Uma Noite de Amor escrita por Amélia


Capítulo 2
Campo: Lugar da Paixão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Amélia Borelli, 24 de agosto 17:00 horas.

Estava indo ao encontro das líderes de torcida, como todos os dias às 17:00 horas ia.

Tinha entrado para a equipe não havia muito tempo, menos de um ano. Sempre fui apaixonada por toda aquela habilidade das garotas, era algo nada fácil, precisava realmente ser muito boa. Na minha cabeça eu não tinha chances, mas até que com treinos e mais treinos, fui aceita na equipe. Tenho que admitir, sou muito boa no que faço e com o auxilio que tive da minha amiga Lorena, fiquei melhor ainda.

Conheci Lorena, assistindo aos treinos das garotas. Ela percebeu o meu interesse e se ofereceu para me ajudar a entrar no grupo. Desde então, viramos inseparáveis.

Nossos ensaios eram realizados no colégio mesmo, à tarde, por isto tive que voltar correndo para lá, pois já tinha saído de casa atrasada. Como sempre!

Eu não conseguia esquecer o garoto novo, descobri que seu nome era Leonardo, por causa da professora que o fez se apresentar a sala. Ele ficou preso em meus pensamentos e não havia nada que o tirasse. Não fazia muito sentido um garoto permanecer tanto em minha cabeça. Bom, talvez um pouco de treino pudesse fazer com que eu dispersasse dos meus pensamentos. Estava totalmente enganada, porque quando fui andando pelos corredores do colégio rumo ao gramado, onde ensaiávamos, Leonardo estava vagando por lá.

Uma onda de calor subiu em meu corpo, e de repente ficou muito calor naquele ambiente.

Não sabia ao certo o que fazer se fingia que não o tinha visto, se o cumprimentava. Afinal, para que tanta interrogação nisso? É apenas um garoto!

Antes de resolver o que iria fazer, ele se aproximou e acenou. Parece que ele tinha ficado mais lindo de umas horas para cá, e eu não havia reparado, mas agora percebendo, ele era muito alto. O que o deixava mais maravilhoso. Foco Amélia!

Retribui seu aceno com um sorriso discreto e meio tímido, e pelo jeito eu já estava corando, por isto apressei meu passo para que ele não percebesse. Tarde demais.

Ele já tinha percebido e deu um sorrisinho de canto. Até nisso esse menino é lindo.

Meu coração estava muito acelerado, comecei a suar, e ficar com borboletas no estômago. Isso tudo pelo sorriso de Leonardo. Eu nunca tinha sentido isso em minha vida, até pensei que estava passando mal. Mas o causador dos sintomas que estava sentindo tinha um nome. E era Leonardo.

Seria possível alguém se apaixonar por tão poucas falas, tão poucos gestos? Por alguém que você mal sabe quem é. Isso seria passageiro? Seria platônico?

Mil pensamentos invadiram minha cabeça, eu só queria abraçar aquele menino e falar o que estava sentindo. Queria lhe conhecer, saber de seus gostos, saber como é ser tocada por ele. Saber como ele é. Era paranóia de minha parte, mas não podia enganar o que estava sentindo.

Eu já estava muito atrasada para o treino, com certeza Viviane, nossa digamos "treinadora", não iria gostar nem um pouco disso tudo. Estava encrencada.

Cheguei ao gramado e as meninas estavam se alongando, porque não se começa o treino sem que alguma esteja ausente, já que faltando uma integrante, desmancha toda coreografia da dança.

Quando estava amarrando o cabelo senti alguém se aproximar, era Viviane com uma expressão nada boa.

AMÉLIA JÁ SÃO 17:15, VOCÊ ESTÁ ATRASADA 15 MINUTOS! PERDEMOS 15 MINUTOS DE ENSAIO POR CAUSA DE VOCÊ, OU JÁ SE ESQUECEU QUE VAI TER JOGO NESSE FINAL DE SEMANA?!!— disse Viviane aos berros.

Tentei pensar em alguma desculpa rápida, mas fui interrompida por sua voz.

— Quer saber? Vai pro seu lugar porque não vai adiantar nada ficar chamando sua atenção, só vamos perder mais tempo. Pro canto já!

Viviane era a ‘’treinadora’’ das líderes de torcida, a mais popular da escola, ninguém se atrevia a mexer com ela porque sabia que a patricinha iria fazer você sofrer, apenas por discordar de suas ideias. Ela é a pessoa mais esnobe, metida, presunçosa que eu já conheci. Faz de tudo para ficar no "poder". Eu realmente só a suportava porque ser líder de torcida era minha vida e eu amava o que fazia, não era nenhuma Viviane que iria tirar isso de mim.

Às vezes eu acho que ela me odeia, pois tudo o que eu faço ou falo, ela me puni de uma forma mais severa do que as outras garotas. Mas eu tinha que aguentar aquilo quieta se quisesse continuar na equipe.

Viviane era do terceiro ano, ou seja, faltava apenas seis meses para ela sair do colégio. O que significava paz e mudanças.

Ela era uma excelente líder de torcida, mas o que a prejudicava era aquela mesmice de sempre nas coreografias. Por que não inovar? Tantas ideias que poderiam ser postas em práticas, conforme as apresentações. Além disso, temos a maior competição de dança anual de todas as escolas, daqui a três meses. E a única coisa que Viviane faz, é querer fazer o mesmo de sempre. Do ano passado, retrasado, etc.

Fazia pouco tempo que eu tinha entrado, mas antes sempre assistia às competições e aos ensaios. Era sempre a mesma coisa, nunca mudava nada.

Dançar é uma arte. São seus sentimentos, sua vida, emoções em forma de ritmos e movimentos corporais. É alegria. E do jeito que as coisas andavam, não ganharíamos prêmio este ano.

Eu queria poder fazer algo para mudar aquilo, mas eu não tinha voz para nada, ninguém tinha. Então por enquanto, teria que aguentar as ordens de Viviane, afinal, faltava apenas seis meses.

Depois de tantos gritos e falas da nossa querida Viviane, ela nos liberou, mas fez questão de acrescentar que não aceitaria mais nenhum tipo de atraso e que isso levaria de imediato a punição, e dependendo do caso, expulsão. E claro, quando ela falou em ''expulsão'', estava se referindo a mim.

Quando estava indo para o vestuário, para minha surpresa encontrei quem eu mais estava pensando o dia todo, Leonardo. Ele estava encostado perto das arquibancadas me observando atentamente. O que ele estaria fazendo ali?

Leonardo Velasques, 24 de agosto.

As inscrições para os times do colégio estavam abertas, eu era bom em quase todos os esportes, mas tinha uma paixão especial por futebol e basquete. Meu pai era técnico do Savage Futsal Club, um time do colégio rival ao meu. Já tinha ido algumas vezes assistir a alguns jogos, os caras eram muito bons não podia negar. Afinal, não só por ser meu pai, mas ele era um ótimo técnico.

Eu nunca tive oportunidades de participar de algum time seja qual for eu sofria bullying pesado na antiga escola, os garotos nunca me deixavam entrar para nenhum esporte. Eu era agredido verbalmente e fisicamente, tentei diversas vezes falar com os meus pais, mas eles nunca acreditavam. Era sempre exagero da minha parte para eles, sofri por bastante tempo calado até que minha mãe percebeu a gravidade da situação e me tirou daquele lugar. Agora que estou em um colégio novo, parece que eu posso tudo. Mesmo com aquele frio na barriga, eu posso.

Era como se eu tivesse toda a liberdade do mundo com apenas um dia naquele colégio. Eu nunca havia me sentido dessa forma.

Por isto, resolvi me inscrever para entrar em algum time da escola. Depois da última aula fui me informa sobre como poderia participar. Para minha surpresa enquanto estava andando pelos corredores, um pouco perdido, encontrei Amélia, a menina que achara que a tinha espantado por ter soado talvez um pouco grosseiro.

Ela era tão linda, que desde que a vi, não saiu dos meus pensamentos. É a garota que mais me chamou atenção até hoje, e se eu pudesse, olharia sua beleza para o resto da vida. Tudo bem Leonardo, você está muito meloso.

Parecia que ela estava apressada para chegar a algum lugar, e pelo seu uniforme azul e branco deu para perceber que era uma cheerleader. Bem sua cara mesmo.

Eu havia sido um pouco grosseiro hoje mais cedo, não propositalmente, mas sim pelo meu nervosismo por ela ter me cumprimentado. Eu não podia deixar que ela tivesse uma impressão ruim de mim, jamais. Então resolvi acenar para que ela percebesse que eu queria me aproximar dela cada vez mais.

Quando ela me notou um gelo em minha barriga se apossou de mim. Eu estava suando muito, mais e mais.

Ela respondeu dando um sorriso meio tímido para mim, a coisa mais fofa do mundo. E no mesmo instante, suas bochechas começaram a ficar vermelhas e assim ela saiu apressando o passo. Dei um sorriso de canto sem perceber.

Amélia me deixou louco em questões de minutos, apenas no primeiro olhar. Será que estou ficando muito exagerado? O que aquela garota havia feito comigo? Será que eu tento me aproximar dela, ou recuo?

Eu queria realmente saber o que fazer, mas não demorou muito para que uma resposta fosse enviada a mim. Talvez o destino quisesse nos aproximar por algum motivo, não sei pelo qual, só sabia que estava adorando tudo aquilo.

Olhei para o chão e vi que ela tinha deixado cair sua pulseira acidentalmente, lembrei que era dela, pois a notei quando Amélia falou comigo hoje mais cedo. Fiquei um bom tempo olhando para aquela pequenina jóia, rosa com detalhes dourados. Resolvi que iria devolvê-la. Assim teria uma desculpa para conversar com a Amélia. Já disse o quanto amo o destino?

Eu só precisava saber o que falar com ela, e principalmente pedir desculpas pelo ocorrido de mais cedo. Não podia deixá-la escapar. Estava ficando meio nervoso, com medo de fazer algo errado, então preferi ir me informar sobre os times de imediato. Depois iria a busca da Amélia.

Aquela escola era o sonho de qualquer um, armários espaçosos, salas aconchegantes, jardim muito bonito e bem cuidado, ainda não conhecia tudo, mas imaginava que devia ser tudo muito bonito igual aos locais que explorei. Estava louco para visitar as quadras e os campos, deveria ser um sonho.

Chegando a secretaria, perguntei a uma moça morena baixa que consequentemente deveria trabalhar por lá, sobre como eu poderia me inscrever no time, ela me informou que era só dar meu nome e assim que começassem os testes, seria avisado e caso eu passasse, seria chamado pelo técnico do time. Assenti e ela logo me perguntou:

— Para qual time o mocinho pretende entrar? Basquete, futsal ou tênis... Ah, também temos natação caso você se interesse. – a moça ficou me olhando a espera de alguma resposta, mas na verdade eu estava com dúvidas do que eu realmente queria.

Eu tinha quase certeza que chegando ali, iria ser futsal. Mas agora parando bem para pensar, tem basquete, e eu amo os dois esportes.

Durante toda minha vida eu tive influência do meu pai no futebol, como ele era técnico do outro time, sempre quis que eu trilhasse seus caminhos. Mas eu não possa negar que, basquete também faz parte da minha vida. Logo agora que eu poderia orgulhar meu pai em seguir seus passos, não tinha mais certeza se queria aquilo.

Falei para a moça que iria pensar e voltaria depois, eu teria que pensar com muita calma naquela decisão. Pois depois, não poderia voltar atrás.

Lembrei que estava com a pulseira da Amélia no bolso, abri um sorriso, pois só de recordar dela, parecia que toda aquela tensão que estava sentindo, simplesmente sumisse. Então resolvi que seria naquele momento que iria procurá-la.

— Você poderia me dizer onde que as líderes de torcida treinam? – perguntei a mulher, ansioso.

— Claro, elas treinam no primeiro campo. Siga reto, provavelmente de onde você veio, e logo você verá uma entrada para o gramado, vire a direita e encontrará o campo. Não é nada difícil. Só não paquere muito – respondeu gentilmente dando uma piscadinha.

Agradeci rindo e segui suas instruções, realmente não era nada difícil achar o campo, ele era enorme, aquela escola estava me surpreendendo cada vez mais. Logo avistei Amélia com as outras garotas ensaiando sua coreografia. Decidi que ficaria ali a observando, até que terminasse. Confesso que não tirei os olhos dela, ela possuía jeito para aquilo. Parecia que havia nascido para isso. A forma delicada que ela transmitia alegria em seus movimentos, sorrisos, fez meu dia ficar mais colorido. O som do apito invadiu o campo, sinal que havia acabado o treino. Todas as meninas estavam saindo, reparei que Amélia estava um pouco distraída, parecia estar pensando em outra coisa, e por um momento desejei saber o que seria. Mas quando ela me viu, sua expressão foi um pouco assustadora. Parecia que tinha visto um fantasma, ficou branca igual ao papel, mas aos poucos sua forma foi voltando ao normal, e em vez do branco, o vermelho assumiu seu rosto. Não sabia se isso era um bom sinal, fiquei meio inseguro.

Ela se aproximou e lançou o sorriso mais lindo que eu poderia ter visto na vida, seus olhos começaram a brilhar e seu rosto a corar. Vi que ela ficou um pouco sem jeito, eu também estava, meu desejo era beijá-la nesse exato momento. Mas nunca que faria isso, não podia assustá-la.

Por um momento parecia que existíamos apenas nós, não existia garotas e nem muito menos barulhos. Existiam apenas nossos olhares e sorrisos, apenas nossos pensamentos. Havia uma ligação entre mim e ela. Como se precisássemos um do outro, pois dali em diante, eu precisaria de Amélia.


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