Heart of light in the black night escrita por Skye


Capítulo 1
Capítulo 1 - "Fora dos eixos"




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Sirius POV:

Quanto mais o tempo passava, mais o reinado do terror de Voldemort parecia se tornar real para o mundo bruxo. Qualquer pessoa que fizesse parte daquele mundo em sã consciência podia sentir que algo muito ruim se aproximava mais a cada dia. Na verdade, até mesmo aqueles que não batiam bem da cabeça provavelmente podiam sentir aquilo. Somente uma coisa era mais preocupante do que o fato de Voldemort estar cada vez mais poderoso e se tornando uma séria ameaça para todos: o primeiro encontro de James Potter e Lily Evans.

— Por que diabos eu te acompanharia no seu primeiro encontro James? – perguntei, sem entender o motivo da insistência dele em querer que eu o acompanhasse.

— Digamos que ao convidá-la eu não especifiquei que estaríamos saindo a sós. – ele explicou.

— Agora tudo faz sentido, você é o único que sabe que isso é um encontro. – disse, não conseguindo evitar uma risada. Era engraçado ver James apaixonado, nenhuma garota era capaz de causar o efeito que Lily causava sobre ele e não era difícil entender o porquê, a ruiva não precisava se esforçar para ser uma pessoa incrível.

— Sempre temos a opção de não olhar a situação por esse lado. – James disse, logo se unindo à minha risada. – Senti que ela estava prestes a recusar mais uma vez, mas ultimamente parece que tudo está diferente. – contou. – Acho que finalmente Lily está me levando a sério, ainda existe muita implicância entre nós, porém não queria deixá-la nervosa de qualquer forma, então sugeri que ela levasse uma amiga e disse que faria o mesmo.

— Não precisa se justificar, Potter. – falei. – Ainda serei seu amigo, mesmo se dez mil anos passarem e você ainda não tiver conquistado essa garota. – caímos na risada mais uma vez.

— Eu vou conquistá-la. – afirmou confiante. – Nem que seja a última coisa que eu faça.

— Agora sim estou começando a ter esperança. – eu disse em tom brincalhão.

— Então te darei mais um motivo para ter esperança, e também para aceitar meu convite. – James falou. – A amiga que Lily levará ao encontro é Marlene McKinnon.

Olhos profundos azul-claro e longos cabelos loiros ondulados, essas informações são suficientes para se ter uma ideia do que era Marlene McKinnon. Se fosse para escolher, diria que sem dúvida alguma ela era a garota mais exuberante de Hogwarts. No quinto ano, houve boatos de que ela sempre fora apaixonada por mim, mas eu imediatamente desacreditei em qualquer história envolvendo isso quando entrei para o time de quadribol no ano seguinte. McKinnon era a atual capitã do time, jogava na posição de artilheira e era uma garota extremamente determinada, que aparentava ser capaz de destruir qualquer obstáculo colocado em seu caminho. Não conseguia imaginá-la tendo uma paixão por alguém.

Nossas únicas conexões eram o quadribol e nossos melhores amigos James e Lily, que aparentemente alimentavam cada vez mais um sentimento mútuo de amor, ou talvez ódio, depende muito do dia. Por mais que não conversássemos, o tempo que tínhamos de convivência com certeza fora suficiente para tornar ela uma pessoa com quem eu realmente gostaria de passar um tempo a sós algum dia.

— Esse foi um motivo valioso. – falei ao mesmo tempo que esboçava um leve sorriso. – Não perderia, por nada, a chance de estar presente no primeiro encontro do meu futuro casal favorito, mas agora as coisas acabaram de se tornar o dobro de diversão.

— Isso serve como um sim para mim. – James disse em tom brincalhão. Rimos novamente.  – Conto com você amanhã então, vamos encontrá-las no Salão Principal e depois iremos até o Três Vassouras.

— Clichê, mas estou dentro. – foi o último comentário que fiz naquela noite.

Marlene POV:

— Não acredito! – exclamei com toda a animação possível. – Finalmente!!!!!!

— Lene, por favor não se anime tanto. – Lily pediu, como se pedisse silêncio no meio de uma biblioteca barulhenta. Eu admirava o jeito dela. – Só aceitei porque posso levar alguém junto, no caso você.

— Não importa, Lily. – garanti. – E eu já entendi essa parte, você já explicou umas três vezes.

— Acho importante ressaltar, desse jeito não parece um encontro sério. – ela se defendeu.

— Já estava mais do que na hora de isso acontecer. – falei. – Sinceramente, não sei porque demorou tanto, James é um cara extremamente divertido e visivelmente apaixonado.

— Existe uma série de motivos para que eu me sinta receosa quanto a isso. – falou.

— Motivos bobos. – discordei. Sabia muito bem quais eram os motivos, e muitos destes envolviam o amigo de infância de Lily: Severus Snape. Sempre fui sincera com minha melhor amiga e isso incluía deixar claro que eu não ia com a cara do sujeito. – Lily, olha aqui nos meus olhos. – pedi ao mesmo tempo que sentava na beirada da cama dela, onde ela se encontrava. – Você realmente duvida do fato de que James é uma boa pessoa? – perguntei, encarando-a diretamente nos olhos. A resposta foi o silêncio. – Foi o que imaginei. – conclui, deixando clara a minha felicidade através de mais um sorriso nos lábios. – Você sabe que eu não sou de acreditar muito fácil nessa coisa de amor, mas por algum motivo acredito com toda a certeza do mundo no quanto ele gosta de você, Lily.

— Eu sei, você sempre deixou claro que gostava da ideia de nos ver juntos. – ela comentou. – E que ele merece pelo menos uma chance.

— Exatamente, ele nunca desiste. – concordei. – Sei que ele tem seus momentos idiotas, entretanto não esqueça que as pessoas também podem mudar quando estão apaixonadas. – falei. – E, sinceramente, é difícil encontrar algum garoto nessa escola que não tenha seus momentos idiotas.

— De fato, sinto cada vez mais que todos eles têm seus momentos. – Lily concordou. – Você realmente acredita na bondade do James, é quase engraçado.

— No fundo você também acredita, eu sei disso. – falei sorridente, fitando-a com um olhar divertido. – Eu e James temos bastante em comum, somos péssimos em poções e gostamos muito de você, talvez por isso seja tão fácil para mim aceitar que ele é uma boa pessoa. – Lily riu com o comentário.

— O que seria de mim sem a sua presença diária, hein Lene? – ela questionou me abraçando.

— Imagino que ainda mais obcecada pelos estudos do que já é. – eu brinquei ao mesmo tempo em que retribuía o abraço. – Ei, você chegou a me contar quem seria o amigo que James irá levar?

— Hum, não. – Lily respondeu, imediatamente alterando seu tom de voz.

— O que foi isso? – logo perguntei.

— Eu estava tão entusiasmada em te contar que acabei esquecendo que essa parte talvez te fizesse não aceitar a ideia. – falou. – James vai levar o Sirius.

— Ah, claro. – eu disse de maneira debochada. – Como não imaginei de imediato? – questionei, mais para mim mesma do que para Lily. – Não sei quem são mais grudados, eles ou nós.

— Analisando dessa forma, até soa como uma junção de duplas perfeitas. – Lily refletiu.

— Quem sabe, se Black não fosse extremamente idiota e abominável... – falei com desdém.

Antes do meu quinto ano em Hogwarts, eu podia perfeitamente fingir que Sirius Black sequer existia. Entretanto, durante uma festa na qual me arrisquei a experimentar firewhiskey pela primeira vez, acabei cometendo o erro gigantesco de comentar com Emmeline Vance que achava o Black bastante atraente e aí fora só questão de tempo até o boato de que eu estava apaixonada se espalhar pela escola, fazendo com que eu aparentasse ser uma menina tola dentro da inumerável lista das que eram loucas por ele. Coincidentemente, no ano seguinte ele entrou para o time de quadribol, obrigando-me a ter que atura-lo pelo menos três vezes por semana ao longo dos treinos. Por sorte, James ajudava a mantê-lo centrado, facilitando meu trabalho como capitã.

Não podia negar que Black realmente era muito atraente, mas o mesmo valia para sua idiotice. Rezava a lenda que ele já havia ficado com mais da metade das meninas de nosso ano. Existiriam mil motivos para eu não querer ir àquele encontro por causa dele, porém nenhum destes seriam suficientes a ponto de eu deixar minha melhor amiga na mão. Eu faria isso por ela e estava pronta para lidar com o desafio.

Sirius POV:

As aulas haviam iniciado há quase exatamente um mês e aquela seria a primeira visita a Hogsmeade do nosso ano letivo. O clima pelos corredores da escola era definitivamente tenso, entretanto nada seria capaz de estragar meu último ano em Hogwarts, nem Voldemort, muito menos seus seguidores.

James acordou mais animado naquela manhã de sábado do que em qualquer outro dia de nossas vidas, a felicidade dele era nítida, ainda mais perceptível após a quantidade de tempo que ele gastou garantindo que estivesse visivelmente preparado para aquele encontro. Não me dei o trabalho de ser tão exagerado quanto ele, porém decidi usar uma de minhas camisas preferidas, acompanhada por minha melhor jaqueta de couro, perfeita para o clima de inverno que se aproximava. Seria mentira se eu dissesse que não teria interesse em me aproveitar daquela oportunidade para tentar alguma coisa com Marlene McKinnon, eu não tinha nada a perder.

Perto das 15 horas, dirigimo-nos até o Salão Principal como combinado. Lily e Marlene já nos esperavam, e, quase como se fosse combinado, a loira também usava uma jaqueta preta de couro, a qual parecia combinar perfeitamente com ela e imediatamente prendeu minha atenção. Para minha surpresa, observei um sorriso no rosto de Lily enquanto nos aproximávamos. Ela sempre fora muito relutante quanto a James, então não pude evitar ficar feliz ao assistir aquela cena, já estava na hora de ele ganhar uma chance.

— Boa tarde, meninas. – James as cumprimentou. – Obrigado por aceitarem o convite de passar o dia conosco, confesso que estou muito ansioso. – acrescentou. Achei melhor deixar com que James falasse, afinal eu só estava ali para ajuda-lo de alguma forma, o encontro era dele. Entretanto, sem que eu percebesse, meu olhar estava vidrado em Marlene e não hesitei em lançar um sorriso de cumprimento a ela.

Marlene POV:

Patético, foi o que pensei ao encarar Sirius Black me observando com aquele sorriso. Com certeza ele acreditava que poderia sair ganhando alguma coisa daquela situação, mas eu simplesmente não me deixaria levar por seus encantos, eu era mais forte do que isso.

Após aquela breve conversa em grupo, Lily e James tomaram a frente do caminho e nos guiaram até Hogsmeade. Black, como se fosse um cavalheiro, ofereceu-me o braço para que eu o acompanhasse. Ergui as sobrancelhas receando aquilo, mas aceitei o gesto e seguimos juntos atrás deles.

Surpreendentemente, não era nada difícil conversar com Sirius. Ele era bom na função de puxar assuntos e, por mais que eu não aprovasse a maioria das atitudes dele pela escola, não tinha motivos para ser desprezível dentro de um diálogo envolvendo apenas nós dois. Talvez por consequência da boa conversa, o caminho até o Três Vassouras pareceu passar muito rápido. Quando vimos, já estávamos sentados em uma mesa esperando nossos pedidos de Cerveja Amanteigada; eu e Sirius de um lado, Lily e James do outro.

Mesmo que o objetivo daquele encontro fosse indefinido, após quase uma hora tudo estava ocorrendo perfeitamente bem. A conversa era boa, a bebida era boa, e parecíamos estar todos nos divertindo. De repente, porém, de alguma forma James e Lily acabaram entrando em uma discussão sobre como lidar com os seguidores das artes das trevas, em que James assumia uma posição bastante agressiva e Lily o contrário. Por um breve momento, eu e Sirius não soubemos como reagir contra aquela discussão desnecessária, mas ele foi mais rápido ao tomar uma atitude.

— James! – ele chamou, fazendo com que o amigo o encarasse. – Vocês não precisam tratar desse assunto agora, e nem hoje.

— Concordo plenamente. – eu disse, também encarando minha amiga. – Não estraguem esse momento raro e divertido.

— Aliás, Marlene e eu vamos lá fora pegar um pouco de ar. – Sirius falou, para meu espanto.

— Nós vamos? – questionei, estranhando.

— Sim. – afirmou, voltando-se para mim e lançando uma piscadela. – Assim vocês dois podem se acalmar um pouco e resolverem o assunto sem brigas. – Sirius se levantou em seguida ao comentário e fez um sinal para que eu o seguisse. – E lembrem-se que existem coisas bem melhores a se fazer do que discutir. – ele acrescentou em tom divertido antes de deixarmos juntos o estabelecimento.

Assim que atravessamos a porta do Três Vassouras, nenhum de nós disse alguma coisa. Eu esperava que Black adicionasse algo a sua grande ideia de sairmos dali, à fim de explica-la com sentido, mas ele não o fez.

— Será que você poderia explicar o porquê de a nossa saída ajudar a resolver a situação? – perguntei então.

— Confia em mim. – ele disse. – Nossa presença com o tempo começa a ser desagradável.

— Quanto tempo exatamente precisamos ficar aqui?

— Uns 5 minutos já ajudará. – respondeu. – Acho que os dois entendem mais fácil que gostam um do outro quando estão sozinhos.

— Disso não posso discordar. – falei.

Black usava um relógio no pulso, que foi útil para contarmos o tempo passando. Cinco minutos depois então, ele abriu novamente a porta do Três Vassouras e abriu caminho para que eu adentrasse primeiro. Estava indo em direção a mesa quando ele me parou. Já iria contestar aquele ato, mas rapidamente entendi o que acontecia. Olhando mais adiante, podíamos enxergar o casal que antes discutia agora envolvido em um demorado beijo.

— Ainda bem que eles entenderam o meu recado. – Sirius Black disse sorridente ao meu lado.


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