Aquela era apenas mais uma das tantas travessias por cidades que Draken já havia feito. Seu passado lhe impunha obrigações as quais não podia aguentar...     
    Ele e seu fiel- mas já velho - cavalo, aproximavam-se da periferia da cidade, onde parariam para descansar. Malpetrim parecia ser um bom lugar para passar um tempo.          Caso o viajante soubesse o que estava pra acontecer, não teria desmontado, ou então teria pelo menos se despedido de seu velho companheiro...          
    Uma sombra se formou embaixo dos dois. Algo havia coberto o Sol. Mas o que seria? Ele não teve tempo nem de olhar para o alto, algo mergulhou dos céus no que parecia uma mistura de um ímpeto agressivo com um rompante de fúria! As garras da estranha e veloz sombra derrubaram Draken do cavalo. Em todas as suas viagens ele nunca havia passado por nada disso! Mal conseguindo se levantar, graças ao ferimento na perna direita que a queda havia lhe proporcionado, o nômade tentou se orientar. Draken procurou ver onde estaria seu cavalo e também quem seria o seu atacante. Mas a única coisa que ele sentiu foi o cheiro ferroso do sangue de seu antigo animal, e a dor do golpe que alguém lhe havia aplicado na nuca.     

    
    Tudo clareava...  
    Quanto tempo teria ficado desacordado? A tontura já não lhe afligia tanto. Apesar disso, Draken havia pensado que seria melhor ter ficado desmaiado...     
    Havia um vulto... Um alguém... Nossa como sua cabeça doía!! Essa forma estava contra o sol, tornando-se apenas uma sombra, com o rosto indistinguível, e ela empunhava algo, que parecia um... Arco!          
    O arco estava estendido, com a flecha apontada direto para o rosto de Draken. O frio da ponta de metal cortava a face do submisso. Gotas de sangue escorriam na extremidade da seta. Mas o corte não era normal. Já não bastasse cortar, o atacante movia a flecha para cima e para baixo, machucando ainda mais o rosto do atacado. Mas, porque? Qual era seu objetivo com isso? Parecia até que ele estava...     
    TREMENDO!!! Ele estava nervoso! Draken juraria que se abrisse a boca, poderia sentir o gosto do medo do adversário. Isso mostrava que seu oponente era fraco. O atacante não estava no controle da situação.     
    Com olhares rápidos e inotáveis, Draken notou que o estranho animal que o havia atacado anteriormente parecia estar estirado ao lado do corpo inerte de seu antigo cavalo, que agora era apenas uma carcaça irreconhecível... Dormindo talvez?     
    Era sua chance! Aproveitando que estava no chão, Draken apenas girou a sua perna não machucada, aplicando uma rasteira no arqueiro; que por sinal, agora que havia saído das sombras, podia facilmente notar-se que era um elfo. Mas antes de cair, reparando que havia sido golpeado, e agindo majoritariamente por reflexo, o elfo havia soltado a flecha, que passou raspando pelo ombro de Draken antes de fincar-se no chão.     
    O nômade levantou-se rapidamente, e partiu para cima do rapaz, que nesse momento também já estava tentando se levantar. Um! Dois! Três socos no estômago do arqueiro fizeram ele cair de novo, ficando à mercê dos ataques de Draken. Mas ele não era covarde. Não como o maldito responsável pela razão da qual ele era obrigado a peregrinar pelo mundo. Rapidamente ( murmurando entre dentes "Trivial..." ), Draken agarrou o elfo pelo colarinho, e amarrou suas mãos e suas pernas com seu próprio cinto, assim o elfo não poderia mais lhe criar problemas.     
    "Não me machuque!", suplicava o arqueiro caído.     
    "Explique-se", disse o nômade.          
    "Tudo que aconteceu foi um engano! Eu juro por Glórienn que foi sem querer... Grifos gostam muito de carne de cavalo.. O Angus então... É só ver um cavalinh... Han, desculpe.. Eu não pude controlá-lo.. Ele anda arisco desde que... bom, não importa... Pelo cavalo... Não tenho muitas posses, mas caso se faça necessário, eu posso lhe dar o dinheiro que tenho comigo, mas cá para nós, não é o bastante para comprar um novo..."          
    Draken podia notar que o elfo não mentia, ele "apenas" havia entrado em pânico. Era uma criança ainda. Podia ter tamanho de homem e porte de homem mas estava na cara que ele era ingênuo. Muito ingênuo.     
    Não havia más intenções, mas mesmo assim quem havia pagado por tudo isso era seu velho cavalo. Pobre animal. E tudo por causa daquele grifo...     
    Draken ouviu passos metálicos. Grevas batendo no solo. Deviam ser os guardas da cidade.     
    Soltando o cinto que prendia as mãos e os pés do elfo, Draken disse: "Não será necessário pagamento pelo que já aconteceu. Nenhum dinheiro pagaria a vida de um amigo. Mas, esse seu grifo. Ele é uma ameaça!!! Deve aprender a não fazer mais isso. Por isso, ele aprenderá do pior jeito, e pagará caro por isso".          
    "Como? O que você quer dizer com iss..."     
    "GUARDAS!!!!! GUARDAS!!!!"     
    "NÃO!!! POR FAVOR!!!! Eles não podem levá-lo! Por favor, Pare!!!!!!! Eles vão machucá-lo!!”.   
    Parece que até que enfim a sorte havia sorrido para o nômade, os guardas estavam fazendo ronda no perímetro da cidade naquele momento, como ele havia imaginado. Múltiplos passos rápidos podiam ser ouvidos. Os guardas estavam vindo!     
    Antes mesmo de o elfo conseguir correr em direção ao grifo, para tentar uma fuga, ele foi derrubado por uma boleadeira, que o atingiu na altura dos tornozelos. O baque do corpo de seu mestre caindo no chão foi o bastante para despertar o grifo, o que foi inútil, pois ele desmaiava instantes depois, quando foi atingido por um dardo tranqüilizante que podia derrubar até um quelicerossauro.     
    - Obrigado. Vocês chegaram bem a tempo.     
    - Certo, certo... - disse o líder dos guardas, com cara de desprezo
    - E você é...????     
    - Claro, desculpe. Draken, sou um viajante senhor.     
    - Hum... E esse cara, é um elfo, e o bicho que derrubamos é um grifo, certo?     
    - Sim senhor. É o que parece.     
    - Hmmm... - murmurou consigo mesmo enquanto colocava os dedos no queixo de forma pensativa.     
    - ...     
    - Grifos são as criaturas mais velozes de toda Arton.....     
    - Eu acho que sim, mas o que o senhor quer dizer com isso?     
    - Bom... Acho que voces vão ter que servir... Bem, venha comigo. Eu tenho uma proposta que você e o elfo não vão recusar.

Personagens:

Lawkan

Draken