Pelos Teus Olhos escrita por Caroline Bottura


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Esse Capítulo eu dedico a duas pessoas...

Raquel Silva, ela sabe porque kkkk, essa é a sua surpresa espero que goste.
Byah minha Alma Gema, pra você pelo aniversário, sei que é amanha mas o presente e antes kkk.. amo vcs.



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O cheiro de mar e um calmante, apenas não vejo mas sinto, o barulho das ondas me traziam paz, e eu precisava disso naquela hora, tinha saído de casa depois da ligação do hospital, tinha conseguido marcar a consulta com um dos melhores oftalmologista do pais, além de ser ótimo no que faz pelo o que ouvi fala, deve ter um bom coração, só consegui essa consulta porque uma vez por semana ele atende no publico, jamais conseguiria pagar uma particular, saio dos meus pensamentos quando  percebo que Morena ficou agitada do meu lado, tinha gente se aproximando, Morena era minha companheira, uma Golden Retriever, peguei ela quando fiquei cega, ela e meus olhos, ouço a voz de Gustavo.

— Oi Vick, como esta?

Sorri, éramos namorados, mas depois de tudo terminei, não queria ele preso a mim, mas continuamos amigos.

—  Bem Gus, ansiosa, já esta sabendo?

— Sim, fui até sua casa e seu pai me contou a noticia, sabe o quanto eu torço pra que tudo de certo.

— Obrigada, não gosto de criar muitas expectativas mas... o coração ainda bate forte.

Senti ele me abraça pelos ombros. – Vai dar tudo certo, vai voltar a enxergar e assim podemos voltar de onde paramos.

Suspirei. – Gustavo, nós terminamos...

— Não Victória, você terminou porque, eu jamais teria feito isso, e sem que vamos continuar de onde paramos, afinal não deixou de me amar ne?

Pensei na pergunta, não podia responder. – Eu preciso ir, tchau Gus.

— Eu te acompanho ate sua casa.

Recusei me levantando devagar, sentido a mão dele me ajudando. – Não precisa, afinal eu tenho meus olhos que é a Morena. – Peguei a coleira dela. – Vamos Morena, vamos pra casa.

Eu tinha um privilégio em morar perto da praia, entrei em casa já sendo recebida por Julia toda eufórica.

— Vick você conseguiu minha irmã.

Sorri, meu pai já devia ter contado para rua inteira. – Sim Juju, agora esperar.

— Amanha falto a escola e vou com você.

— Não senhorita, nem adianta reclama, a Morena vai comigo e a tia Consuelo vai me acompanhar.

— Ai Vick, eu queria te fazer companhia.

— Eu sei meu amor, mas não pode faltar a escola, a dona Consuelo so vai me levar, pois tem carro, na verdade eu iria de ônibus mas sabe o papai ne.

— Esta bem.

Escuto o barulho na porta e a voz do meu pai. – Como vão meus amores.

Sorri. – Bem papai.

— E você Juju. Como foi a escola.

— O normal, e o trabalho papai.

— O mesmo de sempre, filha conseguiu licença na biblioteca p ir amanha.

— Sim, o senhor sabe que a dona Esperança e muito boa.

— Bom vou tomar banho e preparamos o jantar.

— Enquanto isso vou fazer o dever. – Julia me deu um beijo no rosto, fiquei sozinha na sala de novo, sozinha não, com a Morena, mesmo depois do acidente consegui um emprego de meio período na biblioteca, não podia me deixar vencer, aprendi braile e trabalho poucas horas e ajudo na casa. Depois de um tempo jantamos, ficamos conversando na sala, depois que minha mãe morreu meu viveu só pra nós, Julia não se lembra dela era muito pequena , fui dormir tarde, estava sem sono, ansiosa para a consulta, e o motivo só Deus sabe.

Acordei cedo, me arrumei, me sentei a mesa do café. – Bom dia.

— Bom dia minha filha, daqui a pouco sua tia chega pra te levar.

— Certo papai, ela não se incomoda mesmo, falei pro senhor que posso muito bem ir de ônibus.

— Vick, claro que não incomoda ela faz de coração.

— Cadê a Juju?

— Pegou carona com a amiga pro colégio.

Termino meu café e escuto a buzina, me despeço do meu pai, pego a Morena e saio de casa, ouço a voz da minha tia.

— OI minha linda. – A sinto me abraça, e retribuo.

— Tia, desculpa incomodar, falei pro meu pai que ia de ônibus.

— De maneira nenhuma, você e minha sobrinha sim, agora vamos.

Ela abriu a porta de trás onde Morena já se instalou, e fui na frente, conversamos sobre tudo, ela era uma mulher maravilhosa, única irma do papai e única tia que tínhamos, era como nossa mae, senti o carro parar.

— Chegamos Tia?

— Sim querida, vou te ajudar a sair.

Abri a porta devagar, e desci, Morena pulou pra fora assim que a porta se abriu, a peguei pela coleira, e entremos, minha tia me guiou até o balcão.

— Oi, sou Victória Sandoval, tenho uma consulta cm Dr Rios Bernal.

— Só um momento. – Depois de um tempo ela falou novamente. – Esta aqui, vou precisar que assine a ficha por favor. – Ela pegou mina mão e entregou a caneta, posicionando onde tenho que assinar, fiz minha assinatura. – Podem aguardar na frente da sala 8.

— Muito obrigada. – Minha tia me guiou ate a frente da sala, nos sentamos, Morena se acomodou no chã ao meu lado, senti ela pegando minha mão.

— Vai dar tudo certo, você vai ver.

Sorri. – Obrigada tia, eu acho será tudo como deve ser, nem mais nem menos. – Demorou uma hora para ser atendida, afinal eram muitos pacientes que vinham passar com ele, ouvi uma voz grossa chama meu nome. – Tia apenas me fale aonde ir, não precisa entrar comigo. – Ela fez o que eu pedi, Morena me guiou também, e entrei na sala.

Quando chamei a próxima paciente não sabia que era tão nova e acima de tudo cega, mas os olhos dela quando entrou na sala não era igual aos que já vi, mesmo com a cegueira não perdia o brilho, me levantei.

— Bom dia, por favor deixe-me te ajudar. – Peguei na mão dela, ajudando a sentar, afaguei a cabeça do cachorro que estava com ela, prontamente ele sentou ao seu lado, fui para minha cadeira. – Senhora Victoria... – Ela me interrompeu.

— Por favor, apenas Victoria.

Sorri – Certo, Victoria, como posso te ajudar?

Percebi ela um pouco nervosa. – Dr como pode perceber sou cega, me disseram que o senhor e um dos melhores oftalmologista e outros já me disseram que eu posso voltar a enxergar com uma cirurgia, então marquei essa consulta.

A olhei, era linda, olhos verdes perfeitos, cabelos pretos lisos cumpridos, respirei. – O que houve, você nasceu assim?

— Não, fui atropelada.

Fiquei surpreso. – A quanto tempo foi isso?

— 3 anos, fazem 3 anos que tudo aconteceu.

— Certo Victoria, teremos que fazer alguns exames, não podemos perder mais tempos, primeiro vou fazer os testes aqui no consultório e depois serão exames mais específicos.

Ela balançou a cabeça, ajudei ela a sentar na outra cadeira, fiz alguns exames, pude perceber que ela tinha alguns reflexos, anotei tudo e fiz o que não imaginei fazer, mas já tinha feito.

— Victória vou te dar esses papéis para os outros exames, e o endereço da clínica, eu mesmo vou faze-los em você.

Vi ela franzir a testa confusa. – Mas Dr, clínica particular não posso, não tenho dinheiro pra isso, por isso estou aqui.

Me levantei, fui até ela, me abaixei ao seu lado. – Não se preocupe, não vai gastar nenhum centavo, a clínica é minha. – Ela balançou a cabeça, e se levantou de presa, fazendo com que se desequilibrasse, no impulso de nçao deixa-la cair a segurei pela cintura a puxando p mim, ela arregalou os olhos assustada, enquanto acalmava a respiração pude olha-la melhor, os traços do rosto, a beleza pura que ela tinha. – Me desculpe não queria assusta-la. – A ajudei a sentar novamente.

— Dr não posso aceitar.

— Mas porque não, é apenas em minha clínica, olha pra ficar melhor, fazemos na minha clínica e depois o publico me reembolsa. – Ela ficou pensativa, me sentei ao seu lado e peguei sua mão. – Victória se você não aceitar faremos tudo por aqui, mas vai demorar muito, por favor, já esperou 3 anos me deixe ajuda-la.

Ela pensou um pouco e respondeu. – Tudo bem, mas quero paga, mesmo que seja com desconto, por que sei que o público não vai reembolsar nada para o senhor.

Sorri, e fiz uma contra proposta. – Fazemos assim, você faz tudo o que precisa e no final vemos um valor e fechamos tudo, pode ser?

Ela pensou mais um pouco. – Tudo bem, mas tenha certeza que vou te pagar.

Ri alto, e ela sorriu também, como o sorriso dela era lindo. Beijei a mão dela, e voltei ate minha cadeira, anotei o endereço, liguei para minha secretária para ver qual dia estava disponível e marquei, voltei ao lado dela, peguei uma mão e entreguei o papel.

— Aqui esta o endereço da clínica, marquei para quinta-feira depois de amanha, espero você e pelo seu bem não falte.

Ela sorriu de novo. – Não vou faltar Dr.

A ajudei a levantar e a levei até a porta, abri. – Victória eu te espero quinta.

Ela balançou a cabeça e saiu da sala, com o cachorro a guiando, vi ela sendo recebida por uma senhora, entrei na sala e ainda não sabia o que tinha feito, sorri lembrando do embaraço dela quando a segurei para que não caísse, ela realmente era linda, mas os olhos dela foram o que me moveu a fazer tudo, não apenas pela cegueira mas pelo brilho deles.

O brilho do teu olhar

Ilumina a madrugada

Como uma estrela no luar

Continua...


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