Ligações Perigosas escrita por Maria Gellar


Capítulo 7
O confronto


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores! Como prometido, estou postando com frequência enquanto tiver alguém acompanhando a fic hehehe Espero que estejam gostando e, por favor, não sejam leitoras fantasmas, ok?

Neste capítulo, tem a música Behind Blue Eyes do Limp Bizkit

Aproveitem a leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/721375/chapter/7

Chegamos à minha casa totalmente derrotados: as roupas amassadas, Derrick estancando o sangramento no braço, eu segurando meu salto nas mãos e ambos descabelados.

Obviamente voltamos do baile mais cedo do que o previsto e meus pais ainda estavam acordados.

Passamos da porta e Felícia, vestindo seu roupão de seda bege, ficou aterrorizada em nos ver daquele jeito.

— Oh meu Deus, o que aconteceu com vocês?! — perguntou ela levando a mão à boca, apavorada.

Roger apareceu em logo em seguida, provavelmente atraído pela movimentação no hall de entrada da casa.

— Eles tentaram me sequestrar no baile. — respondi, abraçando a mim mesma — E Derrick foi atingido por um tiro.

Minha mãe largou um “meu Deus!”, incrédula no que eu noticiava.

Meu pai, por outro lado, estava inexpressivo – o que era estranho considerando que eu havia sofrido outra tentativa de sequestro.

— Derrick, qual a profundidade do seu machucado? — perguntou, com o olhar indecifrável.

— O tiro pegou apenas de raspão. Nada grave. — ele respondeu, ainda segurando o braço.

— Hm... Vou pedir para Matilde que cuide deste ferimento e depois iremos conversar. — Roger se virou para mim — Anne, vá para seu quarto.

— Que conversa você vai ter com ele? — indaguei, preocupada — Eu quero ficar!

— Annelise, vá agora para o seu quarto. Não irei mandar de novo. — ele repetiu com o tom imperativo.

Uni as sobrancelhas com irritação e subi as escadas em passos fortes que ecoavam pela casa.

Dezenove anos e meu pai ainda me manda para o quarto para que eu não escutasse conversas...

Tomei um banho quente, porém, não conseguia parar de imaginar o que meu pai estava tratando com Derrick que eu não poderia ouvir.

Depois de colocar minha camisola preta de cetim com renda no decote, tomei uma decisão nada honrosa: escutar a conversa escondida.

Desci as escadas com destreza para não fazer barulho e percebi que eles conversavam na biblioteca. A porta estava entreaberta.

Me encostei perto dela e ouvi:

— Isto é um absurdo! Como você deixou eles chegarem tão perto a ponto de seguirem vocês? — meu pai falava com o tom de voz alterado para Derrick.

— Senhor, a equipe de empregados do baile foi substituída em cima da hora, tirei a Srta. Vitter de lá assim que percebi que algo estava fora do planejado. — ele se explicava com a voz calma.

— Mas não foi o suficiente! Você demorou demais e inclusive foi baleado! Tem noção do que eu faria com você se Anne tivesse sido atingida por uma bala perdida?! Eu te destruiria!

Derrick ficou quieto e o silêncio pairou por poucos segundos, que foi quebrado pelo meu pai:

— Sr. James, você não conseguiu cumprir seu trabalho corretamente. — agora ele já parecia mais calmo e sereno — Acredito que terei...

Antes que meu pai pudesse terminar a frase, empurrei a porta e interrompi o diálogo.

Os dois me olharam prontamente.

— Isso não é verdade! — vociferei — Derrick me protegeu da melhor maneira que ele pôde, tanto que estou sã e salva por causa dele!

— Anne, volte para o seu quarto. — Roger me ordenou, sempre autoritário.

— Não, eu vou voltar para o meu quarto, estou cansada das pessoas sempre tomarem as decisões sobre a minha vida sem nem me ouvirem.

O Sr. Vitter respirou fundo e perguntou:

— Tudo bem, Anne, o que você tem a dizer?

— Que Derrick fez um bom trabalho hoje e não há motivo para esta discussão.

O motivo da conversa apenas observava o diálogo e não se atrevia a se manifestar.

Roger deu um breve risinho diante de minha resposta.

— Você não o suportava há cinco dias e agora está o defendendo?

Engoli em seco lembrando do que tinha acontecido entre nós no baile e como aquilo havia modificado, em parte, a maneira como eu me sentia sobre Derrick.

Entretanto, por motivos óbvios, eu não poderia contar ao meu pai.

— E ainda não o suporto. — respondi com convicção — Mas não acho justo você o repreender sendo que ele não fez absolutamente nada de errado!

Meu pai bufou e levantou o dedo indicador em minha direção, dizendo:

— Annelise, você não te...

— Ele levou um tiro por mim! — gritei, interrompendo-o.

O silêncio pairou e os dois me fitaram, inexpressivos.

Continuei, agora com a voz calma:

— Se isso não é o suficiente para convencê-lo que ele fez tudo o que pôde hoje, não sei o que pode.

Roger olhou pausadamente para Derrick e depois para mim, suspirando.

— Vamos nos recolher para dormir. Todos tivemos uma noite cheia. — e ele saiu do escritório em passos rápidos.

Restaram apenas eu e Derrick no escritório, agora, silencioso.

Nos encaramos e eu aguardei que ele dissesse alguma coisa ou, no mínimo, me agradecesse por defende-lo.

Mas ele não o fez, somente deu passos em direção à porta.

Sua expressão era fria, como se nada pudesse transpassa-la, o que eu não compreendia.

Quando ele atingiu a porta, quase saindo totalmente do escritório, eu falei sem me virar para olhá-lo:

— Não faça eu me arrepender disso.

Acredito que ele tenha entendido que eu me referia ao fato de tê-lo defendido.

Após, escutei o leve bater da porta que me informava que ele havia saído de vez do cômodo.

Suspirei e pisquei deliberadamente na tentativa de colocar os pensamentos no lugar.

Toda aquela situação estava fora do esperado, as reações também. Não me restava mais nada a não ser subir e dormir.

•••

Eu não conseguia dormir. Mais uma vez. A insônia sempre me visitava quando eu tinha algum conflito com Derrick. Obviamente o motivo da minha falta de sono não era apenas a conversa no escritório, mas também toda adrenalina que senti na perseguição dos sequestradores.

Eu me virava de um lado para o outro, porém, sentia meu cérebro agitado com todos os acontecimentos da noite passando como num filme rápido em que eu não conseguia me concentrar em apenas uma cena.

Lembrei-me do beijo que Derrick me deu de forma repentina. Aquilo permanecia uma incógnita para mim. Tudo bem que nós nos entendemos por breves momentos, mas não o suficiente para resultar num beijo. É claro que ele deveria ter uma explicação plausível para tal.

“Eu desisto”, pensei. “Desisto de tentar entende-lo e de dormir. Preciso fazer algo a respeito.”.

Eu não dormiria tão cedo, pelo menos, não enquanto não conseguisse calar meus pensamentos.

Resolvi, então, ir à fonte do problema.

Com cautela, saí do meu quarto na ponta dos pés e parei na segunda porta. A casa estava quieta e escura, a não ser pela baixa iluminação que vinha do primeiro andar.

Engoli em seco e ergui o punho para bater na porta. Hesitei. Pensei duas vezes no que eu estava fazendo ali. Isso era loucura!

Virei-me para retornar ao quarto. Mas do que adiantaria? Eu não iria dormir até conversar com ele, e tentar compreender todos os acontecimentos daquela noite.

Girei o corpo mais uma vez, ficando de frente para a porta e dei duas batidas leves na porta para não acordar meus pais.

Respirei fundo e fiquei ereta, me preparando para quando ela fosse aberta.

Ela abriu-se e fiquei com a boca aberta quando olhei o que estava me encarando do outro lado.

Derrick vestia apenas uma cueca boxer preta, deixando exposto todo o seu tronco e braços definidos, sendo que o direito estava com um curativo amarrado no local onde ele havia levado o tiro de raspão.

— Oh meu Deus, você está quase nu! — exclamei, virando rosto e cobrindo a minha visão periférica com a mão.

Podia sentir minhas bochechas corando.

— E você está na porta do meu quarto na madrugada. — disse ele, despreocupado — Me pergunto qual de nós dois deveria estar mais surpreso.

Eu continuava cobrindo minha visão quando falei:

— Bem, eu preciso falar com você. — pausei, olhando brevemente pelos espaços nos dedos — Vestido.

Pude ouvir um risinho baixo e, em seguida, ele fechou a porta.

Finalmente parei de cobrir meus olhos e soltei o ar abruptamente. Meu Deus do céu! Eu demoraria séculos para esquecer a imagem do corpo definido e bronzeado de Derrick a poucos metros de mim. Tão forte, tão homem...

Mais uma vez, a porta se abriu, revelando, dessa vez, um Derrick com uma bermuda azul-claro de pijama e com o tronco ainda exposto.

Apoiado na porta, ele disse:

— É o melhor que posso fazer. — um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios. Parecia que ele estava gostando da situação.

— Tudo bem, posso lidar com isso. — chacoalhei a cabeça para me desvincular da ideia que ele estava apenas de bermuda falando comigo.

Derrick deu passagem para que eu entrasse e fechou a porta depois que nós dois estávamos dentro do quarto.

Parei de costas para a porta e ele me contornou, tendo ficado à minha frente.

Permanecemos nos fitando por breves segundos até que ele ergueu as duas sobrancelhas e perguntou:

— E então... O que você queria comigo?

— Er... Eu... — apertei os lábios e desviei o olhar, eu estava completamente sem jeito — Eu queria me desculpar pelo comportamento do meu pai mais cedo. Ele foi injusto com você.

DK estava com os braços cruzados e pareceu analisar minhas palavras por um momento.

— Eu já imaginava que você discordava dele pelo o que disse na conversa.

— Sei disso. Só quis reforçar. — dei de ombros.

— Hmmm... — ele estreitou os olhos, parecendo desconfiado — Se era só isso, você já pode ir.

— Acho que posso... Então... Boa noite.

Eu estava completamente deslocada e incrédula com a frigidez que ele estava me tratando. Não era assim que eu esperava que o diálogo terminasse. Aliás, tinha esperança de que o diálogo durasse um pouco mais do que aquela situação vergonhosa.

De qualquer maneira, não me restava mais nada a não ser retornar ao meu quarto.

Quando pousei a mão na maçaneta para sair, Derrick falou:

— Você está assustada com o que aconteceu, não está?

Virei-me e respondi de pronto:

— Aterrorizada. — dei dois passos para me aproximar — Eles nunca chegaram tão perto...

Abracei a mim mesma e olhei para o chão.

Ele se aproximou e colocou suas mãos em meus ombros, me encarando.

— Por que não me conta exatamente o que está pensando?

Eu o encarei de volta e deixei a boca levemente entreaberta antes de me pronunciar.

— Eu não sei, eu...

Derrick continuou prestando a atenção em mim e aguardou para que eu continuasse. Sua expressão dizia algo como “tudo bem, quando você conseguir falar, eu te ouvirei”.

Soltei meus braços ao lado do corpo e, como numa enchente de palavras, confessei:

— É só que eles se infiltraram no meu baile! No meu colégio! Tão perto de mim... Eu estava tão vulnerável, sabe? O que me faz crer que eles, quem quer que sejam, estão cada vez mais perto de conseguirem o que querem: eu! — minha voz estava trêmula e senti lágrimas se acumularem em meus olhos — Sei que você acha que sou mimada e egoísta, mas eu não conseguia dormir e não sabia mais a quem recorrer!

Abaixei a cabeça, porque eu não tive de coragem de observar sua reação diante do meu desabafo.

Derrick pegou meu queixo e puxou meu rosto para que eu o encarasse.

— Não acho que você seja mimada ou egoísta por não ter conseguido dormir depois de quase ser sequestrada. — murmurou com a voz calma e doce — Eu ficaria surpreso se você não se sentisse assim.

Seu tom era reconfortante e fiquei desnorteada com seus olhos azuis misteriosos, o único barulho que eu escutava era de nossas respirações próximas.

Nossos olhares estavam presos um ao outro e aquele era o momento perfeito para mencionar o beijo que ele havia me dado, pois, pela primeira vez na noite, percebi que sua indiferença estava ausente.

— E tem mais uma coisa... — meu olhar desviou-se para seu braço e percebi uma linha vermelha descendo do seu curativo — Você está sangrando! — anunciei, trazendo seu braço para perto de mim.

Ele pareceu surpreso e antes que pudesse se manifestar, puxei-o em direção ao banheiro que havia em seu quarto.

— Venha, tem uma caixa de primeiros-socorros no banheiro.

Parei em frente à pia e abri o pequeno armário que havia ao lado do enorme espelho, tirando a caixa de primeiros-socorros e pousando-a no mármore.

Peguei um algodão e puxei o braço de DK de forma que ele ficasse esticado para mim.

Com delicadeza, enxuguei a linha de sangue que havia escorrido até pouco mais do seu cotovelo.

Não pude deixar de notar seu braço musculoso e que ele havia ficado arrepiado com meu toque.

O curativo de gaze estava com uma bola vermelha indicando uma pequena hemorragia.

Como eu não tinha habilidade em fazer curativos, decidi fazer um novo por cima daquele feito por Matilde.

Alcancei na caixa um pequeno frasco com álcool e borrifei por cima do curativo, pegando mais gaze para cobrir e estancar o sucinto sangramento.

— O que mais você tinha para falar? — indagou ele, enquanto acompanhava meus movimentos.

— Nada que importasse. Deixe para lá. — continuei enrolando a gaze em seu braço sem dar importância ao seu questionamento.

— Você está muito assustada. É claro que importa. — insistiu e achei engraçado ele presumir que o assunto ainda era sobre os sequestradores.

Fechei o curativo com esparadrapo.

— Para mim, não importa, então não irei falar. — examinei o curativo para verificar se eu havia deixado alguma ponta solta.

— Sabe que não te deixarei sair deste quarto sem me contar, certo? — ele esboçou um sorriso pretensioso.

— Tudo bem. — me dei por vencida e joguei o algodão ensanguentado na pia — Por que me beijou?

Eu o encarei séria quando fiz a pergunta e ele ficou desconcertado por um momento.

Derrick soltou um riso baixo e perguntou:

— Era essa sua grande dúvida? — mais uma vez, ele riu.

Fiquei ofendida com a risada e permaneci séria.

— Que você ainda não respondeu.

Ele respirou fundo e tentou fechar o rosto em seriedade, mas um sorrisinho ainda pairava em seus lábios.

— Na CIA, somos ensinados que, quando percebemos risco iminente de sequestro, devemos mostrar aos sequestradores que o alvo está acompanhado de alguém íntimo, entende? Se suspeitarem que está protegida por um segurança, a probabilidade de se aproximarem usando violência excessiva é enorme, justamente pelo fato de saberem que o agente pode revidar.

Eu uni as sobrancelhas e emiti o som de “hm”, tentando absorver suas palavras.

  — Na maioria dos casos, — ele continuou — a simulação de estar em companhia de alguém próximo repele a ação deles, porque os sequestradores preferem entrar em confronto apenas com o alvo e também não querem correr o risco de deixar alguma testemunha do ato, o que seria meu caso.

— Então, o beijo foi isso? Um protocolo? — franzi o cenho enquanto eu tentava esconder meu aborrecimento com sua resposta.

Ele inclinou a cabeça de um lado para o outro rapidamente e respondeu:

— Tecnicamente, sim.

— Nesse caso, por que não contou sobre ele ao meu pai quando ele estava te repreendendo? Algo do tipo “ei, Sr. Vitter, me esforcei tanto para proteger sua filha desprezível que inclusive a beijei”. — falei a última frase com a voz grave, imitando-o e gesticulando com as mãos.

Derrick soltou o ar dos pulmões e deu dois passos à frente, obrigando-me a ir para trás e, por consequência, encostar na beirada da pia.

— Anne, sei que minha resposta não foi a que você queria, mas vamos deixar isso de lado?

Agora, ele já estava prestes a encostar em meu corpo e eu me apoiava na beirada da pia, evitando que o contato acontecesse.

Olhei para cima para o encarar, uma vez que ele era mais alto do que eu e fiquei apreensiva com a aproximação. Quase esqueci de respirar.

— Não respondeu à minha pergunta. — insisti, desviando o olhar que parou em seu peito nu.

Ele se inclinou em minha direção de forma que nossos narizes quase se encostavam e eu podia sentir sua respiração em minha pele.

Nós dois nos fitamos e ele sussurrou num tom sedutor:

— Primeiro: eu não te acho desprezível, é você quem pensa isso de mim. Segundo: ainda que eu explicasse ao seu pai, tenho certeza de que ele não aprovaria a ideia de nós dois nos beijando. — fez uma breve pausa — Não se esqueça de que sou onze anos mais velho do que você. E terceiro...

Derrick desviou o olhar para meus lábios e pude sentir meu batimento cardíaco descompassado. Seu hálito fresco batia contra minha pele branca e eu já estava inclinada ao máximo para trás devido à sua proximidade.

Eu apertava meus dedos na beirada da pia em virtude do nervosismo que tomava meu corpo.

Quando apenas alguns centímetros separavam nossos lábios, eu murmurei com a voz trêmula:

— Qual a terceira coisa?

Ele não respondeu e, gentilmente, encostou seus lábios nos meus. Suas mãos agarraram minha cintura e agora nossos corpos estavam colados. Entretanto, eu estava tão surpresa com o nosso segundo beijo que permaneci com as mãos apoiadas na pia.

O beijo foi suave e calmo, era incrível como nossos lábios se encaixavam perfeitamente e eu pude sentir sua barba por fazer em minha pele.

Ele se afastou um pouco, apenas o suficiente para que nossas bocas se separassem e, num impulso, joguei meus braços por cima de seus ombros e comecei a beijá-lo com fervor.

No one knows what it's like

To feel these feelings

Like I do

And I blame you

Derrick correspondeu ao meu ato e, me segurando pela cintura, me levantou um pouco e me pôs sentada na pia.

Acabei batendo na caixa de primeiros-socorros que se espatifou no chão. Mas nós não ligamos. Nem sequer ligamos para a possibilidade de alguém despertar com o barulho.

Nisso, continuamos nos beijando, ansiosos, e a mão dele percorria minha coxa por baixo da camisola preta de cetim enquanto a minha se entrelaçava em seus cabelos bagunçados e macios.

O gosto da sua boca era único e meu corpo todo se estremecia com o beijo que parecia sem fim. Pude sentir que ele estava tão envolvido quanto eu.

Consegui limpar minha mente de todos os acontecimentos desastrosos da noite e eu me concentrava apenas nos toques dele e em sua língua movimentando-se em sincronia com a minha.

Separei nossos lábios e desci minha boca para seu pescoço. Eu não sabia exatamente o que eu estava fazendo, foi como se eu me deixasse levar pelo momento.

Pude perceber que ele soltou um gemido abafado quando meus lábios depositavam diversos beijos em seu pescoço enquanto eu apertava seus braços. Senti que suas mãos pressionavam minha cintura, puxando-me cada vez mais contra seu corpo.

— Anne... — murmurou ele em meio a um gemido.

Continuei beijando seu pescoço lentamente.

Percebi, então, que DK levou suas mãos aos meus ombros e empurrou-me com delicadeza para olhá-lo.

Não pude impedi-lo, afinal, ele era mais forte do que eu.

— O que foi? — perguntei, ofegando — Algo de errado?

— Muito pelo contrário. — respondeu, também ofegante — Mas acho melhor pararmos por aqui.

Dito isso, ele se afastou totalmente e saiu do banheiro, deixando-me ali sentada na pia sem compreender nada.

Notei que minha boca estava entreaberta, porque eu estava incrédula com aquela reação.

Num pulo com destreza, saí da pia e segui-o para dentro do quarto novamente.

— O que foi isso? Você me beija e vira as costas? — perguntei, observando que ele parecia aborrecido segurando o topo do nariz com os olhos fechados.

— Annelise, você é muito jovem, eu não posso... — agora Derrick estava me olhando com aqueles olhos azuis indecifráveis.

— Não pode o quê? — eu estava ríspida e começando a ficar irritada.

Derrick me segurou pelos ombros e me olhou profundamente nos olhos.

— Não podemos continuar.

— Porque sou jovem? Honestamente, você deveria ter pensado nisso antes de me beijar. — pausei — De novo.

Ele soltou meus ombros e ficou em silêncio.

Também fiquei quieta esperando que ele falasse alguma coisa.

Dei de ombros e falei:

— Tudo bem, se você não me quer, pelo menos deveria ter inventado uma desculpa melhor. Boa noite.

Sem esperar uma resposta, saí do quarto com ansiedade e apenas o escutei chamando-me “Anne”, mas não retornei.

Tranquei a porta do meu quarto e me joguei na cama, afundando o rosto no travesseiro e gritando.

Que ódio! Ele havia me feito de palhaça pela segunda vez na noite! Qual era a dele?

Fui ao seu quarto na esperança de encontrar algum conforto e paz para minha cabeça, porém, consegui o oposto.

Agora eu estava mais alerta do nunca e meus pensamentos oscilavam entre raiva e desejo. Não conseguia me desvincular do seu toque, seu cheiro e seus lábios ao passo que não esquecia da sua frieza e complexidade.

Por que Derrick tinha que ser tão misterioso? Por que era tão instável? Nunca conheci alguém que mudasse de comportamento tão de repente!

Independente da minha confusão mental, eu precisava descansar. É claro que eu não resolveria o mistério chamado Derrick James em uma noite.

No one knows what it's like

To be the bad man

To be the sad man

Behind blue eyes


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Música: https://www.youtube.com/watch?v=fEGI9NbH-mk
E então, minhas lindas, o que acharam do capítulo? Espero que estejam gostando, sério, escrevo com mt carinho!
Deixem suas opiniões, até a próxima ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ligações Perigosas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.