Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 25
Capítulo 24 - Tacoma; A Cidade Do Destino.


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Boa Leitura!



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Ponto de vista: Carlie Biers.

Estava frio e o vestido decotado não me ajudava a me aquecer, com a chave em mãos eu praticamente corria em direção ao carro no estacionamento do Haras. A essa altura meu cabelo estava todo desarrumado e minha maquiagem borrada, mas, eu simplesmente não ligava. Quando cheguei a onde queria tentei recuperar meu fôlego.

Ouvi então passos atrás de mim e me virei assustada. Alec Cullen me encarava de um modo sério, sua gravata estava folgada em sua camisa e seus cabelos tão bagunçados quanto os meus, o que declarava que ele havia corrido para chegar até aqui também. Suspirei o fitando.

—O que vai fazer? — o tom em que ele perguntou aquilo era cheio de desdém.

—Você estava lá. Ouviu tudo. Sabe exatamente o que vou fazer. — anuncio sem me preocupar com a sua presença. Desligo o alarme e encaixo a chave na porta do veículo.

—É estúpido. Okay? — acusa como se eu fosse uma criança de cinco anos que havia quebrado o vaso favorito da mãe. Reviro os olhos. — Fugir...Dirigir bêbada para um lugar qualquer...É estúpido e ilegal se quer saber. — me diz em tom irritado.

—Não.                 Eu não quero saber. — continuo não me importando com ele. Abro a porta do carro.

—Então tudo bem para você correr esse tipo de risco? — questiona sem acreditar.

—Eu vou ficar bem, certo? Não é a primeira vez que faço isso...Fugir. Eu sei me virar. — nem sei porque estou dando esse tipo de satisfação para ele, por isso me irrito comigo mesma. — E não há razão para isso te importar. — digo quando noto isso.

Seus olhos azuis me avaliam e ele suspira.

—Acabo de descobrir que você é filha do cara que me criou. Acho que tenho me importar sim. Meio que devo isso a ele. — exclama de modo defensivo e eu solto uma risada cheia de escárnio.

—Se está tentando me ajudar podia ao menos ser sincero. — comento com deboche. — Me seguiu e está tentando me convencer a ficar porque gosta de mim...Porque sentiu algo por mim quando me viu naquele lago...Só que você não sabe lidar com isso...Tampouco sei eu lidar com o fato de que também sinto alguma droga por você. — declaro tendo plena certeza desse fato e ele arfa. — Então pare de tentar fazer isso ficar mais complicado para nós dois...Da última vez que eu tentei ir fundo com alguém, eu quase me casei com alguém que não amava...E da última vez que você tentou ir fundo com alguém...Espera, não houve última vez, há uma vez atual, onde você está em um relacionamento cheio de conformismo e céus, não quero me intrometer nisso, porque se eu começar a gostar de você de verdade, vou agir como uma vadia como acabei de agir aqui  e vou estragar tudo. — faço meu desabafo, e espero que ele então vá embora.

—Eu não posso simplesmente te deixar ir...Quando há riscos  para você...Isso vai contra quem eu sou. — me comunica de modo automático.

—E eu não posso simplesmente ficar porque você acha que eu devo fazer isso...Isso vai contra quem eu sou. — retruco exausta de tudo aquilo.

—Então temos um impasse. — fala olhando em volta antes de me olhar com convicção.

Fito o carro aberto e depois ele. Não entendo nada do que estou fazendo ultimamente. As coisas tem sido uma loucura, e eu não devia me deixar levar por sensações estúpidas, mas, há uma parte em mim, uma pequena parte que diz que eu devia confiar nele.

—Vem comigo então. — ele arregala os olhos com a minha proposta. — Só para se certificar que estarei segura. — digo encolhendo os ombros. — Eu tenho um plano de fuga. Um bom plano. — esclareço e Alec me encara com uma careta.

—Eu não posso. — afirma.

—Por que isso vai contra quem você é? — arqueio uma sobrancelha. — Cogitar te levar comigo também vai contra quem eu sou, mas, cá estou eu fazendo isso. — lhe conto. — Eu sei que não é adepto a fazer esse tipo de loucura, mas, quando a euforia passar, eu te garanto, vale a pena. — dou somente mais alguns segundos para que ele decida.

Deve ser um dilema horrível para ele.

—Me dá a chave do carro. Estou menos alterado que você. Eu dirijo — por fim ele diz e eu lhe mostro um breve sorriso.

Antes de dá-lo a chave faço algo, tiro meu salto alto e com uma força demasiada o colido com o painel do carro, a ponto de ver alguns botões pararem de funcionar. Alec me olha chocado.

—Eu tinha que acabar com o rastreador. — esclareço e em questão de segundos me movo para o banco do carona e me acomodo lá.

Após um tempo, Alec se coloca no banco do motorista e me força a colocar o cinto. O mesmo nem nota que o efeito da bebida que eu tomei já está passando.

—Você é louca. — ele diz após colocar o próprio cinto e ligar o carro.

—Eu nunca disse que não era. — debocho depois que ele finalmente acelera o veículo rumo a saída e as estradas sinuosas de Forks aparecem para nós.

—Então, qual o plano? — questiona concentrado no volante.

—Vamos até Tacoma, são três horas daqui. Chegaremos quando estiver amanhecendo, e nos acomodaremos em um hotel que há na entrada da cidade. — explico calmamente.

—E como iremos pagar essa sua ideia louca? Desculpa, não vou com carteira para eventos no fim do mundo. — se dá ao direito de debochar. — Até meu celular deixei na fazenda. — me comunica.

—Melhor assim. — lhe digo, porque sei que se o mesmo estivesse com ele, não resistiria a se comunicar com os outros. — E relaxa, vamos pagar tudo isso com esse anel em meu dedo que vale milhões. Jacob me deve isso. — o acalmo e ele solta um grunhido.

—É. Jacob. Seu noivo. — fala como se para me lembrar disso.

—Acho que depois de hoje; Ex noivo. — o corrijo e ele suspira.

—Sim. Mas, Bree não é minha ex namorada. Droga! O que estou fazendo agora? — pergunta para si mesmo quando chegamos a rodovia.

—Você é sempre tão dramático assim? — questiono curioso.

—Não fui eu que fiz um escândalo na festa da minha família. — retruca e eu reviro os olhos. — Como vou saber como chegar a Tacoma, se você quebrou o GPS? — indaga agora irritado.

—Eu estou aqui. E qualquer coisa; Siga as placas. — instruo calmamente.

[...]

Abro meus olhos lentamente e fito em volta confusa ao notar que estou em um carro, me espreguiço no desconfortável banco e sinto uma horrível dor de cabeça ao fazer isso. É, parece que a ressaca chegou. Viro meu rosto em outra direção e vejo Alec dormindo, com a cabeça encostada no vidro da janela, ele ressoa calmamente e está do modo mais desajeitado possível. Solto um riso leve e então encaro a placa escrito “Bem vindo a Tacoma” de frente para o veículo.

Mesmo com pena de fazer isso, puxo o ombro de Alec para que ele acorde.

—Ei Cullen, precisamos sair daqui. — digo com a voz embargada de ressaca.

Ele resmunga algo, antes de abrir olhos.

—Me lembre de nunca seguir uma ideia sua de novo. — é o que diz antes de bocejar e tirar seu cinto para então sair de dentro do carro.

O sigo e em questão de segundos estando o bagaço da laranja meus pés encontram o chão gelado. Para minha surpresa, sinto o paletó de Alec sob meus ombros. O fito sem entender.

—Esse vestido está indecente demais. — Me comunica disso e eu solto mais uma risada.

Continuo andando em direção ao hotel de beira de estrada próximo a nós, lado a lado a Alec, que mesmo após uma péssima noite de sono continua tão sexy quanto sempre foi. 

Quando adentramos ao lugar, fui direto a área que eu mais conhecia; A loja de penhores perto da recepção, onde o dono do estabelecimento comprava coisas que garantiriam a grana da hospedagem.

Ele não tinha muito a me oferecer obviamente, mas, me deu o suficiente pelo tempo que eu pretendia ficar.

Em seguida fomos para a lanchonete do lugar e fizemos nossos pedidos; Alec um café puro e eu um copo de chocolate quente. Nos acomodamos em uma mesa nos fundos e passamos a fitar as poucas pessoas que estavam no ambiente.

— Você realmente se importa com o fato daquele cara não ser seu pai biológico? — Alec de repente indaga aquilo, mesmo em meio a batalha interna com seu caráter que deve estar enfrentando por estar aqui, o mesmo ainda se preocupa em saber.

Estalo a língua no céu da boca.

—Sinceramente? Não. — desabafo encolhendo os ombros.

—Então...Para que aquele escândalo, e toda aquela reação exagerada? — pergunta calmamente.

Fico em silêncio.

Por um tempo.

—Minha mãe é incrível. — falo para ele sorrindo de lado. — Ela é o tipo de pessoa que todo mundo admira, por onde ela passa não tem como não amá-la, ela se preocupa com as pessoas, e é tão forte sobre tudo... — digo aquilo com dificuldades. — Quando descobri que eu era fruto de um relacionamento dela com Edward e ligando como a sua família é...Só pude imaginar como ela sofreu, e como isso é injusto, pessoas como ela não deviam passar por esse tipo de coisa...Senti raiva de mim, porque eu sou a prova do sofrimento, que ela teve que encarar por todo esse tempo...E Jasper, não me magoou de verdade ele ter mentido para mim, me magoou ele ter me escolhido como filha dele, quando eu não faço nada para merecer esse título...Eu estava tão bêbada e alterada, achei que se fizesse aquela droga de discurso afetaria os Cullen, faria Edward sofrer um pouco pelo que fez a minha mãe...Mas, essa droga fez mais que eu machucasse meus pais do que outra coisa...Eu estraguei tudo...De novo. — nem sei porque estou desabafando com Alec, mas, é o que temos para hoje.

—Não fugiu porque precisava de tempo para digerir a situação, mas, sim porque estava com vergonha do seu comportamento. — ele nota após algum tempo.

—Sim. De certa forma. — concordo, ansiosa pelo meu chocolate quente.

—Edward não foi o melhor pai do mundo para mim, mas, ele foi melhor que minha mãe que realmente é biológica...Acho que antes de tomar qualquer decisão precipitada, você deveria ouvir ambos os lado da história...Ele disse que não sabia sobre você, então... — me dá um conselho disfarçado e eu suspiro.

—Se quer saber...Antes de descobrir...Eu gostava dele...Quando nos conhecemos, tivemos uma conexão instantânea...Mas, você sabe o que aconteceu depois. — murmuro. — E a propósito, obrigada por me acompanhar, você não foi uma companhia terrível no carro. — brinco lembrando dos momentos de silêncio que ele me deu, e então suspiro. — Você devia voltar...Para sua namorada incrível...As coisas terão uma resolução mais fácil se adiantar as desculpas. — lhe comunico disso.

—Você também vai voltar? — questiona sério.

—Eu acho que realmente preciso de tempo...Uns três dias no máximo. — sou mais racional sobre a situação agora.

Alec me olhou com convicção e então deu um suspiro.

—Eu vim com você. Eu volto com você. — quando ele diz isso, não consigo conter meu sorriso.

Ele era o tipo de cara certinho que seguia todas as regras, e está se auto desafiando para estar aqui comigo, levo isso em conta para fazer o julgamento sobre o mesmo. Estava errada quando disse que Alec era o pior dos Cullen, de certa forma ele é o melhor deles, isso talvez porque nem é um Cullen de verdade. Alec se importa com as pessoas e tem uma sinceridade no olhar que poucas vezes vi na vida. Gosto dele porque ele é esperto o suficiente para não querer gostar de mim.

Nossos pedidos chegam, e tomamos nosso improvisado café da manhã em silencio. O fito de rabo de olho e vejo o mesmo brincar com a alça de sua xícara como se ela fosse algo muito interessante. Sinto uma coisa estranha em relação a esse momento. Alec e eu em uma lanchonete. Juntos.

—Você sabia que Tacoma é conhecida como a cidade do destino? — questiono repentinamente e ele sorri de lado.

—Parece um título bem presunçoso. — zomba e eu concordo com ele.

—Eu só...Me lembrei disso. — falo tentando me justificar. Deixando de acrescentar que lembrei desse fato quando notei o que estávamos fazendo aqui.

—Então...Por isso Tacoma? — indaga arqueando uma sobrancelha. Faço uma careta e ele ri.

—Não exatamente...Depois de Seattle é a cidade mais próxima de Forks. — esclareço a razão.

—Já veio aqui? — a resposta me parece meio obvia, mas, ele parece interessado.

—Uma vez. Com Owen. — acho que a última parte não era necessária ser dita, mas, quando me lembro dessa vez só consigo lembrar dele.

Alec me olha meio incomodado e então toma um gole de sua bebida.

—Owen...O cara da declaração...Ainda está apaixonada por ele? — não esperava essa pergunta agora, e como sempre não gosto dela. As pessoas não deviam perguntar as outras se há paixão envolvida, se há paixão, isso já deve estar explícito de alguma forma.

—O que é estar apaixonada para você? — devolvo curiosa.

—Com certeza tem a ver com lutar por quem você quer, não fugir e aceitar se casar com outro cara porque não se acha digna. — alfineta, mostrando quanto aprovou minha ação.

—Então, você lutou pela Bree? — questiono com desdém e ele suspira. — Porque parece para mim, que tudo entre vocês foi fácil; Ela estava lá, você estava lá, então de repente os dois estavam juntos. Isso é estar apaixonado, para você? — continuo curiosa.

—Eu sou apaixonado pela Bree. — quer deixar isso claro para mim.

—Como pode estar apaixonado por alguém se nem sabe o que estar apaixonado significa? — insisto.

—Você sabe por acaso? — parece irritado agora.

—Não. — sou sincera e ele tem a resposta para primeira pergunta. — Acho que você só descobre quando se apaixona. O que denuncia que nenhum de nós dois já se apaixonou. — acuso e ele solta um grunhido.

—Você se diverte tentando me confundir? — indaga atordoado.

—Não estou tentando te confundir. Só estou dizendo a verdade. — sou sincera e ele desvia seu olhar.

Depois disso o assunto acabou, finalizamos nosso café em silêncio, e em seguida saímos do estabelecimento. O guiei em direção a uma pequena loja de artefatos próximo ao hotel, onde eu poderia comprar uma nova roupa e ele esperou pacientemente que eu comprasse uma.

Optei por uma camiseta básica branca, uma calça jeans justa e um all star. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo, comprei alguns itens de higiene pessoal e assim saímos da loja.

O guiei no carro até o centro de Tacoma e em questão de minutos estávamos lá.

Desci do veículo de forma animada e Alec mostrava uma careta de tédio. Avaliei cada estabelecimento dali e quase pulei de alegria quando notei que o lugar que eu procurava ainda existia.

—Vamos até a pista de patinação daqui. — anuncio como se fosse uma ótima ideia. Alec arregalou os olhos, tanto pelo que disse quanto pelo fato de eu ter entrelaçado minha mão a dele e o puxado.

—Primeiro: Estamos em uma fuga, não deve haver esse tipo de diversão. Segundo: Eu não patino. Eu sou um desastre nisso. Eu sou britânico. — ri por todas as partes da reclamação.

—Em minhas fugas diversão é o item principal e o seu argumento de ser britânico não tem o mínimo sentido, britânicos são conhecidos por serem educados, pontuais e charmosos, não desastrados. — me defendo olhando para ele com deboche.

—Você me acha charmoso? — indaga levantando uma sobrancelha, parece agora ignorar nossa discussão de mais cedo.

—E inteligente, cheiroso, sexy... — a cada palavra eu me aproximava dele e quando cheguei próximo a sua face ele me empurrou delicadamente, fazendo com que eu gargalhasse.  — E sutil. — cantarolo essa.

Alec nem ao menos tenta me fazer voltar atrás, ele deixa que eu o leve para a pista, alugue nossos patins, o ajude a colocar o seu e o puxe para a pista de gelo, onde poucas pessoas por sorte patinavam.

Os olhos azuis estão assustados e o mesmo fica bonito de um jeito estranho com toda aquela hesitação. Seguro suas mãos com firmeza, tentando dar algum equilíbrio a ele, enquanto deslizamos lentamente, não vou o deixar cair. Nossas mãos coladas parecem fogo e isso mexe comigo. Vamos até o centro do lugar com eu o ajudando, e em nenhum momento o Cullen parece mais tranquilo.

— Confie em mim, se não tentar, não vai conseguir. — praticamente sussurro aquilo e o mesmo engole a seco. — Eu vou me desvencilhar de você lentamente, e então você dará um passo para frente e mais um, e mais um, então de repente você será um patinador profissional. — digo calmamente e para minha surpresa ele assente.

Sigo cada coisa que disse e quando já estou solta do mesmo, vejo ele arriscar um passo, e mais um, dou uma risada, orgulhosa pela ousadia do Cullen e ele sorri para mim também.

Me afasto cada vez mais e ele arrisca mais alguns passos, então para o meu mais profundo choque ele começa a deslizar pela pista com a mais perfeita maestria.

—Você mentiu para mim. — grito de longe e ele gargalha.

—Achei que seria divertido te ver me ensinar. — grita de volta. — Temos muitos lagos em Londres. — esclarece e logo está deslizando pelo ambiente de modo divertido.

O sigo, como a patinadora de Manhattan que sou e sem treinar isso, arrisco um salto onde minha perna gira em torno do meu corpo. Alec solta palmas falsas e logo se aproxima de mim, me oferecendo agora sua mão, aceito sem hesitar e logo a outra mão dele vai para minha cintura e começamos a patinar juntos.

Gosto de como ele me aquece.

Para minha surpresa, Alec insinua com o olhar para que eu salte mais uma vez, e eu como a louca que sou, aceito isso, pulo o mais alto que posso e com uma firmeza assustadora ele me sustenta no ar e deixa que seu corpo encaixe ao meu com perfeição, como se fossemos feitos para aquele momento.

Todos que estavam ali aplaudem nosso pequeno show.

Quando Alec me coloca no chão estamos perigosamente próximos um do outro, de forma que nossas respirações se intercalam e nossos corações batem ao mesmo tempo. Sua mão ainda está em minha cintura e seus olhos nos meus.

—Então, no que Carlie Biers não é boa? — a pergunta sai da boca dele em um sussurro.

—Aparentemente? — indago sincera. — Em fazer você admitir o que sente por mim. — digo convicta.

—Por que acha que eu tenho medo de admitir que sinto algo por você? — Alec se arrisca ao perguntar.

—Porque se admitir que é real, é mais difícil lutar contra. — digo o que acho e ele de novo, de um jeito delicado se afasta de mim.

—Sua fuga tem prazo de validade?  — finalmente faz a pergunta e eu suspiro o fitando.

—Eu não estou te prendendo, estou? — indago com deboche, antes de ir em direção a saída da pista.

[...]

A noite chega mais rápido do que o esperado, decido que o jantar será em um bar meia boca também próximo ao hotel. Começo a achar que na verdade o hotel é o centro dessa também atrasada cidade. Estamos acomodados em uma mesa pequena próxima a um palco, onde uma banda de rock cheia de velhos tocava alguns clássicos. Alec de frente para mim, já parecia de saco cheio das minhas atitudes. Eu não me importo. Não estou o forçando a ficar.

Não quero voltar agora. É, eu é que sou a covarde da história. Não quero enfrentar Owen depois de tê-lo dito a verdade, muito menos Jake que deve estar furioso comigo. Não quero enfrentar ninguém.

Bebo um pouco do suco que pedi e suspiro. Bem que poderia ser um whisky, mas, depois do escândalo que fiz bêbada prefiro poupar os outros disso.

A música I'II Be Your Mirror de Clem Snide ressoa no ambiente e eu dou um sorriso. Ela me acalma.

Remexo meu prato de massa e em seguida suspiro.

Alec me olha fixamente e eu retribuo.

—Eu fugi com alguém que eu nem ao menos conheço. — ele nota aquilo com certo desdém.

—Não seja por isso; Me chamo Carlie Biers, tenho 19 anos, uma longa lista de erros e curso medicina veterinária na Columbia. — me apresento com desdém e ele parece surpreso com a última parte.

—Columbia? — arqueia uma sobrancelha.

—É. Sou uma nova iorquina que ama sua casa. Eu adoro Forks, mas, nasci para Manhattan realmente, não queria me afastar muito. — esclareço e ele assente.

—Faço direito em Oxford. — me conta.

—Isso com certeza não me surpreende. — debocho e Alec gargalha.

Começamos então a falar coisas nada importantes sobre nós; nossa cor preferida, nossos micos da infância, nossas aventuras com nossos irmãos. Trocamos muitas risadas naquele tempo e pouco a pouco senti que Alec parava de sentir medo de ir com a minha cara, ele se soltou, me contando até algumas piadas.

Aquilo nem parecia mais uma fuga.

Parecia um primeiro encontro piegas, que acabaria em um casamento em Hamptons e em duas crianças correndo no quintal.

De certa forma, gostei daquele plano. De toda normalidade da situação. Seria bom poder fingir que aquilo era real. Que ele não tinha uma namorada da qual não abriria mão por mim, que eu não tinha acabado de descobrir que o cara que criou ele é meu pai e que eu não era uma vadia egoísta.

Em certo momento, parei no tempo, apenas o observando falar e me sentindo sortuda por ter aquilo. Por existir um nós ali.

—Deviam dançar. Essa é uma música linda. — a garçonete interrompeu meu momento ao dizer isso. Ela sorria e eu logo notei que I'II Be Your Mirror tocava novamente. Fiz uma careta e olhei para Alec que havia ouvido muito bem o que ela disse.

Haviam mais alguns casais, dançando, espalhados pelo local. O Cullen fez uma expressão séria, antes de me oferecer sua mão, tal como na hora da patinação. Aceitei novamente sem hesitar.

Nos levantamos.

Uma mão minha se encaixou na dele, outra dele se encaixou na minha cintura, a minha mão que sobrou foi até seu ombro e juntos começamos a nos balançar no ritmo da música. O cheiro natural de Alec era bom. Era confortante. Sem que eu percebesse, encostei meu queixo na curvatura de seu pescoço e fechei os olhos.

Não existia mais nada além daquilo.

Nem verdades.

Nem mentiras.

Nem segredos.

Abri os olhos assustada ao perceber que aquilo era errado.

—Posso te confessar uma coisa? — Alec indagou em um tom baixo. Nem ao menos respondi. — Se você não fosse tão confusa, eu adoraria me apaixonar por você e descobrir o que é isso. — quando ouvi aquilo, suspirei e pela primeira vez na minha vida desejei não ser tão “confusa”.

[...]

Subimos as escadas rumo aos nossos quartos em silêncio, ainda não havia dito a ele quando pretendia ir embora e por sorte o mesmo não voltou a me questionar. Havia sido um bom dia, apesar de tudo, apesar de nós sermos quem éramos. Paramos. No corredor nosso quarto era de frente um para o outro. Alec sorriu.

—Foi divertido...Digo, tudo isso, fazia tempo que eu não agia sem planejar passo por passo. — me diz com calma e eu dou um sorriso também.

—Devia fazer isso mais vezes...Você se saí bem nisso. — pisco para ele de forma ousada e ele suspira.

Nos olhamos fixamente novamente e então ele cortou o clima.

—Acho melhor eu entrar. Estou exausto. — fala apontando para a porta, ainda me olhando. Assinto. — Qualquer coisa que precisar, é só chamar. — lhe lanço outro sorriso e em questão de segundos, ele me dá as costas e adentra ao seu quarto.

Demoro um pouco, antes de adentrar ao meu também.

Ele é completamente impessoal; Uma cama de casal nada confortável, um pequeno armário, e um banheiro minúscula. Seus forros de cama não são nada bonitos e o frigobar parece mais velho que Leal. Faço uma careta quando tento abri-lo e o mesmo rungi de maneira estranha.

É, pelo que parece sou uma patricinha mimada mesmo.

Me jogo na cama, de forma que passo a encarar o teto nada interessante. O mesmo é tão sem graça e não é azul. Tenho percebido que peguei um gosto muito evidente por azul, e isso nada tinha a ver com um tal de Alec Volturi. Sorri automaticamente ao me lembrar dele e em seguida em vez de encarar o teto passei a encarar a porta do meu quarto.

Não. Não vou fazer isso. É errado. É errado porque o Alec não quer me querer. É errado porque tem a tal Bree. É errado porque a essa altura eu deveria pensar em querer o Owen. Isso sim seria o certo. Eu deveria agir de forma certa...

A quem estou querendo enganar?

Não consigo ligar para o certo ou o errado agora.

Me levanto de modo decidido e em passos firmes chego ao corredor do hotel.

Desista disso, Carlie.

Desista disso.

Cogito dar meia volta e então desisto de desistir.

Bato na porta mordendo os lábios, ao mesmo tempo que desejo que Alec não abra e nos poupe desse erro, quero desesperadamente que ele abra logo. Meu coração se acelera. Meu corpo treme. Minha boca seca.

Então, Alec simplesmente abre. Ele está perfeito daquele jeito; Com seu torso nu e molhado, assim como seu cabelo. A única coisa que impede sua nudez completa é uma toalha em sua cintura. Me esforço para não babar com aquela visão, e me esforço para olhar diretamente em seus olhos.

—Carlie...Você precisa de algo? — indaga confuso e não se dando conta que estou desejando ele completamente.

—Sim. — confirmo fazendo uma careta. — Preciso que você seja o racional de nós dois aqui e me dê um fora digno de um bom filme agora. — tento, realmente tento não errar de novo.

—O que...Carlie o que você quer dizer? — como ele podia não entender? Tenho vontade de estapeá-lo, ao mesmo tempo que quero me estapear.

Na verdade estou prestes a tentar a primeira coisa, quando os olhos de Alec encontram os meus de maneira fixa pela milésima vez no dia. Quando ficamos assim, sinto que há uma sincronia incrível. É como se os dois quisessem que essa sincronia dê certo. Então, como nós pode ser errado?

—Você pode me lembrar a razão de não poder me querer? — quero que ele faça isso em voz alta, talvez eu me convença.

Alec fica em silêncio e eu entendo aquilo como uma recusa, então para manter alguma dignidade dou as costas, disposta a fugir mais uma vez.

 

Sinto ele agarrar meu braço sem a mínima delicadeza. Quando me viro na direção dele meu corpo vai em direção ao seu, e colido contra seu peitoral nu. É instantâneo. Me sinto em chamas. Assim como os olhos de Alec estão agora. Ele me deseja. Talvez até mais do que eu desejo ele. Não tenho tempo de dizer nada, pois antes que eu sequer pisque sinto sua boca se chocar contra a minha.                É incrível. É a coisa mais intensa que já senti. Entre abro os lábios, e deixo que a língua dele me invada, me conheça e me inspire a continuar. Alec faz aquilo com fúria, suas mãos agarram as laterais do meu rosto com brutalidade e de um jeito nada gentil também levo as minhas até seus cabelos e os puxo.

O Cullen me empurra contra a soleira da porta e arfo. Ele passa a apertar minha cintura, enquanto tento acompanhar seu ritmo. Minhas mãos são erguidas para cima da minha cabeça, enquanto o dono dos olhos mais azuis que eu já tive o prazer de conhecer ataca meu pescoço, depositando chupões e mordidas naquela área sensível da minha pele. Não consigo acreditar que Alec é tão selvagem assim, mas, gosto disso.

Em um salto minhas pernas estão enroscadas ao redor da sua cintura e ele me leva para dentro do carro, empurrando a porta com pressa. Suas mãos apertam minhas costas, enquanto gemo contra sua boca.

Sou jogada na cama, de forma que em questão de segundos Alec está sobre mim. Ele agarra uma das minhas coxas, enquanto mordisca minha orelha e eu reviro os olhos de desejo. Com sua ajuda me livro daquela blusa e me encontro só de sutiã. Desato o nó da toalha dele e o olho com convicção.

Alec também me ajuda a tirar minha calça. Não demora muito para também não existir mais nenhuma peça de roupa no meu corpo. Estou entregue.

Não demora muito também para ele estar em mim, me dominando com sensações que nunca experimentei antes. Por toda ação nossas mãos estão entrelaçadas, tal como nossas almas.

 Não sou uma vadia, sei disso, mas, admito que já transei com uma boa quantidade de caras. Só que nunca me senti tão completa como naquela noite. Tão mulher. Alec sabia onde tocar em mim. E logo eu que sempre fui tão indomável, deixei que ele guiasse cada movimento meu, como se fosse uma menina ingênua. Gostei de ser domada por ele.

Fizemos aquilo um bom par de vezes, e mal notei o momento que adormeci nos braços de Alec, só sei que o vazio que encontrei na cama ao acordar, de forma alguma podia se comparar com o que senti em meu coração.

O estranho é que nem tinha notado que ele ocupava um espaço lá.


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Notas finais do capítulo

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