Chances. escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 22
Capítulo 22 - A Hipocrisia De Uma Cidade.


Notas iniciais do capítulo

Espero receber muitos comentários após esse capítulo hahahaha.
Boa Leitura!!!



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Ponto de vista: Carlie Biers.

A iluminação da festa noturna focava-se nas cores azul e cinza e de forma perfeita as esculturas em gelo se mantinham em pé. Mamãe realmente caprichou nos detalhes, o Haras até parecia um castelo de contos de fadas. É quase invejável como ela consegue manter as coisas. Mentiras podem ser acrescentadas a lista.

 Trajando um vestido longo preto eu circulava pelo salão de festa consumindo o máximo de álcool que conseguia e fugindo de qualquer contato com os Cullen. A maquiagem perfeita em meu rosto não denunciava a quantidade de lágrimas que foram derramadas naquela tarde e o sorriso falso que eu mostrava servia para que minha mãe me poupasse de perguntas que a levariam a questão de porque eu sumi depois da competição e só voltei agora, como se nada tivesse acontecido.

A pior parte é que eu não conseguia sentir nada em relação ao que descobri, digo, até sinto, me sinto vazia de um jeito que nunca estive antes, é como se aquela verdade não fosse minha. Mas, droga, era.

Sei que estou sendo observada, mas, ignoro o olhar de Owen sobre mim, sei que se me aproximar e ele me passar alguma segurança irei desabafar em seus braços. Tomo mais um gole do whisky em minhas mãos e espero que haja muitas garrafas essa noite.

Ainda há pessoas que me cumprimentam pela conquista, as respondo no automático e espero que elas sumam da minha frente o mais rápido possível. Não consigo ser a garota que os suporta hoje.

Mais um gole e tenho que engolir as lágrimas mais uma vez quando vejo meu pai conversando com minha mãe e Aro no centro do salão. Há tantos sorrisos. Será que são sinceros? Droga, é claro que são sinceros. Eles juntos. Isso é certo. Eu é que sou o erro.

Meu olhar encontra o de Alec, que está acompanhado de sua namorada, não sei se ele vê o temor e a dor no meu, mas de alguma forma o jeito que ele me fita parece preocupado, uma parte de mim se alegra por ele se importar, mas, eu a ignoro, porque me recuso a seguir algum caminho que me leve até um Cullen. Minha mãe estava certa, devemos mantê-los longe.

Sinto alguém tocar meu ombro e me viro dando de cara com um Jacob vestindo mais um de seus ternos chiques e me olhando como se pedisse desculpas pelo atraso. Não me importo com ele, me limito a revirar os olhos para o mesmo e tomo mais um pouco da minha bebida.

—Tive uma videoconferência que durou mais que o esperado.  — dá a justificativa e eu suspiro. — De qualquer forma, eu soube que ganhou. Parabéns. Você é incrível. — parece sincero, mas, eu realmente não me importo.

—Tanto faz. É só um título estúpido. — desdenho no meu melhor humor.

Jacob franze as sobrancelhas.

—Quanto de bebida tomou? — questiona avaliando meu copo.

—Aparentemente não o suficiente. — falo com a voz quase embargada, enquanto não resisto e levo meu olhar a todos os outros Cullen que conversam com alguma nova família riquinha de Forks. São tão frios entre si.

Aperto o copo em minhas mãos. Ele não quebra, mas, sei que meus dedos estão vermelhos com a ação.         Jacob está me fitando, tenho conhecimento disso, está atento, como se eu fosse uma bomba-relógio prestes a explodir. Talvez eu seja.

Aro está mais uma vez em seu microfone, agora em um palco, onde logo mais uma banda tocaria. Essa é a hora que ele faz mais um de seus discursos, e toda as atenções se focam nele. Ele tem um sorriso satisfeito nos lábios, por saber que tudo está indo bem na festa.

— É mais do que incrível poder comemorar mais um aniversário do Haras, ele foi um projeto a qual me empenhei por muitos anos e tem rendido tantos frutos que vão além do dinheiro, tem descoberto talentos, lapidado pessoas e dado a Forks a oportunidade de crescer. É mais que um centro de treinamentos, ou um lugar para negociações, é um marco na história dessa cidade, um marco que eu ajudei a construir junto com Bella Biers. — minha mãe sorri para ele de modo humilde. Edward por sua vez volta seu olhar para ela de um jeito que faz com que as lágrimas queiram voltar aos meus olhos. Há admiração ali. — Ela é o tipo de pessoa que inspira outras pessoas, é tão positiva e dá o melhor de si sempre por esse lugar. Além de ser uma grande amiga minha, então além de comemorarmos o aniversário do Haras, temos que comemorar minha parceria com essa mulher. — os aplausos começaram, mais por minha mãe do que pela comemoração em si. Todos reconhecem o brilhantismo dela.  Aro a convida com o olhar para que discurse também, mas, ela recusa de modo calmo, preferindo se encostar no ombro de Jasper e observar todo espetáculo.

Naquela noite, a família Biers se resumiria a ela, eu e Jasper, já que os meninos voltaram para casa, Liam por não estar afim de festejar e Tommy por ter que dormir cedo. Era melhor assim.

Aro me encontrou no meio das pessoas e pediu para que as luzes se direcionassem a mim. Péssima escolha.

—Acho que também devemos parabenizar Carlie Biers por conquistar mais uma medalha, a mesma é o próprio Haras, pois desde que ele foi fundado o tem representado perfeitamente vencendo tudo que pode vencer. Considero até que ela merece alguns minutos para discursar sobre como se sente a respeito desse título. — diz animado e todos gritam que sim.

Fito minha mãe que me incentiva e em seguida os Cullen que não parecem muito afetados com o convite. Tomo o resto do décimo copo de whisky e entrego o copo a Jacob antes de me direcionar ao palco.

Aro me entrega o microfone logo que chego lá e todos agora me olham em expectativa. Faço uma recapitulação daquele dia, em busca de algo positivo a falar e então suspiro antes de começar.

—Eu estou tão  feliz por conseguir mais uma medalha e por poder estar aqui em Forks comemorando com vocês mais um aniversário desse lugar. — inicio forçando um sorriso e sentindo meu coração se apertar. — Eu sou completamente sortuda por muitas coisas relacionadas a essa cidade; Minha mãe saiu dela, eu descobri minha paixão por cavalos aqui e eu fiz grande escolhas nos estábulos que a pertence. — me dou ao trabalho de elogiar Forks. —Sou sortuda por as pessoas me amarem aqui, sou sortuda pelos amigos que conquistei e sou sortuda pelos momentos que consegui com a minha família nessas montanhas. — minha mãe me olha emocionada e com orgulho e meus olhos marejam.  —Eu sempre quis dar o melhor de mim para todos, não por exigência de alguém, mas, por exigência própria, mas, quer saber? Eu nunca dei a todos o principal; A verdade. — aquilo já deixou de ser sobre a droga do Haras.

Minha família agora me fita abismada e os Cullen curiosos.

—Eu sei que todos me consideram uma vadia por ter transado com um dez caras enquanto sou noiva de Jacob Black. — as pessoas arregalam os olhos para minha falta de tato. — É, eu de fato transei com todos eles, sabem por que? Porque eu quis, e mais, sabem com que eu nunca transei? Com Jacob Black. — murmuro como se fosse um segredo e meu então noivo me olha como se fosse enfartar. — O que temos é uma grande mentira, eu não o amo, ele não me ama, e ponto final, a única coisa que existe de legítima entre nós é aquele anel caríssimo. O que temos é um noivado que se tornaria um casamento de aparências. E não, ele não é gay. Jacob só é covarde. — anuncio após uma gargalhada insana. — Existe uma garota; Leah, ele é completamente apaixonada por ela, mas, ela tem um defeito de fábrica; É pobre, e para Jake ganhar a droga da presidência do pai dele, ele não podia se casar com alguém pobre, tinha que se casar com uma riquinha esnobe, e adivinhem; eu fui a escolhida. — é, acho que posso estar alterada.

Owen me olha sem acreditar e eu quase me culpo pelo que estou fazendo. Todos estão simplesmente surpresos demais para me pararem.

  —Eu vi o anel. — revelo olhando para ele dessa vez, o mesmo balança a cabeça parecendo aturdido. — Quando me pediu para fugir com você naquele dia; Eu vi o anel. Éramos só dois adolescentes descobrindo o mundo e você queria me pedir em casamento...Por dois segundos, eu fiquei extremamente feliz, mas, então me toquei que era eu. E eu nunca vou merecer você Owen, mas, isso não significa que cada poro do meu corpo não amava você quando eu te deixei. Você sabe o que eu fiz no impulso; Fui para Las Vegas como sempre sonhei e conheci o Jake, mas, a gente não transou bêbados como sempre gosto de repetir, naquela noite eu chorei desesperadamente por ser quem eu era, por saber que eu nunca seria boa o suficiente para você, eu e ele viramos amigos, sei lá como posso dizer, então quando o pai dele exigiu um casamento, ele me pediu para fazer isso por ele, disse que seis meses depois poderíamos nos separar e eu aceitei porque eu não valho nada, queria tirar de você todas as esperanças de um dia ficarmos juntos. — declaro, agora já chorando, odiando ter que admitir meu egoísmo. — Eu sinto muito por machucar você, por ter esconder a verdade, eu descobri hoje o quanto essa droga é injusta. Eu amo você, Owen, me desculpe por não ser a pessoa que pode lidar com isso. — peço e então tento inutilmente enxugar meu rosto.

Jasper é o primeiro a apresentar alguma reação, ele sobe no palco e tenta tirar o microfone de mim, mas, eu me esquivo, magoada. Olho para o homem que eu amo desde que existo e só consigo chorar mais.

—Você mentiu para mim, pai. Você. A pessoa que disse que nunca faria isso. — acuso em meio a soluços, minha mãe fica branca como um papel, enquanto meu pai se limita a tentar me acalmar.

—Carlie, precisamos ir para casa. — me chama como se eu fosse uma criança.

—Por quê? — é a única coisa que quero saber.

—Eu nunca menti para você. — afirma em seu tom mais sério e eu gargalho cheia de escárnio.

—Uau...Você é um hipócrita. — digo com todo sentimento que posso, Jasper não se afeta. — Isabella Swan é uma hipócrita. Essa cidade é cheia de hipócritas. — anuncio como se fosse obvio e todos me olham ofendidos.

—Quando eu menti para você? — meu pai me desafia a responder, ignorando minha crise de rebeldia, e Isabella como se adivinhasse do que se tratava minha revolta olhou para ele implorando para que não me provocasse.

—Quando disse que era meu pai. — sou direta o suficiente e Jasper me olha sério e ao redor as pessoas prendem a respiração.

—Eu não sou seu pai? Fui eu que velei seu sono por toda sua vida, fui eu que te dei todos os conselhos que precisou e que te amou a cada respiração que teve. O que é ser pai  para você, Renesmee? — quando ele disse meu primeiro nome, vi o rosto de Esmee se acender. Droga, até meu nome era uma pista para toda sujeira.

—Eu não sei. Eu nãos sei...Até poucas horas eu achava que sabia tudo sobre quem eu era, mas, eu não sei, sinto como se estivesse presa em um passado que não é meu. — desabafo desesperada. — Você deveria ter me dito. Você simplesmente deveria. — anuncio.

—O que ele deveria ter dito? — quando ouço a voz de Edward indagar aquilo, noto que não foi só Esmee que ligou meu nome há algo mais.

—Ter dito que eu era filha de um covarde. — digo aquilo com toda sinceridade que tenho, e Edward que havia subido no palco para explicações me fita sem acreditar. —Devia ter dito que o sangue que meu coração bombeia é o mesmo que corre no corpo das pessoas de uma família infeliz, fútil e fadada a um destino cruel, devia ter dito que o lado mal que existe em mim, o lado que eu odeio, veio dessa família, devia ter dito que eu não mereço o sobrenome Biers, que o sobrenome Cullen me pertence e que ele é uma tragédia. — não tem como ser mais objetiva, e Edward ofega dando um passo para trás, enquanto fita minha mãe de modo questionador.

—Bella?... — ele quer que ela confirme, que ela só faça algo além de chorar.

—O que quer que ela diga? Que eu sou sua filha? Eu sou, Edward, esses lindos olhos verdes vieram de você e a capacidade de estragar tudo deve ter vindo também. — digo com ironia, querendo um pouco mais de bebida. — Você é tão burro, digo, pensando bem agora, uau nós somos idênticos, qual é, eu sou uma cópia da Esmee, como pode não ter notado que eu sou o que ficou para trás quando você provavelmente abandonou minha mãe? — questiono indignada.

—Eu não...Eu não sabia...Não sabia sobre você. — confuso, ele tenta se explicar de alguma forma.

—Cala a boca. — grito. — Eu não me importo com você, okay? — tento fazer com que ele entenda isso.

—Carlie, realmente devíamos ir para casa. — Como Jasper consegue ainda se manter calmo diante de toda essa droga? Eu estou sendo uma vadia aqui.

—Casa? Aquela casa é dos Biers, eu...Não sou uma Biers...Eu odeio... — não consigo nem terminar aquilo pois estou ofegante.

Nem sei mais o que estou fazendo ou falando.

—Você me odeia? — seus olhos estão marejados quando questiona isso.

—Eu nunca odiaria você. — é o que posso dizer. — Você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo e nenhuma droga de DNA dirá o contrário, entende?  — essa é a verdade. — Eu nunca vou odiar você e a mamãe, mas, agora...Eu me odeio...Me odeio, porque eu li o livro pai, eu vi que eu fui o lembrete da dor da minha mãe por dezenove anos, eu sou um erro, eu nasci de algo que a machucou, eu simplesmente não me encaixo na família perfeita que vocês dois merecem. — não consigo nem falar mais.

—Você foi a origem dessa família perfeita, Carlie e eu não vou deixar você se odiar nunca. — declara aquilo convicto.

—Eu preciso de tempo para entender, eu preciso fugir disso. — falo gesticulando com as mãos. É muito. Simplesmente é muito para digerir.

—Vá. — meu pai declara aquilo. Em seguida, simplesmente tira a chave de seu carro mais caro do bolso e me joga. — Só volte. — é seu único pedido.

 

Assinto, passando meus olhos por todas as pessoas ali e suspirando. Estava decidida a me virar e correr, mas, precisei fazer algo antes, sem me conter me joguei nos braços do meu pai e murmurei.

—Você é minha casa. Eu sempre volto para casa.


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Notas finais do capítulo

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