma mania de Rony surpreendê-la em todas as ocasiões – incluindo aquelas. Então não se importava com a atitude um tanto ousada de prender seus pulsos contra o travesseiro, enquanto movimentava-se acima dela, ofegando como um animal ferido, refletindo seu próprio delírio, ouvindo-o suplicar seu nome.

Ver o desejo e o amor nos olhos dele… ver como ela o fazia perder o controle… ver o quanto Rony a amava. Aquilo ela extraordinário. Tudo pelo qual sempre se esforçaria em alcançar.

Abraçou-o, estremecendo quando o rapaz cedeu de êxtase, desabando suavemente sobre o corpo dela.

Fremindo, buscou os lábios dele, despejando-se num beijo apaixonado.

— Boa menina… - ouviu-o sussurrar, num arquejo humorado e provocativo.

Hermione corou, refreando a vontade de socá-lo. Em vez disso, afagou-lhe os cabelos, arfando baixo, sentindo seu coração pulsar, naquela música que apenas Rony sabia tocar.

— Eu te amo…

Rony lhe sorriu.

— Você é tudo para mim, Hermione…



Aquele curto momento no passado, porém, lhe custou um momento do presente, fazendo-a não perceber a aproximação de Cavallone.

— Está bem, fenice?

Hermione assentiu fracamente.

— Sim – suspirou – só estava… divagando.

Renato abaixou-se, secando uma lágrima que escorria discretamente pela pele ferida. A jovem o olhou, inexpressiva.

— Eu sei que dói – afagou-lhe o rosto – mas nossa vingança não tardará, minha bela. Guarde minhas palavras.

Ela concordou com a cabeça.

— Conseguiu as informações?

— Sim – um sorriso medonho cortou o rosto de Cavallone – encontrei todas as localizações, e já sei como dizimar todos de uma vez. É tão simples… que me indigna não ter pensado nisso antes – tranquilizou-a – deixe isso em minhas mãos.

— E a garota?

A expressão de Renato fechou-se.

— Blink? - grunhiu – vou ser franco… ela pode nos atrapalhar. Não confio nela.

Hermione lhe lançou um olhar frio.

— Eu também não confiava em você, Renato – sua voz era ríspida – e aqui estamos nós.

Cavallone encolheu-se, como se as palavras de Hermione tivessem-no atingido como uma facada no rosto.

— Vou fazer minha parte – foi impossível não perceber os punhos de Renato se fechando – e a garota fará a dela. E, assim que acabarmos, deixaremos esse lugar.

Enquanto saía, olhou uma última vez para a garota aprisionada, prosseguindo seu caminho sem seguida.

Ainda sentia os dedos úmidos com a lágrima de Hermione.

— Ah, minha fenice… - sussurrou para si mesmo, vislumbrando as nuvens negras no céu – se eu também ouvisse meu coração… deixaria sua chama me incendiar, por que você roubou a última coisa que ainda me restava…
































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