Never Let Me Go escrita por Rosa


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey! Espero que gostem desta fanfic. Ela terá apenas 3 capitulos. A música escolhida para este capitulo é All Of Me do John Legend, ouçam a música enquanto leiam o capitulo. Bjinhos.



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   “ 'Cause all of me

Loves all of you

Love your curves and all your edges

All your perfect imperfections

Give your all to me

I'll give my all to you

You're my end and my beginning

Even when I lose I'm winning

'Cause I give you all of me

And you give me all of you oh ”

A batida insistente na porta foi o que a tirou do sofá da sua nova “casa”. Por um momento Carol pensou que era Ezekiel, mas não havia nenhum barulho da Shiva que mostrasse a sua presença. Talvez pudesse ser Morgan, que apesar de lhe dar o que ela pediu, solidão, ainda costumava fazer algumas visitas. Mas poderia ser ele com essa batida insistente, não poderia ser Ezekiel também, quem mais poderia ser?

Ao se aproximar da porta um cheiro familiar invadiu sua mente, mas não era real, não poderia. Sua mente estaria pregando mais uma peça? Ela estava de fato enlouquecendo e não percebeu? A loucura um dia chegaria, e isso era um fato, mas Carol não esperava que fosse tão rápido e da forma que mais lhe doía o coração. Por um momento ela se afastou, fechou os olhos com força e respirou fundo.

Ele não está aqui, você o deixou!

Você o abandonou para sempre. Para sempre.

Ele não virá atrás de você, ele te odeia neste momento!

Você não saberá se ele está morto ou vivo, talvez ele tenha morrido.

 

Seus olhos se apertavam cada vez mais e, apesar da força que fazia para fecha-los lágrimas ainda se formavam à medida que as vozes surgiam em sua mente. Nada disso é real, não é real. – Carol dizia para si mesma cada vez mais.

A batida se tornou mais forte e mais insistente. Carol rapidamente foi para sua faca e se aproximou novamente para abrir a porta.

—Ela não vai abrir desta forma, espere. – A voz do Morgan surgiu do outro lado e as batidas cessaram. – Carol, abra. É o Morgan.

Ainda um pouco insegura, ela abriu a porta com cautela. O choque e o medo lhe atingiram no rosto como um tapa.  Em pé ao lado de Morgan estava ele.

O rosto cansado, mas ainda com os olhos azuis que prendia seu olhar. Os ombros um pouco caídos como se estivesse carregando o mundo, mas ainda pendurando a mesma besta de sempre. Os cabelos agora com uma aparência mais limpa do que ela estava acostumada a ver, mas ainda grande e caído nos olhos como de costume.

— Eu sei que você não queria que eu falasse com ninguém, mas ele.... Eu não consegui evitar. – Morgan suspirou. – Ezekiel disse a ele sobre você e....

Nada mais entrou em seus ouvidos depois que um corpo colidiu com o dela. Seus braços a embrulharam e ela sentiu aquela familiaridade que ela só tinha com ele, o calor que ela sentia falta todas as noites, o cheiro que a inebriava. Ela envolveu seus braços em volta dele e se permitiu sentir.

Seu corpo tremia como se estivesse no frio do Alaska, lágrimas saiam de seus olhos sem parar. Ele estava quebrado, tão quebrado quanto ela, mas ainda assim a procurou, ainda assim ele acolheu-a nos braços como se ela nunca tivesse saído de lá.

Por outro lado, Daryl achou que estaria preparado para vê-la novamente, mas quando aquela maldita porta se abriu ele viu que estava errado. Nada existia mais além dela, e tudo que ele queria era tocá-la. E então, assim ele fez, ele a tocou. Ele a trouxe de volta para o lugar de onde ela nunca deveria ter saído, seus braços.

— Eu nunca mais vou te perder. – Daryl segurou seu rosto entre as mãos e disse olhando no fundo dos seus olhos. – Nunca mais.

Lágrimas saiam dos olhos de Carol enquanto ela olhava nos seus olhos ainda vidrada. Daryl deu um pequeno sorriso e beijou sua testa, antes de se afastar para ela poder respirar um pouco. A mulher respirou fundo e começou a pensar com mais clareza. Ele não deveria estar aqui, não com ela, e isso era um fato. Mas ela também não poderia lhe mandar embora, não assim, não ele.

Ela jamais o mandaria embora ou diria adeus a ele, e por esses motivos sempre foi mais fácil fugir sem o conhecimento de ninguém. Ela não poderia enfrenta-lo, não poderia ver ele lhe pedindo para ficar ou querendo ir com ela. E agora, ela sabia que ele estava certo, Daryl a tinha por completo e nunca mais iria perdê-la.

— Eu, hum... posso entrar? – Daryl não era de muitas palavras, mas aquele silêncio dela estava matando-o.

A dor da perda ainda era presente em seu coração, mas ele sentia-se feliz pela primeira vez em muito tempo.  Seus amigos morreram, ele havia levado um tiro e sido torturado, mas vê-la lhe trouxe uma esperança que ele não tinha a muito tempo. O sentimento de que talvez tudo possa entrar nos eixos novamente e a dor da perda se acomodar de uma forma em seu ser que não fosse doer tanto.

— Por favor. – Ela deu espaço para que ele entrasse. Ela olhou e viu que Morgan já não estava mais ali e, estar a sós com Daryl a deixou feliz e ao mesmo tempo com um pouco de medo.

Carol foi a primeira a sentar e assim passou a observar como ele andava com as mãos no bolso olhando atentamente tudo em volta. Alguns minutos depois ele se virou e ela pode ver a mesma coisa que viu quando estavam na varanda, os ombros caídos como se estivesse carregando o mundo.

—Bem, bela casa.

—Hm, obrigada. – Sem saber muito o que dizer, ela apenas agradeceu e acenou com a cabeça.

—Carol, eu... – Ele suspirou. – Eu tenho tanta coisa para lhe dizer, mas agora parece que eu, merda. Eu não sou bom com as palavras e tanta coisa aconteceu, eu.... Quando aquele lunático que se acha rei, me disse que você estava por perto, eu só queria te ver..... Eu queria estar com você, olhar você, tocar em você. – Ele se aproximou e se sentou. – Eu te perdi tanto, tanto.

—Daryl... Eu sinto muito. – Ela colocou a testa em seu ombro e no mesmo instante sentiu seus dedos subirem pela sua nuca e se emaranharem em seu cabelo.

— Eu também sinto muito. – Sua voz tremeu. – Eu sinto muito por não te procurar antes, por ser eu quem vai dividir minha dor com você, por tudo...tudo.

Carol escorregou para mais perto de Daryl e moveu sua cabeça para o pescoço dele. Ela não queria nunca mais sair daqui, de perto dele, do calor dele. E por mais que ela mentisse todos os dias que passaram sobre querer estar só, ela tinha a consciência de que enquanto ele andasse sobre a terra ela não estaria sozinha nunca, nem mesmo quando eles estivessem afastados.

— Eu preciso lhe dizer o que aconteceu durante esse tempo em que você esteve longe.

— Eu não quero saber, eu não preciso.

—Carol, por favor. – Sua voz tremeu. – Você precisa saber antes de qualquer coisa. – Daryl respirou fundo enquanto as lágrimas começavam a surgir novamente em seus olhos. –Eu nem sei como lhe dizer.... Ainda dói tanto, e eu sei que vai doer em você também, mas eu preciso dizer. Você precisa saber.

— O que aconteceu? – Ela estava alerta agora, apreensiva também. Será que algo havia acontecido com o grupo? Com Carl? Judith? – Diga-me Daryl. – Ela viu uma lágrima escorrer de seus olhos dele e o mesmo nem se deu ao trabalho de secar.

— Abe e.... – Ele buscou forças do fundo da sua alma antes de continuar. – Abe e Gleen morreram.

E como ele esperava, ela desabou. Seu choro sofrido apareceu novamente desde a fazenda, e ele fez o que podia fazer, abraçou-a e a segurou até que acabasse. Ele se permitiu sentir e chorar com ela, e naquele fim de tarde, a única coisa que se podia ouvir era o choro de duas pessoas por aqueles que amavam.

Mas tarde, depois de se permitirem sentir aquela dor imensa. Daryl explicou a ela como tudo aconteceu e foi a vez de Carol segurá-lo enquanto ele chorava. Ela sabia que ele iria se culpar eternamente pelo que aconteceu com Gleen, mesmo todos dizendo que ele não teve culpa e a própria Maggie lhe dizendo isso. Era dele, era da natureza daquele Dixon carregar o peso do mundo nas costas. Era da natureza de Daryl Dixon carregar o sentimento de culpa, mesmo não sendo culpa dele.

— Hey, olhe pra mim. – Ela levantou o rosto dele em suas mãos e secou as lágrimas que escorriam de seus olhos. – Não foi culpa sua, Daryl. Entenda isso, NÃO FOI CULPA SUA!

— Eu.... Eu achei que se algo acontecesse seria comigo, e eu nunca tive a intenção, eu nunca imaginei que o Gleen... – Daryl tentava se explicar mais no fundo ele sabia que não havia explicação e ele não se perdoaria nunca.

— Você fez tudo que podia, não era culpa sua, nunca foi. – Ela beijou seus olhos, sua bochecha, seu nariz, sua testa. Carol distribuiu beijos pelo seu rosto e o abraçou forte. – Está tudo bem, querido. Eu tenho você.

Eles ficaram mais algum tempo no sofá consolando um ao outro, até que não se podia ver nada além da escuridão. Calmamente Carol o deixou sentado e se levanto para ascender uma vela que estava próximo.  Após isso, ela voltou para o seu lado e pegou sua mão, ficando em silêncio com ele até sentir que ele queria falar.

—Você está bem?

— Uhum, tem que ser. – Carol sussurrou e ele apertou sua mão. – Hm... Para ficar mais romântico, talvez um jantar.

—Sim.

— Eu sempre soube que você era um romântico. – Ela provocou tentando tirar um pouco aquela nevoa escura que pairava entre eles.

—Pare. – Ele resmungou sorrindo.

—Vou fazer algo para nós.

—Espere. – Ele puxou sua mão a fazendo olhar para ele. – Seria mais romântico se eu pedisse para jantar comigo mesmo sendo na sua casa e sabendo que você que fará o jantar?

—Sim. – Ela sorriu e ele viu seus olhos brilharem.

—Então, eu serei um idiota romântico por você. – Ela riu e ele entrelaçou seus dedos no dela. - Carol Peletier, você aceita jantar comigo?

—Sim, Daryl Dixon. – Ele se levantou para ficar no mesmo nível que ela.

Ela queria estar com ele assim, sempre tocando, sempre perto. A saudade que ela tinha dele e estava segurando dentro de si parecia ter explodido e agora, ela queria destruir qualquer barreira, qualquer distância que se colocasse entre eles.

A mulher subitamente o abraçou, envolvendo seus braços em seu pescoço e colando seu corpo o mais próximo que podia do dele. Era o abraço mais que merecido, era o abraço que ela precisava daqui para frente. Daryl abraçou a cintura dela e puxou mais para o seu corpo, dando-lhe um abraço de corpo inteiro. 

Após alguns minutos nesta posição, Carol se afastou dos seus braços para fazer o jantar para ambos. A noite iria ser longa, e ela esperava que não acabasse tão cedo.

Carol acendeu algumas velas que ela havia na cozinha e colocou-as em cima da mesa antes de ir para os armários pegar algum alimento e preparar uma refeição descente para ambos. No fundo ela podia sentir seu olhar acompanhando-a pela cozinha, seguindo cada movimento seu. O silêncio era confortável agora depois que aquela nevoa de tristeza se desfez, e eles não sentiam nenhuma vontade de quebrar. Talvez Daryl pensasse o contrário, mas observá-la depois de muito tempo já estava de bom tamanho.

Ele não era muito falador e, ás vezes, agir também foi um problema ainda mais quando se tratava de Carol.  Quando tudo aconteceu com Negan, o maior alivio da vida dele foi Carol não estar lá, ele não suportaria correr o risco de perdê-la daquela forma. Mas também, vendo como a vida neste mundo acaba em segundos, Daryl não queria perder mais nenhum segundo longe dela ou sem deixá-la saber o quanto ela significava para ele e hoje, depois de tanto tempo ele estava disposto a deixá-la saber de tudo mesmo que Carol não se sentisse da mesma forma por ele.

— Bem, se você continuar me comendo com os olhos deste jeito a comida vai ficar completamente sem graça. – Carol riu e mesmo de costas para ele, ela sabia que o homem estava completamente corado.

— Q-que?

—Estou sentindo seus olhos queimando nas minhas costas, Dixon. – Rindo, ela continuou fazendo seu trabalho com os vegetais, enquanto ouviu apenas um resmungo vindo do arqueiro.

Bem, algumas coisas nunca mudam entre eles e, provoca-lo era uma dessas coisas. Carol provocaria ou iria fazer algum comentário malicioso e Daryl iria corar como sempre fez. No início, ela pensou que essa familiaridade que viria junto com ele iria lhe causar pânico e vontade de fugir novamente, mas agora, Carol sabia que havia perdido ele de uma forma que nem ela mesmo conseguia medir.

Depois do jantar pronto, Daryl ajudou Carol a pôr a mesa e finalmente os dois puderam desfrutar do jantar. Eles não conversaram muito, talvez todas as palavras que haviam para ser ditas já haviam sido ditas algumas horas atrás e as últimas da noite estavam reservadas para mais tarde. 

Na hora de lavar os pratos Daryl a ajudou secando a louça, e notando ele mais atentamente ela pode notar que alho havia acontecido com seu ombro, que ele estava bem mais magro do que da última vez e mais pensativo também.

— O que está te incomodando?

—Nada...bem, quer dizer, não é grande coisa sabe. – Ele guardou o ultimo prato e se encostou no armário.

—Você pode me dizer, Daryl.

— Eu sei que sim, mas.... Olha, naquele dia que estávamos ajoelhados na frente daquele psicopata, bem, qualquer um poderia morrer... – Ele engoliu em seco enquanto ela o olhava atentamente. – Eu estava aliviado por você não estar ali, mas também estava com medo. Medo de não voltar para você, de morrer sem dizer... – Daryl suspirou e levantou seu olhar. – Medo de morrer sem dizer o quanto eu te amo.

Ele entendia que era muito para ela, e sabia que seus olhos arregalados não necessariamente representavam má coisa. Caramba, era muito para ele também, mas certas coisas haviam sido adiadas demais e ele não podia ter medo agora porque mesmo que nada mudasse, ela pelo menos iria saber caso ele não pudesse chegar a demostrar mais o quanto a amava.

—Eu entendo que isso é muito para você, mas eu te amo. – Ele riu e balançou a cabeça, mas depois voltou a olhar para seu rosto. – Merle, deve estar se revirando em seu tumulo neste momento, mas eu não me importo porque antes eu nunca tive alguém que eu amasse, e no fundo eu acho que sempre soube. Todos sabem, talvez até mesmo Merle sabia, mas quando eu estava lá vendo a cabeça das pessoas da minha família sendo esmagada eu pensei que poderia ter sido eu, até mesmo você. E se fosse eu, você nunca ouviria da minha boca o quanto eu te amo e o quanto você é importante para mim, e se fosse você.... Bem, seria a maior dor da minha vida e eu me arrependeria pelo resto dos meus dias por ter olhado para você por tanto tempo, por ter olhado para os teus olhos tanto tempo e ter sido covarde para caralho pra não dizer nada.

De fato, era muito, mas era o suficiente. Ela o amava mais do que amava si mesma, mas havia tanta coisa em jogo.... Antes havia tanta coisa em jogo. Agora, neste momento só havia os dois e seus sentimentos colocados a prova. Ela queria dizer para ele que o amava também, mas sua voz parecia sumir.

—  Merda, talvez você nem se sinta da mesma forma e eu sou capaz de entender isso, mas eu ainda continuarei amando você. Você é..... Você é a melhor parte de mim e eu não sei quando eu passei a te olhar como mulher e não somente mais como amiga, mas eu não consigo mais guardar isso pra mim. Eu já quase te perdi tantas vezes e já não sei quantas vidas ainda me resta das nove que eu tenho, mas depois de tudo eu não poderia mais perder nem um segundo além de todo esse tempo que perdi sem dizer a você que eu te amo. Eu te amo. 

Ela ainda estava parada no mesmo lugar que estava antes mesmo dele começar a falar, a única coisa que havia mudado e ele podia notar era algumas lágrimas não derramadas em seus olhos. Ele prometeu para si mesmo que não iria ter medo, não mais, porém aquele silêncio era indecifrável, agonizante. O velho Daryl iria fugir, na verdade, o velho Daryl nunca chegaria a dizer essas palavras para ela, ele era covarde demais para isso. Mas uma coisa que o caçador havia aprendido era que o tempo nunca seria suficiente para esperar o depois.

Carol deu um passo em direção a ele, suas pernas ainda vacilantes depois de tudo que havia ouvido. E assim foi, um passo após o outro até que ela estivesse alguns centímetros de distância de um Daryl Dixon claramente nervoso. Ela levantou a mão e escovou seu cabelo do rosto dele deixando seus dedos roçar levemente a pele do seu rosto.

— Só para você saber, eu amei você primeiro. – E antes que ele pudesse responder suas palavras, ela fechou os olhos e encostou seus lábios no dele. 

Foi completamente inesperado, e ele não pode deixar de sorrir em seus lábios depois da sua declaração. O fez lembrar da prisão, do tempo em que eles tiveram um pouco de paz por um tempo e de quão próximos eles chegaram.

Daryl abraçou a cintura dela com um de seus braços e com a outra mão emaranhou pelos seus cabelos platinados segurando-a mais próximo. Carol já havia imaginado esse momento tantas vezes, mas nada se comparava a isso, ao agora. Seus lábios rachados ainda se moviam junto com os dela com ternura, amor, carinho. Ninguém diria que o caipira rude fosse tão doce, mas ela sim, Carol sempre soube.

—Eu te amo. – Recuperando o folego, Carol encostou sua testa na dele. – Bem, não é que o Dixon pode ser doce e romântico quando ele quer. – Eles riram juntos depois de tanto tempo.

—Pare, mulher. – O caçador estava vermelho até a ponta das orelhas, mas ainda assim se inclinou para dar mais um beijo em sua amada.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor amores, quero a opinião de vocês.