Amélia Borelli.

O cheiro de flores inundava o jardim maravilhoso e bem perfumado, não sabia de quem era, mas minha companhia era excelente. Leonardo. As nuvens pareciam grandes algodões branquíssimos da cor de uma folha. O gramado era de uma cor esverdeada misturada com amarelo queimado, algumas pequenas margaridas estavam espalhadas pelo chão sendo balançadas pelo vento um tanto pouco forte. Estava com uma rosa em mãos, o Leo havia me dado. Ele sorria para mim feito uma criança boba quando ganha algum doce de seus pais, mas um pequeno som distante contínuo exalava o lugar. Parecia que só eu o escutava, o barulho cada vez ficava mais forte até que uma onda de claridade me consumiu.

Abri meus olhos com dificuldade, minha cabeça doía muito, sentia alguma espécie de pano mais leve sobre a testa. Eu parecia estar deitada, em minha frente havia uma parede branca com alguns balõezinhos desenhados em linha reta. Ao lado direito daquela digamos, sala, possuía um urso de pelúcia tamanho médio sobre uma pequena mesa. A janela estava entreaberta mostrando uma fresta de claridade, e pelo que deu para perceber, estava à noite.
Eu não conseguia lembrar muito bem o porquê estava naquele lugar, nem ao menos sabia onde estava. Ao meu lado, havia uma mesa estreita com algumas flores em cima da mesma, no meu outro lado havia um aparelho que finalmente pude perceber que era dali que vinha aquele ruído irritante. Mas espera, aquilo não era um aparelho que mostravas as batidas do coração? Olhei para frente novamente e percebi que minha perna estava enfeixada, não só ela, mas como minha cabeça e meu braço direito. Foi aí que dei por mim, eu estava em um hospital.

***

Leonardo Velasques.

Meu coração só havia exibido sensações diferentes duas vezes na vida foram quando vi Amélia pela primeira vez, e a outra quando eu a beijei. O coração gelou de uma forma extremamente indescritível, mas sem sombra de dúvidas as melhores sensações.

Porém, hoje tive a oportunidade de sentir as mesmas emoções, agora infelizmente de um modo diferente.

Ela estava tão alegre se apresentando, embora estivesse um pouco mais nervosa que o normal, seus movimentos eram únicos e mágicos. Sua habilidade me transbordava confiança e entusiasmo. Vendo Amélia se apresentar, me passava algo que nunca ninguém tinha me passado: vontade de seguir meus próprios caminhos. Depois de vê-la lindamente em campo cantando e dançando deslumbrante, eu tinha a certeza que escolheria basquete para meus sonhos independente de qualquer coisa. Mas algo aconteceu. A abertura do jogo não foi concluída.

Algo fez com que uma das meninas não a segurasse quando a mesma foi fazer um movimento elevado. Amélia acabou caindo no chão. A pancada fora muito forte, assim quando dei por mim, estava fora das arquibancadas indo de encontro com minha amada.
Vê-la daquela forma, foi de partir meu coração. Se pudesse, trocaria de lugar com a mesma sem pensar duas vezes. Seus olhos iam de encontro aos meus, sua boca tentava dizer algo em pequenos murmúrios, mas nenhum som era emitido. Os médicos me afastaram, levando-a para longe de meus braços. Amélia me olhava assustada. Em seu rosto transbordavam algumas lágrimas, cerrando em seguida seus olhos. Comecei a suar, de uma forma que minha camiseta ficara ensopada de suor. Nervosismo tomou conta de mim junto com a preocupação.

Aquele momento, eu tive a certeza que o que eu sentia pela Amélia não era algo passageiro, mas sim um amor puro e verdadeiro.