Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 31
Fright Night - Part 6


Notas iniciais do capítulo

O Ataque continua! O medo continua! Quem vai comer poeira?



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Edward não esperava dar de cara com aquilo, não justo no momento que poderia haver algum alívio. Ele e Claire já estavam de frente a saída do prédio colocando os pés nos últimos degraus da escadaria, prontos para cruzar o minúsculo Hall de entrada. Mas enquanto ele parou congelando com uma surpresa nada agradável, ela por outro lado contornou o punhado de cacos de vidro e sangue no chão que havia diante do final das escadas, dando a volta pelo cadáver que ali jazia estirado com a cara virada para o chão, tornando quase impossível seu reconhecimento.

—Vem logo! -Chamou ela, pisando na ponta dos pés tentando não tropeçar ou escorregar nas pontas cortantes e pequenas, que brilhavam com a luminosidade que as luzes dos postes do pátio principal emanavam, enquanto tocava a parede ao seu lado meio que se segurando para manter o equilíbrio sobre o obstáculo que era o cadáver..

Mas Ed ainda pareceu travar por um instante no último degrau, observando o morto assustado, encarando a estranha calmaria da amiga que deu seu passo para o lado de fora olhando para os lados, certificando-se de que o caminho estava livre. O Silêncio da noite fria a encarou de volta, tremeu um pouquinho conforme seus braços se arrepiaram por conta da friagem, esfregando-os enquanto encolhia os ombros. Virou-se para ver se Ed a acompanhava, e teve a surpresa de vê-lo ainda parado ali dentro sem ter feito a travessia pelo "Rio de sangue".

Vendo a reação assustada em seu rosto, Claire assentiu fitando o cadáver:

—Foi mal. Eu esqueci de contar que o Daniel morreu.
—Ah! Que nada! Tá tudo bem! -Respondeu sarcástico.
—É sério! Tava a maior confusão... Agora vem, por favor. -Disse esticando a mão, chamando-o com um gesto.

Ele fez um bico debochado, não ficou nada contente:

—Você sabia disso?.. O que foi que aconteceu aqui? -Tudo o que Edward conseguia ver era o monte de sangue no chão em volta do jovem falecido. Não tinha pensamentos em mais nada.
—Ham.. -Suspirou Claire. -Longa história. Posso te contar depois das minhas próximas sessões de terapia?
—Como quiser... -Se pôs a atravessar o Hall, fazendo careta a cada passo que dava ao ouvir os estalos do vidro sob seus pés, sentindo como o chão estava escorregadio devido ao sangue, pisando com cuidado apoiando uma das mãos na parede assim como ela havia feito, desviando o olhar do garoto ao contorná-lo.

Claire expirava a fumaça fria que saía de sua boca contra sua vontade. A Garoa serena ainda estava ali. Cada pingo gelado que lhe tocava o rosto, ameaçavam cortar-lhe a pele.

—Aí estão vocês! -Uma voz chamou, levando Claire a se virar na direção do chamado.

Era Paul, deduziu ela por conta da voz, caminhando um pouco ao longe no gramado se aproximando dos dois aumentando o ritmo dos passos entre algumas árvores pelas quais passava ao lado. Uma outra silhueta o seguia, e mesmo com a má iluminação do ponto de onde vinham, Claire conseguiu reconhecer o moletom de capuz que cobria quase que por completo a cabeça. Era Kenny.

—Aí estão vocês uma ova! Que isso?! Por que nos abandonaram? -Exclamou furiosa batendo os dentes.
—O quê?! -Paul perguntou de volta, não conseguindo ouvir o questionamento irritado da garota devido a distância.
—Ah, esquece... -Murmurou a si mesma. Olhando por cima dos ombros, e via que Edward já alcançara.
—Quem é? -Perguntou ele, esforçando-se para reconhecer.
—Paul e Kenny. E não, não confio nenhum pouco neles.
—Motivos novos?
—Ah, sim. O Filho da puta do Paul me abandonou, acredita?
—Mas todo mundo saiu correndo.
—É Diferente. Ele me viu. Olhou para trás e viu que eu estava encrencada e continuou correndo assim mesmo.
—Que arrombado.
—Pois é. Finge que não sabe.
—Ok.

Os dois garotos ficaram mais próximos, caminhando lado a lado também baforando o frio pelos lábios em meio ao gramado, e Paul já abriu o bocão:


—Você disse que era pra gente se encontrar aqui fora, aqui estamos. Não sabe o alívio que senti em saber que você estava viva!

Claire ergueu as sobrancelhas confusa, não entendeu a pergunta. Fitou Edward como quem acabara de ver um sapo cantando, com total estranheza no semblante. Ele lhe retribuiu o olhar dando de ombros:

—Não sei do que ele tá falando.
—Nem eu... - Respondeu ela. E assim que os dois meninos chegaram enfim de frente a eles, a Diaba se prontificou. -Repete o que você disse.
—Que você mandou a gente se encontrar aqui? -Continuou Paul.
—É... Eu não falei nada.
—Falou sim. -Confirmou Kenny puxando um pouco mais a touca do moletom para frente, ajeitando-a lutando contra o vento que parecia querer tirá-la de sua cabeça.
—Vocês piraram. Juro que não falei porra nenhuma. Ou não me lembro de ter dito.
—Então talvez não se lembre, porque você disse. -Retrucou o Jornalista.
—Sei não, então onde estão Kirstin e Quinn? Não podem estar as duas mortas.
—Aqui, Claire. -Ed lhe tocou o ombro chamando sua atenção.

Assim que a mesma se virou diante dele, se deparou com o amigo tirando a própria blusa:

—O que tá fazendo?... -Disse batendo os dentes.
—Ué, tá frio. -Respondeu envolvendo suas costas com o agasalho.
—Obrigada... -Sorriu de leve esticando os braços para trás, introduzindo-os nas mangas vestindo a blusa bem rápido sentindo o alívio ao perceber como estava quentinho dentro do agasalho. Seus dedos gelados e quase duros puxaram o zíper de imediato. -Valeu mesmo Ed. -Agradeceu novamente entregando-lhe o celular.
—Nada, relaxa. -Pegou o aparelho desbloqueando a tela. Precisava se comunicar com Kirstin o mais rápido o possível!

Paul assistiu a tudo com uma expressão maliciosa:

—Vocês dois alguma vez já?... -Gesticulou com as mãos insinuando um tipo de união.
—Alguma vez o quê? -Retrucou ela, seca.
—Já... Ficaram juntos?
—Não. -Revirou os olhos. -Diferente de você, eu consigo levar uma amizade. Não preciso ficar transando com um e com outro só por não ter o que fazer.
—Ai... -Respondeu sem ação.
—Perguntas idiotas merecem respostas estúpidas.
—Só perguntei.
—Guarde suas perguntas para você. -Tirou os olhos de Paul, e ao ver que Edward digitava feito louco na tela do celular, a Diaba teve de questionar. -E aí, conseguiu falar com ela?
—Sim... -Continuou digitando concentrado.

Ela ficou com uma enorme interrogação na cabeça, esperando por uma resposta e nada.

—"Sim"... E o que mais, caralho?
—Ah, desculpa. Ahm.. -Seus olhos correram pela tela, lendo depressa a mensagem. -A Kirstin não tá fazendo muito sentido...
—Me dá aqui essa droga, deixa eu ver. -Tomou o aparelho de sua mão fitando a tela. Havia uma mensagem mandada por Edward dizendo: "Mor, onde você tá? Você tá bem?!!" E a resposta de Kirstin estava logo abaixo: "Oii!! To siiim. To indo encontrar a Claire!". Após ler a mensagem, mais uma vez a estranheza lhe tomou conta. -Não estou entendendo nada, do que ela tá falando?
—Me dá aí, deixa eu responder que eu também quero saber. -Edward tomou o aparelho de volta.
—Eu sabia que essa garota não era confiável. "Encontrar a Claire", ha! Eu estou bem aqui.
—Calma... Deve ser um mal entendido.
—Vai fazer a Kátia cega agora, Edward? Se liga. Ela está mentindo!
—Espere! -Tornou a digitar rapidamente, desta vez mais preocupado.

Os três formaram um círculo diante de Ed e o celular em suas mãos, curiosos e atentos as mensagens. Os olhares desconfiados começaram a surgir. Foi possível ver como o garoto tremeu de frio e nervoso ao mesmo tempo aguardando pela resposta. Assim que o aparelho apitou indicando que uma nova mensagem havia sido enviada, a expressão no rosto dele foi dramática ao ponto de causar em todos as mesma reação:

—O que foi?! -Paul e sua curiosidade natural explodiram.
—O que ela disse?! -Insistiu Kenny.
—Eu sabia que a vadia era psicopata. -Afirmou Claire.
—Não... -Edward murmurou em choque. -Não...
—Fala logo de uma vez, porra! -Reclamou a Diaba, lhe dando um tapa no ombro.
—Ela disse.. Que você mandou uma mensagem pra ela, Claire.
—O quê?!
—É... Que era pra vocês duas se encontrarem...
—Onde?
—Na lavanderia...
—Viu?! Mentira! Eu sabia!
—Eu recebi a mesma mensagem. -Paul ergueu seu próprio celular tirando-o do bolso da blusa.
—Eu também. -Afirmou Kenny encolhendo-se todo escondendo o queixo dentro dentro do moletom.
—Peraí, vocês estão brincando neh? Eu não mandei mensagem nenhuma!
—Olha aqui seu número, Claire. Não estou mentindo. -Paul aproximou a tela ao rosto da garota, que leu: "Me encontrem lá fora perto da entrada!" Era realmente seu número constado como remetente.
—Mas isso não é possível.. Eu perdi meu... -Travou, tendo um estalo.
—Como é?! -Ed ficou desesperado. -O que disse?!
—Oh, merda! -Exclamou a Scream Queen. -Puta que pariu! Ed, a Kirstin não tava falando comigo, Ninguém estava! Eu perdi meu celular no estacionamento onde o assassino me seguiu!
—Não acredito! Temos que ir atrás da Kirstin e avisar!
—Espera, espera!! -Exigiu Paul erguendo a palma. -Se não foi você que mandou, então quem foi?
—Nossa, dava pra ser burro?! -Bufou Claire. -Edward, me escuta. Fala pra ela fazer o caminho de volta agora!
—Eu já to digitando!! -Respondeu alto tascando os dedos na tela.

Kenny tomou uma iniciativa:

—Ah.. Gente.. Temos que ir atrás dela.
—Não enche, Kenny. -Respondeu Ripley em deboche.
—Nossa, já vi que minha palavra e merda aqui é a mesma coisa.
—Pelo amor de Deus. -Ela fez sua cara de cínica. -Garoto, acorde! Se formos até lá vamos estar tão mortos quanto ela.
—E vai deixar a garota em perigo assim?!
—E desde quando você é o salvador da pátria?
—Calem a boca! Ela mandou áudio! -Interrompeu Ed, e logo as cabeças se aproximaram na tentativa de ouvir melhor que viria a seguir. Ao dar o play, a voz assustada de Kirstin surgiu no viva voz:

—"Amor.. Então eu já to aqui embaixo. Eu falei, eu recebi aquela mensagem da Claire. Eu fiquei apavorada olhei para trás e você não estava lá então comecei a mandar mensagem mas não sei o que aconteceu com meu celular e a mensagem não enviava! Eu tentei ligar pra Claire mas ninguém atendeu. E logo em seguida a mensagem dela chegou. Eu pensei que ela não tinha atendido porque talvez aquele filho da puta estivesse atrás dela mas aí eu fiquei mais calma quando ela me respondeu pelo aplicativo. Só consegui te mandar mensagem agora pelo SMS mesmo."

—Aplicativo? -Questionou Claire. -Que aplicativo é esse?!
—Ah.. Puta que o Pariu... -Disse Paul desanimado.
—O que foi?!
—Lembra que você me mandou Hackear o "Spread"? O aplicativo de mensagem?
—Sei.
—O plano não era deixar só nós nele e usar como forma de comunicação caso a gente se separasse?
—É, e o que tem?
—Bem.. Lembra que o assassino deu um jeito de entrar no aplicativo?
—Sim, mas o que isso tem... -Parou abrindo a boca em espanto. -Ohhh.... Que merda... Ele hackeou aquela merda também, não foi?
—Provavelmente.
—Putz! -Ed entrou em desespero apertando a tecla de áudio. -Kirstin, amor, não foi a Claire que te enviou a mensagem! O Assassino Hackeou o aplicativo! E ele está com o celular dela!. -Fitou a todos com seus globos vermelhos, quase cheios d'água. -Alguém pode ver se o aplicativo ta mesmo funcionando ou não?
—Claro. -Paul se prontificou já com o seu celular em mãos, digitando alguma coisa. Deve ter escrito qualquer coisa besta pois fora super rápido. Se virou para Kenny questionando-o. -E aí, chegou?

0 Garoto passou a mão nos bolsos da calça, retirando de lá seu aparelho rapidamente e ao desbloquear a tela, mostrou um bico fazendo sinal negativo com a cabeça:

—Não.. Nada. -Virou a tela diante dos outros, mostrando que o aparelho não indicava nenhuma notificação de mensagem. Paul em seguida fez o mesmo, colocando a sua tela diante de Claire, confirmando que sua mensagem havia sido enviada para Kenny, e no entanto, a mesma não chegara até ele.
—Ok.. -Claire respirou fundo. -Se o assassino Hackeou o aplicativo e bloqueou as mensagens que enviamos uns para os outros.. Então por que ainda dá pra mandar áudio?
—Ué, pense bem. -Paul continuou. -Se alguém estiver.. Sei lá, escondido por exemplo. Mandando mensagem pedindo ajuda. Digitando, a pessoa está quieta. E em silêncio, o assassino não pode achá-la.
—Mas se estiver falando alto e claro num áudio... -Completou Claire.
—Fica mais fácil de achá-los. Exatamente.
—Filho da puta! É uma armadilha, ninguém mais usa o áudio! Que ótimo! Voltamos ao jeito primitivo de mandar mensagens... SMS.. Que droga!
—Esperem! -Berrou Ed trêmulo. -Temos que ir atrás dela!
—Ficou maluco?!
—Claire, eu... Eu tenho que ir. Tá? Chama a Lizzie, fala pra ela aparecer aqui o mais rápido o possível que eu to indo atrás da Kirstin. -Aproximou a boca do alto falante: -Bebê, eu to indo te buscar. Fica quieta e não responde mais as mensagens no aplicativo! -Explodiu em lágrimas.

Claire se sentiu perdida. Como assim ele ia atrás dela? Não! De jeito nenhum! Regra de filme de terror, não banque o herói! Esfregou os braços por conta do frio e nisso o som de uma notificação surgiu nas mãos de Ed, que apertou o play no áudio que Kirstin acabara de enviar.

—"Ok.. Amor, é você?... Se não for você então fodeu porque acho que tem alguém aqui.." -Som de passos ao fundo. E o garoto nem disse uma palavra, virou a cara ao grupinho se aprontando para correr quando fora surpreendido por alguém que lhe agarrara pela camiseta:

—Ed! -Claire O Segurou aflita. -Por favor, não vai.
—Eu não posso ficar aqui, a Kirstin tá na pior... Eu deixei ela pra trás, Claire eu nem sei como ela não ta me xingando horrores por isso!
—Não vai, não vai!! Por favor! -Derramou o choro tremendo até os ossos.
—Eu posso ficar aqui e me sentir culpado pelo resto da minha vida. Já me basta o que aconteceu com o Dylan. Eu não vou deixar isso acontecer com mais ninguém!
—Me escuta, você não tá sendo sensato!
—Eu vou buscar ela, e aí a Lizzie vai chegar e vamos para casa. Eu só quero ir pra casa!
—Você não entende!! Se for atrás dela.. Não vai ter casa pra voltar!!
—Eu vou com você! -Kenny deu um passo à frente.
—Ótimo. -Assentiu Edward.
—Não, não, que história é essa?! Vai bancar o Vin Diesel com o estranho aqui? Nem a pau! Cai fora, "carreirinha"!
—Cala essa boca, Claire. -Kenny se pôs ao lado do menino tenso com a mão em seu ombro. -Só nós?


Paul olhou para os lados aparentando estar coberto de tensão, e quando estava prestes a dizer alguma coisa, foi interrompido pela Diaba que lhe apontou o dedo:


—Você não vai nem se mexer! Vai ficar aqui comigo e não vai sair da minha vista, entendeu garoto?
—Tá... -Concordou sem muita escolha pondo as mãos ao alto.
—Claire... -Ed lhe lançou um olhar significativo.
—Não diga. -Mordeu os lábios de raiva.
—Eu já volto.
—Não!! Merda eu falei pra não dizer!!!!!

Assim, Edward Graim deu as costas ao grupo determinado a enfrentar o inferno para buscar Kirstin, seguido por Kenny. Ambos retornando ao sombrio prédio dos dormitórios adentrando ao Hall sangrento e desaparecendo no escuro em poucos instantes, deixando para trás Claire limpando as lágrimas em agonia e Paul com cara de idiota sem ter a mínima ideia do que fazer, e por isso, apenas observava. Ripley deu o comando raivosa:

—Me dá seu celular, imprestável! Eu vou chamar a Lizzie agora mesmo! Isso acaba agora, foda-se!
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As paredes cinza em tom de concreto rodeavam a garota abandonada. A Área da lavanderia não havia sofrido com o Blackout que se abateu sobre os andares de cima. Talvez o assassino tivesse mexido apenas em uma parte da fiação. Ou sabe-se lá Deus o que ele tinha feito para deixar os andares do prédio no escuro. Ao menos tinha um certo alívio de não estar no breu, embora estar sozinha lá embaixo nos níveis do subsolo não era exatamente agradável. Havia escutado passos à pouco, recuando diante de uma parede onde pressionou as costas contra, ficando impedida de ver o amplo corredor cinza que se seguia atrás de si. O que podia ver, era que à sua direita estava a lavanderia. Igualmente cinza e abandonada com suas máquinas brancas postas uma ao lado da outra em três fileiras. Duas nos cantos e uma no meio da grande sala. Ao fundo, cobrindo a parede ficavam as máquinas de secadora, era como um armário gigante branco com três andares onde cada uma de suas pequenas portas lhe permitiam reconhecer que cada um daqueles quadrados com um vidro na frente era uma máquina. As lâmpadas do local estavam firmemente acesas, e próximo ao seu ombro se encontrava o interruptor. Poderia apagar ou acender as luzes a um clique de distância, mas seria um boa ideia? Tensa, ficando na divisória entre o grande cômodo e o corredor posta contra uma parede onde devia haver uma porta, porém não possuía uma, tornando a área livre de entrada e saída, estava Kirstin. Um passo, estaria fora. Um passo, estaria dentro. Ao seu lado esquerdo, o corredor seguia na direção contrária se dobrando ao final escondendo o resto da passagem numa curva para a esquerda. Em sua frente uma parede indicando que não havia saída. A única forma de sair dali era retornar por onde veio. Um beco fechado sem escapatória, e escutando os passos se aproximando... Retornar pelo caminho significaria encontrar o dono dos passos... Mantinha o celular próximo ao peito segurando-o como se sua vida dependesse disso. Teve curiosidade em por a cabeça para fora e espiar o corredor, mas o medo do que pudesse encontrar ao fazê-lo a mantiveram parada.

—Deus, por favor não me deixe morrer. Por favor não me deixe morrer... -Repetia baixinho tomada pela tensão.

Os passos ficaram mais nítidos, estava se aproximando! Em questão de segundos aquilo estaria dando de cara com ela. Ou, era isso o que parecia.

—Ai meu Deus... -Sussurrou. -E olhando fixamente para a enorme e larga parede em sua frente, pode ver com a ajuda das fortes lâmpadas brancas que uma silhueta era refletida como uma sombra na mesma, aproximava-se aumentando de tamanho a cada batida seca no chão que ela identificava como sendo botas pesadas. Logo, a sombra estaria no piso aumentando de tamanho ao se aproximar mais. Era enfrentar, ou esperar para morrer. Kirstin então, se estremeceu diante dos calafrios que lhe percorram os ombros, se colocando a andar pé ante pé em modo silencioso adentrando à lavanderia. Não era Claire que vinha encontrá-la, era o Mal, e sabia disso.

Apavorada até o último fio de cabelo, caminhou vagarosa e assustada entre as fileiras de máquinas sentindo-se cercada por elas. E enquanto as fitava, e contemplava suas portas redondas e botões coloridos, percebeu que não havia lugar para se esconder. Nenhuma janela para escapar, ou roupas sujas para se enfiar no meio. Escutava os ecos dos passos chegando por de trás dos seus ombros sempre dando uma olhada tensa para trás esperando que a qualquer momento, a coisa surgiria dando de cara com ela lá dentro num espaço que embora amplo, não concedia saída. Encurralada. Ferrada!

"Por que eu vim?! Por quê?! Que idiota!! Vi tantos filmes de terror para acabar assim? A Garota burra que é encurralada no pior lugar o possível e deixa toda a audiência torcendo pela morte dela por conta de sua burrice? Aff"

Continuou andando em frente até atingir o final das duas fileiras de máquinas paralelas a si, não tendo nada em sua frente além das máquinas secadoras e um pequeno espaço vazio por onde só tinha o chão cor de chumbo que lhe permitiria pobremente caminhar até a outra extremidade da lavanderia, onde apenas poderia se encaminhar à próxima fileira de máquinas de lavar.

—Merda! -Reclamou baixinho. E ao dar uma segunda olhada na entrada do local, e o corredor que ali se apresentava escondendo sua vista do que via, percebeu a sombra impregnada no chão ao longe, ele chegou!! A Sombra dava a impressão de ser uma mancha negra que deslizava pelo chão com um líquido, carregando consigo o eco de um andar lento e ameaçador. Mais um passo e o desgraçado a avistaria! Olhou para os lados em desespero e não teve outra escolha: Abaixou-se ficando agachada atrás da última máquina da fileira do meio, que estava bem em sua frente. Não era tão grande assim para escondê-la muito bem, portanto encolheu-se retraindo os ombros torcendo para não ter um pedaço de blusa ou pé para fora. Que esconderijo de merda! Mas era o que tinha. A Partir daquele momento Kirstin fingiria que não existia. Quem sabe ao encontrar o silêncio e o abandono, o assassino desse meia volta? Quem sabe...

Inegável como respirava pela boca em tragadas lentas, temendo que o ar que entrava e saía de seus pulmões pudessem emitir o som que causaria sua morte. Ouviu o passo definitivo que se apresentou na entrada do local, confirmando que havia chegado. A Tentação de levantar a cabeça e espiar nunca fora tão forte. Mas como uma conhecedora de filmes de terror, Kirstin se conteve em puro silêncio, embora sentisse que a qualquer momento seria capaz de urinar. Incrível como um alto nível de tensão nos dá a sensação de bexiga cheia, ainda que a mesma esteja tão vazia quanto o corpo mutilado de Rachel jogada no andar de cima, Visão que Kirstin não conseguia esquecer.

O Som de um raspar metálico surgiu, embora o dos passos tenha ficado mais baixo. Ficou claro que a presença sombria que adentrara a lavanderia, pisava com cuidado quase em absoluto silêncio, então o que era o ruído? O rosto apavorado da menina estremecida, agachada quase que numa posição fetal com a cabeça entre as pernas levemente abertas se ergueu, mas não o suficiente para passar do limite de altura que máquina lhe empunha. Seu queixo se levantou com curiosidade, ela já havia escutado aquilo antes em seus amados filmes de horror. Oh, e como já escutou... Lembrou-se de quantas vezes aquele som lhe fez abrir um sorriso. Hoje, se arrependia amargamente. Sabia que era a lâmina da faca raspando sobre as máquinas de lavar uma a uma. Notou isso pela forma em que o ruído soltava um raspar agudo conforme se aproximava, e então, vinha uma minuscula pausa de silêncio e o som surgia de novo. Esta pausa era provavelmente o tempo em que a lâmina acabava de passar por uma máquina, era levantada no ar apenas para pousar na seguinte deslizando sobre a mesma... De novo, de novo.. E De novo... Quantas delas haviam na fileira?? Kirstin não contou.

Olhou para os lados percebendo o pior. Se fizesse qualquer movimento seria pega. Para a esquerda, o assassino a veria e começaria o ataque de imediato. Para a direita, a mesma coisa. E assim.. Como ela faria para driblá-lo ou passar por ele e encontrar seu rumo de volta pelo corredor e chegar à "Superfície"?

(iiirrhhhhh) -O ruído metálico se fez uma última vez. Agora mais alto e parou de repente, deixando no ar um silêncio aterrador que chegou a lhe diminuir os ritmo frenético das batidas do coração, sentindo um frio intenso dentro do peito. "É agora" pensou. Sabia o que estava por vir, o maior dos clichês lhe cumprimentaria. Kirstin paralisada pelo terror, mentalmente começou a contar: "3.. 2... "

Um estrondo veio em seguida no momento exato! A Porcaria de um "Jump Scare" saído diretamente do inferno que a fez berrar com todas as forças jogando-se para trás de modo estabanado, arrastando-se conforme se afastava da máquina a sua frente vendo a mesma tombar violentamente diante de si atingindo o chão numa batida alta e insuportável, que por pouco não lhe esmagara um dos pés, que recuaram feito maratonistas pelo modo que os puxou para junto de seu corpo, Indo cada vez mais para trás estirada no chão contemplando em pavor o disfarce do assassino que havia saído do mundo dos filmes, para aterrorizá-la na vida real.

A queda do objeto fora por um chute ao que deduziu, diante do modo como viu a perna encoberta por uma calça preta embaixo do manto igualmente negro do assassino recuar de volta após a coisa ter sido acertada:

—Não, não!! Por favor!!! -Arrastou-se até acabou dando de costas com o metal das máquinas secadoras que ali encobriam a parede. Erguendo as mãos como quem levanta a "Bandeira branca", Kirstin observou o fantasma se aproximar calmamente e parar inexplicavelmente a menos de um metro de distância. Não entendeu, mas o medo não foi embora. Lágrimas lhe escorreram num pedido de socorro silencioso onde a máscara parecia encará-la no fundo dos olhos com sua respiração abafada por baixo do Látex.

—Por favor... Eu não tenho nada a ver com isso, por favor... -Implorou chorosa.

A Coisa não respondeu ou se moveu. Permaneceu parado diante dela quando o inesperado invadiu o local, uma música começou a tocar. Era a trilha sonora clássica de "Cemitério Maldito" que Kirstin, uma fã devota havia colocado como toque. O surgimento da música levou a atenção de ambos a um ponto pouco mais a frente no chão, onde o celular da garota Jazia vibrando no chão frio próximo a máquina tombada. Foi um reflexo, algo vindo de um impulso desesperado que a fez se mover de repente. Num piscar de olhos, Kirstin Abernathy esticou os braços lançando-se para frente caindo de bruços no chão com a mão sobre o celular!

Seus dedos mal tocaram o aparelho, de fato nem sequer o espremeram embaixo de sua palma pois sua cabeça fora erguida para trás dolorosamente de modo violento, recebendo um puxão de cabelo fatal das garras da morte que a puxaram com toda força:


—Ahhhhhh!!!!!!!! -Berrou de dor e medo, se levantando deixando-se ir com o puxão afim de não deixar que a dor seja ainda pior, ou que um tufo enorme leh fosse arrancado machucando terrivelmente seu couro cabeludo. Aquilo era um assassino, e não teria problemas em machucá-la. Então, para não sofrer mais ainda ela foi junto com o impulso deixando-se ser levantada pelo psicopata mascarado, e nem por isso os gritos cessaram: -Ahhhhh!! Pare, pare!! -Assim que ficou de pé, sentiu ser jogada para trás onde bateu com as costas novamente nas máquinas secadoras ficando frente à frente com a máscara.

O infeliz era rápido e não poupou tempo:

—Pare!!!! -E a garota fora arremessada pelos cabelos novamente cruzando o cômodo sendo jogada com força bruta, forçada a correr em passos atropelados até que a mão se soltou de seus fios, porém aos gritos e desorientada correu involuntariamente cambaleando aos tropeços, e um deles foi fatal. Um pé acabou entrando na frente do outro fazendo-a tropeçar sobre si mesma desencadeando um tombo veloz onde despencou para o lado vendo tudo se inclinar conforme caía, dando com a cabeça numa impiedosa máquina de lavar da fileira do meio, que lhe serviu como freio. A Pancada seca a travou em sua quase fuga, deixando-a novamente estirada no solo.

Um pouco zonza, visão levemente turva... DOR. Dor irritante e medonha. "Será que estou sangrando?" -Pensou enquanto gemia de medo no chão ao notar a figura negra em sua frente de novo, mas desta vez não a atacou propriamente. Parecia ocupado com alguma coisa. Remexia algo em sua frente, algo que Kirstin não podia ver por ter a extensão da capa preta leh bloqueando a visão. Viu com dificuldade como os braços do psicopata se moviam e como o mesmo estava curvado para frente.

—Socorro!!!! -Gritou sem nenhuma esperança, para ser sincero. Um mero costume de quem está em perigo e implora aos céus para que não chegue até lá em determinado momento. -Socorro... -Murmurou para o "Ninguém" que estava lá para ajudá-la.

Seu braço foi pego de repente e firmemente. Se assustou sacudindo-se:

—Não, não!! Eu te imploro, não faz isso comigo!! -Proferiu tapas na mão negra que lhe agarrou, até que um puxão forte lhe surpreendeu, foi mais forte do que ela. Sentiu seu corpo girar sendo à força, arrastada para o que quer que fosse. -Me largaaaaaa!!!!!! Edward!!!

Sacudiu as pernas que rasparam no chão quase lhe rasgando a calça, agora como se não bastasse, o ombro sofria por ter o braço erguido contra sua vontade, sendo levada até a outra extremidade do cômodo. Parecia que quanto mais fazia escândalo, mais violento o assassino respondia, com puxões doloridos e cada vez mais imprudente tendo prazer em machucá-la.

—Nããõ!!!! -A Mão lhe envolveu a nuca, levantando seu rosto colocando-o de frente a algo. Enfim viu o que ele tanto mexia a segundos atrás, uma entrada apertada e redonda, sem saída e com cheiro de sabão. Instintivamente tocou a borda da abertura circular segurando-se nela impedindo ser empurrada para dentro, sentindo o leve molhado enquanto sua cabeça era forçada para frente. Mas Kirstin resistia, travando o pescoço fazendo uma força tremenda, chegando a ficar vermelha de tal esforço. Bufou tentando travar o corpo, estava prestes a ser jogada dentro de uma das máquinas!

—Não!! -Sua mão que a travava diante da borda, fora golpeada com um forte soco: -Aaaii!!! -A Retirou de lá imediatamente em puro instindt de dor, e assim a velocidade do assassino se mostrou quando recuou rapidamente e lhe agarrou pelas pernas, levantando-as para trás deixando a garota em linha reta na horizontal, onde a mesma desesperada não teve escolha a não ser se apoiar com as mãos na borda da máquina se não quisesse dar de cara com ela. -Não faz isso, não! Espera!! Esperaaaaaaaaa!!!!!!! -O Grito se alongou ao ser empurrada com força, indo de encontro ao fundo da máquina onde mal cabia, acertando a mesma com a testa em mais uma pancada. Se estrambelhou toda debatendo os braços após o impacto, e esses sofreram as pancadas do espaço apertado que, além de impedir que eles se movessem devidamente, cada movimento brusco da garota poderia resultar num hematoma extremamente dolorido por conta da superfície saliente e dura do espaço apertado e redondo. Era como estar num caixote em formato de túnel, batendo contra as "ondas" que a superfície tinha. -Ahh!!! Ahh!!!!! Alguém me ajude!!! -O Berro abafado foi de quem viu suas pernas serem empurradas para dentro. Kirstin era grande demais para ficar dentro da máquina. Que droga, ninguém caberia ali! Mas seu joelhos foram forçados a se dobrar pelas sádicas mãos que a empurravam, enfiando a garota feito um boneco dentro do minúsculo espaço que emitia pequenos estrondos com as cotoveladas que Kirstin dava sem querer ao se remexer ali dentro, causando na máquina o efeito colateral de se sacudir. E assim que seu pés adentraram por completo, a porta se fechou.

O Vidro a permitia ver o que acontecia ali fora.

—Ai, ai, ai!!! -Esticou o pescoço tentando ir para frente, era extremamente difícil e dolorido. Recuou mais as pernas sentindo-se uma contorcionista. -Pelo amor de Deus eu não quero morrer aqui! Eu não quero morrer aqui!! -Chorou histérica impulsionando o tronco para frente, dobrando-se dolorosamente por cima de uma coxa retraída e um pé torto. O rosto se aproximou do vidro ou seja lá que material transparente era aquele, e então, Kirstin bateu a palma da mão contra o mesmo repetidas vezes: -Me tira daqui!!!! Eu quero sair!! Eu quer sair, eu quero sair!!!!! -A claustrofobia nunca lhe fora um problema.. Até agora. -Me tira daqui!!!!!! -Batia no vidro sem parar, até que por um milagre conseguiu passar as pernas para trás com muito esforço, tirando-as debaixo de si dando mais espaço ao seu torso.

A Máscara surgiu diante dela, observando-a impiedosamente.

—Filha da puta, desgraçado!!!! Eu vou acabar com a sua raça, tá me ouvindo??! Eu vou te mataaar!!!!!

Não conseguia sair. Por algum motivo a portinha não abria de jeito nenhum! Que merda estaria empacando sua saída?! De repente, a máquina pareceu vibrar, e um som grave parecido com um motor ou algo assim se fez. O Pânico tomou conta e as pancadas ficaram mais fortes, agora com ela pressionando o rosto contra a superfície transparente:

—O que é isso?!! O que você tá fazendo?!!

O Som aumentou gradativamente, quando do nada o espaço redondo onde ela se encontrava, começou a girar....

—Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Nãããããããoooo!!!!!! -Bateu no vidro mais uma vez até que seu corpo fora remexido. Kirstin se viu girando junto com o aparelho batendo-se toda naquele espaço minúsculo. O Ritmo era lento... Mas parecia que ia aumentar assim como os gritos intermináveis que vinham interrompidos a cada giro, com uma pancada onde o corpo contorcido da garota despencava após rodar : -Ahh!!!! Filho.... (Bam!) .. De uma... (Bam!) ... Puta!!!!!!!

A Máquina se sacudia ao extremo com algo pesado do qual estava preparada para comportar, emitindo ruídos desconcertantes e gritos dolorosos. Como se não bastasse, a pobre garota ainda foi surpreendida pelos jatos de água fria que começaram a sair dos buraquinhos do "túnel giratório".


—Socorro!!!!!!!!!!!!!! Pelo amor de Deus alguém me ajuda!!!!!!!!

Os jatos eram fortes, lhe cegavam... Não podia nem ver a si mesma ali dentro. Manteve os olhos fechados para não serem acertados pela água. A mesma já lhe encharcava as calças, a blusa... Os cabelos que lhe cobriam o rosto grudaram na testa... O Giro mortal não se tratava apenas de dor... Mas também pelo fato de que kirstin temia que a água... Não teria lugar algum para ir... O medo de um possível afogamento se mostrou com a garota cuspindo um jato d'água pressionando a palma da mão uma última vez contra a porta, onde do lado de fora, a figura mascarada apenas observou por um instante, antes de dar as costas...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Kirstin vai viver ou morrer? Suas teorias sobre o assassino ainda são as mesmas? Quem você acha que vai conseguir sair vivo dessa? kkk obrigado por acompanhar, e por favor, comente o que achou! Até a próxima galera!



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