Blue escrita por chittazphon


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi! Eu mais uma vez :)
Eu havia postado essa fanfic na minha outra conta, mas eu acabei deletando por motivos de... Bom, eu queria recomeçar tudo e do zero, então criei essa conta aqui e vou repostar todas as minhas fanfics que vocês já liam. É isso aí, boa leitura aos novos leitores e aos antigos, peço um pouco de paciencia porque eu vou continuar esse projeto e não pretendo desistir dele kkkk ;D



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CAPÍTULO I

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De longe era possível ouvir os gritos das pessoas. Elas também assoviavam e diziam palavras de baixo calão; notas de dinheiro passavam de mão para mão. Alguns gritavam o seu nome, já outros lhe desejavam má sorte. Havia também belas moças com vestidos curtos e decotes exagerados debruçadas sobre o pequeno ringue improvisado. O ambiente era sujo e fedia, mas ninguém parecia se importar.

— Bem vindos ao banho de sangue! – Disse o locutor da luta, no centro do ringue e com um megafone colado à boca. – Se estão em busca de uma aula de economia, vieram na merda do lugar errado meus amigos! Meu nome é Hidan e sou eu quem convoco as lutas e faço as regras. As apostas terminam assim que os oponentes estiverem no chão. Nada de encostar nos lutadores, nem ajudar, nem mudar a aposta no meio da luta. Se quebrarem as regras, vocês serão esmagados, espancados e jogados pra fora sem nenhum dinheiro. E isso vale para vocês também meninas! Então não usem suas putinhas pra fraldar o sistema, caras.

Algumas pessoas da plateia vaiaram Hidan, as garotas ali presentes se fingiram de desentendidas, outras pessoas simplesmente riram da maneira que o homem falava.

A mistura de sons ali deixava Naruto um pouco confuso, com certa dificuldade em se concentrar à pessoa que estava do outro lado do ringue e que em poucos minutos estaria tentando lhe nocautear. E era nessas horas que ele se perguntava por que fazia aquilo; por que se submetia a estar em um lugar tão sujo quando tinha a opção de estar debaixo de suas cobertas, no dormitório.

— Essa noite temos um novo desafiante! – Recomeçou Hidan, com o megafone na boca mais uma vez. Os gritos e os movimentos aumentaram num ritmo febril. – O lutador de luta livre e astro da Área de Suna, Sabaku no Kankuro!

Seguiram-se aplausos eufóricos da torcida. A multidão se partiu como o Mar Vermelho quando Kankuro entrou no ringue. Ele deu alguns pulinhos e girou o pescoço de um lado para o outro, preparando-se para a luta que o esperava. Hidan prosseguiu:

— Nosso próximo lutador dispensa apresentações, mas como é a primeira vez de alguns aqui, eu farei as cortesias: Tremam nas bases rapazes, e fiquem de quatro, meninas! Com vocês, Kyuubi!

Houve uma explosão de sons quando Naruto apareceu do outro lado do ringue, sem camisa, tenso, mas não menos confiante. Caminhou sem muita cerimônia para o centro do círculo, com músculos firmes estirados sob a pele nua e bronzeada. Cumprimentou Kankuro com um aceno de cabeça rápido. No fundo, Naruto achava um pouco de graça naquilo tudo. E então Hidan deu o sinal de que a luta tinha começado.

Um soco veio em sua direção, ele desviou e tentou jogar Kankuro no chão, mas no que ele se inclinou para fazer esse movimento, uma joelhada foi contra o seu rosto. A sobrancelha de Naruto ardeu e sangue começou a escorrer até chegar ao seu olho, sua visão ficou meio turva, mas ele se forçou a concentrar-se na luta. Kankuro, novamente, preparava para atacar o loiro, mas dessa vez falhou. Naruto desviou no ultimo segundo, jogando o corpo para a esquerda e tomando impulso para socar as costelas do adversário repetidas vezes. Certeiro, potente e doloroso.

Kankuro tentou revidar os golpes, mas Naruto foi mais rápido, pôs-se de pé, ainda socando o adversário com força e agora iniciando uma série de chutes no mesmo lugar. O moreno tentava, violentamente, revidar os golpes, mas Naruto prendia-o pelo pescoço com o braço. Os chutes se intensificaram e agora acertavam o rosto de Kankuro, uma parte da plateia observava, mortificada enquanto Naruto o atacava como se ele fosse um boneco. Então cotas de sangue borrifaram as pessoas mais próximas ao ringue, e Kankuro perdeu o equilíbrio, caindo sobre os joelhos, ele socou inutilmente Naruto, mas estava tão fraco e zonzo devido aos chutes que seus murros não surtiram efeito. Naruto, então, deu seu último soco antes que o adversário caísse no chão, desacordado. Os expectadores ficaram em silêncio.

Hidan surgiu no círculo e, com um pano vermelho, cobriu o corpo caído de Kankuro, e a multidão explodiu. O dinheiro mudou de mãos novamente e as expressões dividiam-se entre os orgulhosos e os frustrados. Algumas mulheres se esfregavam umas nas outras, tentando chamar a atenção de Naruto, mas este apenas pegou uma toalha e cobriu a ferida aberta na sobrancelha, que ardia insistentemente. Aquilo com certeza precisaria de pontos e ele não fazia ideia de como iria se apresentar no dia seguinte.

Ele saiu do ringue ouvindo os gritos de uma plateia em êxtase. Enquanto pegava suas coisas, uma jovem de vestido curto se apressou em comprimir os seios com os braços, tentando seduzi-lo, mas tudo que Naruto fez foi ignorar; vestiu rapidamente a camisa branca e jogou a mochila nas costas. Aproveitou a boa quantidade de pessoas que lhe cercavam e seguiu no fluxo, afastando-se da aglomeração.

Como as lutas eram ilegais, os lugares onde elas aconteciam eram sempre diferentes e em sua maioria ocorriam no subterrâneo. Naruto puxou um caixote de madeira e subiu até uma janelinha que daria para um beco. Era o lugar com mais chances de ele conseguir fugir sem ser notado.

Lá fora estava frio, como era de se esperar, e ele se cobriu com um casaco que estava dentro da mochila. Na rua, já fora do beco, não havia ninguém. As luzes dos postes estavam oscilando. Era possível de se ouvir, ao longe, latidos. Naruto andava em passos rápidos na intenção de chegar o quanto antes no quartel. Sua sobrancelha ainda ardia e o cheiro de sangue ainda estava impregnado em suas narinas. Apesar do triunfo, ele ainda se perguntava o porquê exatamente tinha que se submeter a aquilo.

Seus pais haviam morrido quando ele tinha dez anos, contaminados por um vírus misterioso que médico nenhum soube explicar. Foi aos dez anos também que ele foi recrutado para a força militar do país, por falta de algum parente que pudesse ficar com a sua guarda, e desde então, acabou se tornando o melhor de sua turma, mas, no entanto, recusava qualquer proposta de promoção. Ele dava o seu melhor, mas não amava a profissão.

Não achava certo, de maneira alguma, a forma que os militares assumiram o poder em Konoha. Ele viu com seus próprios olhos pessoas morrerem de fome e de frio durante o inverno, e teve que ficar calado, pois havia feito um juramento que não podia quebrar.

Dou minha vida e minha honra pelo meu país

Por esta noite e por todas que estão por vir

As palavras ainda ecoavam em sua mente, enquanto lembrava-se do morador de rua faminto que furtou uma linguiça no mercadinho da Área Central, e que foi assassinado com um tiro na cabeça. O tiro partiu da arma de um dos superiores de Naruto, ele ainda sentia um frio na barriga quando pensava naquilo, era como se estivesse vivendo tudo de novo. Era horrível.

Mas não tinha sido sempre assim, quando ele foi levado para a Academia Militar, as coisas eram diferentes, foi somente depois de três anos que os militares tomaram o poder absoluto, e que o caos começou. A sociedade acabou por se dividir em Áreas: a Área Central era designada aos comerciantes, os legais, não os ambulantes – estes, os militares prendiam e ficavam com suas mercadorias –, a Área fora da cidade era reservada aos agricultores, já as Áreas de minas de carvão ficavam mais afastadas ainda.

Naruto morava na área dos Quartéis, que eram isoladas por uma cerca enorme de arame, mas que, felizmente, não era completamente cuidada. Em alguns pontos, haviam falhas, aberturas por assim dizer, e era por ali que o Uzumaki deslizava quando queria sair para respirar um pouco de ar que não cheirasse a pressão daquele ambiente frio.

Claro que fazia tudo nas escondidas, pois se fosse pego, não gostava nem de imaginar as possíveis punições que sofreria. Sair do Quartel era estritamente proibido, a não ser que estivesse cumprindo alguma missão, mas não estava. Por isso ele criou o codinome, Kyuubi, para que não o reconhecessem nem fora, nem dentro do Quartel como o garoto das lutas ilegais, também sempre saía no horário que sabia que a ronda estava sendo feita em outra parte da cerca, que não aquela em especifica. Ele era cauteloso, não podia ser descoberto. Não seria.

 Chegou rápido na cerca, então, escondido por uma massa de arbustos, ele passou por debaixo do trecho de aproximadamente 60 centímetros. Teoricamente era para ser eletrificada, mas haviam coisas mais importantes ao ver dos Oficiais do que alguns metros abandonados de cerca. Quem em sã consciência invadiria o Q.G.? eles diziam.

O Uzumaki entrou no dormitório onde seus colegas dormiam e se dirigiu ao banheiro, estava totalmente despido e a água quente do chuveiro já caía, formando uma nuvem de vapor no ambiente escuro, iluminado somente por um feixe da luz do luar que entrava pela janelinha perto do teto, quando ouviu sua voz.

— Lutando de novo? – os grandes olhos verdes de Haruno Sakura brilharam.

Naruto sentiu os músculos tensos do rosto relaxarem.

— Sim, ganhei.

Seria esperado de pessoas normais que houvesse desconforto ali, afinal, ela era uma menina e estava presente enquanto ele, um garoto, tomava banho. No entanto, para eles aquilo era comum, uma vez que o dormitório e o banheiro eram compartilhados entre homens e mulheres.

A garota se aproximou, não se importando em se molhar, e prensou-o contra a parede. O ferimento na testa ganhou foco na luz fraca.

— Ganhou também uma sobrancelha em carne viva – tocou o sangue, o que fez o loiro estremecer num choque momentâneo de dor. – Ainda não entendo o motivo pelo qual você faz isso…

— Porque se eu bater em alguém aqui até que essa pessoa fique desacordada, serei punido. Lá as pessoaspagariam para me ver batendo nos outros.

— É, mas não pagam.

Desligou a ducha, Sakura lhe entregou a toalha e desapareceu entre os armários, só apareceu novamente quando ele havia vestido as calças. Em uma das mãos, ela trazia um potinho de unguento; empurrou-o para se sentar em um dos bancos e começou a passar a pomada na ferida.

Delicadeza nunca foi seu ponto forte.

Naruto ainda se lembrava do primeiro dia dela na Academia, era uma menina pequena de cabelos rosados, magrela, fraca e assustada, mas se olhasse bem em seus olhos verdes esmeralda, havia determinação. No começo, ele pensou que ela não duraria uma semana sequer, ainda mais levando em consideração o fato de que eram todos avaliados durante as primeiras semanas e os que obtinham pior desempenho, eram expulsos, mas surpreendentemente ela se tornou forte, e os dois se tornaram amigos improváveis.

— Amanhã o Madara vai questionar a origem dessa cicatriz – a Haruno falou ordinariamente enquanto colava um esparadrapo por cima da gaze que colocara ali. – Qual vai ser a sua desculpa desta vez?

Ele levantou os olhos, fixando-os aos dela por um momento, e suspirou, derrotado.

— Não faço ideia. Vou inventar algo na hora.

— Diga que perdeu de mim – disse subitamente, e corou, ou talvez fosse apenas impressão dele, não soube dizer. – Diga que apostamos uma luta e que você foi derrotado.

Para dar efeito na fala, ela lhe deu um soquinho no ombro. Naruto levantou uma sobrancelha.

— Eu? Perder para você? – riu. – Uma garota?

Naruto gostava da Haruno, de verdade, e reconhecia que ela era boa com facas, tiro ao alvo, e também no combate corpo a corpo, mas ela ainda era uma mulher, e tecnicamente, frágil. Dizer que havia perdido para uma garota seria como dizer que perdeu para um filhotinho. Inadmissível e ridículo, ao seu ver.

— Sim, algum problema? – Sakura soou fria, como se tivesse ficado chateada com a forma que ele falou. Ela não era uma garotinha assustada, não mais. – Eu poderia te derrotar num piscar de olhos Naruto, você que é cavalheiro demais para lutar comigo pelo fato de eu ser mulher, ou seria apenas covarde mesmo?

O loiro não respondeu. Gostava da personalidade forte e quente que ela tinha, mas não quando trazia à tona para cima dele.

— Diga isso ou arque com as punições de Madara, bundão. – E saiu, deixando-o sozinho no breu do banheiro, que de repente lhe pareceu frio demais.

Naruto não demorou muito para cair no sono, seus sonhos foram vazios e no dia seguinte ele sentia que alguém tinha passado com um trator por cima de seu corpo. Sakura, que sempre lhe cutucava no refeitório enquanto tomavam café da manhã, não lhe dirigiu a palavra nem muito menos o olhar. E quanto mais o tempo passava, mais nervoso ele ficava, pois ainda não sabia o que iria dizer para seu superior sobre a cicatriz – e ele sabia que Madara ia perguntar.

Assim que entrou em formação no pátio, viu o homem mais velho marchar na direção do pelotão. Naruto, como melhor de sua turma, estava à frente de seus colegas. Um sorriso maldoso surgiu nos lábios do homem ao ver o loiro.

Pareço um gato medroso.

— Uzumaki – começou. Ele era apenas alguns centímetros mais alto, mas intimidava qualquer um com seu olhar imponente. – Que cicatriz é essa?

Foi como um nocaute, mesmo sem olhar para trás, ele sabia que Sakura estava escondendo um sorriso, mas se olhasse, perceberia no olhar dela o quanto gostava da situação. Ela tinha tendência de ser maldosa às vezes.

Engoliu em seco, respirou fundo. Pensou em todas as desculpas que poderia dizer: que caiu enquanto treinava na pista de corrida, que foi arranhado por um gato selvagem que adentrou a cerca – não, isso culminaria na analise da mesma e eles poderiam certificar-se de que a cerca ficasse eletrificada por completo, e sem nenhum vão que lhe permitisse escapar –, que estava com tanto sono que dormiu durante o banho e escorregou no banheiro e se cortou em um azulejo quebrado. Mas todas essas desculpas lhe pareceram ridículas.

Madara ainda o observava de frente, estreitando os olhos.

— Tive uma luta com a Haruno, ela me derrotou.


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Notas finais do capítulo

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