Fight Like A Girl escrita por Bela Barbosa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Link dos personagens pra vocês se familiarizarem ♥ https://scontent.fgig1-2.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/13619855_971085009656794_1464509527581232607_n.jpg?oh=9e6d2e114f0e31a6ce8c772834311a12&oe=57F2D27A
Boa leitura!



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POV Dallas Brooke

Minha vida nunca foi fácil. Por isso, me habituei a viver em todos os tipos de situação: seja com muita grana, seja quebrada; com um armário cheio de roupas caras ou só um único par de calça e camisa por três dias; no meio de uma das maiores cidades do país ou num interior que não tem ao menos energia elétrica.

Mas eu nunca vi problema nisso. Afinal, a profissão dos meus sonhos requer versatilidade e disciplina em excesso, características que eu tenho como ninguém.

Tinha 14 anos quando meu pai, um pequeno produtor de milho do norte de Minnesota, perdeu a maior parte do nosso modesto patrimônio em jogos e apostas e gastou o resto do dinheiro para fugir com a amante, Lucy. Eu e minha mãe ficamos para trás no inverno daquele ano, quando o banco veio tomar a casa devido à hipoteca. Então, nos mudamos para um abrigo municipal até o fim do inverno. Infelizmente, minha mãe não viveu o suficiente para sair do abrigo.

Quando voltei para a cidade de Carlton, ainda aos 15 anos, me vi totalmente sem perspectiva. Felizmente, criatividade foi algo que nunca me faltou. Por isso, por mais maluca que parecesse minha ideia, tanto naquele momento quanto agora, entrei na delegacia da cidade durante a madrugada e roubei uma arma com a qual, propositalmente, acertei o pé de um escrivão. Aí os tiras me prenderam e acabaram fazendo exatamente o que eu queria.

Qual é, o que você sabe fazer aos 15 anos que pode te render dinheiro suficiente para manter uma casa? Logo, fui para o único lugar onde eu certamente teria um teto, uma cama e direito a todas as refeições: a cadeia. Por ser menor de idade e mulher, ganhei uma cela só para mim, bônus com o qual eu não estava contando.

Fiquei apenas 6 meses lá dentro, pois a infração não havia sido grave o suficiente para me manter ali até a maioridade. No entanto, o delegado White notou algo estranho em mim: toda semana, eu pedia livros didáticos aos policiais. De todas as matérias.

Como qualquer ser humano bem criado, eu sabia que a única forma de sair dali e ter alguma chance na vida era estudando. Por isso, aproveitei da melhor forma meu tempo ocioso durante aqueles 6 meses. Foi assim que o delegado percebeu que eu não tinha cometido um crime por ser uma pessoa má ou algo do tipo, mas sim porque eu queria poder estudar sem me preocupar com coisas de adulto, como contas a pagar. Por isso, assim que minha pena acabou, ele me levou para morar com ele, a esposa e o filho, Chuck, poucos meses mais velho do que eu.

Derek White era um homem muito bom, milhares de vezes melhor do que meu pai. Foi através de seu exemplo que eu decidi o que seria quando crescesse: uma delegada. E não importa o quanto isso me custar, é algo que ainda conseguirei. 

Desde meu primeiro momento naquela casa, eu estabeleci rotinas de estudo e exercícios físicos e mentais, como trilhas, prática de diversas modalidades esportivas e leitura e xadrez, para já me acostumar com o que enfrentaria pela frente. Estar preparada para não apenas ser uma delegada, mas sim ser a melhor delas, se tornou meu foco a partir daquele momento. 

Por causa de meus esforços e força de vontade, Derek me permitiu estudar na melhor escola de Carlton e me concedia os mesmos luxos que dava a Chuck. Logo, eu tinha um quarto, uma casa e um irmão adotivo, que não muito tempo depois se tornou meu namorado. Juntos, eu e Chuck ingressamos em Harvard, ambos por meio de bolsa.

Derek e sua esposa Gloria não podiam estar mais felizes por nós dois. E apesar de amar a família White como se fosse a minha, estabelecer vínculos afetivos com as pessoas se tornou uma tarefa árdua para mim depois da fuga do meu pai e do suicídio da minha mãe. Após dessas experiências, minhas definições sentimentais foram para sempre alteradas, de modo que demonstrações físicas e verbais de afeto foram perdendo a importância para mim. Esse era o principal assunto na maioria das minhas brigas com Chuck e foi o motivo pelo qual ganhei a fama de durona desde o primeiro mês da faculdade.

Mesmo com toda essa rispidez aparente, sempre fui muito grata por tudo o que tive. Depois que minha vida deixou de ser um circo de horrores, fase em que perdi meus pais, vivi um dos piores invernos da minha vida e não sabia se teria mantimentos ou sequer se estaria viva no dia seguinte, até o dia em que os White me adotaram, muita coisa mudou para a melhor. Desde então, eu só tinha motivos para me sentir bem. Tinha uma vida estável, um namoro de 6 anos, uma família amorosa, independência financeira, as melhores notas de toda a turma de Direito (curso no qual eu me formaria em menos de 6 meses) e uma vida pessoal, pensava eu, bem resolvida.

Então por que estou tão confusa agora? Tão apavorada e desalinhada, a ponto de passar anos da minha vida sem derramar uma lágrima e agora estar desaguando uma enxurrada pelos olhos, sozinha num quarto de hotel em Chicago? 

Bem, para entender tudo isso é preciso voltar a mais ou menos um mês atrás, quando eu me preparava vir a Chicago trabalhar como Investigadora, acreditando, erroneamente, que tudo seria tão bom como nos meus sonhos.

 Eu sei o que pode estar parecendo: Como um mês pode mudar tantas coisas e fazer tanta diferença na vida de uma pessoa? 

Para ser sincera, é isso que eu também estou me perguntando agora mesmo. Porque, há um mês, eu tinha tudo: uma bolsa na melhor faculdade de Direito do país, um namorado que faria qualquer coisa por mim, uma imagem inabalável de mim mesma, de um ser humano cheio de garra e potencial, e algo essencial: certeza sobre quem eu era e quem eu planejava me tornar.

Pois bem, foi nesse mês que eu me vi perder a bolsa em Harvard e não ter mais dinheiro para pagar os últimos meses do curso. Também foi no último mês que perdi meu namorado, que achei que nunca me abandonaria, por causa dos policiais estúpidos de Chicago. E além disso, nos últimos 30 dias eu aprendi que tudo o que sabia de mim mesma estava errado, e a pessoa que eu era não passava de nada além de uma mentira deslavada.

Mas isso não é tudo. Como se não bastasse o precipício que se abriu naquilo que eu chamava de vida, a cereja do bolo ainda tinha que aparecer. Na verdade as duas cerejas: um crime que pode me fazer ascender na carreira policial, mas ao mesmo tempo destruir a vida de alguém e o meu inferno particular que começou desde o momento em que eu ouvi pela primeira vez os nomes dos policiais "J.J. Hopkins" e "Edward Graham".


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Notas finais do capítulo

E aí, pessoal? O que acharam? Estão curiosos? Por favor, comentem e me deixem saber que vocês vão acompanhar. Qualquer review já serve ♥
Ps: não esqueçam de olhar a foto com todos os personagens!



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