Is real escrita por Emily Rhondes


Capítulo 19
Tem uma primeira vez pra tudo


Notas iniciais do capítulo

KYLE ♡



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— Estou morrendo de fome, cadê o raio da comida? - Louis pergunta, apoiando o cotovelo na mesa.
— Calma, esfomeado. - Alex zomba, e ele revira os olhos.
— É que as vezes os polvos se rebelam. Devem ter planejado um motim. - Ab diz, sem dar importância.
— O que? - Lana arregala os olhos. - Polvo?
— Motim? - Ethan ergue as sobrancelhas.
— Ah. Dei spoiler do que será a comida. Mas não importa. Ali vem eles. - Ab se levanta, e vai até onde os cozinheiros colocam as penelas.
Lana quase vomita quando chega perto. Vários filhotinhos de polvo cinza remexiam nos diversos caldeirões.
— Que delícia. - Ab sorri, e pega um prato, e um homem com olhos puxados pega um polvo do caldeirão, e corta seus tentáculos em vários pedaços, e eles continuam se mexendo, assim como o polvo que é colocado em uma grande caixa térmica.
— Meu Deus. - Lana bate na testa. - É normal estar se mexendo?
— Totalmente. - Ab sorri, e faz sinal para eles pegarem também. Ethan dá de ombros, e pega um prato, assim como Noah e Kyle.
— Tenho uma rígida política de não comer nada que se mexa. - Lana diz, tapando a boca pra conter o vômito.
— Ahh, que frescura. - Ethan pega os pedacinhos do polvo com um garfo, e enfia na boca. Lana fecha os olhos pra evitar colocar tudo para fora.
— Não como isso nem que me matem. - Cal anuncia, sentando na mesa, e Lana o segue.
— Você vai comer? - Lana ergue uma sobrancelha pra Louis que encarava os tentáculos dançando em seu prato.
— Estou com tanta fome que comeria um cachorro.
— Ainda bem que isso não é um pobre cachorro. Come. - Ab sorri, e Louis espeta a coisa cinza.
— Acho que preferia o cachorro. - Ele diz, e coloca a coisa na boca. - Beu Beus, ba bexendo! - Ele pula no lugar, se forçando a mastigar. - Espera. O gosto é bom.
— Que nojo. - Lana faz uma careta, mas não consegue evitar de sorrir.
— Ei. Você sorriu. - Louis sorri, e ela sente seus olhos brilharem. Era a primeira vez que sorrira desde o avião. - Que bom.
— Cal. É gostoso. Acredita em mim. - Noah diz, empurrando o prato pra perto dele.
— Nem a pau.
— Tem medo de polvos? - Cal a olha, esfregando a nuca. - Mentira. Você não tem medo de polvo.
— Polvos conseguem matar tubarões. - Ele diz, e Noah ri, oferecendo o garfo a ele.
— Vença seus medos. Coma um polvo. - Ele revira os olhos, e pega o garfo, e o sorriso dela só aumenta. Ele enfia o animal na boca.
Imediatamente ele faz uma careta, e Noah ri mais.
— Aposto 20 pratas que não come esse prato todo. - Alex sorri.
— 20? Cara, são tentáculos vivos.
— 40. - Louis reforça.
— Fechado. - Cal segura o garfo com mais força, encarando o que um dia foi um polvo inteiro.
— Não vai querer que todos saibam do seu medo de polvos, não é? - Noah sussurra, e Cal a lança um olhar bravo.
— Medo de polvo, é? - Louis sorri, e os olhos de Cal ficam vermelhos de raiva. Foi o único que ouviu com sua super audição.
— Não acredito! - Ethan gargalha, tombando a cabeça para trás. - Um tubarão-tigre com medo de um polvosinho. Pelo amor de Deus, Cal.
Os dentes de Cal dão lugar a presas afiadas e raivosas. Ele agarra o prato, e vira de uma vez na boca. Seu rosto volta ao normal, e Cal faz uma careta, mastigando tudo.
— Meu Deus. - Ele resmunga, se segurando pra não cospir tudo.
— Ah, que droga. Eu não comeria tudo nem que me pagassem, que nojo. - Alex diz, colocando uma nota de 20 e Louis completa com outra.
— Não valeu a pena. - Ele lrvanta a cabeça, sentindo náuseas revirarem seu estômago.
— Cal, você tá bem? - Lana arqueia uma sobrancelha, tocando suas costas.
— Estou. - Ele assente, com uma cara enojada, e ela ri.
— Ele está bem, ganhou 40 dólares só pra comer um povinho. - Alex sorri maliciosamente.
— Americanos são todos iguais. - A avó de Ab aparece, segurando uma forma redonda. - Cheios de frescura. Não podem nem ver um polvo vivo que querem encher de petróleo e jogar fora. O comandante Golab mandou dar isso a vocês, poque por mim, morriam de fome.
Ela coloca a forma de pizza na mesa, e sai andando.
— Podia ter nos dado isso antes de eu comer esse prato de nojeira. - Cal diz, abaixando a cabeça. - Se eu comer mais alguma coisa, eu vomito, sério.
— Tem uma espécie de polvo que come suas entranhas se você o comer vivo. - Kyle diz, e Cal levanta a cabeça bruscamente, os fazendo rir. - Uma das desvantagens de ser irmão de uma Wikipédia chata é que você é obrigado a decorar todas as espécies de polvo do mundo. - Seu celular notifica uma mensagem, e ele a lê.
"Kylan estava chorando. Aquele mesmo motivo. Liga pra ela. Amo você. ~ Jordan" - ele fita a mensagem por alguns segundos. Kyle odiava quando ela chorava. E agora, a 12 mil quilômetros de distância, era pior, sem ele lá para reconforta-la.
Até que o celular de Cal toca, o tirando de seus desvandeios.
— Alô? - ele faz uma pausa, e seu rosto adquire um semblante preocupado. - Achou o endereço? Achou Grace? - Outra pausa. - Okay, okay. Vamos pra lá agora. - Ele desliga. - Ouviram?
— Ouvimos. - A voz de Lana vacila.
— Vamos nos preparar. Agora. - Ele levanta, e todos os seguem, menos Lana, que continua parada, fitando a mesa.
— Vou pegar o carro. Me encontrem lá em cima. - Ab diz, saindo também.
— Lana? - Couty diz, vendo-a parada.
— Eu não estou pronta pra isso. Cal tem razão.
— Ah, Deus. - Ele volta, se sentando a seu lado. - Lana, agora não é hora de crise existêncial... Temos que ir...
— Couty. - Ela nega, de olhos arregalados.
— Tudo bem. Vamos conversar no caminho. - Ele a segura e passa um braço por suas costas, a forçando a andar. - Lana. Não deixaríamos você vir se acreditassemos que você não pode se virar. Mantemos você a vida toda numa bolha, e quando você fugiu para ir a festa, você rompeu esaa bolha. Todos os demônios podem te alcançar. E você está viva. Sobreviveu ao Campbell no elevador, ao tiroteio na festa... - E várias coisas que ele nem sabia, tipo descer rolando de uma escada - Você é forte. Tem poder. Se liberte.
— Eu tenho poder. - Ela repete para si mesma. Não era hora para lágrimas. Ela tinha uma missão. Tinham gente para proteger.
E pela primeira vez, ela se sente livre. Não era ela a protegida. Protegeriam outra pessoa. Ela protegeria alguém.
— Isso mesmo, Kesearker. - Ele a lembra, e Lana anda mais rápido para chegar no quarto.
— Obrigada. - Ela sorri, e entra no quarto.
— Essa é minha garota.
Lana coloca uma leggin preta e uma regata cinza, e penteia o cabelo loiro.
— Eu consigo.
— Você consegue. - Louis concorda, sem olha-la. - Pega as cordas, por favor?
— Cordas? - Ela ergue uma sobrancelha, e obedece, o dando uma corda azul.
— Gosto de estar sempre preparado. - Ele mostra o cinto onde havia bandagens, uma arma, a corda, um canivete e outras coisinhas que poderiam ser úteis. Lana dá de ombros.
— Vamos? - Kyle aparece na porta. Ele só carregava um coldre com uma pistola. Não precisaria muito mais que isso. Ele, e tudo que ele tocasse, ficaria invisível.
— Sim. - Lana diz, e Louis a olha.
— Vamos. - Ele concorda, e entrelaça seus dedos.
Todos seguem pelo caminho que vieram. Cal combinava estratégias de reconhecimento de área com Kyle e Alex, mas Lana só conseguia prestar atenção nos olhares dos indianos no caminho.
Quase todos eles eram refugiados. E sabiam quem eles eram, e como vieram ajuda-los. E ela podia ver em seus olhos gratidão. Isso a motivou mais. Ela ajudaria essas pessoas. Salvaria-as.
— Que demora. Entrem! - Ab diz, destacando a porta do jipe grande.
— Okay, me escutem. - Cal se vira para trás. - O lugar é afastado. É uma favela. Tentem atrair o menos possível de atenção. Vamos fazer reconhecimento da área, e vamos achar Grace. Certo? - eles concordam.
As mãos de Lana tremiam. Ela não queria que ninguém visse, então coloca em baixo das pernas e contenta-se em olhar a cidade. É uma linda cidade bem iluminada e colorida. De acordo com o GPS não ficava muito longe, mas pareceu uma eternidade com toda ansiedade irradiando de seu peito.
Finalmente eles chegam até uma casa de madeira velha. Ela tinha apenas um andar, e a madeira de carvalho escura parecia velha. Algumas janelas estavam quebradas, e a porta estilhaçada no chão. A casa mais próxima nem podia ser chamada de casa, e estava à uns 100 metros. Ab desliga o motor devagar.
— "Você chegou ao seu destino."— A voz do GPS indica.
— Que linda casa. - Jaden diz, abrindo a porta.
— Esperem. - Ethan diz. - Quem vai ficar aqui com o Ab?
No mesmo instante cabeças se voltam pra Lana, que revira os olhos.
— Fique aqui. - Alex diz, sorrindo. Ela os observa se afastar do carro entre as moitas.
— Noite bonita, né? - Ab diz, e ela revira os olhos.
— Ótimo.
Eles se comprimem contra a parede, e Cal faz sinal para esperarem. Ele abre a porta rápido, e coloca a arma na frente, depois a cabeça. Até caras com super poderes usam armas.— Lana pensa.
— Limpo. - Cal sussurra, e eles o seguem pra dentro da casa.
Antes de toda a bagunça, devia ter sido um lugar arrumadinho. A casa era grande, com vários quartos para várias pessoas. Um rastro de destruição era suas únicas companhias.
— Isso é sangue? - Alex pergunta, apontando para uma cadeira derrubada que foi banhada um líquido vermelho escuro.
— Sim. - Cal diz, tirando as garras e os dentes para fora.
— Ouvi algo. - Louis diz, e todos param. - É uma... oração. Vem daquele quarto. - Ele aponta para o último cômodo com a porta fechada.
— Vou abrir no três. - Cal diz, segurando a maçaneta. - Um... Dois... Três!
Ele a abre, e Alex pula pra dentro do quarto apontando a arma, e uma garotinha no chão solta um berro, se encolhendo no canto.
— NÃO SE APROXIME! - Ela grita, entre lágrimas.
— Grace? - Louis pergunta, fazendo sinal para abaixarem as armas, e dá um paço à frente . - Grace, nós somos da P.A.A.N...
— Mentira! Vieram me levar! - Ela se levanta. - Estão vendo a água?
Ela aponta pro chão, e eles olham. O chão estava molhado.
— Água. Que medo. Vamos, garota... - Jaden diz, ameaçando ir até ela. Cal o segura no mesmo instante que uma bola elétrica surge nos dedos da garota.
— Jaden. A menos que queira virar churrasco, pare.- Jaden revira os olhos.
— Mas que droga, menina, sabia que eu vôo? Se eu quiser te dou uns tapas agora. Queremos te... - ela aproxima a mão do chão.
— Não! - Kyle grita. - Jaden, cala a boca!
— Vou fritar eles, menino, não se mexe.
— Grace... Você... Gostaria de ter uma amiga? - Louis pergunta, sem se mexer.
— Uma amiga? Menina?
— Sim. Você não tem medo de uma garotinha, não é?
— Depende.
— Ela não faz mal nem a uma formiguinha. Você quer conversar com ela?
— Hum... Sim. Só se ela for legal.
— Certo. Lana, precisamos de você. - Ele olha pra cima, rezando para o poder dela não os deixar na mão agora.
E no mesmo instante ela ouve.
— Louis me chamou. Fique, aqui, Ab!
— Ahh, nossa conversa sobre mim estava tão interessante!
— Nem tanto.
Ela entra na casa, e segue olhando todos os cômodos até ver Kyle imóvel na porta.
Ela corre até lá, e ele faz sinal para ela não fazer movimentos bruscos. Ela estranha, e vai até lá devagar, notando a água no chão.
— Oi. Então, precisamos que você dê uma de mãe. - Ele sussurra, e ela vê a garotinha com as mãos elétricas perto da água.
Um arrepio percorre suas costas.
— Okay. - Ela respira fundo. Calma. Slave seus irmãos. Salve seus amigos. Salve todo mundo. É só ter calma.— Oi, Grace, não é?
Ela assente, indecisa.
— Meu nome é Lana. Você tem 6 anos?
— Tenho.
— Sou um pouquinho mais velha. - Ela olha para o pé de Cal. Ao seu lado, tinha um coelhinho encharcado. Ela o pega. - Esse é seu amigo? - Grace assente. - Qual o nome dele?
— Bjard. - Sua voz treme. Ela estava com medo.
— Uau, que nome legal. Ele está molhado, né. Toma. - Ela o entrega, e a outra mão tremendo o segura. - Olha, Grace, há alguns dias você enviou uma mensagem pra mim. Eles levaram seu irmão?
— Levaram. - Seus olhos se enchem de lágrimas.
— Não chore. Nós estamos aqui para te ajudar a acha-lo. Você está com fome? - ela assente, - Então deixe eu...
Lana se levanta bruscamente, e com a outra mão, ela ergue o punho.
Lana para no mesmo instante.
Lana faz uma careta, sentindo uma pontada de dor no estômago. Era como se alguém a tivesse dado um soco. Isso faz seu joelho dobrar, e ela se contorce, se apoiando na mesinha.
— Lana? - Cal ameaça ir até ela, mas Grace lança um olhar flamejante a ele.
— O que você está fazendo comigo..? - Suas mãos tremendo ameaçam falhar.
— Estou te desligando.
— O que? - Louis arregala os olhos, e uma gota de suor gelado escorre de sua testa, e ela tem que se segurar para não vomitar. Lana respira rápido, como se o ar estivesse sendo sugado de seus pulmões.
— E-Eu sou sua amiga...
— Pare! - Louis grita, e ela arregala os olhos. O raio em sua mão se enfraquece, como se tivesse vacilado.
— Grace... O que você está fazendo...? - Ela sussurra, com os olhos pesados. Eles se embassavam aos poucos. - Grace, você não quer me matar... Você quer seu irmão... - A voz de Lana sai fraca, e todos se seguravam para não dar um tiro na menina. Lana faz sinal para eles ficarem parados.
Grace começa a chorar, e a energia em sua mão se apagava cada vez mais.
— Você está... com medo... eu entendo.. - Era como se tivessem colocado uma rocha enorme em suas costas. - Eu também tenho medo... Mas... Nós podemos te ajudar... Resgatar seu irmão... Você não quer ele de volta? Ou quer focar aqui pra quando Zod voltar e te matar?
— Não. - Ela nega.
— Então me solte...
— Desculpe. - ela sussurra, e repentinamente o ar volta para seus pulmões e ela cai nos braços se Cal.
— Lana... - Ele a mantem em pé, sustentando todo seu peso com os braços.
— Eu estou bem. - Ela firma os pés no chão, e continua apoiada em Cal. Seus músculos estavam dormentes e ela não sentia nada.
— Grace... Vai vir com a gente? - Ela pergunta.
— Vou. Desculpa. Eu não queria...
— Tudo bem, Grace. - Ela oferece a mão a ela, que segura, como se fosse sua mãe.
— Você está bem? - Alex pergunta, tocando suas costas.
— Sim.
Ela passa os braços em seus pescoços, e eles a carregam pra fora devagar.
— Você mandou bem. - Alex sorri.
— Quase morri.
— Tem uma primeira vez para tudo. - Cal ri.
Grace senta do seu lado no carro, perto da janela. Ela olha as estrelas de um jeito adorável, com as mãos tamborilando nos braços.
— O poder dessa garota é incrível. - Louis sussurra a Ethan, que assente.
— E assustador. Ela pode matar as pessoas com o punho? Meu Deus. Essa é nova.
— Sabem o que é mais estranho? - Noah sussurra. - Ela é como Louis. Têm dois super poderes.


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