Heart of light in the black night escrita por Skye


Capítulo 3
Capítulo 3 - "Double the tension"




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Marlene POV:

Na terça-feira, para minha infelicidade, era o dia em que tínhamos duas aulas seguidas de poções, com o professor Slughorn. Eu gostava dele, mas definitivamente detestava seu tão aclamado Clube do Slug, o qual eu fazia parte por insistência de Lily. Era até engraçado pensar no fato de que minha família sempre fora bastante influente no mundo bruxo, embora na minha opinião nada disso importasse nos tempos em que vivíamos. E em nenhum outro tempo também, ninguém deveria ser definido por suas origens.

Os trabalhos realizados nas aulas de poções geralmente eram em dupla e naquele dia não foi diferente. Após as instruções, eu e Lily já estávamos prontas para começar nosso experimento quando um não tão inocente James Potter se aproximou da mesa em que iriamos trabalhar.

— Com licença, Marlene. – ele pediu. – Será que você se importaria se eu pedisse educadamente para roubar sua dupla habitual no dia de hoje? – olhei com cara de pensativa para os dois. Parte de mim não queria nem um pouco abrir mão da minha dupla de sempre, ainda mais pelo fato de que Lily era um fator crucial para que eu não fosse um desastre em poções, mas era impossível não concordar com aquilo.

— Por mim, sem problemas. – respondi então, sorrindo sincera. – Mas quem decide é ela.

— Você realmente não se importa? – Lily perguntou, de modo que só eu ouvisse.

— Não se preocupa comigo. – garanti. – Vai ser divertido ver essa cena.

— Obrigada, Lene. – ela agradeceu. – Você é a melhor! – sorri com o comentário, enquanto minha amiga se deslocava juntamente a James até sua mesa.

A única pessoa restante sem uma dupla ali claro que só podia ser Sirius. Todos estavam pareados de forma habitual, com as pessoas de sempre, éramos os únicos que poderiam estar precisando de uma nova dupla. A teoria se confirmou quando o avistei sozinho do outro lado da sala, ele já me observava. Em nenhuma hipótese eu iria até lá sugerir que nos juntássemos, independentemente do quão desastrosa eu poderia ser em poções, preferiria explodir um caldeirão. Voltei então minha atenção para meus ingredientes e instruções, porém alguns segundos depois escutei a voz de Black surgir por trás de meu ouvido.

— Parece que você está precisando de uma dupla. – ele disse em tom baixo, causando um leve arrepio no meu sistema nervoso. – E, coincidentemente, eu também.

Sirius POV:   

Por um breve momento, cogitei não ir até Marlene e convidá-la para ser minha dupla diante daquela oportunidade, mas eu estaria sendo tolo se não o fizesse. Esperei um pouco para ver se por algum acaso do universo ela não tentaria fazer o mesmo, ainda que eu tivesse certeza de que não faria. Depois de algumas trocas de olhares, não hesitei então em ir até ela. Talvez fosse coisa da minha cabeça, porém podia jurar que a expressão dela se transformara em uma mistura de nervosismo e ansiedade ao escutar minha voz.

— Precisando não é bem a palavra que eu usaria. – ela disse firme, mantendo o olhar fixo nos itens da poção.

— Tem certeza? – perguntei. – Sei que poção é uma matéria que você detesta, ouvi sua conversa com James uma vez em um dos treinos.

— Então você costuma escutar a conversa dos outros, Black? – questionou, ao mesmo tempo em que começava a esmagar um dos ingredientes com uma faca.

— Só quando o assunto é suficientemente interessante. – admiti. – Ei, deixa eu te dar uma ajuda com isso. – eu falei, passando meu braço direito por trás de seu corpo e segurando delicadamente a mão direita dela. Utilizei minha mão esquerda para virar a faca de cabeça para baixo e a pousei novamente sobre a mão de Marlene, a qual eu segurava. Em seguida apertei o ingrediente junto a ela com o cabo da faca, fazendo com que mais seiva saísse do mesmo. – Se você aperta com o cabo, consegue aproveitar melhor o núcleo.

— Essa é uma boa dica. – ela comentou. – Obrigada, Black. – agradeceu, finalmente dirigindo um olhar a mim. Estávamos tão próximos quanto naquela tarde em Hogsmeade, a diferença é que eu não tentaria beija-la no meio da aula de poções, por mais que essa fosse minha única vontade. – Não sabia que você se dava bem com poções. – Marlene voltou a falar, aproveitando para novamente desviar o olhar em direção aos ingredientes. Desvencilhei meu braço do corpo dela e comecei a preparar algumas coisas também.

— Eu diria que tenho um pouco de dom para tudo. – eu disse.

— Eu diria que você é bastante esperto, Black. – ela retrucou. – E fico verdadeiramente feliz em descobrir que você também usa um pouco disso com a escola, não somente com outras coisas.

— Existe algum motivo especial para você gostar de implicar com a minha personalidade? – perguntei, divertindo-me com a situação.

— Nenhum, só estou sendo recíproca. – Marlene respondeu.

— Não existe nada que eu goste mais do que um pouco de reciprocidade. – falei.

— Você não é muito recíproco com a maioria das pessoas. – ela disse.

— Por isso mesmo perguntei se existia algum motivo especial para você ser assim comigo. – expliquei.

— Não entendi. – ela falou.

— Porque claramente existe um motivo especial para eu me sentir tão instigado a implicar com a sua personalidade. – admiti.

— E qual seria esse? – perguntou.

— É exatamente isso que estou tentando decifrar. – falei, parando de cortar o ingrediente e fixando meu olhar sobre o dela, que fez o mesmo.

— Então acho que você vai precisar de mais do que algumas garrafas de firewhisky e um truque de poções. – Marlene falou, sem desviar o olhar.

— Se isso é um desafio, considere-o mais do que aceito. – eu disse confiante.

— Não posso negar que você tem um lado interessante, Black. – ela disse, fazendo com que eu erguesse um sorriso nos lábios. – Entretanto, acho que nós dois concordamos que as coisas são mais divertidas quando não necessariamente as definimos.

— Eu gosto dessa frase. – concordei.

— Então boa sorte com o seu suposto desafio. – desejou ela.

— Não acredito em sorte. – eu falei. Agora conversávamos com o olho no olho, frente um ao outro, a existência daquela poção havia sido ignorada há algum tempo.

— Ótimo, eu também não. – a expressão de Marlene era firme, segura de si e de suas palavras. Eu podia jurar por tudo que se não existissem chances de ela me rejeitar, iria beija-la ali mesmo, no meio de toda a turma. O resto do universo realmente não me importava naquele momento.

— Fico feliz em saber que temos mais isso em comum. – comentei.

— Precisamos terminar essa poção. – ela nos chamou de volta para a realidade. E infelizmente tinha toda a razão do mundo.

Marlene POV:

 O esforço para manter a postura firme na frente de Sirius estava sendo forte. Fiquei verdadeiramente surpresa quando ele se ofereceu para ser minha dupla na aula de poções, não achei que ele feriria seu próprio orgulho tão cedo após eu tê-lo deixado para trás no Cabeça de Javali. A impressão que eu tivera de Black em todos os meus anos de Hogwarts era a de que ele não era nada além de um canalha, entretanto, sempre houve essa indecifrável áurea atraente que o cercava, a qual ele sem dúvida alguma sabia aproveitar muito bem. E, querendo ou não, ele vinha se provando muito mais interessante do que jamais pudera julgar ou imaginar.

Não bastasse o momento da aula de poções na terça-feira, quando Lily e eu estávamos adentrando a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas dois dias depois, na quinta, senti uma mão cuidadosamente segurar meu pulso, impedindo que eu continuasse. Lily provavelmente se assustou mais do que eu, mas nenhuma de nós reagiu ao encontrarmos Sirius, revelando-se o responsável por aquele ato.

— O que foi isso? – Lily perguntou.

— Será que posso falar com você, McKinnon? – ele perguntou.

— Existe algo que eu não saiba acontecendo aqui? – Lily questionou.

— Definitivamente não. – apressei-me em responder. Black ergueu as sobrancelhas, como se a resposta dele não fosse aquela. – O que você quer?

— Dois minutos e um pouquinho de bom humor. – ele disse. – Acho que pedir um sorriso por estar me vendo já seria demais. – sem querer, acabei rindo do comentário. Um sorriso mais sincero do que qualquer outro presenciado anteriormente se ergueu nos lábios de Sirius. – Deve ser meu dia de sorte.

— Não existe sorte. – logo falei.

— Não é necessário que exista, o dia já vale por si só mesmo. – falou, mantendo o sorriso.

— Acho que vou entrando. – Lily disse, apressando o passo antes que um de nós dois pudesse dizer alguma coisa.

— Estou aqui para te convidar para ser minha dupla novamente na aula de hoje. – ele disse. – Não quero que você ache que estou convidando só porque o James vai chamar a Lily, então decidi agir antes dele. – se ele não fosse Sirius Black, poderia dizer que estava sendo consideravelmente fofo.

— E por qual motivo você iria querer ser minha dupla nessa aula? – questionei.

— Não preciso ouvir nenhuma conversa para saber que você é muito boa em Defesa Contra as Artes das Trevas. – elogiou indiretamente. – E ouvi o professor falando que a aula de hoje será prática de desarmamento, é o meu fraco.

— Duvido, você também é um dos melhores dessa aula. – lembrei, desconfiada.

— Não nego que sou. – ele disse, sem medo de demonstrar a autoestima. – Mas ninguém é perfeito, eu não recusaria uma ajuda. – as segundas intenções eram claras em cada palavra que saía da boca dele.

— Não sei se é uma boa ideia. – falei, mesmo que grande parte de mim quisesse apenas aceitar o convite dele. Era impossível negar que seria divertido.

— Então me deixa provar que essa é uma ótima ideia. – insistiu, determinado. Mordi meu lábio inferior, refletindo sobre a proposta, enquanto o olhar dele permanecia fixo sobre mim.

— Faça valer a pena. – foi tudo o que eu disse antes de entrarmos na sala.

Concordei com a proposta, mas disse a ele que teria que avisar Lily primeiro. Entretanto, assim que atravessamos a porta ela já estava com James, então conclui que não seria necessário. Não sei como Sirius conseguira a informação do que seria abordado naquela aula, mas ele estava correto. As ordens foram simples: apenas tentativas de desarmes, qualquer outro tipo de feitiço resultaria em uma perda de pontos para a respectiva casa do aluno.

Sirius POV:

— Preparado para perder a sua varinha, Black? – Marlene provocou antes mesmo de começarmos aquele falso combate. Era cada vez mais difícil resistir com tanta cautela aos comentários dela.

— Vamos guardar as provocações para o momento que vem depois do duelo de desarmes. – eu repliquei, tomando cuidado com minhas palavras. – Quando você quiser... – falei, indicando que ela poderia começar. Imediatamente em seguida, Marlene lançou um feitiço sobre mim, o qual eu não teria sido capaz de defender se não estivesse atento.

Em todo o momento, ela deixou claro que pegar leve não era uma boa ideia quando se estava duelando contra Marlene McKinnon. Seus ataques eram precisos, eu tive dificuldade em revida-los e passei a maior parte do tempo me defendendo. De alguma maneira, era como se estivéssemos depositando toda a tensão compartilhada entre nós dois durante os últimos dias naquele duelo. Mesmo que eu não fosse capaz de encarar seus olhos claros naquela situação, podia sentir seu divertimento a cada feixe que eu ricocheteava. E eu sentia o mesmo.  

Não tinha noção alguma do tempo que passava, mas após muita pressão Marlene conseguiu finalmente jogar minha varinha para longe. O sorriso largo se estampou rapidamente sobre os lábios dela.

— Ah, Black, é uma pena que você não tenha resistido! – ela disse usufruindo-se de todo o sarcasmo do universo, ao mesmo tempo em que caminhava na minha direção. – Estava procurando um candidato para me proteger pelos corredores de Hogwarts, mas infelizmente você não passou no teste.

— Você fala como se precisasse de proteção. – eu disse. O olhar que ela lançou até mim deixou claro o quanto ela gostara daquele comentário. – E não é porque estou desarmado que deixo de ser a pessoa mais apta a ocupar este tal cargo.

— Ah, é? – Marlene questionou. – Então o que você faria nesse caso? Indefeso, sem uma varinha para ataque. – continuou. – Contra um oponente ameaçador que tivesse tudo isso. – ao dizer isso, ela pressionou sua varinha levemente contra meu queixo.

— Bom, nesse caso, se algum oponente ameaçador estivesse te causando perigo e eu me encontrasse assim indefeso, acho que a única solução seria acertar um tradicional soco no meio do sujeito. – ela riu com o comentário. Quase como se fosse proposital, segundos depois um garoto desastrado da Corvinal acabou ricocheteando um feitiço de maneira errada e este viria a acertar Marlene em cheio. Por algum acaso muito forte, eu estava extremamente atento, e, devido a nossa proximidade foi possível puxá-la pela cintura e desviar seu corpo da trajetória do feixe, o qual acabou atingindo a parede. O giro que dei com seu corpo foi suficiente para que nos desequilibrássemos parcialmente, mas ainda fui capaz de mantê-la firme, de modo que ficamos inclinados, ela de costas para o chão, apoiada em meu braço que a segurava com leveza, quase como se estivéssemos prestes a realizar um daqueles beijos de cinema. E eu podia jurar que iria, estávamos extremamente próximos e a minha posição de indefeso já não existia mais, assim como o resto daquela sala de aula, eu só precisava acabar com aquela distância e estava pronto para correr esse risco, isto é, antes de a realidade nos chamar mais uma vez de volta.

— Black! McKinnon! – era a voz do professor. – O que estão fazendo?!

E de repente todos os olhares da turma se voltavam para nós dois.


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