The Dead's Kingdom escrita por Dudu Cuei


Capítulo 2
Sobrevive o Mais Forte




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2017, 5 anos depois da infestação, Araraquara

Ricardo está dirigindo em uma das rodovias, escutando "Highway to Hell" em seu fone de ouvido e pensando um pouco na vida e para onde está indo

— Araraquara, essa cidade é famosa pelos seus achados antigos. Eram encontrados fósseis de dinossauros nas pedras que faziam os pisos daqui. Pena que daqui a algum tempo, serão fósseis de zumbis em vez de dinossauros. E espero que eles sejam extintos também.

O tempo se passa, e ele vai aumentando os detalhes de seu interessante mapa do estado de São Paulo. Também guarda junto ao instrumento dicas de como se esquivar dos andantes, procurar evitá-los ou não chamar a atenção deles, recomendações de armas e posições vitais para acertá-los com eficácia.

— Vamos ver, uma AK-47 é boa para enfrentar hordas de zumbis, enquanto um silenciador é bom para atirar em poucos andarilhos. Pena que ainda não arranjei uma AK, e não sei como ainda consegui passar todo esse tempo sem me deparar com uma horda de zumbis.

O carro ia zunindo pela estrada quando Ricardo vê uma mulher negra, de dreads, e que levava consigo duas correntes, cada uma presa em um zumbi. O cara ficou abismado quando viu a moça e logo parou o carro, interessado no caso diferente a qual lhe apareceu. A moça focou a vista no carro, desconfiada.

— Quem é você? Porque você está levando dois zumbis na sua viagem? - perguntou curioso

— Você não sabe que andar com zumbis ao seu redor faz com que os outros percebam mais dificilmente o nosso cheiro? Se está vivo até hoje, devia saber disso. - afirmou desdenhosa a jovem

— Passei todo esse tempo viajando. Sabia que se viesse para o interior do Estado encontraria menos zumbis, e olha que pra mim deu certo.

— Nunca encontrou uma horda? Você vive nesse mundo? - pergunta ironicamente a mulher

— Claro que vivo. Sempre fui na minha, reservado. Passei uma vida solitária, não confio muito nas pessoas. E acho que confiar nelas nem sempre seja o melhor a se fazer. Mas para onde você está indo?

— Eu sou nômade. Vou para uma floresta que me ofereça comida, para um rio com água, só quero viver. E ficar longe de confusão. É melhor eu continuar a minha viagem, foi bom te conhecer. - e disse como se fosse dona de si, capaz de cuidar da sua própria vida.

— Foi bom também - e fechou o carro.

Ricardo pôs o pé no gatilho e acelerou a toda. Nunca se sabe o que as pessoas vão querer dele. E se você acha que ele foi rude, ainda não conhece ele bem.

 

— Cara, foi a primeira pessoa que eu vejo a anos, e nem dei carona a ela, sou um cuzão mesmo! - e disse com total certeza - Se bem que assisti muito The Walking Dead e Resident Evil para saber o quanto as pessoas podem ser traidoras. - e retificou também com muita certeza.

O tempo foi se passando, mais dias se foram, e Ricardo como sempre nos seus estudos. Gostava de admirar as árvores, os animais nem tanto pois alguns chegaram a ser infectados, um cachorro de aparência demoníaca e infectado passou a ser o foco de seus pesadelos, e não seria hoje que ele passaria um dia sem lembrar dessa cena.

— Você bem que não podia existir seu cão, pra eu parar de ter esses sonhos horríveis. - disse ironicamente

No momento ele estava em uma mata, de árvores altas e com muita sombra. Passeavam algumas libélulas acá, umas borboletas acolá, esquilos correndo pelas plantas rasteiras, mas ele mesmo admirando tamanha beleza que é a natureza, não parou de se preocupar nenhum momento. Se uma pessoa o visse de longe, iria supor que enquanto não estivesse dentro de uma casa fechada aos quatro cantos, esse marmanjo não iria descansar. E é assim de fato.

De repente, um som ecoou mata adentro. Ricardo logo pôs a se esconder atrás de uma árvore para não ser visto. Estava surpreso, se fosse uma pessoa, ele ganharia na loteria. Ou não pois a loteria foi a vida dele, já que não encontrou nenhum humano depois de todo o ocorrido. Logo uma voz se ouve:

— Caramba! Essa porra da Michonne foi inventar de viajar! Não presta mesmo, tenho que matar ela senão irá estragar toda a minha cidade. E você, Agente Nunes, trate de procurá-la em outro canto. - gritava a alto e largo som um homem de meia idade, que trajava vestes elegantes, com cabelos loiros, olhos azuis, uns traços da idade no rosto, mas com cara de galã de novela.

— Pode deixar chefinho! Às suas ordens. - e mudou de direção o capanga, um jovem moreno alto e desajeitado, mas de maneira ruim.

Atrás da árvore, o Ricardo fica alertado, mas sem se mexer nada. Pensa sozinho:

— Será que a Michonne é a mulher com quem me encontrei? Ela está lascada! Devia tê-la ajudado mesmo, talvez ela vá morrer. Você é um bostão mesmo, camarada! Como vou fazer pra encontrá-la? - pensou ele

 

~ FLASHBACK ON ~

  - Eu sou nômade. Vou para uma floresta que me ofereça comida, para um rio com água, só quero viver. E ficar longe de confusão. É melhor eu continuar a minha viagem, foi bom te conhecer. 

~ FLASHBACK OFF ~

 

— Então ela deve estar em algum lugar sossegado - pensando alto, Ricardo levantou-se de onde estava escondido, depois de um tempo em que o capanga e o galã de novela se separaram e foi andando sorrateiramente até onde havia deixado o carro. Prevenido como era, o deixou por entre arbustos e pequenas árvores, em um lugar de difícil visão. Abriu o carro e seguiu rumo a estrada. 

Dessa vez deixou para trás o seu jeito reservado e correu com toda pela estrada. Logo havia chegado em uma entrada de uma caverna baixa, mas o suficientemente alta para uma pessoa entrar e ali ficar.

— Acho que é aqui que ela foi parar. - e, correndo, entrou na caverna, cheia de estalagmites e estalactites, e bastante úmida. - alô, tem alguém aí?

— O que é que você está fazendo aqui, cara!? - exclamou logo a garota de dreadlocks que parecia levemente irritada

— Vi um cara metido a galã e um camarada dele procurando alguém, ah, e acho que essa pessoa é você! - e apontou para a mulher

— É sim, ele é o Governador. Estou fugindo dele, porque sei de informações bem comprometedoras sobre ele. E a reputação desse Brian é tão "grande" na tão "querida" cidade dele - falou amargamente Michonne, com os olhos um pouco para baixo, sem focar no olhar de Ricardo, realçando ainda mais seus cabelos de estilo afro.

— Você está correndo muito perigo! Na verdade, nós pois estou com você! Porque você não pega carona comigo? - perguntou esperando um sim da negra

— E porque você me daria carona? - desdenhou Michonne

— Porque não vou deixar alguém a mira desse cara. E também me simpatizei com você. Além de não ter visto ninguém nesses últimos anos, então não vou perder essa oportunidade de conhecer você por nada. - e afirmou com toda força o Ricardo

— Ah, então tá. Bora lá.

Saíram da caverna em direção ao carro quando duas sombras se revelam por entre a mata de arbustos e grandes árvores. Esses eram o Governador e seu capanga, apontando armas, o galã usando uma metralhadora e o capanga um revólver Colt.

Michonne estava com os seus zumbis, e logo os liberou afim de atrasar os seus inimigos. O Ricardo, desprevenido que estava, logo abriu o carro e pegou a sua AK-47. Michonne foi pra cima, atrás dos seus zumbis, e Ricardo preparou-se para atirar, mirando na cara do Governador. Quando o loiro e o jovem derrubaram cada um 1 infectado, o ajudante do chefe estava com uma espada sob seu pescoço, enquanto que o Governador estava sob a mira de Ricardo.

— Por que você não a deixa em paz? - perguntou Ricardo ao Governador

— Porque ela é uma praga, um chiclete no meu sapato, e deve ser eliminada. - Logo virou sua metralhadora em direção a Michonne, mas não deu tempo de agir, pois o professor logo deu um "Headshot", caindo sem vida ao solo.

O capanga se desesperou e preparou-se para correr, mas a Michonne não permitiu, e logo o decapitou.

— Se eu deixasse ele correr, com certeza os capangas do galã aí iam me procurar e não iam descansar tão facilmente.

— É, sei bem disso, é questão de sobrevivência. Sobrevive o mais forte, viramos animais afinal de contas. - triste mas conformado, Ricardo encerra o ocorrido com esse pensamento que se alastra desde o início do temido mas já esperado apocalipse.

— Eu estou pensando, como será que vai ficar Woodbury depois disso... - e olhando para o chão, Michonne passa alguns minutos, enquanto muda a direção de seu foco para o infinito na estrada. Abre o carro, e com Ricardo, parte para novos perigos e embates ao som de "Infinita Highway".


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