Paralelos escrita por Mrs Fox


Capítulo 2
Conhecendo


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo da shot.

Boa leitura!



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Como sempre chegou a segunda-feira e Sakura estava inegavelmente atrasada. Era a sua sina de início de semana, acordar uns minutos depois porque não reuniu as forças necessárias para sair da cama quando o alarme tocou, tomar banho e pentear, as vezes nem isso, o cabelo de qualquer jeito até que virava uma juba rosa terrível, enfiar com pressa na mochila os materiais espalhados pelo quarto e por último pegar duas maçãs, uma para a fome que teria mais tarde, a outra pra comer enquanto andava, talvez corria, algumas ruas até a escola.

 

Então ela passava pelo portão na mais completa desordem, procurando um cesto de lixo pra jogar o resto da fruta, prendendo o cabelo, e caçando seu celular no bolso para conferir se algo importante tinha chegado enquanto navegava pelos corredores até a sala de aula. Nos outros dias ela acordava e se levantava no horário, tinha tempo para deixar o cabelo arrumando e comer o café da manhã decente, dando aindas uns minutos para conversar antes do início das aulas.

 

Ino já estava lá, devidamente sentada em seu lugar, umas carteiras longe porque os professores já tinham aprendido que mantê-las junto é pedir para atrapalharem a aula com conversas aleatórias. Sakura acenou, recebendo um sorriso junto com um olhar bem claro que iria querer olhar depois sua conversa com Sasuke. E só de pensar nele, ela já suspirava mais uma vez.

 

Aproveitando que até mesmo a professora parecia lenta enquanto explicava alguma coisa sobre literatura romântica, Sakura sacou mais uma vez o celular do bolso só para poder ver a conversa de novo, do modo como ele quis saber se aquele número era o certo até como a chamou para sair. E sorria, vendo a foto de perfil dele, simples, uma camiseta preta, o cabelo no ombro parecia ter a parte superior presa atrás, deixando a testa totalmente livre, nenhum sorriso, e parecia estar sentado em uma espécie de balanço branco em algum jardim. Sua expressão parecia um pouco surpresa, deixando a foto espontânea, e Sakura adorava fotos espontâneas.

 

Sua atenção foi desviada quando recebeu uma mensagem de Ino, olhou discretamente para o lado vendo a loira concentra em copiar o que era escrito no quadro pela professora, abriu a janela da conversa, lendo a mensagem enquanto a vergonha se misturava a uma sensação estranha em seu estômago.

 

“Tão bonitinha, fica lendo as mensagens da conversa com Sasuke e não para de sorrir feito boba!”

 

“Eu não estou sorrindo feito boba! Nem tô lendo a conversa com o Sasuke!”

 

“Não tá é? E por que essa cara de besta?”

 

“Porque eu tava vendo a foto dele… “

 

“HAHAHAHA PIOR AINDA! TÁ BABANDO AÍ!”

 

Sakura virou-se para Ino, vendo-a numa tentativa pouco efetiva de prender o riso, deu língua virando-se mais uma vez para a tela do celular.

 

“Eu vou me concentrar na aula, então vê se me deixa em paz.”

 

“Tá bom babona. :)”

 

Soltou um suspiro com a provocação de Ino, tirando uma caneta do estojo para copiar o conteúdo. E durante toda aula não foi raro o momento em que a tampa da caneta era mordida com força conforme parava pra pensar na caça Pokémon do Ibirapuera e como a companhia de Sasuke era realmente tão agradável. Além de dar regulares olhadas para seu celular, esperando qualquer coisa para que sua ansiedade deixasse de fazê-la desejar, mesmo que o bom senso deixasse claro que nada de relevante iria ocorrer. No intervalo das aulas Ino foi correndo até onde estava sentada, pegando o celular em cima do seu caderno sem pedir permissão.

 

— O que você quer ai? - perguntou enquanto procurava a fruta dentro da bolsa.

— Vou ler a conversa de vocês, logicamente. - respondeu a loira deslizando o dedo entre os pontos para destravar o celular - Foto bonitinha a dele, mas porque não se falaram hoje?

— Ele pode tá dormindo, é melhor não incomodar.

— Que nada, ele e Naruto estudam juntos, essa hora devem estar na escola.

— Não sabia… Mas é melhor esperar ele falar, vai que esteja ocupado, né? - ela resmungou se levantando para jogar o resto da fruta no lixo.

— Sakura...

— O que? - virou-se para Ino simulando um tom inocente.

— Você está enrolando pra não ir falar com ele, acha que me engana é? Tá com medinho de tomar atitude é?

— Não, nada disso, e eu lá sou de ter medo? - ela fez pose de durona, arrancando uma expressão descrente de Ino - Só estou com um pouquinho de vergonha, do tipo que não teria nem ideia do que falar.

— Isso que dá ser anti social, fica com medo de falar com o menino.

— Ei! Não é medo, é só receio de não ser respondida…

— Ai Sakura, - Ino massageou as têmporas - ele vai te responder, senão não teria te chamado pra sair.

— Mas eu não sei o que dizer…

— Dá um bom dia, ué. Tô vendo aqui que vocês ficaram de combinar o cinema, pergunta sobre isso.

— Eu não vou ficar parecendo desesperada? - nervosa direcionou as unhas para a boca, querendo roe-las, sendo parada por um tapinha que levou de Ino. - Ai!

— É pra doer, daqui a pouco tá com as unhas sangrando de novo. E não tem nada demais você ir perguntar, até mesmo porque você vai ter que avisar a tia.

 

Sakura abriu a boca dando um tapa na própria testa, sustando a amiga com o surto de desespero.

 

— Eu vou ter que contar pra minha mãe, ai caralho, eu não sei como falar pra ela que vou sair com um menino, ela vai surtar! - Ino caiu na gargalhada, deixando Sakura emburrada - Não ria porra, você sabe como minha mãe é protetora, ela vai querer a ficha dele.

— É só você dizer que ele é o melhor amigo do Naruto, e que eu conheço ele. A tia me adora, diz que eu aprovo o Sasuke e o problema tá resolvido.

— Minha mãe te dá muita moral. - o sorriso vitorioso surgiu nos lábios pintados de batom rosa de Ino - Talvez eu pudesse dizer que vou sair com você pro cinema…

— E mentir pra sua mãe? Desnecessário Sakura, e nem venha fazer esse sorrisinho inocente pro meu lado que não vai me convencer. Imagina ela descobrir, ai quando o Sasuke for na sua casa conhecer seus pais, sua mãe vai saber que você mentiu pra sair com ele e não vai querer deixar os dois namorar.

— Calma, calma aí Ino! - as mãos de Sakura se ergueram no ar - Eu nem saí com o garoto ainda, tu já me vem falando de namoro? Pisa no freio.

— Ai vai me dizer que você não namoraria com ele? - o sorriso provocador de Ino fez a outra corar, soltando uma risada envergonhada.

— Lógico que sim, ele é bonito, mas muito mais que isso, é gente boa, sabe conversar e tem um sorriso fofo.

— Tão bonitinha apaixonada! - suas bochechas foram apertadas, até que depois de alguns resmungos conseguiu se soltar - Agora manda o bom dia pra ele.

— Não tem necessidade, depois eu falo com ele, num momento que eu tenho tempo, né? - se defendeu empurrando o celular estendido para o lado.

— É só um bom dia Sakura, não tem essa de tempo pra conversar.

— Não, não, eu tenho que reunir coragem suficiente.

— Então tá, - ela deu de ombros para o alívio de Sakura - eu envio por você.

 

O choque durou três segundos até que Sakura tivesse alguma reação, logo depois se pôs a correr atrás de Ino pela sala, mas essa conseguia desviar de si ignorando seus apelos para devolver o aparelho. Até que o celular foi jogado para trás, e por pouco Sakura não o pegava a tempo de evitar a queda.

 

—Ino, sua louca! Poderia ter caído no chão!

— Que nada, eu sabia que você iria pegar.

 

Sakura mal escutou, só conseguia encarar o “Bom dia, Sasuke!” na tela, que para Sasuke seria que teria enviado. Ergueu o olhar furiosa para Ino, mas essa pouco se importou, logo o sinal tocou e os colegas de classe começaram a lotar a sala, o cabelo rosa parecia se mover mecanicamente junto à garota que marchava furiosa até seu lugar. O resto das aulas seria suficiente para a raiva passar e o nervosismo pela resposta se tornasse prioridade, e a loira sabia muito bem disso.

 

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— Eu não fiz nada, deixa de ser paranóico Sasuke! - Naruto respondeu jogando os livros na bolsa.

— Eu não tô perguntando, Naruto. Tô afirmando que aquele encontro “casual” foi combinado com a sua prima.

— Nossa, Sherlock Holmes, se você tá dizendo quem sou eu pra questionar contra?

 

Saíram da sala andando pelos corredores já vazios da escola, Sasuke carregava um sorriso vitorioso por ter percebido as intenções de seu amigo com facilidade.

 

— Mas afinal, chamou ela pra ir no cinema?

— Sim.

— E aí?

— Sim.

— Viu só?! Eu disse que ela aceitava! - brincalhão, Naruto levou as mão ao rosto falando num tom falso de choro - Que lindo, meu menino tá crescendo, vai trocar saliva com a Sakura-chan no cinema. Tirar esse atraso de meses.

— Cala boca, Naruto! - sua mão voou na direção da cabeleira loira, dando um forte tapa.

— Ai, Sasuke, vai se fuder cara, isso dói! - choramingou, esfregando a cabeça.

— Para de ser chorão, seu arrombado.

— Isso é homofóbico, sabia?

— Eu não tô mentindo pra ser homofobia. Meu ônibus tá vindo, tchau.

 

Uma hora depois Sasuke entrava no dojo de sua família, passando direto pela academia até as escadas que davam para o piso de madeira lustroso que circulava o grande tatame, nas paredes o símbolo de sua família era pendurado em pequenas bandeiras, junto de alguns equipamentos para o treino. Como costume tirou os sapatos, atravessando a sala até a foto do seu avô pendurada na parede, fazendo uma reverência e acendendo um incenso enquanto falava algumas preces, quando terminou viu Kakashi, um dos professores da academia e seu antigo sensei, o chamar com a mão enquanto não tirava o olho do treino de seus alunos.

 

— Algum problema, Kakashi? - diz se aproximando.

— Seu pai teve a maior dor de cabeça ligando para você, não saiu muito feliz daqui por você não atendê-lo.

— Esqueci o celular em casa, aconteceu alguma coisa?

— Ele teve que ir no hospital, - os olhos de Sasuke se arregalaram - uma das crianças se machucou hoje de manhã no treino.

— Quem foi?

— Hellihar, ela foi querer dar um mortal como viu você fazendo na quinta passada, saiu chorando no colo do seu pai dizendo que tinha decepcionado o Sasuke-sensei.

— Uma pestinha como sempre aquela garota, - ele coçou os olhos - vou ligar para o meu pai pra saber como ela está.

 

Se afastando de Kakashi, foi até a recepção da academia no térreo usando o telefone, enquanto escutava as chamadas passou os olhos nas pessoas, aquele horário a movimentação era sempre pequena.

 

— Alô? - ele ouviu a voz grave do outro lado.

— Sou eu, otou-san. Kakashi me falou do que aconteceu, esqueci o telefone em casa, por isso não atendi suas ligações. Como a pequena está?

— Tudo bem, - ele ouviu um suspiro cansado no outra lado da linha - Hellihar já foi atendida, a kaa-san já veio buscar. Vou tirar o resto do dia para resolver algumas pendências no banco, você pode cobrir minhas turmas até o final da tarde?

— Posso sim.

— Tenho que desligar.

 

Mesmo adorando dar aulas de karatê, no final do dia Sasuke estava agoniado pra chegar em casa, a falta do aparelho poderia passar despercebida se fosse em outro dia, mas expectativa de alguma interação com Sakura o deixava um tanto atordoado. Teria ela falado com ele? Se não, deveria ele falar com ela? Pra algumas pessoas talvez fosse a melhor escolhar dar um tempo para não parecer desesperado, mesmo que se sentisse assim, mas Sasuke odiava joguinhos. Decidiu enquanto andava distraído pelas ruas agora mais vazias da Liberdade que falaria com Sakura, assim que chegou na porta de casa encontrou seu irmão jogado no sofá de casa dormindo, a mesa de centro cheia de papéis e o notebook ligado, provavelmente estava trabalhando no TCC. Era cedo para sua mãe ter chegado, então viu que teria de fazer o jantar mais uma vez, já que duvidava que Itachi acordaria mesmo que fosse jogado para o chão. Quando chegou no quarto atirou a mochila em cima da cadeira de sua escrivaninha, pegando o celular vendo uma lista intermináveis de notificações, mas o que deixou feliz foi a mensagem no bate-papo de Sakura, quando viu a hora entrou em um leve desespero, digitando uma resposta apressado.

 

“Bom dia, Sasuke!”

 

“Olá Sakura, me desculpe responder agora, acabei passando o dia fora de casa e esqueci o celular de manhã.”

 

Esperou a resposta e ela não veio, acabou indo para a cozinha fazer a comida, de instante em instante olhava o aparelho a espera de alguma mensagem, mas ela não vinha, seu irmão acordou e viu Mikoto manobrando o carro para dentro da garagem depois de ter buscado seu pai na academia. Foi no meio do jantar com Itachi tirando algumas dúvidas para o TCC com sua mãe, já que essa era formada em contabilidade, a área que estava se formando; que o celular vibrou no bolso de Sasuke, discretamente para não ser pego destravou a tela de baixo da mesa.

 

“Não se preocupe, acontece.

Como você está?”

 

“Um pouco cansado, mas bem. E você?”

 

“ Estou bem, dia cheio?”

 

“Mais ou menos, tive de ajudar meu pai.”

 

— Sasuke Uchiha, o que já falei sobre mexer no celular durante as refeições?

— Desculpa, madre.

— A propósito, seu molho está uma maravilha a nonna ficará feliz em saber disso. - sua mãe sorriu.

— Pode estar melhor, mas “uma maravilha” é um exagero. Sasuke é muito mais japonês do que italiano. - Itachi sorriu.

— Algum problema em ser japonês, Itachi? - a voz profunda do Fugaku soou.

— Nenhum, chichi, nenhum. Só estou comentando! - o sorriso dissimulado de seu irmão o fez rir junto da mãe.

 

Só foi levantar da mesa que o celular já voltou para as mãos de Sasuke, andando até o seu quarto.

 

“Ah, não estou atrapalhando seu descanso?”

 

“Não mesmo, tô acostumado.”

 

“Então tá, se eu tiver incomodando é só falar “

 

“Você não está.”

 

Ele riu, vendo o quão cautelosa ela era em atrapalhar os outros, bem que Naruto poderia ter um pouco disso.

 

“Sasuke, que dias vamos sair?

É que a gente não acertou isso…”

 

Ela estava interessada, claro que já tinha aceitado sair com ele, mas a iniciativa de perguntar o deixou muito mais confiante sobre a tentativa de conhecê-la melhor.

 

“Poderia ser no sábado de tarde?”

 

“Por mim tudo bem, Shopping D fica bom pra você?”

 

“Sim, fica tranquilo.”

 

Silêncio, ela não respondia e ele não sabia como puxar assunto, o online continuava lá em cima, tentou escrever alguma mensagem três vezes, mas acabava desistindo e apagando, até que ela tomou uma iniciativa de puxar mais um assunto para conversa, e Sasuke agradeceu por isso.

 

“Sasuke, você gosta de Power Ranger?”

 

“Gosto, por quê?”

 

“Viu que saiu o trailer do filme?

“Sério?! Porra, vou ver agora.”

 

Alguns minutos depois ele voltava completamente empolgado para a conversa.

 

“Puta que pariu, me arrependi de ter dito que esse filme ia ser uma merda quando anunciaram.”

 

“kkkkk ficou foda, tá um tom meio ficção científica.”

 

“E a fotografia parece ter sido bem feita, os trajes tão fodas, Rita Repulsa tá assustadora. Estou oficialmente empolgado!”

 

“hahahaha bem, eu senti falta de uma coisa, espero que não tirem, vai perder a graça”

“O que?”

 

“As faíscas, ué! Aquilo tem que parecer um Ano Novo Chinês”

 

Sasuke gargalhou, ela tinha um senso de humor apurado e ele gostou disso, talvez tanto que a conversa se estendeu e mal percebeu que foram dormir eram duas da manhã.

 

{¥}

 

— Sério que a tia fez isso?

— Sério! Ela me fez mostrar a foto dele, disse que era bonito, mas que tinha cara de ser muito mais velho que eu, que ele devia ter mentido a idade, e que eu não poderia me deixar levar por um rostinho bonito!

— Ai Odin! - do outro lado da linha Ino gargalhava de uma maneira que Sakura tinha certeza que ela estava rolando na cama.

— Para de rir sua desgraçada!

— Isso porque você passou a semana se preparando pra perguntar pra ela da melhor forma, imagina se tivesse falado assim que ele te chamou? Agora você estaria amarrada ao pé da cama pra não fugir amanhã e encontrar o seu paquera psicopata.

— Nem brinca, fiquei com medo danado dela não me deixar ir e eu ter que desmarcar com ele. - Sakura sentou-se exausta na cama, soltando um longo suspiro enquanto olhava pro guarda-roupa com as portas abertas.

— Eu te falei que só era dizer pra ela que eu conhecia o Sasuke que na hora ela deixava, a tia confia no meu tato.

— Você tem muita moral com a minha mãe, isso não é saudável. - mais uma vez ela foi pra frente do armário levemente bagunçado, remexendo nos cabides de roupa. - Por que tá tão difícil escolher uma roupa? É só um cinema…

— Não é qualquer cinema querida, é o cinema com o possível amor da sua vida!

— Deixa de exagero, Ino!

— É uma possibilidade Sakura, toda grande história de amor tem um começo, esse pode ser o de vocês.

— Mas essas histórias em geral são aqueles dramas bem complicados, e eu não tô querendo um pra minha vida.

— Deixa de ser chata, nem toda grande história de amor tem dramas, isso é só no cinema, as de verdade começam como vocês dois. Nossa, imagine no futuro, você e Sasuke bem velhinho contando pros netos como se conheceram? - mais uma vez a loira riu, fazendo a amiga revirar os olhos.

— Se isso era pra me deixar ainda mais nervosa, obrigada, você já conseguiu. É sério Ino, eu tô desesperada, o que eu visto? Pensei vestido, mas pode ficar formal demais, ai pensei em calça, mas eu visto isso todo dia.

— Vai com uma roupa que te deixe confortável, garota.

— Meu pijama do Star Wars?

— Nossa, não imaginava que você já ia mostrar suas peças íntimas no primeiro encontro, uma atitude surpreendente vinda de você, mas vai lá, mostrar sua atitude tigresa. - mesmo envergonhada, Sakura gargalhou com a piada. - Olha, não tem aquele short soltinho que parece uma saia que você comprou no Bom Retiro? Vai com ele e uma blusinha legal.

— Aquela com várias estampas de caveira e o All Star cano médio tá bom?

— Tá sim, só vai menina, pelos amor de deus.

— E batom?

— Um rosinha, ou melhor ainda, sem nenhum. Não me inventa de passar um vermelho que só vai servir pra sair com a boca toda manchada dos amassos depois do cinema.

— A gente vai ver filme, Ino.

— Vocês vão se pegar, isso sim. Olha, tenho que desligar, amanhã conversamos mais pombinha. E pelo amor de Vênus Sakura, não vá ficar se esquivando do garoto.

 

{¥}

 

— Nossa, tão cheiroso mio bambino, tá indo pra onde, hein? - Mikoto falou, passando os olhos pelo filho que pegava as chaves de casa.

— Estou indo no cinema.

— Estou vendo, tão bonito! - Mikoto andou até o filho, arrumando as mangas dobradas da camisa xadrez roxa que ele usava - De camisa, calça nova, sapato limpinho… Qual o nome da menina?

— O quê? - corado Sasuke desviou o rosto, enquanto sua mãe ria - É Sakura.

— Nossa, nome bonito. Tem alguma foto pra me mostrar?

 

Sem jeito, ele puxou o telefone do bolso, mostrando a foto de perfil que ela tinha no whats, deixando a tela tomada pelos cabelos rosas e o brilho que os olhos carregavam pelo sorriso.

 

— Muito bonita, esse cabelo rosa deixa ela parecendo uma bonequinha. Vai lá, e juízo senhor Sasuke. - ela colocou as mãos na cintura, fazendo a pose séria.

— Eu sei, madre.

— Mas é bom reforçar, se divirta! - depois de dar um beijo em cada bochecha ela saiu para a cozinha.

 

Quase uma hora depois Sasuke estava na frente do cinema do shopping com os ingressos já comprados no bolso, mexia no celular procurando alguma coisa que o distraísse para não ter que olhar a cada cinco minutos se ela estava chegando, quando sentiu um toque no seu braço que desviou sua atenção para a pequena garota do seu lado.

 

— Desculpa, cheguei atrasada?

— Não, eu vim um pouco mais cedo pra comprar os ingressos. - ele olhou para ela dos pés a cabeça - Está muito bonita.

— Ah nossa, obrigada, você também.

 

Talvez se fosse outra pessoa, Sasuke teria ficado envergonhado com o elogio, mas o nervosismo tão evidente que ela estava fez achar graça, procurando uma maneira de deixá-la mais confortável.

 

— Vamos comprar a pipoca, daqui a pouco o filme começa.

— Tudo bem.

 

Sakura não percebeu, mas a mão de Sasuke voou para suas costas, porém antes de efetivamente tocá-la, ele mudou de idéia, colocando dentro no bolso. Dentro do cinema, Sakura tentava ao máximo não ficar se remexendo na cadeira, já que seus olhos captavam, a cada três segundos quando olhava, um Sasuke tranquilo tomando um pouco de refrigerante. Uma falsa impressão, já que por dentro ele estava tão tenso quanto ela. Porém só foi o filme começar que ele relaxou, se prendendo na história que passava na tela, Sakura também, só foi perceber as diferenças entre o filmes e o livro que seu nervosismo virou comparações das diferenças.

 

— Isso não era assim no livro. - Sakura resmungou baixinho, cruzando os braços.

— Com frio?

 

Sasuke sussurrou do seu lado, passando o braço pelo seu ombro e a trazendo para junto do seu corpo. Ela não estava, mas preferiu ficar calada sentindo o calor gostoso que vinha do corpo dele, e os dedos deslizando leves pelo seu braço. De alguma forma aquela aproximação virou uma pequena conversa sussurrada, e sem entender como começou, logo estava beijando Sasuke no meio da sessão, e ainda que assustada quando a língua dele entrou devagar em sua boa, agradeceu que o escuro da sala ajudou a controlar o nervosismo e dar um beijo que torcia para ser considerado ao menos aceitável. No final do filme, ela sentiu o coração dar um pulo no peito e parar de bater quando ele envolveu sua mão, para juntos descerem as escadas.

 

— Gostou do filme? - ela perguntou quando atravessaram as portas da sala.

— Eu não prestei muita atenção, acho que vou ter que ver de novo pra formar uma opinião. - os olhos dele foram para a boca dela, e Sakura riu sem jeito.

— Eu vou no banheiro rapidinho.

 

Minutos depois ela voltou, Sasuke estava no final da escada encostado na parede mandando Naruto parar de encher seu saco, guardou o celular no bolso assim que viu Sakura se aproximar, desenconstando-se da parede. Ficou sem entender quando, depois de olhar para o chão e no alto de sua cabeça, ela começou a rir.

 

— O que foi?

— Dois degraus e ainda não estou na mesma altura que você, - ela encostou a mão na própria testa e tocou na de Sasuke - não sei se você que é muito alto, ou eu que sou muito baixinha.

— Talvez um pouco dos dois.

— E eu iludida achando que todos descendentes de japoneses eram pequenos.

— Em geral sim, mas acho que no meu caso é influência do sangue italiano.

— Italiano? - ela inclinou o rosto numa expressão de incompreensão que o fez sorrir.

— Sim, minha família paterna é japonesa, mas a materna é italiana, - ele segurou sua mão delicadamente para andarem pelo shopping, mas a curiosidade sobre as origens de Sasuke fez Sakura esquecer de surtar pelo contato em público - eles vieram para o Brasil quase na mesma época, apesar que a maior parte dos meus parente por parte da minha madre moram no interior de São Paulo.

— E como seus pais se conheceram então?

— Minha madre veio pra Capital quando entrou na faculdade, foi lá que ela conheceu meu padre.

— Que bonitinho, você fala mãe e pai em italiano! - ela sorriu, achando um verdadeiro charme aquilo - Você é fluente?

— Mais no japonês do que no italiano, por incrível que pareça. Convivo mais com a família de meu padre, e meus avós só falam a língua materna dentro de casa, mas minha nonna diz que também sou muito bom no italiano.

— Nonna?

— Avó.

— Ah, entendi. Nossa, nunca imaginei italianos e japoneses como uma família, são culturas tão diferentes, deve ser muito legal ter uma família assim.

— Na verdade é uma grande bagunça, eles se dão bem, mas os aniversários é sempre uma confusão, de um lado é um pessoal que fala alto demais, do outro um que fala de menos. Meu padre diz que até hoje não entende como eles conseguem se dar tão bem.

— E de que lado você fica nas reuniões de família?

— No olho do furacão.

 

Eles riram juntos, o aperto da mão de Sakura aumentou, e como reflexo ele puxou seu rosto para mais um beijo.

 

—O que acha de irmos comer? - ele afastou uma mecha de cabelo do seu rosto.

— Olha, eu não sou o tipo de garota que rejeita uma boa batata frita.

 

{¥}

 

“Estou em casa.

Você está chegando?”

 

“Ótimo, desço na próxima estação.

Sua mãe brigou com você por causa do horário?”

 

“Não, ela tá empolgada demais assistindo Nemo na tv.

kkkkkkkk”

 

“Acho que tô certo achar que você se juntou a ela.”

 

“Sem sombra de dúvidas, está certíssimo!”

 

As portas do vagão se abriram e com a habilidade de alguém acostumado ao metrô, Sasuke saiu com facilidade do meio das pessoas. Mesmo que mais calmo, o movimento a noite, as ruas principais da Liberdade continuavam agitadas, bastou quinze minutos e ele estava na porta de casa, tirando o sapato para entrar.

 

“Cheguei

Lembro de ter visto esse filme no cinema, nossa, estou ficando velho.”

 

Sasuke cumprimentou o pai, que mal ouviu por estar muito concentrado num jogo de basquete que passava na televisão, com seu irmão. Encontrou a mãe, na cozinha mexendo no notebook, os óculos de leitura e o longo cabelo preto preso.

 

— Quase meia noite, esse cinema devia está muito bom mesmo.

— Ah Sasuke, - Itachi entrou na cozinha indo até a geladeira - fiquei sabendo que saiu com uma bonequinha de cabelos rosas hoje. - pelo balcão puderam perceber a cabeça de Fugaku girar em direção a conversa.

— Okaa-san! - ele olhou inconformado para a mãe.

— Que foi? Eu só comentei com o seu pai, Itachi ouviu porque é bisbilhoteiro como as tias.

— Nonna não vai gostar de saber que as suas filhas e seu neto querido estão sendo chamados de bisbilhoteiro.

— Itachi…

 

Uma discussão começou, sua mãe se rendia fácil as provocações de seu irmão, e depois era amolada com beijos, abraços e uma barra de chocolate. Discreto saiu do cômodo, seu pai sorriu para sua fuga em direção ao quarto e logo colocou mais uma vez os olhos na TV.

 

“Não fale em idade, só tenho 16 anos, sou muito nova pra me sentir velha

Kkkkkk”

 

“Sabe, adorei o dia de hoje.”

 

“Eu também, espero repetir.”

 

“Gosta de fliperama?”

 

“Claro, ninguém me vence no Street Fighter ! ;)”

 

“Quero ver, que tal próximo sábado? Aceita?”

 

“Com toda certeza.”


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! :D



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