O crepúsculo pintava todo o sol em tons de amarelo e laranja. Elizabeth conversava trivialidades com Georgiana, mas em seu íntimo estava preocupada com a demora de seu esposo em retornar para casa. Sua apreensão cresceu ainda mais desde a noite passada, pois no café matinal, Darcy, antes de sua partida, mostrou-se distante e preocupado. Qual dívida seria essa deixada por seu pai? Ele geria os negócios da família desde a morte de seu genitor e desconhecia qualquer pendencia financeira. Algo parecia errado.  

Quando Lizzie banhou-se e recolheu-se em seus aposentos, sr Darcy chegou com o mesmo ar preocupado da manhã. 

— Querido! Conte-me o que está havendo. Encontro-me aflita desde sua partida pela manhã. - Disse Elizabeth rapidamente.  

— Lizzie, eu realmente não consigo te informar com clareza que situação, no mínimo constrangedora, é esta que estou passando. - Disse Darcy sentando na cama, suspirando cansado.  

— Do que estás a falar? 

— Ao que parece, meu falecido pai tem uma dívida exorbitante em jogos e apostas. 

A jovem demonstrou um profundo espanto. 

— O que causa estranhamento é que em todos os seus anos de vida, nunca soube de meu pai envolvido com esse tipo de jogatina. - Continuou sr. Darcy. 

— Deve haver um engano, querido. - Lizzie continuava perplexa. 

— Passei o dia inteiro tentando achar uma justificativa plausível para comprovar o engano e, simplesmente, não encontro.  

Lizzie deu-lhe um beijo no rosto.  

— O que me conforta é ter você do meu lado. - Disse, por fim, Darcy.  

Um ímpeto de amor e paixão o fez virar completamente para Elizabeth e beijá-la intensamente. Nunca, durante o tempo de matrimônio, o beijo dela deixou de ser avassalador para aquele homem rendido ao mais profundo amor. Com delicadeza, baixou sua camisola e encheu-lhe de beijos correspondidos.  

Aquela foi mais uma noite eterna. 

Faltava dois meses para o grande casamento em Permbeley. A noiva, Georgiana, estava radiante. Lincoln Dawson, seu futuro marido, era uma excelente escolha. Um rapaz íntegro, de forte presença de espírito, além de nutrir amizade e admiração por todos da casa, especialmente Darcy que o tratava com reciprocidade.  

A irmã de Darcy fazia os últimos ajustes no seu longo vestido branco. A delicadeza do traje era impecável. O vestido tinha flores pequenas em toda a sua extensão e um véu bordado com as mãos finíssimas de Madelaine, a costureira da família há anos.  

O vestido de Elizabeth também era belo de um tom de azul que ressaltava sua pele alva.  

Durante o momento da prova, Georgiana questionou: 

— Lizzie, percebo meu irmão angustiado e distante estes dias. Há algo de errado? 

— Ele está resolvendo alguns equívocos. Mas, nada que deva te preocupar. Sabes como Darcy é honesto.  

— Sim, disto não duvido. Porém, me preocupo com sua saúde, visto que passa pouco tempo em casa e parece sempre preocupado com algo.  

— Até tudo ser resolvido, creio que ele não sossegará. É de sua índole.  

— É muito sério o problema? - Perguntou Georgiana um misto de preocupação e curiosidade. 

— Não, querida. Não deve se estressar às vésperas de seu casamento. Não há motivos, confie em mim. - Disse Lizzie. 

A verdade é que ela não queria assustar a noiva. No entanto, ela achava que estas adversidades se resolveriam mais rapidamente. Não era o caso.  

Enquanto a esposa do herdeiro de Permbeley caminhava tranquilamente no jardim, apreciando as flores, Darcy chegou com olhos aflitos necessitando de sua mais urgente presença na biblioteca. Ela foi com o coração acelerado devido a ansiedade. 

— O que houve de tão alarmante, meu esposo? 

— A situação é mais séria do que eu pensei, Elizabeth. Descobri novas dívidas deixadas por meu pai.  

— Meu Deus! Tem absoluta certeza que são mesmo de seu pai? 

— Não. Mas não consigo provar o contrário. - Ele respirou fundo. - Lizzie, é muito dinheiro. Talvez precisaremos adiar o casamento de Georgiana.  

— Oh, não! Georgiana ficará desolada. O sonho dela é se casar o quanto antes com o sr. Dawson. 

— Não teremos condições, enquanto eu não quitar esta dívida. Farei o possível para resolver o quanto antes.