Mahou Shoujo Artoria escrita por BlaueDrache


Capítulo 1
Nasce uma Garota Mágica!




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— Artoria, Merlin ligou há alguns dias…

O olhar da menina, antes focado em seu prato, pulou para seu pai, Uther, de imediato. Diante disso, sua mãe deu um sorriso de canto de boca.

— ...e desde então eu e sua mão estivemos pensando em você passar um tempo com ele. Que tal?

Ela assentiu e, talvez pela primeira vez na eternidade, deixou sua comida de lado e focou inteiramente na conversa.

— Ele ainda está morando no Japão, né? - seu tio fora o principal motivo pelo qual ela estudara a língua. Seria desapontador perder a chance de usar isso.

— Ele arrumou um emprego por lá - interviu Igraine, a mãe. - Seria uma ótima oportunidade de conhecer outra cultura em primeira-mão. Ah, como eu gostaria de estar no seu lugar!

— Como se você ainda não tivesse ido lá! Fica calma que eu escrevo uma redação para você depois - Artoria riu, e a mãe também. - Mas sério, obrigada mesmo.

— Você merece, minha filha.

O resto da noite decorreu normalmente, assim como os dias seguintes: Uther era o primeiro a acordar e tomava café sozinho antes de sair para o trabalho, onde ficava até o anoitecer. Igraine e Artoria levantavam uma hora depois dele, e daí a menina ia à escola, enquanto sua mãe passava o dia escrevendo e revisando artigos. Os três se reuniam no início da noite durante o jantar e algumas horas mais tarde para assistir um seriado ou filme qualquer que estivesse passando.

Um mês se passou dessa forma e logo estavam os três no meio de uma fila curta demais para qualquer aeroporto, o que se devia ao péssimo horário escolhido por Uther. Isso também levou Igraine a fazê-lo jurar deixar todas as próximas compras desse tipo sob responsabilidade dela.

Uther esfregava os olhos constantemente, mas se por sono ou emoção era difícil dizer. O relógio na parede piscava 04:13 em vermelho. Cada passo a frente tornava a partida de sua filha mais real e se não fosse Merlin quem cuidaria de Artoria, ele com certeza já teria desistido da viagem. Qualquer coisa que tentasse dizer lhe entalava a garganta, limitando-o a apoiar uma mão no ombro da filha, carinho este que ele esperava ser suficiente para durar todo o tempo passado longe de casa.

Por outro lado, Igraine aplicava seu talento com palavras ao máximo, bombardeando Artoria com todo tipo de conhecimento aleatório que ela julgava ao menos remotamente útil. Qualquer coisa, de vocabulário a notícias recentes, podia ser encontrada no discurso da mulher. Não que ela não estivesse ansiosa; muito pelo contrário, ela notava estar falando cada vez mais depressa.

Não muito diferente dos pais estava a própria Artoria. A inquietação diante de um voo de doze horas somada ao visível desconforto de seus responsáveis a trazia a um estado próximo ao de seu pai, porém com o alívio de um sorriso de vez em quando. Ela não estava de forma alguma arrependida ou com medo, havia poucas pessoas no mundo que ela adorasse tanto quanto a seu tio, e o sentimento era mútuo. Ainda assim, ela não podia evitar o frio na barriga ao ir tão longe de casa.

Enfim os alto-falantes anunciaram o embarque. Os três seguiram juntos até o portão onde, após um adeus melodramático, Artoria deixou os pais para trás, um sorriso torto em sua face e os olhos avermelhados. Uther e Igraine ficaram ali a observando por mais um tempo, como se esperando ela mudar de ideia. Eles deixaram o aeroporto sozinhos.

Artoria se espalhou em seu assento, seu companheiro nas próximas muitas horas. Ela acabou cochilando por um tempo até o comandante anunciar a decolagem; o ponto sem retorno. Ela cerrou os olhos enquanto a aeronave erguia voo, embora nem ela tenha sabido bem o porquê. Daí em diante, ela passou o tempo lendo os textos que sua mãe reunira, cochilando ou conversando com o senhor do assento ao lado. Dizer que ela não percebeu o tempo passar seria um grave exagero, mas na verdade ela havia esperado bem pior.

A chegada ao aeroporto japonês foi igualmente genérica; Merlin logo a avistou. De lá ainda tinham um longo trajeto de ônibus até Fuyuki, onde Merlin morava. Esta parte da viagem eles passaram conversando sobre qualquer coisa, de matérias escolares a notícias globais.

Já anoitecia quando eles desembarcaram, e Artoria proclamou alto enquanto se esticava que andar com as próprias pernas era uma benção. Seu tio concordou imediatamente, rindo baixo.

Quando eles chegaram em casa, uma ao estilo ocidental, de tamanho médio e dois andares, Merlin a mostrou seu quarto. Este era no segundo andar, razoavelmente grande e com uma pequena varanda. A menina ficou por lá arrumando suas coisas enquanto o tio desceu para preparar o jantar. Assim que o cheiro atingiu o quarto, ela acelerou o passo e logo já estava na cozinha, no andar de baixo.

Eles comeram entre piadas, com o som do noticiário ao fundo. Merlin não era o melhor cozinheiro, mas era difícil perceber qualquer defeito num jantar tão alegre. Quando eles acabaram, Merlin pôs-se a contar histórias de quando ele era jovem. Artoria amava ouvi-las, visto que Merlin era um mago e todas as suas história envolviam magia de alguma forma. Uther lhe dissera que, como ele, ela não tinha talento algum para a Arte, então ela desistira de estudá-la tão cedo quanto descobrira sua existência. Ainda assim, ouvir aos contos de Merlin fazia tudo parecer possível.

Às onze horas, Merlin mandou Artoria dormir, prometendo levá-la à escola na manhã seguinte. Ela pediu por mais meia hora, já que tinha descansado o suficiente no caminho, mas ele insistiu que crianças deviam dormir antes da meia-noite, ignorando que ela não era bem uma criança já que tinha dezesseis anos. Não que ela tenha dormido antes das duas da manhã, de qualquer forma.

Eram mais ou menos seis e meia da manhã quando Merlin veio a acordar, pouco antes de começar a fazer o café. O tio já tinha separado todo o material que ela precisaria na escola, prova de que os adultos estavam conspirando há muito tempo. Ainda meio grogue de sono, Artoria se aprontou rapidamente e foi encontrá-lo no andar de baixo.

Eles saíram de casa com tempo sobrando. Quando chegaram na escola, Merlin deixou-a no pátio com instruções de como chegar em sua sala e foi encontrar-se com a coordenação. Ela inspecionou as placas cuidadosamente no caminho, até parar diante da entrada da sala 1-B. Os poucos alunos dentro da sala se viraram para ela. Artoria engoliu seco e entrou, procurando um lugar que ela julgasse vago, pois era cedo demais para ter certeza. Uma menina percebeu isso, e apontou uma carteira mais para trás da sala, próxima à parede.

Quando ela terminou de arrumar suas coisas, a menina, Akira Seo, se aproximou junto com uma outra, Tsukasa Shijyou. Artoria respondeu a perguntas das duas até o toque do sinal, quando elas se recolheram para seus respectivos assentos, desejando-a boa sorte no primeiro dia. Tsukasa também se dispôs a ajudá-la com a língua, mas Artoria dispensou por orgulho próprio.

Ela percebeu os olhares em sua direção e arrumou sua postura. A sala agora estava lotada, mas o barulho era pouco se comparado ao de sua antiga classe. Logo um professor entrou na sala, correndo os olhos pelos alunos. Ele a chamou até o quadro para que se apresentasse e explicou algumas das regras da escola após ela voltar para sua carteira.

O almoço ela passou com as duas meninas, que a mostraram algumas partes da escola. O resto do dia passou em um piscar de olhos, e a menina estava mais do que aliviada quando jogou-se sobre sofá a noite. Merlin arqueou uma sobrancelha, e disse:

— Já no primeiro dia?

Artoria apenas ofereceu-lhe um sorriso, e ele respondeu com uma risada antes de afagar sua cabeça.

— Daqui a pouco você pega o embalo.

De fato, ela começou a acostumar-se ao ritmo logo pelo terceiro dia de aula. Foi também quando Akira convidou-a para o treino do clube de kendo na manhã seguinte. Poucas situações fariam Artoria tão feliz; pelos últimos cinco anos ela havia praticado luta com espadas e era decerto uma de suas paixões. Seu entusiasmo por ter a chance de empunhar uma espada novamente foi tanto que ela passou boa parte da noite revirando-se na cama.

Em algum ponto da madrugada, ela abriu a varanda e foi até lá, observar o céu e aproveitar o vento gelado. Ali ela ficou apoiada no parapeito por alguns minutos, até que uma voz animada surgiu do seu lado:

— Boa noite!

Ela deu um passo para o lado oposto e virou para a voz de imediato. Ainda que sua mente contestasse, ela tinha certeza do que via: uma varinha mágica flutuando no ar. Ela estreitou os olhos e disse, num tom duro:

— O que é você?

— Hein? Ah, que má…

— Então quem é você? - ela corrigiu, não muito fã da ideia de irritar a coisa.

— Melhorou! Meu nome é Ruby, o Mystic Code mais poderoso do mundo! - a varinha se contorceu no ar.

— Por isso que você passou pela Barreira do meu tio?

— Digamos que sim... - Ruby ergueu a voz. - Mas que ótimo, então você já entende alguma coisa. Escuta, o que você acha de se tornar uma garota mágica? Sair por aí, derrotando vilões. Não é maravilhoso?

Artoria não respondeu.

— Hm… Eu esperava mais ânimo. Não tem problema - Ruby se aproximou dela. - Sabe, há tanta coisa que se pode fazer com magia.

— E tudo isso eu posso fazer por conta própria.

— É aí que você se engana. Vê, aquelas estrelas parecem tão longe, mas se você quiser - a varinha subiu nos ares - eu posso te mostrá-las bem agora. É só me dar a mão.

Artoria hesitou por um bom tempo, mas disse, por fim:

— O que você quer em troca?

— Eu te dou toda a força desse universo e do próximo, mas você vai jurar me ajudar com um probleminha - o Mystic Code se abaixou ligeiramente. - Você consegue salvar o mundo?

A menina deu um sorriso torto.

— Então é isso - ela levantou a mão esquerda, olhando fixamente para Ruby. - Se é assim, eu aceito o seu contrato.

— Hm, essa frase não funcionaria com muita gente - Ruby riu. - Eu preciso de uma gota do seu sangue - ela apontou para o abridor de cartas na escrivaninha, com o qual Artoria então furou seu dedo. - E agora… - a varinha mágica se pôs sobre a mão esticada da menina.

No momento em que Artoria tocou Ruby, ela sentiu uma onda de poder percorrer seu corpo. Nunca antes ela se sentira tão forte, tão capaz.

— Vamos fazer isso direito. Qual é o seu nome.

— Artoria Pendragon - ela respondeu, com a voz transbordando confiança.

— Mestre registrado.


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Notas finais do capítulo

Será que alguém consegue dizer mais ou menos onde fica a casa do Merlin baseando-se na minha descrição?

Obrigada por ler!



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