Doce Lana escrita por Fbio


Capítulo 1
Doce Lana




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A tradicional família Noronha de Curitiba reunia-se toda sexta feira, os jantares do resto da semana geralmente não contemplavam todos os membros mas este dia era especial. O patriarca era o senador Alberto Noronha, homem respeitável dentro do mundo político por não estar envolvido em escândalos de corrupção. Sua esposa, Magda Noronha trabalhava como negociante de arte tendo uma carreira invejável, já concluira vendas de obras famosas pertencentes à artistas como Andy Warhol e Pablo Picasso. O primogênito, Vitor Noronha havia concluído há pouco a faculdade e era engenheiro químico na Petrobras. A caçula era Lana Noronha, estava no primeiro ano de Direito.

 

A garota sempre fora diferente dos demais, quando criança gostava de causar pequenos “acidentes” em seus colegas. Durante um campeonato de soletrar  um incidente ficou famoso em todo o país, na final Lana enfrentaria Alice mas a menina foi encontrada no banheiro da escola-sede com a garganta perfurada. A perícia concluiu que a arma do crime foi uma tesoura mas o culpado nunca fora encontrado. Naquele dia a menina Noronha de apenas 8 anos voltou para casa com a vitória em suas mãos e sangue no vestidinho verde usado por baixo da blusa.

 

A Família sempre soube das peculiaridades da caçula, mas os crimes que ela cometia eram mascarados pela influência do pai. Se Lana era violenta por natureza, e portanto fora instruída a canalizar em desconhecidos para não machucar familiares. Seus instintos fizeram com que a menina desenvolvesse rituais, como após os jantares da família Noronha.

 

Ela levantou-se da mesa, havia terminado seu prato e era hora de se arrumar. Em seu quarto escolheu as roupas: uma blusa escarlate de mangas compridas, mas arregaçadas até o antebraço, uma saia curta negra e uma bota até os joelhos. Suas unhas estavam pintadas de preto, usava pouca maquiagem e o cabelo curto não precisaria ser preso. Lana esperava semana após semana pela ocasião e portanto gostava de arrumar-se. O próximo passo era organizar sua mochila, onde as armas eram guardadas. A garota levava consigo duas pistolas com silenciador, uma faca de caça, um canivete em cada bota e, seu favorito, o taco de beisebol.

 

Pronta, Lana passava pela sala de jantar em passos impacientes, a adrenalina correndo em suas veias apenas por imaginar o que aconteceria.

 

“Cuide-se, filha”, o pai disse.

 

“Eles vão precisar se cuidar.”

 

Ao deixar sua casa em um bairro nobre, Lana chamou um táxi por meio de um  aplicativo. O carro levou alguns minutos para chegar, ela abriu a porta traseira e entrou.

 

“Boa noite, vai aonde?”

 

“Siga para o centro, quando for o momento de parar eu aviso.”

 

O resto do caminho foi silencioso, Lana era geralmente mais simpática mas nas sextas a ansiedade suprimia seus modos. As ruas iluminadas do centro de Curitiba deixavam à mostra o pior da cidade, mendigos empilhavam-se abaixo de toldos de lojas em abrigos improvisados de papelão e cobertores velhos.

 

Em frente à uma praça onde dois homens dormiam ela pediu para que o taxista parasse.

 

“Tem certeza, dona? É um lugar um pouco perigoso pra uma menina.”

 

A garota sentiu-se simultâneamente insultada e lisonjeada com o comentário. Lana puxou da carteira uma nota de cinquenta reais e entregou para o homem.

 

“Pode ficar com o troco.”

 

Antes de deixar o táxi, a garota colocou sobre sua boca um lenço. Com o taco de beisebol em mãos ela aproximou-se dos mendigos que ali dormiam. O lugar todo fedia urina mas Lana não percebeu, o homem mais velho estava deitado acima de um cobertor cinza. A menina ergueu o mais alto que pôde o taco e o desceu diretamente na cabeça do velho. Do crânio, sangue jorrava para todos os lados com o homem inconsciente, mais golpes se seguiram em fúria. O rosto antes frágil assumira agora proporções maldosas conforme gotas de sangue o pintavam.

 

O outro mendigo ouviu a cabeça de seu companheiro rachar e os golpes esmagarem os miolos, assustado tentou correr o mais rápido possível mas, depois de alguns passos sentiu dor em sua perna direita. Virou-se encarando a menina que segurava uma pistola em suas mãos cujo cano exalava um filete de fumaça, o homem tentou se equilibrar em uma perna só mas fora atingido novamente.

 

Lana caminhou guardando a arma em sua cintura, pegou novamente o taco de beisebol que assumira coloração avermelhada. O mendigo ameaçava e xingava mas a garota nem prestou atenção, ela pisou na barriga dele que cuspiu uma mistura de saliva e sangue. Antes que pudesse finalizar, um disparo foi realizado em direção à ela mas errou.

 

Um guarda municipal que assistiu à cena interveio, atirou mas não acertou Lana.

 

“Fique parada, se mexer um dedo eu te mato”, ele apontava sua arma em direção à ela.” Abaixe o bastão, empurre-o para mim e coloque as mãos na cabeça.”

 

A garota seguiu as ordens, batendo com o pé no taco que rolou direção ao guarda. Ele aproximou-se, quando estava prestes à algemá-la, Lana em movimentos rápidos tirou de uma das botas um canivete e rasgou-lhe a garganta. Sangue banhou a menina que deliciava-se, o gosto metálico sempre lhe fora agradável e por este motivo eventualmente o degustava.

 

O mendigo ainda vivo não havia saído do lugar, com ambas as pernas baleadas sua mobilidade fora extremamente reduzida e o choque evitara que realizasse qualquer movimento. Ele gritava em desespero.Lana estava pronta para terminar o serviço, era o final, os disparos apesar de silenciosos foram ouvidos e logo mais pessoas chegariam na praça.

 

Ela guardou o canivete na bota novamente, as pistolas na mochila e usaria o taco para o Grand finale. O prazer que sentia após banhar-se de sangue e matar aqueles homens podia ser comparado ao sexual. Toda vez era única, todo assassinato era especial.

 

Lana balançou o taco de beisebol desenhando pequenos círculos no ar, golpeou o peito do mendigo sentindo as costelas quebrarem. Ele gritava e pedia por misericórdia, mas sabia que não iria acontecer. A garota quebrou o máximo de ossos que conseguiu: costelas, a bacia, os joelhos e a canela foram esmigalhados.

 

Com uma ligação o motorista estava na rua combinada, ir de táxi era possível mas o retorno deveria ser em um carro particular. Lana encharcada de sangue sujou os bancos cor creme do veículo. Enquanto a garota era levada para sua casa várias pessoas curiosas amontoaram-se envolta dos cadáveres tentando entender o que havia ocorrido.

 


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