Amortentia escrita por Lena


Capítulo 1
Capítulo Único - Revelações


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Rose saiu apressada da aula de Poções, um pouco – para não dizer muito – desconcertada com o que havia acabado de confirmar sobre si mesma. Ela não havia previsto isso acontecendo, o que deixava as coisas ainda piores, uma vez que sua personalidade controladora não permitia falhas ou que as coisas saíssem minimamente do curso planejado. E aquilo era uma dessas coisas completamente fora de seus planos.

“Ei, Rose, deixou suas anotações para trás.” Zara, uma de suas colegas da Grifinória corria atrás dela, tentando alcançá-la com a o pergaminho estendido.

“Ah, obrigada.” Ela finalmente parou de andar para pegar o que havia deixado para trás. Seu coração estava acelerado – ela não tinha certeza se devido a corrida ou aquela outra coisa, provavelmente pelos dois.

“Você está bem, Rosie? Você está pálida, quer que eu a leve à enfermaria?” A colega, perfeitamente preocupada, era o mais próximo de amizade que ela tinha. Não eram próximas o suficiente para trocar confidências, contudo, sentavam-se juntas em algumas aulas e iam para Hogsmeade quando Zara não tinha nada melhor para fazer com uma pessoa menos politicamente correta.

“Obrigada, mas estou bem. Te vejo mais tarde.” A Weasley mal podia esperar para estar em algum lugar sozinha. Ela continua a passos apertados em direção ao salão comunal de sua amada casa, tentando, com todas as suas forças mentalizar qualquer coisa que não tivesse haver com ele. No entanto, foi impossível. Scorpius Hyperion Malfoy não saia da sua cabeça já há um tempo, contudo, não esperava que a situação se agravasse de tal modo a fazê-la sentir o cheiro dele na Amortentia preparada durante a aula. E pior de tudo, se exposto bem na frente dele.

Como sempre, Rose levantou a mão para explicar, a todos da sala, o que era uma poção do amor. Diferentemente da maioria das matérias, ela conhecia a poção devido ao fato de sua mãe ter lhe contado sobre a vez em que seu pai havia sido “envenenado”. Dessa maneira, ao começar a falar sobre a poção, naturalmente, ela deu como exemplo os cheiros que estava sentindo: Café, livros velhos, terra molhada pela chuva e... baunilha. Scorpius levantou bem o olhar para Rose quando ela falou desse último. Sem ao menos perceber, ela havia dito que estava sentido cheiro de baunilha – coisa de que ela sequer gostava – e, na verdade, era uma das marcas de Scorpius. Scorpius cheirava a baunilha: seu cabelo e suas roupas, mais especificamente. E para piorar a sua situação, ela havia comentado, na verdade, reclamado, mais de uma vez de sentir um cheiro forte de baunilha quando ele estava por perto – sem a intenção de provoca-lo. De fato, ele sabia que ela sabia que aquele cheiro era dele.

Por esse motivo, Rose sentia-se encrencada. Quando percebeu o que havia dito, permaneceu nos poucos minutos de aula que restavam de cabeça baixa, sem coragem de olhar para frente e ver que Malfoy a encarava.

Finalmente sozinha, Rose deita-se para tentar dormir nas horas que faltavam para o jantar. Percebeu, tarde demais, que ficar somente com seus pensamentos era perigoso, afinal, eles estavam manifestados pelo loiro.

Na hora do jantar, a ruiva não olha para nada que não seja sua comida. Preferia manter-se quieta e cabisbaixa para evitar procurar Malfoy com os olhos. Certo momento, no entanto, acho conveniente dar uma olhadinha, só para ter noção de onde ele estava e poder não correr o risco de olhar para lá novamente. Infelizmente, o olhar de Rose foi atraído diretamente para o Malfoy na mesa da Sonserina, bem ao lado de Albus. Ele também a encarava. Constrangida como nunca antes, ela direciona seu olhar para a torta de abóbora e não se atreve a olhar para a frente.

O dia seguinte os alunos poderiam ir a Hogsmeade e, apesar de ser um lugar grande, os alunos quase sempre iriam para os mesmos lugares. Ela não queria arriscar se encontrar com Malfoy, mas também não queria deixar de fazer coisas de seu interesse por causa dele. Era demais admitir que ele tinha algum efeito – qualquer efeito que seja – sobre ela. Mas tinha que admitir: as investidas dele sempre mexeram com ela, apesar de nunca ter se importado por ele ser quem era. Não era segredo para ninguém o fato de Scorpius admirá-la, mas nos últimos meses e, principalmente, no decorrer do sexto ano, parecia que ele finalmente tinha desistido. Ele continuava sendo o mesmo de sempre, charmoso e educado, mas havia parado de ser excessivamente legal com ela. Começou a trata-la como tratava a todos e, talvez, esse era o incentivo que Rose precisava. Estava acostumada demais a ser o centro das atenções dele: “Essas flores são para você, Rose.” “Você é excepcional, Rose.”, “Rose é a melhor em tudo o que faz.”, “A Rose é brilhante.”. Ele sempre teve um jeito especial de tentar agradá-la, nunca escondeu que gostava dela e nunca deixou de ser respeitoso; aceitava quando ela o criticava, calava-se quando ela falava e tinha aquele brilho no olhar. Mas Rose nunca quis nada daquilo. Até querer.

Passeava lentamente pelas sessões da biblioteca, sem pressa alguma. Avistou a parte que dizia “Poções” e caminhou até lá, talvez tivesse algo sobre Amortentia. Ao entrar na sessão, congelou onde estava. Scorpius olhou para frente e também paralisou por alguns instantes. Em suas mãos estava um livro escrito “A poção do amor”, que ele rapidamente escondeu atrás das costas.

“Oi, Rose.” Ele diz, sorrindo brevemente. Ele também estava nervoso.

“Oi.” Ela responde e vira as costas, tentando escapar daquela situação o mais rápido possível.

Scorpius coloca o livro de volta na prateleira e vai atrás da ruiva antes que ela estivesse muito longe. Rose caminhava depressa.

“Ei, Rose, espera.” Ele fala alto. Não havia quase ninguém ali, então não tinha necessidade de fazer silêncio. Ela para de andar, relutante.

“O que quer?” Questiona de forma seca, sem olhar pra ele.

“Só queria saber se... Bem, se você tem companhia para ir a Hogsmead hoje?” Incrivelmente, aquela era a primeira vez que Scorpius a chamava para sair.

Rose é pega de surpresa.

“Não vou a Hogsmeade hoje. Onde está Albus?” ela desconversa, da melhor maneira que pode. O cheiro de baunilha a atinge em cheio, lembrando-a do incidente do dia anterior.

“Ele não gosta de ir lá. Mas você gosta, não é?” Ele faz uma pausa diante da falta de resposta. “Por que não vai hoje?”

“Só não quero.” Ela murmura. Na verdade, queria evitar ele a todo custo, mas lá estava Scorpius, falando com ela. “Malfoy, me deixa em paz.” Ela pede.

As palavras grosseiras não eram novidade para ele, então ele simplesmente aceitou. Por mais que tentasse aceitar que Rose nunca iria gostar dele simplesmente porque ele era um Malfoy – e claro, por uma questão familiar antiga – o cheiro que ela descreveu da Amortentia tinha lhe dado uma pontada de esperança, mas era bem óbvio que ela não queria a companhia dele.

“Desculpa, não queria incomodar você, só saber se você estava bem. Desculpe.” Ele diz, um pouco atrapalhado e visivelmente chateado, mas ainda assim, deu um sorriso.

“Por que é assim, Malfoy?” Rose questiona, um pouco irritada.

“Assim como?” Indaga confuso.

“Assim... Você é sempre tão... tão cordial, terrivelmente cordial e nunca se irrita com nada. Você não revida quando eu te provoco, é... todo delicado pra falar comigo quando eu, claramente, não faço esforço nenhum pra ter esse tratamento. Você devia estar me xingando, ou sei lá, seja rude uma vez na vida. Eu não quero nem mereço que seja legal comigo.” Rose falou de uma vez e, como sempre, Scorpius escutou. Depois de alguns segundos, quando ela terminou de falar, ele resolve responder.

“Não sou assim com todo mundo Rose... Só com quem eu me importo.”

“Mas eu não quero que se importe comigo, porque eu não me importo com você. Não vê?”

Scorpius se cala. Mesmo que quisesse, não conseguiria dizer uma palavra sequer para ofendê-la, então decidiu simplesmente virar as costas e ir embora. Rose apenas permitiu que ele fosse deixando seu perfume de baunilha para trás e arrependendo-se de ter dito tudo aquilo de maneira instantânea.

Os dias pareciam passar rapidamente para a maioria dos alunos de Hogwarts, menos para Rose. Cerca de duas semanas após o desastroso confronto com Malfoy, Rose não podia mais se esconder dos sentimentos recentes. Nunca, nem em um milhão de anos, ela imaginava ter um sentimento por Scorpius que não fosse de total indiferença. Dessa maneira, precisava, mais do que tudo, desembaralhar-se para que finalmente conseguisse entender o que estava acontecendo.

E, infelizmente, só havia uma maneira de fazer isso. Precisava encontrar Scorpius Malfoy.

[...]

“Scorpius.” Rose chama baixinho assim que o encontra sentado nas margens do Lago Negro. “Posso falar com você?” Ele mal consegue acreditar em sua própria visão, mas não recua, ele acena uma vez com a cabeça. Rose senta-se ao seu lado, mas ainda assim, com certa distância.

Rose inspira profundamente, sem saber o que dizer a seguir. Sabe que veio por um motivo, mas não tem certeza em como começar. Scorpius a olha por alguns segundos e logo desvia o olhar, um pouco desconcertado.

“Malfoy, me desculpa.” Ela diz, tomando coragem para olhar para ele.

Scorpius a olha também, tentando entender exatamente o que ela está querendo dizer.

“Pelo que?” Ele questiona, verdadeiramente confuso.

“Por tudo. Por todos esses anos.” Weasley pede. “Desde o primeiro dia, eu odiei você sem nunca ter te conhecido realmente. Até hoje, bem, até recentemente eu estava sendo movido a preconceito. Sinto tanto por isso. Eu odiava a sua família por tudo o que ouvi e, sem perceber, eu fiz com você exatamente o que eu desprezava.” Era muito difícil para Rose admitir tudo aquilo, ela era controladora demais e por isso, talvez, não tivesse muitos amigos. Ela havia chegado àquela conclusão naquelas semanas. Não conversava com muitas pessoas, nem mesmo da sua própria família. Percebeu que somente Scorpius ainda não havia desistido dela, até aquele dia na biblioteca, pelo menos e percebeu, depois de um tempo, que não queria perder ele também.

Scorpius ouve calado, não pressionando ela a continuar em nenhuma das pausas em que fez.

“Você não precisa se desculpar.”

“Preciso sim e preciso que você diga que me perdoa – se realmente me perdoar, é claro.” Rose olha para ele, se aproximando um pouco.

“Rose, eu nunca pensei que você me devia nada. Eu é que ficava indo atrás de você, mas nunca parei para pensar no quanto era errado ficar te pressionando daquela maneira.” Scorpius diz, verdadeiramente arrependido de ter insistido tanto em Rose, por mais que nunca houvesse de fato sugerido um encontro romântico a ela. Estava tudo nas entrelinhas.

Não, aquilo ainda não justificava seus modos com ele desde o início.

“Malfoy, preciso que diga que me perdoa.” Rose pediu, quase em súplica.

“Por que isso agora?”

Rose quase tinha se esquecido da Amortentia que tinha desencadeado tudo aquilo, mas agora que havia sido mencionado, ela sentia cheiro de baunilha para todo lado. Droga. Ela sempre se perguntou porque Scorpius cheirava a um perfume tão adocicado.

“Por que você tem cheiro de baunilha?” Ela proclamou a pergunta sem nem notar que estava falando em voz alta – quem, possivelmente, havia notado o desconcerto dela na aula de Poções.

“Como é?” Ele tinha um sorrisinho nos lábios, um que Rose ainda não tinha visto – e gostava.

“Você tem cheiro de baunilha.” Ela diz, quase convencida agora que ele sabia bem do caso da Amortentia.

“A minha mãe.” Ele diz e ela sabe bem onde ele vai chegar, arrependendo-se de fazê-lo relembrar de sua mãe falecida. “Ela gostava bastante de baunilha. Usava em tudo. Depois que ela morreu, não sei, queria lembrar dela.”

Rose queria se estapear, mas também queria dizer para ele o que estava acontecendo. Antes de repensar toda a situação e perder a oportunidade para sempre, ela diz de uma vez:

“Senti cheiro de baunilha em Amortentia.” Ela se mantém com uma expressão lívida.

Ele tem a boca um pouco aberta quando ela diz aquilo. Ele sabia sobre a Amortentia, mas nunca imaginou que ela iria lhe confirmar.

“Por que está me contando?” Ele resolve perguntar.

“Eu não sei. Não sei o que significa.” Ela sabia o que significava, mas uma parte dela ainda estava em negação, de alguma forma. Ela precisava que ele a ajudasse a entender.

“Você acha que, bem, acha que isso quer dizer, talvez, possa significar que... bem...” Scorpius começa a falar muito pausadamente, tentando encontrar as palavras corretas.

“Que eu goste de você?” A ruiva termina por ele, corajosamente encarando-o nos olhos. “Como posso saber?”

“Acho que você simplesmente sabe quando é real.” O loiro responde, mal acreditando que estavam tendo aquela conversa. Olhava para frente, dessa maneira, mal percebeu quando Rose se aproximou, ajoelhou-se bem na sua frente e tomou seu rosto com as duas mãos.

“Scorpius, diga que me perdoa.” Ela pede, perigosamente perto.

Scorpius estava tentando evitar admitir que ela o havia machucado com suas palavras no passado, mas se era tão importante assim...

“Eu te perdoo.” Scorpius foi interrompido pelos lábios inesperados dela sobre o seu. As mãos de Rose estavam em seus cabelos loiros em poucos segundos, puxando-o para si. Ele se assustou com o contato repentino, sentia-se como se todo o sangue de seu corpo tivesse escapado. Rose afastou os lábios dele para poder olhá-lo, sem nunca tirar as mãos de cada lado de seu rosto pálido. Ela também estava assustada, mas ainda assim, confiante.

Scorpius sorriu, finalmente recobrando os sentidos. Colocou uma mão no rosto de Rose e selou os seus lábios novamente, intensificando o beijo ainda mais. Scorpius havia perdido toda a esperança na biblioteca, mas lá estava ele, recuperando tudo o que havia perdido naquele momento.

Não queria se afastar dele, mas Rose teve que parar por alguns segundos.

“Scorpius... Pode me acompanhar a Hogsmeade no domingo?” Ela pede, tentando redimir-se aos poucos.

Ele a encarou, com um sorriso brincando no canto de seus lábios. Ela ficou vermelha pela primeira vez, percebendo o que estava fazendo.  

“Rose Weasley está me pedindo pra sair?” Ele provoca. “Bem, não sei, não.”

Ela o encara de olhos semicerrados, percebendo o que ele estava fazendo.

“Sabe que precisamos conversar.” Ela diz. “Aliás, você tem gosto de baunilha.” Eles se calaram aos selarem seus lábios mais uma vez naquela tarde. Scorpius e Rose não sabiam exatamente o que o futuro reservava, uma vez que ela ainda precisava encontrar a chave para entender os seus sentimentos. No entanto, dentro de si, ela sabia. Estava apaixonada por Scorpius Hyperion Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Me contem o que acharam! Críticas e elogios são muito bem vindos ♥



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