Nunca brinque com magia! escrita por Lyana Lysander


Capítulo 3
Pônei saltitante!!




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—Se esse for seu único objetivo, ficarei mais do que feliz ao leva-lá conosco, mas aconselho a manter essa conversa apenas entre nós por enquanto, o Sam ainda está desconfiado de você. - fiz que sim. -Por hora, vamos apenas descer e comer um pouco, nossa jornada ainda está um pouco longe de acabar.

—Você não sabe o quanto! -murmurei baixinho cansada. É, aquele seria um longo dia. 

O sol brilhava através das folhas que se agitavam ainda verdes no topo das árvores. Pulei de pé e saí caminhado e logo Frodo veio atrás de mim. Sam estava sentado na grama perto da borda da floresta. Pippin, em pé, estudava o céu e o tempo. Não havia ali mais nenhum sinal dos elfos.

—Deixaram frutas, bebida, e pão. -falou Pippin como se estivesse lendo meus pensamentos. -Venham comer. O pão está quase tão bom como ontem à noite. Eu não queria deixar nenhum para vocês, mas Sam insistiu. -Frodo se sentou ao lado de Sam e começou a comer. -Quais são os planos para hoje? — perguntou. Eu peguei apenas umas frutas e continuei em pé as comendo.

—Bom dia a todos. -eles riram e me responderam alegres.

—Chegar a Bri o mais rápido possível. -respondeu Frodo, voltando a atenção para a comida.

—Você acha que veremos algum sinal daqueles Cavaleiros? — perguntou Pippin estranhamente animado. Sob o sol da manhã, a perspectiva de encontrar uma tropa inteira deles não lhe parecia muito alarmante, o que me dava vontade de rir e seguir seu entusiamo matinal.

—Provavelmente sim. -respondi juntamente com Frodo. -Mas espero atravessar o Rio sem que nos vejam. -ele terminou calmo.

—Gildor lhe revelou alguma coisa sobre eles? -Merry enfim se pronunciou saindo da copa da árvore.

—Não muito, apenas insinuou coisas com frases enigmáticas.

—Típico dos elfos. -Merry bufou.

Frodo começou a limpar as mãos em um pano ali disposto e a se levantar, e logo todos começaram a arrumar as coisas para ir.

—Pippin e Merry, acho melhor voltarem para o Condado, estarão mais seguros lá.

—Por quem nos toma Frodo, não deixaremos vocês sozinhos, iremos com vocês. -exasperou-se Merry.

—Faço minhas as palavras de meu amigo Merry. -Pippin emendou, e Frodo já iria retrucar quando resolvi me meter.

—Será melhor continuamos juntos, se eles voltarem sozinhos estarão em perigo, aqueles cavaleiros parecem perseguir todo e qualquer Hobbit na floresta.

—Tenho que concordar com a senhorita senhor Frodo, estaremos mais seguros juntos. -ele suspirou parecendo cansado, mas não disse mais nada.

Seguimos floresta a dentro, o calor começou a atrair mosquitos, e eu a me sentir agoniada, não lembrava desse lugar no filme, então logo me dei conta de que a história em si era bem diferente e que eu não poderia ter certeza de nada ali. O que tornava tudo uma verdadeira aventura, e um verdadeiro perigo para minha vida. Minha consciência me dizia para tomar cuidado a cada passo, morrer aqui não era uma opção, seria o fim. Suspirei afetada, em meu mundo eu conhecia os perigos de esquinas escuras, homens bêbados e assaltantes, mais aqui a beleza do lugar inebriava meus olhos e sentidos para o mal, e minha falta total de conhecimento sobre o lugar poderia me custar a vida.

—Se estiver cansada demais senhorita é só falar. -um Sam vermelho falou despertando-me de meus pensamentos agourentos, e eu me vi quase rindo de seu desespero.

—Agradeço suas gentis palavras senhor Sam, mas tudo que gostaria no momento era de um banho e tirar essas roupas suadas, mas como pode ver, não tenho outras para repor.

—Agora que comentou senhorita Aura, peço que me perdoe pela insolência, mas devo dizer que a algum tempo que reparo que suas roupas são de uma estranheza só. -ri com vontade das palavras de Pippin, e eles me seguiram. Claro que o vestido roxo em estilo indiano lhes seria estranho, mas seria pior se eu estivesse de calça e camiseta.

—Não há insolência alguma, a roupa que visto é algo tradicional em minha família, apenas isso. Por isso entendo sua estranheza e curiosidade. Mas contem-me como é o Condado de que tanto falam. -tratei de mudar o assunto e eles se entreteram em me contar sobre o lugar que viviam.

Mais uma vez caminhamos o dia inteiro em meio a floresta fechada, e já estávamos mais do que exaustos, sem falar em famintos pois não comíamos desde o café, e quando o dia se tornou noite tudo pareceu pior. Havíamos nos perdido, eu sabia disso, mas quando Sam comentou que não aguentava mais foi que resolvemos parar e descansar.

Olhei ao meu redor enquanto eles preparavam tudo para dormimos, e senti medo, inicialmente pensei que era pela escuridão assustadora da floresta, mais logo percebi que nunca havia tido medo de lugares escuros, eu era uma wiccana e como tal vivia e amava a natureza. Percebi que tudo estava silencioso, não havia animais ali, eles pareciam escondidos, amedrontados por algo invisível, e todo o som era produzidos por meus novos amigos.

—Parem. -chiei e todos me olharam.

O silencio se tornou agourento e um frio subiu minha espinha avisando-me da urgência do perigo eminente.

—Corram. -segurei a mão de Frodo e o puxei.

—Mas nossas coisas. -exasperou-se Sam.

—Peguem o que puderem e corram logo.

—O que está havendo senhorita....

Ouvimos um silvo assustador e o trote de cavalos, e agora tínhamos certeza eram bem mais do que um, e nos desatamos a correr assustados.

Algo me dizia que minha vida estava em jogo ali, e a adrenalina corria por minhas veias bombeando fortemente meu coração. Medo, um medo profundo e torturante me dominava, eu jamais tinha sentido algo assim. Minhas pernas corriam como nunca, e minha mão entrelaçada com a dele era a única certeza que eu tinha de que não era a única naquela situação. Se morresse, tudo estaria acabado para todos, e não só para mim. 

—Ali, corram para o rio. A balsa de Buqueburgo está lá, sigam-me. -gritou Merry e eu escorreguei e cai quando tentei me virar em sua direção levando Frodo comigo, e vimos quando algo longo e pontudo passou rápido sobre nossas cabeças.

—Bendita seja sua sorte senhorita. -disse-me um Frodo abismado, pois a espada negra teria nos acertado em cheio se não tivéssemos caído. 

—Corram. -ouvimos os gritos ao longe e levantamos e corremos novamente, só que agora separados.

—Solte as cordas Sam. -mandou Merry.

Vi quando um cavaleiro cercou Frodo, não pensei duas vezes e parei procurando algo que me servisse como arma. Mas tudo que encontrei foram galhos secos e pedras, a escuridão da noite sem luar não nos ajudava. Peguei por fim o maior galho seco que encontrei e joguei na direção do cavaleiro, não o acertou, mais sim ao seu cavalo que se empertigou todo tirando-lhe a concentração de meu amigo tempo o suficiente para que ele fugisse.   

—Aura corra. -gritou Frodo assustado, e só aí me dei conta de que um cavaleiro negro se aproximava rapidamente pela minha esquerda. Não esperei um segundo aviso, e corri loucamente para o rio.

Saltei a cerca que era levemente baixa e mais rápido do que eu consigo me lembrar já pulava ofegante dentro da balsa e eles já abriam os braços para me segurar. Só que o impulso de minha chegada fez com que a balsa se despregasse dos caís e começasse a navegar rio a dentro, e Frodo ainda corria em nossa direção.

—Frodo venha. -gritou Pippin

—Corra Frodo. -desesperou-se Sam quando ele pulou a ponte sendo perseguido por três cavaleiros.

—Pule Frodo. -gritou Merry e eu me virei no exato momento em que ele pulava, e este caiu sobre mim, que cai sobre os outros.

—Onde fica a passagem mais próxima? -Frodo levando amedrontado olhando seus perseguidores que se amontoavam na pequena ponte poucos metros de nós. Levantei pegando uma das madeiras na balsa que serviam como remos, e Merry fez o mesmo me ajudando a aumentar ainda mais nossa distância daqueles monstros.

—A ponte Brandevin... Fica a 20 milhas. -Merry explicou.

—Fica muito longe da cidade? -perguntei aflita, meu coração ainda bombeava meu sangue rapidamente.

—Não, menos de 10 minutos de caminhada senhorita Aura. -respondeu-me Sam observando os cavaleiros sumirem na escuridão.

—Então devemos navegar rapidamente, não devemos dar tempo para que nos alcancem. -falei dando impulso mais forte na água.

—Muito obrigado meus caros amigos. -Frodo se curvou. -Nunca poderei paga-lhes pelo que me fizeram hoje, em especial a você Aura, colocou sua vida acima da minha, nunca esquecerei disso.

—Teria feito o mesmo por mim Frodo. -sabia que usar apenas nossos primeiros nomes era um sinal de respeito e amizade mutuo, mais depois dessa noite, do perigo que passamos, sabia que o laço da amizade agora nos unia.

—Salvou a de todos nós, se não tivesse nos avisado, não teríamos corrido a tempo. -Sam se curvou. -Peço-lhe minhas humildes desculpas pelo modo como a tratei quando nos conhecemos.

—Hora, não precisa disso meu bom amigo, o que importa é que estamos todos salvos.

—Mas diga-me senhorita Aura, como sabia que eles estavam vindo? -perguntou-me um Pippin curioso e eu empurrei com mais força a madeira no fundo do rio, procurando coragem.

—Acreditariam se eu dissesse que pressenti o perigo?

—Que seus pressentimentos continuem a nos salvar então, louvada seja você e sua grande sorte. - expressou um Merry cansado.

—E a nossa por encontra-lá. -completou Pippin agora mais animado.

—Sempre teve esse tipo de pressentimentos? -um curioso Sam me olhava interessado e se sentou na balsa esperando uma resposta, e assim como ele Frodo e Pippin o fizeram, apenas eu e Merry permanecemos em pé, um de cada lado da balsa a empurrando pelo caminho certo.

—Desde que me lembro. Mas nem sempre são sobre mim. -eles estavam em silencio apenas me ouvido calmamente e isso me encorajou a continuar. -As vezes quando passo do lado de alguém sinto suas emoções, e em algumas delas eu sei quando alguém vai nos deixar. -mordi os lábios esperando seus julgamentos, mas foi Sam o primeiro a se expressar.

—Tens um fardo muito pesado minha amiga, mais devo reforçar mais uma vez, é uma sorte que esteja conosco.

—Nunca conheci uma moça tão corajosa como ti e me sinto honrado por isso. -não pude conter as lágrimas, muito menos quando Frodo me sorriu compreensivo.

—Agradeço suas gentis palavras, me sinto mais que honrada em vós conhecer, pois sóis os primeiros a me dirigirem palavras tão gentis sobre o fardo que carrego. E se agradecem pelo dia em que me conheceram, mais feliz sou eu pelo nosso encontro. 

O resto de nossa viagem pelo rio foi tranquila e prazerosa, com os Hobbits cantando canções de sua vila, o que alegrava nossos corações. E nem mesmo a chuva que começou a cair nos desanimou.

Desembarcamos tranquilamente, e novamente o medo e a urgência nos dominou. Frodo me estendeu uma de suas capas pois a chuva começou a ficar mais forte, e mesmo ela cobrindo apenas minha cabeça e um pouco abaixo dos ombros eu lhe agradeci a gentileza, pois estava esfriando mais que o normal.

Não corremos, apenas andávamos rápido e a todo momento olhávamos para os lados, procuramos nos esconder por entre as árvores, e por fim vimos os altos muros de madeira.

—Vamos. -Frodo foi o primeiro a sair da segurança da floresta e seguir para os muros onde bateu firmemente, e não tardamos a segui-lo.

Um homem velho e com cara de poucos amigos abriu uma pequena janela na madeira e levou um susto ao me ver, e eu apontei para baixo, ele fechou a janela de cima e abriu uma mais embaixo encarando meus amigos de frente.

—O que querem? -perguntou de mal gosto o senhor.

—Vamos ao Pônei Saltitante. -explicou um Frodo tremendo pelo frio.

O senhor rapidamente fechou a janelinha, e na mesma velocidade abriu a porta e por ela saiu e todos nos assustamos e demos um passo para trás, pois mesmo corcunda o senhor era do meu tamanho. Seu nariz pontiagudo parecia apontar para nós, e eles nos mirou avaliativo e debochado.

—Hobbits? Quatro Hobbits e uma moça, é algo mais do que incomum de se ver. O que os traz a Bri? -inquiriu o senhor se empertigando, o que o tornou maior.

—Queremos ficar na estalagem.O que nos traz é apenas problema nosso. -ditou corajosamente Frodo.

—Tudo bem jovens senhores e senhorita, eu não queria ofender. -desculpo-se o homem abrindo passagem. -É meu trabalho perguntar depois do anoitecer. Há boatos de gente estranha nos arredores. Então por favor entendam que todo cuidado é pouco.

—Entendemos e agradecemos senhor, tenha uma boa noite. -curvei-me levemente para o senhor que sorriu encantado.

O chão era lamacento, mas diferente da floresta não era uma terra limpa, já que as casas ao redor tinham estábulos com cavalos. Caminhamos mais calmos, mas não menos rápido, a chuva não dava trégua e eu já sentia meus ossos gelarem. Começamos a ver algumas pessoas, olhares estranhos nos perseguiam, charretes passavam como se o caminho fosse apenas seu. Tive de puxar Frodo e Merry para meu lado para não se chocarem com esta. 

—Saiam da frente, tenham mais cuidado. -disse um homem rabugento, acompanhado de seu amigo bêbado. -Olhem por onde andam. -olhei feio para os homens que me sorriram maliciosamente. Senti nojo, e puxei os rapazes para longe comigo, estavam assustados, nunca estiveram ali, e a situação era ainda pior para mim.

Sam havia me explicado no caminho que os homens de Bri tinham cabelos castanhos, eram troncudos e baixos, alegres eindependentes: não pertenciam a ninguém além de si próprios, mas eram mais amigáveis echegados aos hobbits (a noite deveria ter-lhes embriagado pois não me pareciam tão amigáveis assim), anões, elfos, e outros habitantes do mundo em volta deles do que eram (ousão) em geral as pessoas grandes. Segundo suas próprias histórias, foram os habitantes originais eeram descendentes dos próprios homens que ocuparam o Oeste do mundo-médio. Poucos tinhamsobrevivido aos tumultos dos Dias Antigos, mas quando os Reis retornaram de novo através doGrande Mar, ainda encontraram os homens de Bri no mesmo lugar, onde permaneciam atéaquela época, em que a memória dos velhos Reis tinha desaparecido por completo.

Mas foi Frodo que comentara sobre aqueles a quem o povo de Bri  chamavam de guardiões, e que nada se sabia de suas origens. Erammais altos, e tinham a pele mais escura que os homens de Bri; acreditava-se que possuíamestranhos poderes de audição e visão, e que entendiam a linguagem das aves e dos animais.Vagavam à vontade para o lado do sul e para o leste, chegando até as Montanhas Sombrias, agora, no entanto, estavam reduzidos em número e raramente eram vistos. Quando apareciam,traziam notícias do mundo distante, e contavam histórias estranhas e já esquecidas que eramouvidas com muito interesse. Apesar disso, o povo de Bri não fazia amizade com eles. 

Eu comecei a espirrar, o frio estava me afetando, e os rapazes ficaram mais agitados com essa nova preocupação, mas foi Frodo quem viu a pequena plaquinha e apontou para o lugar.

—Ouvi estorias sobre este lugar, meu avô costumava me contar que o dono era uma pessoaimportante. Sua casa era um ponto de encontro para os desocupados, conversadores e curiosos,grandes e pequenos, habitantes das quatro aldeias. Também era um refúgio para Guardiões eoutras pessoas errantes, e para os viajantes (principalmente anões) que ainda viajavam pelaEstrada Leste, indo e vindo das Montanhas. -Sam comentou baixo, e Frodo tomou coragem indo a nossa frente.

 Quando por fim entramos ouvimos quando alguém começou a cantar algo alegre , e várias vozes animadas acompanharam, cantando alto o refrão. Ficamos escutando  esses sons animados por alguns momentos emparelhados na entrada, até que a cançãoacabou numa explosão de aplausos e risadas, mas foi  um espirro meu que despertou meus amigos da magia do lugar.

Frodo foi na frente e quase trombou com um homem gordo e baixo, careca e de rostovermelho. Usava um avental branco, e saía alvoroçado por uma porta para entrar por outra,carregando uma bandeja repleta de canecas cheias do que me parecia ser cerveja. 

—Será que... -começou Frodo. 

—Um instantinho, por favor! -gritou o homem por sobre os ombros,desaparecendo naquela algazarra de vozes, em meio a uma nuvem de fumaça. Mais um momento ejá aparecia de novo, limpando as mãos no avental.

—Boa noite, pequeno senhor! -disse ele, com uma reverência que fez comque sua cabeça quase tocasse o chão. -Em que posso ajudá-lo? 

—Queremos camas paraquatro hobbits, e uma cama para a jovem moça, e roupas novas para ela, se isso puder ser arranjado. É o Sr.Carrapicho? -o homem nos estudou e sorriu.

—Está certo! Cevado é meu nome. Cevado Carrapicho às suas ordens! São doCondado, hein? Menos a senhorita suponho. -disse ele, e então de repente bateu a mão na testa, como se tentasse lembraralguma coisa. -Hobbits! -gritou ele. -De que isso me faz lembrar? Posso perguntar seusnomes, senhores e senhorita? -quatro de nos demos fielmente nossos nomes, mas Frodo disse que o seu era Monteiro, causando uma leve estranheza nos amigos. -Bem, agora o que eu ia dizendo? -perguntou o Sr. Carrapicho, batendo na testa novamente. -Uma coisa faz esquecer a outra, por assim dizer. Estou tão ocupado hoje que minha cabeçaestá girando. Há um grupo que veio do Sul e chegou pelo Caminho Verde a noite passada, eisso já foi esquisito o suficiente, para começar. Depois apareceu hoje uma comitiva de anõesindo para o Oeste. E agora vocês. Se não fossem hobbits e  uma moça pequena, duvido que poderíamos acomodá-los.Mas temos um ou dois quartos no pavilhão norte que foram feitos especialmente para hobbits,quando este lugar foi construído. Devo pedir desculpas a senhorita por não poder acomoda-lá melhor, mas arranjaremos uma cama, o que não será tão difícil já que não é tão grande, mas terá de dividir o quarto com seus amigos. -dei de ombros, aquilo não me seria problema. -No andar térreo, como geralmente preferem, com janelasredondas e tudo o que gostam. Espero que fiquem bem acomodados. Estão querendo cear, semdúvida. Logo que for possível. Agora, por aqui! Conduziu-nos por alguns metros de um corredor eabriu uma porta. -Aqui está uma boa salinha! Ali tem um banheiro no qual podem se banhar e trocar de roupas. Pedirei a minha esposa que arranje algo para a senhorita se vestir. -disse ele. -Espero que gostem. Agoradesculpem-me por estar tão ocupado. Não há tempo para conversas. Devo ir andando. É umtrabalho duro para duas pernas, mas nem assim eu emagreço. Passarei por aqui mais tarde. Sequiserem qualquer coisa, toquem a campainha, e Nob virá até aqui . Se não vier, toquem de novoe gritem! 

Quando ele finalmente saiu, deixou-nos com a sensação de estar sem fôlego.Parecia capaz de falar sem parar, não importava o quão ocupado estivesse. 

Viramo-nos para uma sala pequena e confortável. Havia um belo fogo queimando na lareira, emfrente do qual ficavam algumas poltronas baixas e confortáveis. Havia também uma mesa redonda, jácoberta com uma toalha branca, e sobre ela uma grande campainha. Não demorou muito para que o tal Nob, o empregadohobbit (que foi-me uma surpresa), viesse também esbaforido antes mesmo que pensassem em tocá-la. Trouxe velas, uma bandeja cheiade pratos, e algumas roupas para mim (um vestido que parecia bem gasto mas cheira bem, e o que deveria ser calçolas, tive vontade de rir daquilo). Perguntou-nos o que gostaríamos de comer e beber. Deixei que eles escolhessem e me dirigi ao banheiro já que realmente precisava de um banho, mas não ousei demorar muito pois eu não era a única que precisava.

Já tínhamos tomado banho (e eu de espirrar), os rapazes estavam em meio a muitas canecas de cerveja quando o Sr. Carrapicho e Nob vieram de novo.Num piscar de olhos, a mesa estava posta. Havia sopa quente, carnes frias, uma torta de amoras,pães frescos, nacos de manteiga, e meio queijo curado: comida boa e simples, boa como a doCondado (Pippin exclamou alegre), e suficientemente semelhante à de casa para afastar os últimos receios de Sam (jábastante esquecidos pela excelência da cerveja).

O proprietário ficou por ali uns momentos e depois se propôs a ir embora. 

—Não sei se gostariam de se juntar ao grupo depois de cearem. -disse eleparando na porta. -Talvez prefiram ir para suas camas. Mas mesmo assim o grupo ficaria muitosatisfeito em recebê-los, se quisessem isso. Não recebemos visitantes de fora, quer dizer,viajantes do Condado com freqüência, e gostaríamos deouvir alguma novidade, ou alguma história ou canção de que se lembrem. Mas, como quiserem! -ele nos fez uma reverência e saiu. -Toquem a campainha se faltar alguma coisa.

Sentíamos nos tão reconfortados e encorajados ao final da ceia (que durou cercade três quartos de hora ininterruptos, e sem conversa jogada fora), que eu, Frodo, Pippin e Samdecidimos nos juntar ao grupo. Merry disse que lá estaria muito abafado, e que preferia ficar no conforto do quarto. 

—Vou ficar aqui quieto,perto do fogo por um tempo, e talvez depois eu saia para respirar ar puro. Cuidado com o que vãodizer, e não esqueçam que nosso plano é fugir em segredo, e ainda estamos na estrada alta nãomuito longe do Condado. E Frodo, não esqueça de perguntar por Gandalf.

Assim que subimos ouvimos um coro de boas-vindas,que vinha dos habitantes de Bri. O grupo estava na grande sala de estar daestalagem. Havia um grande número de pessoas, e de todos os tipos, como descobrimos depois que nossos olhos se acostumaram à luz. A iluminação vinha principalmente de um fogoalimentado por achas de lenha, pois as três lamparinas penduradas às vigas emitiam uma luzfraca, meio velada pela fumaça. Cevado Carrapicho estava em pé perto do fogo, conversandocom alguns anões e com um ou dois homens de aparência estranha. Nos bancos sentavam-sevários tipos de pessoas: homens de Bri, um grupo de hobbits nativos (sentados, conversando),mais alguns anões e outras figuras vagas, difíceis de distinguir nas sombras e cantos.

Os hobbits de Bri eram na verdade simpáticos e curiosos, e Frodo logodescobriu que teria de dar alguma explicação sobre o motivo que nos trazia ali. Justificou queestava interessado em história e geografia (ao que várias cabeças balançaram em sinal deaprovação, embora nenhuma dessas duas palavras parecesse muito usada no dialeto de Bri). Várias pessoas me perguntaram o que eu fazia com um grupo de Hobbits, mas foi Frodo quem explicou que assim como ele, seu tio era um viajante, e que em uma de suas viagens conheceu minha família o que o ajudou muito, e isso os tornou amigos de longa data, desta forma, nos crescemos como bons amigo. As pessoas logo entenderam que estávamos viajando juntos pelo mesmo desejo de conhecimento.

—Entenda meu jovem, uma bela moça corre muitos perigos mundo afora. -disse um anão com a barba negra, tão pançudo que eu levei um tempo para distingui sua figura do barril ao seu lado. -E vocês são jovens hobbits, não dizendo que não dariam sua vida pela honra dela. -me senti extremamente envergonhada e Frodo não parecia muito diferente. -Aqui mesmo os homens lhe lançam olhares cobiçosos.

—Agradeço sua preocupação senhor, mas como bem sabe tamanho não mede coragem e força, e meus jovens amigos tem mais do que é preciso das duas para me proteger. -ouvi-se um coro de risadas e vivas por toda a sala, e meus amigos vermelhos como tomate foram parabenizados pelas pessoas ali.

—Sinto a confiança que tens neles jovem senhorita, e peço perdão se a ofendi de alguma forma. -comentou o anão.

—De forma alguma meu senhor. -sorri-lhe amável e me desencostei da pilastra procurando uma mesa, sendo seguida por meus amigos.

Sentamos e as conversas continuaram rolando soltas. Canecas de cerveja foram postas a nossa frente. Riamos tranquilos das histórias contadas ao nosso redor e vez ou outra os hobbits se aventuravam a cantar canções de sua terra. Contudo, de repente senti uma fisgada no pescoço, como se tivesse sendo observada, e me virei para olhar sendo seguida por Frodo, percebemos que um homem de aparência estranha e marcadapelos anos, sentado num canto escuro, também estava escutando as nossas conversas commuita atenção. Tinha uma caneca alta à sua frente, e fumava um cachimbo de haste longa,talhado de forma curiosa. As pernas estavam esticadas, mostrando botas altas de couro macioque lhe serviam bem, mas já bastante surradas e agora cobertas de lama. Uma capa cheia demarcas de viagem, feita de um tecido verde-escuro, o cobria quase por completo, e apesar docalor da sala, ele usava um capuz que lhe ocultava o rosto em sombras, mas podíamos ver o brilhoem seus olhos enquanto nos observava 

—Quem é aquele? -perguntou Frodo, quando teve uma chance de cochicharpara o Sr. Carrapicho.  -Acho que não fomos apresentados.

Meu coração deu um salto de alegria quando minha memória se fez presente, e eu bem sabia quem era aquela figura estranha.

 

 


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