Claire's Anatomy escrita por Clara Gomes


Capítulo 2
Capítulo 2 – Chasing Pavements.


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui estamos nós mais uma vez, para o segundo capítulo da fic! Espero que tenham gostado do primeiro, e que gostem desse também.
Como eu disse nas notas da fic, cada capítulo terá o nome de uma música. E a de hoje é "Chasing Pavements", da nossa queridíssima Adele. Vou deixar o link da música aqui no início, caso queiram ouvir, seria como um "fundo de cena". Link: https://www.youtube.com/watch?v=08DjMT-qR9g
Sem mais delongas, gostaria de agradecer ao Ritter e à SellyBee que comentaram o primeiro capítulo! Muitíssimo obrigada! ♥
Agora vamos ao capítulo, boa leitura!



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Motivação. Nós, seres humanos, precisamos de motivação para viver. É inevitável. Sempre estamos procurando algo para pôr nossas esperanças. Algo para desejar, com todas as forças. Mas poucos de nós estão dispostos a encarar todas as dificuldades para alcançar os objetivos. E é aí que a motivação vai se desfazendo, pouco a pouco, até não termos mais a que nos segurar.

Ouvi o despertador tocar, mas simplesmente não fui capaz de me mover. Todos os dias desde meu primeiro dia, eu ficava reprisando a cena em minha cabeça, procurando o que eu poderia ter feito de diferente, para ter salvo aquela moça. Não conseguia sonhar com nada além disso e da imagem de Shepherd me dando um sermão, o que acabava me privando das poucas horas de sono que me restavam.

Dei um soco no aparelho, que continuava fazendo seu barulho irritante. Virei-me na cama, morrendo de vontade de dormir mais um pouco. No entanto, me dei conta de que eu não tinha escolha, meu filme já estava queimado, se eu me atrasasse novamente ou perdesse um dia, seria o fim da minha residência, que mal começara. Respirei fundo e me levantei da cama, seguindo para o banheiro parecendo um zumbi.

Depois de demorar poucos minutos me arrumando, desci para a cozinha, à procura de comida. Abri os armários e a geladeira, descobrindo que estavam ambos vazios. Suspirei e coloquei um pouco de café de alguns dias atrás numa caneca que ganhara dos meus pais, que dizia “I ♥ Medicine”, com um estetoscópio desenhado em volta. Percebi que talvez eu não amasse mais medicina tanto assim, mas espantei esse pensamento no mesmo segundo, tomando todo o café gelado em apenas um gole. Joguei a caneca na pia, peguei a bolsa e o guarda-chuva, vesti o casaco e saí do apartamento.

Caminhei até o hospital lentamente, pois meu corpo não aguentaria muita correria. Cheguei em meu armário no vestiário e o abri, torcendo para ter alguma coisa que poderia servir de café da manhã ali.

— Andou sendo espancada, lentinha? – perguntou Rebecca, mexendo em seu armário, que era de frente para o meu.

— Quem me dera. – murmurei, finalmente encontrando um pacote de Ruffles. Abri-o rapidamente e comecei a devorar, demonstrando a fome com que eu estava.

— Calma, o mundo não vai acabar. – provocou a morena, me observando comer.

— Mas as visitas logo vão começar. – rebati, com a boca cheia.

— Cuidado para não se atrasar, hein... – riu, enquanto prendia os cabelos em um coque.

— Eu tomarei. – afirmei, jogando o pacote de batatas pela metade de volta no armário, e começando a me despir.

— Nossa hein. – comentou Cooper, com um sorriso sacana, observando meu corpo.

— Guarde seus comentários para si mesma. – retruquei, franzindo o cenho. Terminei de vestir o uniforme e saí dali, um pouco irritada.

— Bom dia, Claire! – cumprimentou Akira, começando a caminhar do meu lado – Você parece irritada, algum problema? É a Rebecca de novo? – questionou, aparentemente preocupado. Me detive a responde-lo com um olhar de “É claro que sim”, e o mesmo suspirou – Você não deveria deixa-la dar nos seus nervos desse jeito. – o mesmo parou de falar, quando viu a garota de nosso assunto se aproximando.

Prendemos o riso e continuamos o caminho até Lexie em silêncio, com um clima estranho entre nós três.

— Bom dia, pessoal. Hoje estaremos aos serviços da Dra. Teddy Altman, a cirurgiã cardiotorácica. Acompanhem-me, por favor. – disse Grey, calmamente, antes de partir em direção ao quarto de algum paciente. Encontramo-nos com a Altman no balcão dos enfermeiros, escrevendo num prontuário – Dra. Altman? – chamou, tentando fazê-la nos olhar.

— Hm? – perguntou, erguendo a cabeça para nos encarar – Ah, vocês devem ser os novos internos... Sejam bem-vindos ao Seattle Grace Mercy West. – continuou, sorrindo simpática, e entregando o prontuário para uma enfermeira – Vamos começar? – convidou-nos, se direcionando ao quarto em frente – Bom dia, Sr. Moore. Como está? – sorriu ao cumprimentar o paciente, que era um velhinho dos cabelos bem brancos, e um jeito simpático.

— Melhor agora, minha maravilhosa Ursinho Teddy. – sorriu largo e pegou na mão da cirurgiã, que se encontrava já próxima da cama.

— Parece que vocês já se conhecem? – questionou Diego, que se juntara a nós que eu nem havia percebido.

— Eu salvei a vida do filho do Sr. Moore quando ele servia o exército... E desde então ele tem confiado a sua vida e a de seus filhos em minhas mãos. – respondeu Teddy, sorrindo carinhosamente para ele.

— Ela é nosso anjo da guarda! – o paciente disse orgulhosamente, mas teve uma crise de tosse logo em seguida.

— Bom, acho melhor agilizarmos... Quem vai apresentar o paciente? – perguntou a cardiologista loira, encarando-nos.

— Você apresenta, Claire. – afirmou Lexie, mais como uma concessão do que como uma ordem.

— Okay... Bem, Alexander Moore, 69 anos, deu entrada no hospital com tontura e dificuldades respiratórias. Após o ECG, o Ecocardiograma com Doppler colorido e uma Ressonância Magnética do coração, foi diagnosticado com Prolapso da Válvula Mitral. A cirurgia para a restauração da válvula está marcada para hoje à tarde, mas pode haver necessidade de substituição da mesma por uma sintética. – afirmei, tentando ficar o mais calma possível.

— Hm, muito bem, prognóstico? – indagou Teddy, me encarando.

— Vida normal, com consultas necessárias regularmente. – respondi, sorrindo levemente para o paciente.

— Muito bem, eu te vejo à tarde, Sr. Moore... Pode ficar tranquilo que é uma cirurgia simples, okay? Vai dar tudo certo. – disse Teddy, tentando passar confiança para o homem.

— Eu sei, Ursinho Teddy... Eu confio muito em você, tenho certeza que é a melhor. Agora vá trabalhar em outras pessoas, pare de perder tempo com esse velho que só te dá trabalho! – exclamou o senhor, inicialmente com carinho, e depois de um jeito mais descontraído, soltando a mão da médica.

— Já estou indo, Sr. “Dá trabalho”. – respondeu a loira, dando uma gargalhada – Até mais tarde! – se despediu e saiu da sala, ainda rindo sozinha – Não preciso nem falar que quero que deem seu melhor nesse paciente, pois ele é muito especial. – afirmou, agora séria, nos observando – Agora vamos seguir em frente. – continuou, pegando um prontuário de cima de uma pilha que estava em cima do balcão das enfermeiras, e caminhando em frente pelo corredor.

— Sigam-na e levem isso, que eu preciso conversar com a Dra. Scofield. – ordenou Lexie, entregando a pilha de prontuários para Anastasia, e se virando para mim. Senti um frio na barriga ao ouvir meu nome, e já comecei a pensar em um milhão de coisas que ela poderia querer me dizer. Olhei com cara de “socorro” para Akira, e o mesmo gesticulou para que eu respirasse, correndo para alcançar o resto do pessoal – Bom, eu não queria dizer nada, afinal você está apenas começando, e seu primeiro dia foi um tanto quanto difícil... Mas todos os internos da sua turma já participaram de pelo menos uma cirurgia, e você está ficando para trás, Claire. – afirmou calmamente, me acalmando um pouco – É por isso que quero que você nos auxilie nessa cirurgia. Pode estudar o tanto que precisar, passar um tempo no Laboratório de Habilidades...

— Dra. Grey, eu realmente creio que isso não é uma boa ideia... – cortei-a, voltando a ficar nervosa. Só de me imaginar numa Sala de Operações já me dava calafrios – Eu estou bem assim, eu posso te avisar quando estiver pronta...

— Dra. Scofield, eu sei que está traumatizada... Mas todo médico já errou alguma vez, a ponto de perder um paciente. E talvez, pode nem ter sido sua culpa! Qualquer coisa que o Dr. Shepherd te disse, talvez foi apenas para te ensinar a agir numa situação como aquela. Para te preparar. – rebateu, tentando parecer convincente – Sinceramente, se você continuar assim, é melhor desistir de ser uma cirurgiã! – disse e depois me olhou aparentemente um pouco arrependida do que disse – O que eu quero dizer é... Não deixe um erro bobo te tirar a motivação para se tornar uma cirurgiã. Creio eu que você dedicou sua vida para estar aqui, então não perca o foco por qualquer coisa... – me encarou, passando uma espécie de carinho no olhar – Pode tirar o dia para estudar, e prepare o paciente para a cirurgia... Eu confio em você, Claire. Não me decepcione nessa. – finalizou seriamente e saiu na mesma direção que os outros tinham ido mais cedo.

Por um momento eu perdi o ar, me imaginando naquela Sala de Operações. Flashes da minha primeira paciente se sobrepunham às imagens da cirurgia, e eu senti minhas vias aéreas se tamparem. Olhei em volta, ofegante, procurando alguém para me ajudar. Mas, aparentemente, ninguém notava meu desespero. Fui embora dali rapidamente, saindo pelos fundos do hospital, para tomar um ar.

—-                                           

 

Metade do tempo até a hora da cirurgia já havia se passado, e eu ainda estava pesquisando sobre o assunto. Eu já havia visto isso na faculdade, mas o fato de ter que fazer ao vivo, estava me matando. Tentava espantar da minha mente os pensamentos horrorizantes de como tudo daria errado, e focava nos artigos e vídeos da internet.

Suspirei cansada e olhei no relógio, finalmente notando que se eu quisesse praticar no Laboratório de Habilidades, já estava atrasada. Peguei uma papelada que havia impresso e enfiei no meio de alguns livros que tinha pego na biblioteca e segui para o laboratório, começando a praticar. Poucos minutos depois ouvi alguém adentrando a sala, mas não tirei os olhos do boneco no qual eu praticava, para não perder a concentração.

— Claire, você está bem? Fiquei sabendo que você vai participar da sua primeira cirurgia hoje, que legal! – exclamou Akira, animado, se aproximando com uma bandeja de comida – Essa vai ser uma muito legal de se performar, vou estar lá na galeria o tempo todo para te assistir!

— Ah, sei lá... Eu estou com um mal pressentimento, sabe? Como se eu fosse estragar tudo, de novo. – respondi, suspirando. Senti o cheiro da comida e encarei sua bandeja, sentindo minha barriga roncar. Depois de tanta coisa, já tinha até me esquecido de que mal havia tomado café da manhã – Eu quero... – falei tirando as luvas, e pegando um punhado de batatas fritas, as comendo com vontade.

— Isso é porque é sua primeira vez... É como tirar a virgindade, você fica nervosa antes, mas depois se sente idiota por nunca ter feito antes. – afirmou, fazendo-me gargalhar.

— Se minha primeira cirurgia for como minha primeira vez, então é melhor eu desistir agora porque vai ser um desastre. – disse, lembrando-me de relance da minha primeira vez, enquanto comia mais batatas.

— Talvez tenha sido com o cara errado. – rebateu, e eu poderia jurar que soou como uma cantada, mas relevei.

— Cara errado, hora errada, situação errada... Tudo colaborou para ser horrível. – neguei com a cabeça, repudiando, até que caí em mim – Mas eu não deveria estar falando sobre sexo, quando tenho uma cirurgia da qual eu mal pratiquei dentro de algumas horas. – continuei, virando-me para continuar a praticar.

— Relaxa, você vai acabar só fazendo sucção, irrigando, e se der sorte, vai fechar o paciente... Está esquentando a cabeça à toa. – falou, me observando – Toma, você precisa comer e esfriar um pouco a cabeça. – colocou a bandeja de comida à minha frente, junto com uma latinha de refrigerante.

— Não precisa Akira, sério... Eu estou b... – fui interrompida pelo ronco de minha barriga, e me amaldiçoei mentalmente.

— Você dizia? – empurrou a comida mais para perto de mim – Não se preocupe, eu busco outra coisa para mim depois. Agora, me fale mais sobre o procedimento. Por onde começamos? – perguntou, se encostando na mesa da frente e cruzando os braços, me esperando.

—-

O paciente estava preparado para a cirurgia, e eu apenas aguardava a chegada da Dra. Altman. Eu tentava esconder como eu tremia de nervoso, mas creio que foi inútil.

— A senhorita está nervosa? – questionou o paciente, olhando-me um pouco preocupado.

— Mais ou menos... Essa é a primeira cirurgia que eu participo, então... – respondi, tentando não parecer tão insegura.

— Está tudo bem... Tenho certeza que você vai se sair bem. Acredito que o trabalho mais difícil será feito pela Teddy, então você só tem que ficar lá e aprender. E se alguma coisa acontecer comigo, certifique-se que você aprendeu pelo menos uma coisa nova, que já morrerei feliz. – afirmou o idoso, me passando uma calma que não acreditava que teria.

— Eu prometo que aprenderei. – respondi e sorri largo, encarando o homem com empatia.

— Estamos prontos aqui? – perguntou Teddy, adentrando o cômodo com Lexie.

— Tudo pronto. – afirmei concordando com a cabeça e soltando a mão dele.

— Vamos para a SO, não vamos Sr. Moore? – disse a cirurgiã, se aproximando do homem.

— Claro que sim! E ensine um bocado de coisas novas para essa garota, ela merece! – exclamou, desviando o olhar para mim.

— Pode contar comigo. – assegurou, sorrindo carinhosamente – Bom, sem mais delongas, vamos seguir em frente. – fez um sinal com as mãos, chamando alguns enfermeiros – O senhor não tem mais nenhuma dúvida quanto à cirurgia, não é?

— Tudo o que eu tinha que saber eu já ouvi mais de mil vezes, acho que sei até mais do que você! – rebateu, fazendo ambos rirem.

— Que bom, vamos. – sorriu e saiu da sala, seguindo para o andar a Sala de Operações.

O paciente entrou na sala, enquanto fomos nos lavar para começarmos.

— Eu espero que esteja preparada, essa é uma cirurgia muito importante. – disse Altman, enquanto se lavava.

— Eu estou. – confirmei, na tentativa de parecei confiante. Olhei Lexie de relance, e a mesma assentiu, sorrindo fraco.

Continuei a esfregar minhas mãos, lembrando-me de todos os passos que eu dissera para Akira, enquanto comia sua comida. Terminei de me preparar e adentrei a sala em si, olhando diretamente para a galeria enquanto uma enfermeira colocava as luvas em mim. Logo avistei o asiático, que sorriu largo para mim e acenou, fazendo sinal de joia em seguida. Ri fraco e me aproximei da mesa, fazendo uma oração rápida antes de começarmos.

— Okay, vamos começar... O que eu faço primeiro, Dra. Scofield? – questionou a cardiologista.

— Você vai utilizar a técnica minimamente invasiva ou a normal? – respondi com uma pergunta.

— Não sei, você me diga. – rebateu, encarando-me.

— Acho que minimamente invasiva está bem. – afirmei, concordando com a cabeça.

— Você acha, ou tem certeza? – retrucou, e seu olhar me assustava.

— Eu... – engasguei e olhei para a galeria, procurando meu amigo asiático. O visualizei e arregalei os olhos como se pedisse ajuda, mas o mesmo gesticulou para que eu continuasse – Tenho certeza. – finalizei, olhando-o por mais um tempo, depois desviei o olhar para a loira.

— Ótimo, Lâmina 10. – falou, esticando a mão para uma enfermeira – Scofield, você faz a sucção, mas é na hora que eu pedir, ouviu?

— Sim senhora. – falei animadamente, me aproximando da mesa e pegando o instrumento de sucção.

Após algum tempo de operação, meu corpo já começava a pedir socorro, e as noites mal dormidas começaram a fazer efeito. Movimentei os ombros na tentativa de relaxar um pouco, e estralei o pescoço, respirando fundo.

— Já está cansada, Dra. Scofield? – indagou Dra. Altman, focada na cirurgia.

— Não, só estava me alongando. – respondi, torcendo para ter sido convincente.

— Hum... – resmungou, encarando o coração – Dê uma olhada na válvula do paciente, Dra. – pediu-me, sem tirar os olhos dele. Aproximei-me e observei, prevendo qual seria sua próxima pergunta – Na sua opinião, nós podemos apenas restaurar a válvula ou devemos substituir por uma prótese?

— Acho que... – recebi uma encarada feia, e logo entendi o recado – Na minha opinião, a válvula está muito danificada, e devemos substituir por uma prótese.

— Muito bem, e qual você aconselharia, mecânica ou biológica?

— Devido à idade avançada dele, eu diria que biológica.

— Excelente, preparem a prótese... – ordenou à equipe, que começou a se movimentar. Foi quando, de repente, o alarme da máquina disparou, indicando parada cardíaca.

— Batimentos estão caindo. – avisou o anestesista.

— Droga, tem um sangramento! – exclamou, e eu pude ver o sangue jorrando dentro do peito do homem. Meu coração disparou no mesmo momento, e eu senti que ia dar tudo errado assim como eu havia pensado – O que fazemos agora, Scofield?

— Eu... Eu não sei. – respondi, desesperada.

— Como você não sabe? – retrucou, impaciente – Pense, garota!

Olhei para a galeria novamente, e quando vi Akira, o ar me faltou novamente, e eu mal conseguia respirar, desesperada. Estava paralisada, encarando meu amigo, que dizia alguma coisa, que era impossível ouvir, pois o interfone estava desligado. Meu cérebro estava congelado, e eu não encontrava nenhuma solução em meu pensamento, além de fugir dali. Foi num piscar de olhos que Akira estava apertando o botão do interfone, e pude acordar do transe ao ouvir sua voz.

— Claire, presta atenção em mim, você consegue fazer isso... Nós estudamos, lembra? Você sabe o que fazer, então simplesmente faça! – exclamou, tentando me acalmar. Olhei para o corpo novamente, e depois para Teddy, sem ação.

— Grey, tire ela de perto da mesa, e venha me ajudar. – ordenou Altman, negando com a cabeça, tentando encontrar o sangramento.

— Não, eu sei o que fazer! – falei alto, antes que Lexie me tocasse – Nós encontramos a origem do sangramento, e para isso precisamos abrir o peito dele! Lâmina 10! – desembuchei, agora acordando completamente do transe.

— Você está certa, mas quem vai abrir é a Dra. Grey. – afirmou, mais calma, concordando com a cabeça.

Lexie apenas assentiu e se aproximou da mesa, aparentemente planejando seus próximos movimentos na cabeça.

— Lâmina 10. – pediu, e logo que recebeu fez um corte no meio do peito – Separador de costelas. – pegou o objeto e afastou os ossos do homem – Agora você vai me ajudar a encontrar esse maldito sangramento, pronta? – disse me encarando, e eu apenas concordei, parando ao seu lado.

Enfiei a mão no peito do paciente, e comecei a procurar pela tal fonte de sangramento. Tentei não pensar em como o que eu fazia, ou seja, pôr as mãos no coração de um homem, era importante. Depois de passar os dedos pelo órgão, finalmente senti um vazamento.

— Achei! – exclamei, deixando o dedo sobre o local.

— Pressione seus dedos até a hora que eu acabar aqui, por favor. – pediu, continuando seu trabalho.

Depois de um tempo segurando o sangramento, Altman veio costura-lo, e antes que eu imaginava, havíamos quase terminado a cirurgia.

— Bom, minha parte está pronta aqui. Dra. Grey, você acha que sua interna é capaz de fechar meu paciente, sem mata-lo? – indagou a cirurgiã loira, afastando-se da mesa.

Lexie encarou-me, com um pouco de dúvida no olhar. Mas logo a dúvida foi substituída por orgulho, e posso apostar que ela sorriu.

— Claro! – respondeu, dando de ombros.

— Bom trabalho, pessoal. Dra. Scofield, você fecha. – disse Teddy, tirando sua roupa cirúrgica, e saindo da sala.

Sorri largo por baixo da máscara e me aproximei do paciente, e encarei Akira por alguns segundos, tentando transmitir minha felicidade para ele. O mesmo fez sinal de joia com os dedos das duas mãos, sorrindo animadamente.

— Fio 4-0. – pedi, estendendo a mão para a enfermeiras, e olhando para a galeria de novo, focando no rosto do asiático.

Motivação pode variar muito, de pessoa para pessoa, e de situação para situação. Às vezes um objeto, um emprego, uma recompensa... E, às vezes, uma pessoa. Talvez eu tenha encontrado minha motivação de volta à medicina.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Parece que as coisas estão começando a dar certo para a Claire (ou não) haha
Vejo vocês nos comentários! Beijos!



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