Nunca brinque com magia! escrita por Lyana Lysander


Capítulo 27
Aura!




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Cof Cof

Aragorn chamou a atenção para si tentando não ri, e continuou.

—Somos amigos de Rohan e de Théoden, seu rei.

—Théoden não mais distingue amigos de inimigos. -disse por fim o cavaleiro tirando os olhos de mim, parecia mais calmo, porém triste. -Nem mesmo seus familiares.

As lanças foram afastadas de nós por completo.

—Saruman envenenou a mente do rei e quer soberania sobre estas terras. -todos nos olhamos. -Minha companhia é de homens leais a Rohan. Por isso fomos banidos. O Mago Branco é astuto. Dizem que ele caminha por aí como um velho de capuz e capa. E por toda parte, seus espiões passam pelos nossos sentinelas. -ele olhou diretamente para Legolas que enfrentou seu olhar.

—Não somos espiões. -disse calmamente Aragorn. -Estamos caçando um bando de Uruk-hai a oeste.

—Eles capturaram dois de nossos amigos. -os homens me olharam.

O homem me fitou e depois suspirou.

—Nós matamos os uruks durante a noite.

—Mas haviam dois hobbits. Vocês os viram com eles? -precipitou-se Gimli.

—Hobbits? -perguntou Éomer. -E que vêm a ser eles? Esse nome é estranho.

—Um nome estranho para um povo estranho. -disse Gimli. -Mas estes nos eram muito caros. Parece que vocês em Rohan ouviram falar das palavras que perturbaram Minas Tirith. Elas falavam do Pequeno. Esses hobbits são Pequenos.

—São pequenos, você os tomaria por crianças. -explicou Aragorn ao cavaleiro.

—Não sobrou ninguém! -ele afirmou com pesar e eu coloquei a mão na boca para me impedir de fazer algum som, mas não pude impedir as lágrimas. -Empilhamos as carcaças e as queimamos. -ele apontou para sua lateral de direita, e o elfo me puxou para si me reconfortando.

—Mortos? -Gimli perguntou perdido, e Aragorn suspirou.

—Lamento. -disse o cavaleiro me olhando e eu afirmei. 

Éomer ficou em silêncio por um momento e depois falou. -Todos nós temos pressa. -disse ele. -Meu grupo já se irrita querendo ir embora, e cada hora que passa diminui nossa esperança. Minha escolha é esta. Vocês podem ir; e, mais ainda, vou emprestar-lhe cavalos. Só peço isto: quando sua missão estiver cumprida, ou se mostrar inútil, retorne com os cavalos pelo Vau Ent até Meduseld, a alta casa em Edoras onde Théoden agora vive. Assim provará que não fiz um julgamento errôneo. Nisso coloco minha pessoa, e talvez minha própria vida, acreditando na sua boa-fé. Não falhe. 

—Não falharei! -disse Aragorn.

Houve grande surpresa e muitos olhares sombrios e duvidosos entre os homens de Éomer, quando ele deu ordens para que os cavalos que estavam sobrando fossem emprestados aos forasteiros, mas só o homem a quem Éomer tinha entregado sua lança ousou falar abertamente.

—Isto está bem para esse senhor da raça de Gondor, como ele diz ser, e falo por todos quando digo que ninguém aqui se opões a senhorita que já parece a muito cansada. - disse ele. -Mas quem já ouviu dizer de um cavalo de nossa terra sendo dado a um anão?

—Ninguém. -disse Gimli. -E não se preocupe: ninguém nunca vai ouvir uma coisa dessas. Eu prefiro caminhar a montar um animal tão grande, livre ou forçado.

—Mas agora você deve montar, ou vai nos atrasar. -disse Aragorn.

—Venha, você vai montar atrás de mim, meu amigo. -disse Legolas. -Tudo então ficará bem, e você não vai precisar nem tomar emprestado um cavalo nem ser incomodado por ele.

Eu ri!

Trouxeram um grande cavalo cinza-escuro para Aragorn, que o montou. -O nome dele é Hasufel. -disse Éomer. -Que ele o conduza bem e que tenha melhor sorte do que Gámif, seu falecido dono!

Para mim trouxeram um pequeno cavalo branco. -Este é  Delem! Ele é extremamente manso.

—Obrigada! -ele fez menção de vir até mim, mas Legolas já estava ao meu lado me ajudando a subir. 

Graças a meu bom mestre e a Gandalf eu sabia o minimo para cavalgar.

Um cavalo menor e mais leve que o dado a Aragorn, mas inquieto e fogoso, foi trazido para Legolas. Seu nome era Arod. Mas Legolas pediu que tirassem a sela e o arreio. -Não preciso deles. -disse ele, montando levemente o cavalo com um salto; para a surpresa de todos, Arod ficou dócil e disposto, indo de um lado para o outro logo que ouvia uma palavra de comando: assim era o modo dos elfos com todos os bons animais.

Gimli foi erguido e colocado na garupa do amigo, ao qual se agarrou, não muito mais à vontade do que Sam Gamgi num barco. 

—Até logo, e que vocês encontrem o que procuram! -gritou Éomer já subindo em seu cavalo. - Voltem tão rápido quanto puderem, e que nossos caminhos se cruzem novamente.

 -Eu voltarei. -disse Aragorn. 

—E eu voltarei também. -disse Gimli. -A questão da Senhora ainda fica entre nós. Preciso ainda ensinar-lhe palavras gentis.

—Vamos ver. -disse Éomer. -Tantas coisas estranhas têm acontecido que aprender a elogiar uma bela senhora sob os golpes adoráveis do machado de um anão não parecerá um grande prodígio. Até logo!

—Obrigada. -disse novamente, e ele afirmou colocando seu elmo.

—Procurem seus amigos. Mais não tenham muita esperança. Ela abandonou essas terras. -ele virou seu cavalo e gritou. -Para o Norte.

Com essas palavras, eles partiram. Muito velozes eram os cavalos de Rohan.

Eu depois de um tempo, olhei para trás, o grupo de Éomer já estava pequeno e distante. Aragorn não olhou para trás: estava vigiando a trilha conforme avançávamos com velocidade, ele estava inclinando-se e colocando a cabeça ao lado do pescoço de Hasufel.

Aquela nova forma de seguir me deixava mais calma, o vento em meu rosto me proporcionava um gosto a mais por aquelas terras.

Muito breve estávamos na borda do Entágua, e ali encontramos a outra trilha da qual Éomer tinha falado, descendo do leste e saindo do Descampado.

Aragorn desmontou e examinou o solo; depois, montando de novo, avançou um pouco em direção ao leste, mantendo-se ao lado da trilha e tentando fazer com que o cavalo não repisasse as pegadas. Depois desceu do cavalo outra vez e examinou o solo, andando para frente e para trás.

—Há pouco a descobrir. -disse ele quando retornou. -A trilha principal está toda confundida com a passagem dos cavaleiros quando voltaram; seu caminho externo deve ter sido feito mais próximo ao rio. Mas esta trilha que vai para o leste é nova e visível. Não há sinais aqui de pés indo em sentido contrário, de volta para o Anduin. Agora devemos ir mais devagar, para ter certeza de que nenhum vestígio ou pegada se ramifica para qualquer um dos lados. A partir deste ponto, os orcs deviam estar conscientes de que estavam sendo perseguidos; podem ter feito alguma tentativa de levar os prisioneiros para outro lugar antes de serem alcançados.

Conforme avançávamos, o dia ia ficando nebuloso. Nuvens baixas e cinzentas desceram sobre o Descampado. A névoa cobriu o sol. As encostas cobertas de árvores de Fangorn assomavam cada vez mais próximas, escurecendo lentamente enquanto o sol ia para o oeste. Contudo nós não vimos qualquer sinal de pegadas indo para a direita ou para a esquerda, mas aqui e ali passávamos por alguns orcs que haviam caído sobre a trilha quando corriam, com flechas de plumas cinzentas espetadas nas costas ou na garganta.

Finalmente, quando a tarde morria, chegamos às fronteiras da floresta, e numa clareira aberta em meio às primeiras árvores encontramos o local da grande fogueira: as cinzas ainda estavam quentes e fumegantes. Ao lado havia uma grande pilha de elmos e malhas metálicas, escudos partidos e espadas quebradas, arcos e dardos e outros equipamentos de guerra. Sobre uma estaca, bem no meio, estava colocada uma grande cabeça de orc; sobre o elmo despedaçado ainda se podia ver a insígnia branca.

Mais adiante, não muito longe do rio, no ponto onde ele saía da borda da floresta, havia um túmulo. Tinha sido erguido recentemente: a terra removida fora coberta de turfa recém-cortada: em torno estavam fincadas quinze lanças.

Desmontei de meu cavalo o alisando antes de o entregar para Legolas e seguir até o túmulo para agradecer aqueles homens. E ao chegar lá, fiz minhas orações.

Aragorn e os outros procuraram por todos os cantos do campo de batalha, mas a luz foi diminuindo e a noite logo chegou, apagada e cheia de névoa. Até o cair da noite, não tinham descoberto nenhum sinal de Merry ou de Pippin.

Então eu respirei fundo e me sentei ali enquanto eles discutiam e me concentrei. Recitei novamente as palavras a mim ensinadas por meu mestre. Eu não sentia nenhum gobelim ou orcs, e a floresta por si só estava cheia de vida, como se cada árvore ali quisesse conversar comigo, mas no meio dessas eu senti uma enorme fonte de poder puro, era aconchegante e bruto ao mesmo tempo, e mais sábio que os mais antigos, mas parecia também novo como a um recém-nascido, mas quando tentei investigar mais esse sumiu.

—Não podemos fazer mais nada. -disse Gimli com tristeza, e eu me desconcentrei os olhando. -Fomos submetidos a muitos enigmas desde que chegamos ao Tol Brandir, mas este é o mais difícil de se decifrar. Eu suporia que os ossos queimados dos hobbits estão agora misturados aos dos orcs. Será uma notícia dura para Frodo, se ele viver para recebê-la, e dura também para o velho hobbit que espera em Valfenda. Elrond era contra a vinda deles.

—Mas Gandalf não era. -disse Legolas.

—Gandalf escolheu vir, e foi o primeiro a se perder. -respondeu Gimli. -Sua previsão falhou.

—Mestre Elrond era contra minha vinda também, mas cá estou eu, e por muitas léguas caminhamos juntos meu bom amigo, e não importa quantas mais tenhamos que andar, ou o que venha a me acontecer, eu estou feliz por ter vindo. -ele me sorriu agora mais leve.

—O conselho de Gandalf não se baseava em previsões sobre segurança, nem para ele nem para os outros. -disse Aragorn. -Algumas coisas é melhor começar do que recusar, mesmo que o fim possa ser escuro. Mas não vou partir deste lugar ainda. De qualquer modo, devemos esperar pela luz do dia.

Um pouco além do campo de batalha montamos acampamento sob uma grande árvore: parecia uma castanheira, e apesar disso ainda tinha muitas folhas amarronzadas de anos anteriores, como mãos secas com dedos longos e oblíquos que se batiam tristemente na brisa da noite.

Gimli tremeu. Tínhamos trazido apenas um cobertor para cada um.

—Vamos acender uma fogueira. -disse ele. -Não me preocupo mais com o perigo. Que os orcs venham como um bando de mariposas em volta de uma lamparina no verão! -eu ri de sua revolta mais uma vez.

—Se esses hobbits infelizes estão perdidos na floresta, o fogo poderia trazê-los para cá. -disse Legolas.

—E poderia também trazer outras coisas, nem orcs nem hobbits. -disse Aragorn. -Estamos perto das fronteiras das montanhas do traidor Saruman. Também estamos bem no limite de Fangorn, e é perigoso tocar as árvores dessa floresta, pelo que se comenta. -ele me olhou. 

—Meu coração está leve, não sinto nenhum mal próximo, e as árvores parecem dizer que não nos tocarão se não as tocarmos. -ele pareceu ficar mais calmo, mas ainda continuava sério.

—Mas os rohirrim fizeram uma grande fogueira aqui ontem. -continuou Gimli sem nos dar atenção. -E derrubaram árvores para fazer o fogo, como se pode ver. Apesar disso, passaram a noite em segurança, após terminado o trabalho.

—Eles eram muitos, e não deram atenção à ira de Fangorn, pois raramente chegam até aqui, e não andam sob as árvores. Mas nossas trilhas provavelmente vão nos conduzir exatamente para o coração da própria floresta. Por isso, tenham cuidado! Não cortem nenhuma madeira viva! -disse Aragorn.

—Não é preciso. -disse Gimli. -Os Cavaleiros deixaram galhos e tocos em quantidade suficiente, e há muita madeira morta. -saiu para recolher lenha, e se ocupou em preparar e acender uma fogueira; mas Aragorn ficou sentado em silêncio, recostado à grande árvore, mergulhado em pensamentos. Legolas ficou parado sozinho no espaço aberto, olhando na direção da profunda sombra da floresta, inclinando-se para a frente, como alguém que tenta escutar vozes chamando de um lugar distante. Eu tentei voltar a procura de algum sinal dos meus amigos, mas parecia que agora havia um bloqueio naquele lugar, me impedindo de buscar ali novamente e aquilo me intrigou.

Quando o anão conseguiu manter uma pequena chama ardente, todos nos aproximamos da fogueira e sentamos-nos próximos, escondendo a luz com nossas formas encapuzadas. Legolas levantou os olhos para os ramos da árvore que se estendiam acima de nós curioso.

—Olhem! -disse ele. -A árvore está feliz com o fogo!

Pode ser que as sombras dançantes tivessem enganado nossos olhos, mas todos percebemos que os galhos estavam se inclinando para um lado e para o outro, a fim de se aproximar das chamas, enquanto os ramos mais altos pareciam estar se abaixando; as folhas castanhas se sobressaíam rígidas, e se esfregavam umas às outras como muitas mãos frias e rachadas se reconfortando no calor.

Fizemos silêncio, pois de repente a floresta escura e desconhecida, tão próxima, fez-se sentir como uma grande presença pairando no ar, cheia de propósitos secretos

Depois de um tempo, Legolas falou outra vez. 

—Celeborn nos avisou para não avançarmos muito no interior de Fangorn. -disse ele. -Você sabe a razão disso, Aragorn? Quais são as fábulas sobre a floresta que Boromir ouviu? 

—Ouvi muitas histórias em Gondor e em outros lugares. -disse Aragorn. -Mas se não fosse pelas palavras de Celeborn eu as consideraria apenas como fábulas que os homens criam quando desaparece o verdadeiro conhecimento. Pensei em perguntar a você o que havia de verdade nesse assunto. E, se um elfo da Floresta não sabe, como pode um homem responder?

—Você viajou a lugares mais distantes que eu. -disse Legolas, e eu encostei minha cabeça em seu ombro o fazendo sorrir leve. -Nunca ouvi nada sobre isso em minha própria terra, a não ser as canções que contam como os orodrim, que os homens chamam de ents, moraram aqui há muito tempo; Fangorn é antiga, mesmo para os cômputos dos elfos.

—Sim, é antiga! -disse Aragorn. -Antiga como a floresta ao lado das Colinas dos Túmulos, e é muito maior. Elrond diz que as duas são aparentadas, as últimas fortalezas das poderosas florestas dos Dias Antigos, nas quais os Primogênitos perambulavam quando os homens ainda dormiam. Mas Fangorn guarda um segredo próprio. E não sei qual é. 

—E eu não quero saber. -disse Gimli. -Que nada que vive em Fangorn se incomode por minha causa! -ele parou de falar por um momento e depois sorriu se virando para nós. -Mas a algo que eu gostaria de saber meus amigos, se permitirem que esse anão os pergunte. Digam-me pois desde que ouvi fiquei curioso em perguntar, mas o tempo de nossa viagem urgia e não tínhamos tempo para tal, mas agora está noite, e nada podemos fazer a não ser esperar pelo raiar do dia para voltamos a nossa busca. -Aragorn sorriu e eu os olhava sem entender, quando Legolas ao meu lado se mexeu perturbado. -Quando decidiram noivar? Gostaria de ter sabido antes para lhes parabenizar de forma correta, e não daquela forma injuriosa, não que eu mesmo não estivesse a ponto de dizer algo aquele cavaleiro, Éomer como diz se chamar, pela forma ousada que lhe olhava. -terminou me olhando e eu mesma não sabia o que dizer.

O que eu diria, que nem eu sabia daquilo? Bom, eu suspeitava que ele havia me pedido em casamento, mas não tinha convicção, e por mais que eu tivesse certeza dos meus sentimentos por ele, eu não o sabia como responder, não quando o momento havia passado, e não quando ele não conhecia nada sobre mim.

—Eu a pedi ontem a noite, e não houve tempo, nem momento de lhes contar meus amigos. -ele respirou fundo e tocou minha cabeça e me deu um leve sorrindo constrangido, como se estivesse se desculpando. Porém quando ele abriu a boca para continuar eu me vi dizendo.

—Eu não o respondi ainda. -eles olharam de mim para Legolas que confirmou. -Há algo sobre mim que vocês não sabem, mas acho que já passou da hora de lhes contar. -olhei diretamente para Aragorn que me fitou terno, me encorajando.

—Não precisa nos contar se isso... -toquei seu braço e neguei me afastando dele, e me ajeitei olhando para eles e respirando fundo para começar.

—Eu me chamo Aura Albuquerque Lopes. -eles me olharam confusos.

—Dois sobrenomes? -indagou Gimli.

—No meu mundo, uma criança recebe os sobrenomes da mãe e do pai. -eles me olharam incrédulos. -De onde eu venho, usar magia é um tabú, e durante séculos pessoas foram perseguidas e mortas por isso, e por causa disso, muito conhecimento se perdeu. Minha mãe conheceu meu pai quando era jovem, e nunca o contou quem era, mas em um dado momento ele descobriu e com medo se afastou dela. Mas ela já estava grávida, e por mais que ele não quisesse me conhecer, as leis o obrigaram a me registrar e a mandar uma pequena contia em dinheiro para meu sustento. -eles me fitavam perdidos. -Minha mãe nunca se recuperou disso, e eu fui praticamente criada por minha avó. Mas ela morreu, e no desespero, ao me sentir sozinha, eu procurei um feitiço em seu grimório. -apertei as mãos tentando me manter firme. -E encontrei um, que dizia abrir portais, ele era específico ao dizer que quem o usasse deveria saber para onde queria ir.

—E você quis vir para a Terra-Média? -perguntou-me Aragorn confuso e eu neguei.

—Não, o lugar que eu desejei ir era para uma parte específica de meu mundo, só que em uma era diferente entende? -ele ponderou. -Nem eu mesma sei como vim parar aqui.

—Então por que se envolveu no meio dessa guerra? -perguntou-me mestre Gimli.

—Depois de executar o feitiço eu encontrei Frodo e os outros e os resolvi seguir na esperança de que Gandalf me ajudasse a voltar para casa. 

—Nem mesmo ele sabia como fazer você voltar? -Aragorn perguntou-me curioso.

—Ele e mestre Elrond me fizeram perceber que voltar só dependeria de mim, eu posso voltar quando eu quiser. -Aragorn pareceu surpreso, Gimli arregalou tanto os olhos que eles quase saltavam das orbitas, mas Legolas estava silencioso ao meu lado, e não se mexeu por nenhum milimetro. -Eu decidi ficar, porque meu coração me diz que ainda não é o momento de voltar.

—Então...-começou Gimli, mas Aragorn tocou seu braço e negou.

Aquela conversa minou qualquer animo que tivéssemos, então fizemos um sorteio para ver quem ia fazer a guarda, e o primeiro turno caiu para mim. Os outros se deitaram. 

Quase imediatamente, o sono lhes sobreveio.

Eu tinha muita coisa para pensar, principalmente se aquele tinha sido o momento certo para lhes contar, contudo eu não queria mais esconder aquilo, principalmente dele. Coloquei a mão no rosto o escondendo ali por um momento na escuridão, mas quase cai para trás quando ao afastar as mãos de meu rosto o vi ali em pé ao meu lado.

—Vamos caminhar um pouco, não muito por causa da vigia, mas o suficiente para não atrapalhar-lhes o sono. -eu afirmei e segui-o.

Seus cabelos dourados dançavam ao vento da noite, sua postura ereta era graciosa e o mesmo tempo máscula, uma junção que eu provavelmente jamais desvendaria. Quando parou e se virou para mim, seus olhos banhara-me em sua imensidão azul me fazendo segurar por um segundo a respiração. 

Eu parei a três passos de distância dele, e o fitei tetando ficar calma. O silencio da noite só era quebrado pelo balançar das folhas das árvores ao vento. E por um longo momento nenhum de nós falou, ficamos apenas nos observando.

Eu jamais poderia dizer o que ele estava pensando, mas era claro para mim que algo havia mudado.

—A Senhora Galadriel havia me dito que amar você seria um risco muito maior do que qualquer elfo que amou um humano pudesse sonhar em ariscar. -seus olhos estavam pesarosos, e eu mordi os lábios triste. -Que a nosso amor poderia ser nossa ruína, assim como ela disse a você. -eu vi seus olhos brilharem, como se ele estivesse se segurando para não chorar. 

—Legolas eu...

—Mas eu fiz minha escolha Aura, e por mais doloroso que isso seja, ou que venha a ser... -ele se aproximou de mim me puxando para si. -Eu não vou me arrepender. -ele me fitou sério. -Quebre meu coração se quiser, mas quando se decidir, me diga claramente. -ele tocou meu rosto. -Tudo que eu preciso é ouvir de você. Se não me quiser por perto, se não quiser ser minha noiva, se decidir ir para terras longínquas eu não me importo, tudo que te peço é que seja sincera comigo, que me diga o que há em seu coração.

Eu puxei sei rosto para mim selando nossos lábios, e ele me fitou perdido, ainda angustiado.

—Eu não pretendo voltar para meu mundo quando essa guerra acabar. Seja por bem ou por mal, eu tenho mais motivos para ficar aqui do que para voltar. -levantei minha mão direita. -Você me deu motivos para ficar, mais do que pode imaginar.

Melinyel!

—Eu também o amo, não duvide disso. 

—Nunca! -ele afirmou suspirando.

—Eu só contei tudo isso para vocês hoje, por quê já era tempo de saberem, mas Legolas, eu quero viver o resto de meus dias com você. -seus olhos brilharam e ele me puxou contra si selando nossos lábios com vontade. -Há mais uma coisa coisa que preciso te contar. -disse me afastando dele tentando respirar corretamente e este afirmou me fitando sério. -Frodo não me deixou ir com ele, por que me amava.

Vi seu rosto mudar, e quando ele abriu a boca para me responder eu o afastei assustada.

De repente ali, bem no limiar da luz do fogo, estava um velho curvado, apoiando-se num cajado, coberto por uma grande capa; o chapéu de abas largas cobria-lhe os olhos. Por causa do susto eu dei um leve grito assustada e Aragorn e Gimli, foram acordados e no susto. 

O velho não falou nem fez qualquer sinal.

Mas algo em meu coração me dizia para ter cuidado ali!

 

 

 


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