A Magia Além das Palavras escrita por Min Green


Capítulo 3
Capítulo 3




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        As ruas estão escuras e sem vida, olho para o fim da rua e vejo um grupo de homens conversando. Eles estão vestidos de preto e usavam capuzes. Abaixo minha cabeça e passo reto por eles.
       -Então vai ser as dez, certo ?-escuto uma voz masculina falando.
       Começo a andar mais rápido até me afastar daqueles homens. O que eles iram fazer as dez ? Tento esquecer isso, não era problema meu.
       Chego em casa, procuro por meu pai, mas ele não estava. Vou até meu quarto e me abaixo-me, pego a desgastada caixa vermelha, que estava em baixo da cama.
Sento-me no chão e abro a caixa, lágrimas invadem meu olhos ao olhar o que tem dentro dela. Havia um lenço branco bordado, uma velha fotografia do dia do casamento de meus pais e também uma pequena caixinha dourada.
Abro a pequena caixinha e dentro dela estava o anel de noivado da minha mãe. Ela amava tanto essas coisas, pego a fotografia e no verso estava escrito, com a impecável caligrafia de minha mãe: "Casamento de Dália  e Josh Bellemont, o dia mais feliz da minha vida".
A foto estava queimada, não dava para ver o rosto de minha mãe, somente o rosto sorridente de meu pai. Eu queria ao menos me lembrar com ela era.
As lágrimas enchem meus olhos, como eu sentia sua falta. Em uma fração de segundos , as lágrimas tomam todo o meu rosto. Guardo a caixa novamente embaixo da cama, eu não queria chorar mais.
Deito em minha cama e olho para o teto, onde minha mãe estaria? Adormeço me lembrando da voz dela.

***

"Pássaro do céu, que um dia se rebelou, não se assuste por favor. Não precisa ter medo é só acreditar, que tudo irá se realizar".
Acordo, olho pela janela o sol nascer. Foi mais um sonho escuro, só escutando minha mãe cantar. Era reconfortante sonhar com ela, ou melhor, com a voz dela.
Me levanto e visto meu clássico uniforme de trabalho. Vou até a sala, meu pai não estava lá, eu não o vejo desde ontem. Vou até o fogão é faço o chá.
Tomo uma xícara do mesmo e como alguns biscoitos de canela. O dia está nublado, parece que vai chover.
Termino de comer e pego o casaco de Marvin, eu deveria levar de volta para ele. Visto um casaco e saio de casa, no meio do caminho me deparo com Caliandra indo trabalhar. Sua barriga está tão grande.
—Oi Lia -diz ela se aproximando de mim.
—Oi -digo a abraçando.
         -Como está o papai? -diz ela com expressão de preocupação- não tenho visto ele ultimamente.
         -Ele está bem.
         -Aconteceu algo? Você está tão fria e distante.
         -Caliandra, como era a mamãe ?-digo, ela devia se lembrar.
         -Quer vê-la , se olha no espelho -ela diz com um sorriso fraco- vocês quase idênticas, os mesmos cabelos castanhos e olhos cor de mel.
         Estávamos passando pela floresta, quando Caliandra cai no chão.
          -O que aconteceu ?-digo abaixando me para ajudá-la.
          -Minha bolsa, ela estourou.
          Olho para minha irmã caída no chão e o mundo parece parar. Caliandra gritava de dor a cada contração. O que eu deveria fazer ?
          -Me ajuda -ela diz gritando.
          -Kaline -me lembro da enfermeira que trabalhava no palácio.
           Começo a correr até a casa de Kaline, bato na porta, até que ela atende.
            -Liatris? -pergunta ela me olhando.
            -Me ajuda, o filho de Caliandra está nascendo.
            Kaline e eu saímos correndo até onde minha irmã estava. Ajudamos Caliandra a levantar e a levamos para sua casa.
            -O que aconteceu ?-pergunta Radien se aproximando.
            -Ela vai dar à luz -digo para ele.
            -Peguem toalhas e uma bacia, rápido! -ordena Kaline.
            Vou até a cozinha e pego a bacia e algumas toalhas. Volto correndo para a sala, Radien segura a mão de Caliandra, enquanto ela grita de dor.
            Entrego para Kaline, ela sussurra um obrigada e volta a se concentrar no seu trabalho. Minha irmã está vermelha e lágrimas escorrem por seus olhos.
            -Ahaaaa -escuto o grito de Caliandra.
            -Nasceu -diz Kaline em seguida- e é uma menina.
Caliandra sorri tão alegremente, que seu a dor que estava expressa em seu rosto, desaparece. Ela pega sua filha no colo e começa a observá-la.
—Você vai se chamar Iris.
Radien a abraça, eles estavam tão felizes.
—Ei, eu estou aqui também -digo fingindo estar emburrada.
—Vem ca, sua boba -diz Caliandra.
Observo Iris ela era linda, a pego no colo. Ela estava com os olhinhos entreabertos e chorava. Kaline a pega no colo e começa a limpa lá e fazer os devidos cuidados.
—Lia você viu como ela é linda? -diz minha irmã ainda emocionada.
—Sim, ela é perfeita -digo sorrindo- mas eu tenho que ir, já estou atrasada.
—Tudo bem -diz ela sorrindo- a propósito, obrigada por estar ao meu lado.
—Eu sempre vou estar -digo e a abraço.
Saio da casa de Caliandra com o casaco de Marvin nos braços e um sorriso no rosto. Como eu amava minha família, e agora teríamos mais uma integrante a ela.
Chego até o palácio e me dirijo até a entrada dos funcionários . Sigo em direção até a biblioteca, ao entrar me deparo com Marvin sentado em uma cadeira, lendo. Seus olhar sobe até mim e ele sorri.
—Você está bem sorridente hoje, senhorita Liatris -diz ele se levantando- posso saber o motivo?
—Minha sobrinha acabou de nascer -digo e estendo seu casaco - obrigada.
—Tudo bem -ele pegando seu casaco - então, tchau.
—Tchau.
Marvin sai da biblioteca, fico parada pensando, ele seria com certeza, um bom amigo. Me viro em direção às estantes e dou de cara com meu pai me observando.
—Não sabia que você é Marvin eram amigos -ele diz arqueando as sobrancelhas.
—Acho que nem isso somos -digo sorrindo- a propósito, onde você estava ontem?
—Fui visitar aquele meu amigo doente, ele está muito mal.
—A sim.
Meu pai vai até o depósito de livros e eu vou limpar algumas prateleiras. Eu estava certa, nem amigos éramos. Marvin era o sucessor, e eu somente uma prestadora.


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