Jyn e Cassian estavam juntos, ajoelhados na areia da deserta praia. Pela primeira vez, não haviam ordens, medos, sarcasmos, política, deveres. Estavam só os dois.

Unidos pelos fios do destino, por mais que fosse doloroso, não estavam tristes. Depois de anos vagando, sofrendo, os caminhos dos dois haviam finalmente se cruzado e não podiam estar mais gratos.

— Sabe, Jyn. Sinto muito por tudo o que eu já disse e pensei de você.

Jyn o encarou e seus olhos se encontraram. A garota soltou um grunhido de divertimento, algo que nunca pensou ser capaz sob tais condições.

— Pensou, é? O que disse já não era tudo? Eu prefiro nem saber.

Cassian a olhou profundamente, descrente do rumo que a conversa estava tomando. Os dois riram, suas risadas carregadas de sentimentos primordiais, carregadas com visões de um futuro que poderia ter sido bem diferente.

A risada não durou muito. Ambos sabiam o que lhes aguardava e, de repente, não sentiram mais vontade de rir.

— Eu queria que pudesse ter sido diferente. - Cassian recomeçou. - Eu sinto que podia ter sido diferente... com você.

As palavras bateram em Jyn com uma força extraordinária. O que ele estava dizendo? A garota nunca aprendeu de verdade sobre amor, então não tinha certeza das intenções por trás da fala do jovem.

— Acho que as coisas foram como deveriam ter sido. Se não tivéssemos nos conhecido e vivido o que vivemos, a nossa opinião um sobre o outro poderia ter sido outra. Talvez assim seja melhor.

— Eu não queria mudar o passado. Apenas o futuro. Eu nunca esperei ter um, entende? Sempre vi e lutei somente pela causa. Ela era tudo pra mim. Mas você... eu sinto que com você, eu ia querer lutar por outra coisa.

As lágrimas tomaram conta dos olhos de Jyn e logo mergulharam por suas faces. Tudo aquilo era extremamente injusto. Ela finalmente havia encontrado seu lugar, finalmente havia encontrado alguém. Não podia suportar a dor.

Cassian secou algumas das lágrimas, o que não fazia muita diferença visto que a menina estava em prantos. O homem a abraçou e a conexão entre os dois se fez sentir em pele. 

Essa era a parte dolorosa. Ainda não era algo ou alguma coisa. Era apenas um princípio, algo que teria que crescer e se desenvolver com o tempo.

Mas tempo era algo que eles não tinham.

Jyn desfez o contato e levantou-se, pensativa. Ela já podia sentir o calor da explosão, apesar de que ainda estava distante.

Com um turbilhão de emoções, a mulher agarrou a mão de Cassian. Ergueu-o e puxou-o, fazendo iniciar uma corrida junto a ela. 

— Jyn, o que está fazendo? Aonde vamos?

— Para o nosso futuro, Cassian. Não pode ser tarde demais.

Agora, era Cassian que chorava. Ver Jyn em um último ato desesperado era muito para ele. Tudo aquilo era muito para ele.

Já estavam quase na floresta quando Jyn começou a rir. Uma risada cheia de esperança e força, interrompendo o fluxo de desespero de Cassian. Vendo o que estava a frente, o homem também começou a rir.

Segundos antes da explosão alcançá-los, Cassian fechou atrás de si as comportas da escotilha por onde haviam acabado de entrar. 

Aqueles túneis subterrâneos brilharam para eles mais forte do que as estrelas. Juntos, correram em direção a lugar nenhum e a todo lugar. O que importava era ir em frente, buscar o futuro onde os dois poderiam sentir. Sentir, amar, corresponder, onde pudessem ser felizes.

No futuro, Jyn e Cassian foram considerados heróis que se sacrificaram pela causa. E de fato eram, afinal, os dois nunca foram encontrados. Para o resto dá galáxia, para a República, para o Império, para os rebeldes, estavam mortos. Mas nada disso importava.

As estrelas brilhavam para eles, dando-lhes uma segunda chance de sentir.