Apenas mais uma história de amor escrita por calivillas


Capítulo 7
Uma nova vida




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Ao sair na área de desembarque do aeroporto de Toronto, no meio da multidão ansiosa para ganhar a cidade, Nina avistou seu pai, ao lado dele, uma mulher bonita, que só conhecia por fotos, sua madrasta, que segurava uma pequena e loura menininha nos braços. Ao vê-la surgir através da porta, seu pai se adiantou e abraçou-a com carinho, algo que muito tempo não faziam, pois foram raras as vezes que a visitou nesses últimos anos.

— Nossa! Como você cresceu! Está tão bonita! – ele exclamou, em um misto de espanto e tristeza por ter perdido todas as essas mudanças importantes da filha.

— Obrigada! Você também está muito bem, pai – Era verdade, apesar de ele parecer muito mais velho do que ela se lembrava.

Em seguida, ele a levou em direção a outras duas pessoas e fez as apresentações de sua atual esposa Barbara, ou melhor, Barbie, o apelido que preferia, e da sua irmãzinha de dois anos, Alicia.

— Nina, estamos muito contentes por você ter vindo. Seu pai fala muito de você – Barbie parecia sincera e Nina fez um carinho no rosto da irmãzinha.

— Foi uma surpresa, você, finalmente, resolver nos visitar, Nina – Artur, seu pai, declarou, já no carro a caminho da casa deles. – Mas, nós ficamos muito felizes com isso. Eu esperava por esse dia, há muito tempo – revelou, com um sorriso.

— Seu pai sempre fala de você com muito carinho, Nina. Estava louca para conhecê-la – Barbie completou – E Alicia, também?

— Eu, também, queria conhecer vocês e, principalmente, Alicia – Nina disse, sorrindo para ela, sentada na sua cadeira, usando um fofo casaco, luvas e gorro só deixando o rostinho rosado e alguns cachos dourados a amostra.

— Está muito frio – Barbie continuou. – Espero que tenha boas roupas para o inverno.

— Acho que não. Eu não estou preparada para muito frio – Nina confessou, enquanto olhava pela janela, a neve cinzenta e suja acumulada nos cantos das calçadas e nos meio fios, as árvores despidas das suas folhas e as poucas pessoas na rua, completamente, encasacadas, andando depressa, tentando fugir do frio.

— Podemos providenciar isso. Barbie a ajudará a comprar algumas roupas apropriadas para o nosso inverno – Artur disse, olhando para a esposa, que assenti.

— Será divertido, podemos ir ao Path, que é quase uma cidade subterrânea. Lá, há muitas lojas e estaremos protegidas do frio, acharemos o que você precisar por lá.

A casa do seu pai era uma tradicional de madeira de uma cor bege indefinida e base de pedras, alguns degraus levava a uma pequena varanda cercada de um guarda-corpo madeira branca, da mesma cor das janelas e portas, recuada em relação a rua, deixando espaço para um grande gramado e canteiros, agora, secos e árvores desnudas pelo frio inverno iminente. Entraram pela porta da garage, direto para o interior da casa, que estava quente e acolhedor, devido ao aquecimento central, assim, imediatamente, livraram-se dos pesados casacos e cachecóis.

— Vou levá-la até seu quarto, Nina – seu pai ofereceu, enquanto Barbie se ocupava da pequena Alicia.

Nina o seguiu até o segundo andar daquela casa estranha, que seria o seu lar por algum tempo, parando na porta de um quarto de aspecto impessoal, com uma cama, cômoda, escrivaninha e cadeira, tudo de madeira pintada de branco, as paredes tinham um suave tom de azul.

— Espero que goste da cor que escolhemos. Eu me lembrei que azul era sua cor favorita quando você era menor – Artur disse a filha, com um sorriso sincero.

— Ainda é. Obrigada, pai – Nina estava surpresa, pois não esperava que ele se recordasse desse detalhe sobre ela, depois de tanto tempo.

— Esse é o seu quarto pode deixá-lo do jeito que quiser. Também, eu a inscrevi em uma escola local com intercambista, teremos duas semanas de férias por causa das festas de fim de ano. Você está pronta para enfrentar toda essa novidade, minha filha?

— Sim, estou.

— Você nem imagina como estou feliz por você estar aqui, Nina – ele concluiu, dando lhe um abraço carinhoso. – Vou deixar você para que se acomode.

 Seu pai saiu, deixando Nina sozinha, sentindo-se muito esquisita, pois seu próprio pai era um quase estranho para ela, já que, há mais de 9 anos, não conviviam, não existia entre eles, aquela intimidade que se adquire com o dia a dia. Durante todo esse tempo, Rui se tornara o seu verdadeiro pai, ocupando o seu lugar na vida cotidiana, comparecendo nas reuniões da escola, levando-a ao médico e ao dentista, cuidando dela, assim, como Gabriel deveria ser como um irmão. Olhando ao redor, naquele quarto desconhecido, não podia negar que estava um pouco assustada, seria uma grande mudança na sua vida, porém teria que se adaptar com aquela nova realidade, pelo menos por um tempo.

Os meses de inverno se arrastaram lentamente, monótonos e solitários, com seus dias muito curtos e longas noites. E apesar de estar se adaptando bem a sua nova família, em muitas dessas noites, Nina demorava a dormir, rodando na cama, com saudades de casa, dos amigos, da família que deixou para trás, mas, principalmente, de Gabriel, imaginando o que ele estaria fazendo ou sentindo naquele momento. Mesmo sempre estando em contato com a mãe, e de vez em quando, conversar com João e Rui, nunca mais falou com Gabriel, tentando disfarçar sua curiosidade e frustração, perguntava, de modo casual, por ele.

— Gabriel está bem, mandou um beijo para você – falavam, ela pressentia que era mentira.

— Diga a ele que eu também mandei um beijo – respondia, tentando não demonstrar decepção, sem saber se ele se importaria com ela.

Nas conversas com a amiga Lia, Nina sabia das fofocas e novidades dos outros amigos, falavam das férias e festas, ela sentia a falta do calor e do sol.

— Sinto muita a sua falta – revelava Lia, lamentando-se. – Tudo é tão diferente e chato sem você aqui.

— Também sinto muito a sua falta, Lia – repetia, com sinceridade.

E logo Nina recomeçou as aulas em sua nova escola, que era muito diferente do que estava acostumada, uma mudança radical no seu estilo de vida, com novos costumes e hábitos, uma nova língua, novos colegas. Lá, eles já estavam no meio do período escolar, a receberam bem, foram simpáticos, mesmo assim, sentia-se como um ser estranho, mas esforçou-se para se enturmar e conseguiu. Naquela época do ano, todos estavam eufóricos, pois, em breve, haveria o recesso para as festas de fim de ano.


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