Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 3
It's Happening Again


Notas iniciais do capítulo

Antes de entrarmos contudo neste massacre, é bom darmos uma pequena analisada no nosso cenário. Vamos lá?



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Edward e Kirstin seguiam caminhando pela calçada. Quase no término do trajeto faltando pouco para chegar na casa da fraternidade "Zeta Beta". Uma rua de sobrados, o fim de tarde e uma conversa que fluía muito bem. Uma pena já estar no final.

—Obrigada por me acompanhar.. sério. -Kirstin quase se encolheu com um sorriso.

Edward, com os braços ocupados carregando os livros e revistas da garota, sorria de volta:

—Não foi nada. Acho que você vai gostar daqui.
—Bem, pelo menos não é um lugar onde vou entrar e vai estar cheio de meninas com os peitos de fora...
—É... -Ed disse em tom duvidoso.
—O quê? Tem algo errado com essa fraternidade?
—Não.. não é isso.
—Então qual é a pegadinha?
—A pegadinha é que raramente terá alguma delas em casa. Elas vivem saindo.
—Ah.. melhor.. assim tenho mais tempo para ver filmes, ou ler..
—Sério que você não gosta de sair?
—Acabei de chegar.. não tenho amizades, vou sair com quem?
—Comigo.
—Nossa, você é direto hein.

Ele riu de lado:

—Tem uma festinha hoje, na DKY. Não deveria estar acontecendo mas está. Todo mundo vai pra lá. Quer ir?
—Ahm.. seria legal.
—Vai ser. Espere pra ver. Aqueles caras são doidos.
—Minha tolerância para loucura não é muito alta, mas aceito o convite. -Ela riu constrangida. Não acreditava que recebera um convite para sair logo no primeiro dia.
—Chegamos... -Ele parou apontando para uma casa Amarela com as Letras "ZB" escritas em estilo Grego na fachada.
—Oh... (Droga) -Pensou ela. -Ah.. de novo, muito obrigada. Eu ainda estaria perdida se não fosse você.
—Acho que sou seu mapa.
—Haha.. é... (Que risada foi essa, garota? Que merda).
—Quer que eu te acompanhe até a porta?
—Não precisa, você já fez demais.
—Tem certeza?
—Absoluta! Pode deixar... -Ela estendeu os braços, recebendo suas coisas que Ed a entregava devagar, enquanto ela ia fingindo que não estavam pesadas para não forçar o garoto a se dar o trabalho de carregá-las mais um pouco.
—Então, até mais tarde. Eu venho te buscar...
—Que horas?
—Umas 20:30. Pode ser?
—Pode.. obrigada!
—Tchau Tchau...
—Tchau...

Ela se virou com um sorriso de orelha a orelha, caminhando de coração acelerado até a porta, passando pelo jardim da frente. "Ai meu Deus, não acredito!" -Pensava eufórica. "Que gato!". Em seus últimos passos, deu uma rápida viradinha para trás, vendo Edward se afastando, torceu o pescoço mais um pouco para vê-lo caminhar na direção de onde vieram, o jeito que a bunda dele se mexia com o andar lhe tirou o fôlego. "Caralho.. daqui a pouco vou parecer a Regan virando o pescoço pra olhar esse garoto". Engoliu seco retornando a seguir em frente. Subindo os degraus da varanda, trêmula, morrendo de vergonha sem saber o que fazer ou dizer, Kirstin percebeu que era tarde demais, seu dedo já havia tocado a campainha. "Ding Dong..."...

Não demorou nem três segundos para que a porta se abrisse e uma garota vestindo uma camisola curtíssima atendesse. Dava para ver a calcinha dela e tudo, Kirstin desviou o olhar, ou ao menos tentou. A Menina parecia uma mendiga, com os cabelos exageradamente bagunçados e cara de sono. Eram mais de 17 horas, o que leva uma pessoa estar assim a essa hora? Ainda mais uma que estuda!

—Ahm... Oi... -Disse Kirstin meio sem ação.

A Garota não respondeu. A encarou lentamente de cima abaixo, mal conseguia abrir os olhos. Sua cabeça pendeu para frente, e neste momento, seus olhos se fecharam um pouco mais, ela parecia estar prestes a dormir em pé. Kirstin pigarreou:

—..OI!

Com um ronco involuntário, a garota na porta pareceu ser despertada num susto dando uma leve sacudida na cabeça, forçando os próprios olhos a se abrirem novamente piscando assustadoramente, a luz do fim do dia parecia letal a ela.

—Quem é você?... -Perguntou sonolenta.
—Oi, meu nome é Kirstin, e eu estou procurando um lugar pra morar.
—Isso aqui não é um abrigo... -A garota respondeu desentendida.
—Ah, não. Meu Deus, isso soou muito errado.. desculpe. Não sou uma pedinte.. (Mas você com certeza parece uma) -Pensou. -Eu gostaria de falar com a presidente da Fraternidade, ou com a madrinha... sabe se ela está?

A Menina levantou o indicador de modo torto e lento para Kirstin, fazendo sinal de "Só um segundo", em seguida, torceu o pescoço para trás gritando para dentro de casa:

—Clarice!!! Tem pão aí???!!
—Não acredito! Tem outro mendigo na porta?!!! - Gritou uma voz feminina vinda lá de dentro.
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A Maçaneta foi girada, a porta se abriu com Claire entrando aliviada em seu dormitório depois de um dia cansativo. Assim que seus olhos rondaram o quarto, a forma de alguém em pé no canto lhe chamou atenção, mas os cabelos logo entregaram, era provavelmente Edward. Curiosa para ter certeza, se esticou um pouco para frente, foi quando viu que ele se olhava em seu espelho de corpo inteiro que mantinha na parede perto da janela. Ver ele parado de costas, e ao mesmo tempo vê-lo de frente no reflexo do espelho, fez por um segundo parecer que haviam dois dele. Isso a lembrou de Dylan. Claire não disse nada, observou quieta enquanto Ed arrumava o cabelo completamente distraído, Ela gostou de fingir que via Dylan ali por alguns segundos. Seu sorriso de pena surgiu com lembranças boas... e algumas não tão boas.

—Vai ficar parada aí que nem assombração? -Disse Ed, ainda concentrado em seu cabelo.
—Desculpe.. é que você parecia...
—Quem?
—Concentrado! Parecia... concentrado.
—Que nada, senta aí. Você queria conversar?
—É. Obrigada por ter vindo. -Claire empurrou a porta com o pé, fazendo-a se fechar fortemente.

Edward retirou as mãos dos cabelos, se virando ficando de frente a ela.

—Aconteceu alguma coisa?...

Claire deixou que sua bolsa escorregasse por entre seus dedos, caindo no chão. Com uma expressão de preocupação, disse:

—Precisamos MUITO conversar.
—O que houve?
—Senta aí. -Claire apontou para a sua cama "Dupla".
—É Tão grave assim?
—Espero que não.. mas por via das dúvidas...

Edward suspirou se sentando de coração acelerado. Não desgrudou os olhos da amiga. Eles falavam por si só. Ela devagar, sentou-se na cama ao lado dele de cabeça baixa.

—Você está no "Spread"?
—Que merda é essa?
—O Aplicativo aqui da facul.
—Não, nem sabia que tinha um.
—Pois é.
—Claire.. você está me assustando. O que foi?

Levantando a cabeça em sinal de negação, ela mordeu os lábios passeando com os olhos no quarto.. sua mente parecia tão longe, e sua expressão, tão desapontada. O Modo como sua cabeça se movia de um lado para o outro fazendo sinal de "Não" era preocupante.

—Claire...

Ela parou abruptamente. Virando-se de frente a ele lentamente proferindo:

—Está acontecendo de novo.
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Kirstin era acompanhada pela garota sonolenta, que a conduzia pela sala em passos tortos com a cabeça levemente balançando para os lados conforme o andar.

—Qual seu nome? -Peguntou Kirstin.
—Ashley... E o seu?
—Kirstin.
—Bom, Kirstin. -Ela continuava em tom desanimado. -Você vai adorar aqui, é a melhor (Bocejo)... Fraternidade de Pendleton. Bem vinda, Yeeey... (O "Yeey" saiu de modo sarcástico, indiferente e desinteressado.) -Essa é a sala.... -Disse apontando em volta.

O Espaço era amplo, com uma lareira e quatro sofás em volta de uma mesinha de centro onde uma das garotas pousava os pés em cima. De aparência igualmente abatida e olheiras enormes, uma loirinha de cabelos cacheados olhava para o nada aparentemente em um tipo de transe sem nem se importar com Kirstin, nem ao menos dar um sorriso falso para dizer olá.

—Essa é Gigi, não se preocupe com ela.
—Ah... -Kirstin inclinou a cabeça tentando ver melhor a garota. -Olá...

Mas não houve resposta.

—Já disse, melhor não falar com ela agora. Ela tá um caco. -Ashley continuou seguindo em frente esperando que Kirstin a seguisse pelo corredor ao lado das escadas, e assim ela o fez, tímida e perdida. Ashley por sua vez, falava arrastada, claramente seguindo um roteiro decorado nada convincente que teve que aprender a falar para aderir calouras.

—Você vai ver como a Zeta Beta é o lar mais pacífico para garotas no campus.. Essa é a cozinha. -Girava o braço pateticamente mostrando o cômodo como se fizesse uma propaganda de comercial.
—Nossa, que grande... Adorei. -Kirstin ficou entusiasmada.

Ashley já estava quase despencando de sono novamente, quando respirou fundo, e sem querer, ou sem se dar conta, repetiu o que acabara de dizer:

—Você vai ver como a Zeta Beta é o lar mais pacífico para garotas no campus. Essa é a cozinha..

Kirstin segurou a risada tampando a boca dando um leve "Ronco" segurando o riso na garganta. Tinha vontade de gritar em gargalhadas de como a menina era pateticamente lenta. Mas não o fez, segurou firme enquanto via uma outra garota, só de pijamas vasculhando a geladeira ferozmente jogando para trás latas e potes com violência, parecia até estar cavando um túnel na geladeira de tão agressiva que era sua atitude:

—Quem comeu a PORRA do meu danone?!! - Berrou a garota esfomeada. Ela estava de costas para as duas, Kirsitn pode ver os cabelos pretos da menina e sua cintura fina de dar inveja.

—Essa é a Maddie. - Ashley a "Apresentou". Porém, a garota nem se deu conta de que Ela e Kirstin a viam, continuava revirando a geladeira jogando para trás um queijo já estragado berrando:
—Puta que o pariu! Que nojo! Só moram porcas nessa casa? Tá vendo isso? Sem nome! Depois uma piranha vem e come e aí dá briga. MINHAS COISAS TEM MEU NOME! Quem comeu meu danone tá fudida! Ah!!! -Soltou um grito puxando uma prateleira de ferro da geladeira lançando-a no chão. Toda a barulheira do metal atingindo o piso, um litro de leite se espatifando sujando todo o chão não a detiveram. A morena se virou cheia de raiva: -Que merda!!

Kirstin a encarava estática. Assustada com a reação exagerada de menina enquanto Ashley parecia indiferente, como se aquilo fosse normal. Arrumando o cabelo, Maddie disfarçava sua ira esboçando um sorriso forçado ao perceber que estava sendo observada. Ver aquela garota fingir que nada havia acontecido, escondendo sua vergonha era hilário. Sorrindo, cumprimentou a desconhecia sem se aproximar.

—Olá... tudo bem? -Disse Maddie, em tom inocente parada em pé em meio a aquela bagunça, onde sob seus pés estava uma poça branca de leite derramado e outras tranqueiras jogadas pela cozinha, vítimas de seu ataque.
—Oi... -Kirstin respondeu dando um passo atrás, hesitante.

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—O quê? Um assassino aqui, em Pendleton?! -Edward exclamou desacreditado.
—Sim!
—Claire.. pleo amor de Deus. Pare com isso, já não sofremos o bastante? E Sério que agora você vai ficar procurando caso onde não tem?
—Nossa, você é a única pessoa de quem eu não esperava que não fosse acreditar em mim. Qual seu problema?
—Meu problema? Qual é... isso é absurdo. Não tem como.
—Você não tem o aplicativo, mas eu acabei de te mostrar a porra da foto e você ainda não está convencido? Era a Gigi e o Carl sendo atacados!
—Tá, mas tá todo mundo falando que foi assalto.
—E Você acredita? Por favor, achei que era inteligente.
—Claire, escuta...
—É Você que não tá me escutando! Aquilo era a porra de uma fantasia de Ghostface! Vai falar que não era?!
—Não dá pra ver direito, tá tudo borrado. Você não tem como afirmar isso.
—Pronto, estágio um: Negação.


Edward respirou fundo esfregando as mãos no rosto:

—Isso não está acontecendo. Isso é ridículo!
—Ridículo? Sim, Absurdo? Com certeza. Perigoso? É CLARO! Edward, isso é grave.. se tem um "Ghostface" na faculdade, isso significa que eu e você estamos fodidos!
—Ué.. e por quê?
—"Hello"... Houston, temos um problema.
—Que seria?
—Nós matamos dois deles!
—Acha que isso pode trazer encrenca pra gente?
—É óbvio! A Juliett, aquela safada do caralho... ela disse que tinha um monte por aí. Que eles iam sair matando.. aquela filha de uma puta era parte de um tipo de sociedade de Nerds punheteiros que se fantasiam como um vilão de terror pra matar pessoas!
—Meu Deus.. você se ouve quando diz essas coisas? Parece até frase de filme de trash.
—Não importa o que parece, o que importa é que está acontecendo.
—Não acha que se estivesse mesmo acontecendo, como você diz.. o assassino não viria atrás da gente logo de cara? Afinal, aqui vem o óbvio.. já estivemos nessa situação antes.
—Eu sei! Eu pensei nisso. E tenho certeza que logo logo vou começar a receber aquelas ligações idiotas e bla bla bla... aff.
—Eu não teria tanta certeza.
—Como não?
—SE, e isso é um grande "SE".... Se tem mesmo um doido por aí. Talvez.. ele nem tenha você e eu na mira.
—Explique, Sherlock.
—Por que tem que achar que o mundo gira em torno de você? Claire, não somos celebridades. Somos vítimas de um crime. Nada mais. Isso não é um espetáculo criado por um fã de horror onde você é a personagem principal. Isso é..
—Real?
—É.
—Bem.. o real as vezes é pior que a ficção, Edward. Vivemos num mundo onde raios caem duas vezes, e aleijadas levantam de cadeiras de rodas para cortar gargantas. Não venha falar pra mim que eu estou louca e que isso é absurdo, porque merda, você viu como é! Num minuto você está carregando uma cadeirante com o QI de um Pato, e de repetente ela atira em você com mira perfeita! "ABSURDO" é o Slogan da nossa vida... Não devia ser tão cético.
—Ok, então é isso. Você está com ódio da Juliett. E quer achar uma solução de acabar com o que ela fez, ou com essa coisa que ela começou. Claire, isso se chama Estresse Pós Traumático. É o seu subconsciente, agindo para te proteger.. está inventando histórias, histórias onde tem um novo psicopata aqui perto de nós. E você tá sendo consumida por isso. Você não é uma heroína, a faculdade não está em perigo.. não somos alvos... Cai na real.. eu estou muito preocupado com você. Eu sei que ver aquelas notícias sobre outros assassinatos que estão acontecendo por aí mexem a cabeça de qualquer um. É óbvio que um novo louco desses pode aparecer em qualquer lugar. Mas está se precipitando. Nós? Aqui? De novo? Isso é uma chance me um milhão. Temos mais chances de encontrar um desses assassinos se voltarmos para Ashville do que estarmos aqui, isso é.. doideira.
—Nem vem com essa.. você está me irritando!
—Calma!
—Calma? ... Você nem sabe da metade....
—Sobre?
—Ashville.
—Como assim?
—Você só sabe o que presenciou, Edward. Quando você entrou em pânico e se deu conta de que estava num jogo ridículo de um psicopata, eu já estava até o pescoço com aquilo.. dias e dias.. antes mesmo de você saber o que realmente estava acontecendo.
—Claire... se tem alguma coisa pra falar.. bota pra fora.
—Foi tudo culpa minha. -Disse prestes a chorar.
—Hey.. não foi...
—Foi sim!
—Não, não foi!!
—Eu sou horrível!!!
—Claire!
—Eu causei a morte da Juliette!!! -Gritou já aos prantos.

Edward parou, como se tivesse recebido uma descarga de choque. Se estremeceu de espanto. Sua boca se abriu tendo os olhos arregalados, queria falar, mas nada saía. Claire abaixou a cabeça com lágrimas escorrendo pelas bochechas.

—Juliette.. ela morreu por minha causa. Você não sabe como é o jogo.
—Do.. do que.. do que você está falando?
—Numa noite, quando estávamos indo pro Fliperama, lembra?
—Sim, sim...
—O Assassino me ligou... Merda, Era Steve... Steve me ligou, aquele escroto. Dizendo um monte de coisas sem sentido, e eu já estava bêbada e não quis ouvir. Ele me avisou, que se eu continuasse tirando sarro dele no telefone alguém ia morrer.. Eu mandei ele pra puta que o pariu. Na manhã seguinte, recebi uma foto da Juliette morta.. com uma faca enterrada na cara. Ele me provocou, me torturou com isso... todos os dias eu penso em como meu comportamento infeliz tirou a vida de uma pessoa. Todos os dias, me culpo por ter sido cega... se eu tivesse prestado atenção.. teria me tocado que Steve e Juliett não eram coisa boa. Eles estavam bem debaixo do meu nariz e eu não quis ver a verdade... cansei de demorar demais pra agir. Não posso viver com isso, Edward, eu simplesmente não posso! Eu sinto que tem um desses fantasmas aqui em Pendleton, e que estamos aqui parados sem fazer nada!
—Claire... -Edward acariciou seu ombro. -Se deixar essa coisa da Juliette te torturar tanto assim... vai ser o mesmo que dizer que Juliett e Steve venceram. E eles não venceram você. Não faça isso consigo mesma. Ninguém desconfiou. A culpa é de todos nós, que não podíamos aceitar o fato de ter um delinquente assassino andando entre nós. Fomos todos cegos. Mas ainda sim, salvamos pessoas. Se hoje Marty e o Keaton vão se casar, é por nossa causa. Se Amelie está bem, estudando realizando o sonho dela hoje, é por nossa causa. Ganhamos, vencemos.
—Eu não vejo por esse modo.. tudo o que eu vejo, é o Dylan...

Edward virou o rosto quase sendo tomado por lágrimas, desviando o olhar de Claire, recusando-se a encará-la naquele momento em que ouviu o nome de seu irmão.

—Stacy... Chris.. Alissa.. Violet... Anna... tudo o que eu vejo, são os rostos deles, chorando, pedindo socorro.... tudo porque eu pisei na bola. Não sabe o que é viver com isso.
—E Você Não sabe o que é não ter tido nada a ver com isso, e mesmo assim ter perdido aquilo que era mais importante.

Claire limpou as lágrimas, pensando no que Ed acabara de dizer. E Se remoeu ainda mais. Ele tinha razão. Toda a dor e perda que ele sofreu foram por causa de algo que ele não tinha nada a ver. A "Diaba" agora se via como um fracasso, que chegou ao fundo do poço levando todo mundo consigo. Se acabou em lágrimas num choro intenso, se encolhendo entre as pernas tendo os braços de Edward lhe envolvendo na tentativa de acalmá-la. Claire permanecia em soluços.

—Hey.. pare.. esquece o que eu disse. Você é muito especial pra mim, Claire. Não chore, por favor.
—Você tem razão! Eu sou um monstro! E Agora estou louca!
—Não... Você é Claire Ripley. A Droga da "Diaba". Para de frescura!
—Edward, o que eu faço?...

Pensando em como a amiga estava abalada, Edward percebeu que não importava se ele acreditava no que ela dizia. O que importa é que ela acredita no que diz. Como amigo, ele tem que ajudá-la a voltar a pensar racionalmente. Mas para isso, teria excluir dela essas histórias malucas. O primeiro passo, seria ao menos acalmá-la, e fingir que acreditava já era um bom começo.

—Claire. Conte comigo. -Disse sério, apertando a mão da "Diaba", que sem reação, suspirou fitando-o com esperança.
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Ashley se apoiou com o cotovelo na porta enquanto Kirstin ficou maravilhada com o que via. O Quarto era enorme, era perfeito. Teria lugar para ela enfeitar com todo tipo de poster de terror que desejasse. A Cama de casal era digna de passar o dia.

—Então.. se você decidir ficar..
—Eu acho que vou...
—Sério?
—Sim.. é a minha primeira vez fora de casa.. e.. parece bom..
—Desculpe pelas meninas.
—Não tem com o que se desculpar. De médico e louco todos temos um pouco.
—Verdade.
—Ah.. só uma dúvida. Quantas meninas moram aqui?
—Cinco. Seis, contando com você.
—Nossa, achei que a casa era cheia.
—E era. Mas, as Lambda Kappa recrutaram quase todas as candidatas esse ano.
—Melhor assim, sobra mais espaço para nós então.
—Tem razão. Bom, então.. vou deixar você arrumar suas coisas... cadê sua mala?
—Está na sala do Heitor da faculdade. Eu esqueci lá hoje, estava tão desesperada em encontrar um lugar pra ficar que saí as pressas de lá.
—Nossa.
—É, eu vou passar lá de novo hoje. Ao menos sei que minhas coisas estão seguras.
—Bem, boa sorte. Meu conselho, é que você pegue logo. Vai ter festa hoje a noite e você tem que ir bem gata.
—Você.. está me convidando pra uma festa? -Kirstin não acreditava. Era como viver num conto de fadas.
—É... Por quê? Não gosta?
—Não.. que isso! Vou adorar! -Mostrou um sorriso sincero.
—Que bom, agora se me der licença, vou me arrumar. Até daqui a pouco.
—Ashley.. obrigada.

A Menina fez sinal positivo com a cabeça ao mesmo tempo que bocejava.

—De nada...
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—Ok, Claire. Então.. o que sugere? -Edward se mantinha parado de frente a Claire, que sentada na cama o encarava ainda de olhos inchados. Ele, com as mãos na cintura, fazia pose de quem estava realmente investido na situação.
—Bem.. precisamos seguir o padrão para descobrir quem ou como ele vai atacar agora. -Dizia ela, pensativa.
—Tá, mas eu não conheço muito desse padrão de filmes de terror.
—Para sua sorte.. depois do que houve com a gente, eu meio que fiquei viciada nesses filmes. Acredite, sou uma "EnciClairepédia".

Tentando não rir, Edward prosseguiu.

—Tá, então qual é o padrão?
—Bem.. no Slasher, e isso vem desde os anos 70. Há uma cena de abertura.
—A Primeira vítima.
—Isso. É sempre alguém que não é muito importante para o restante do grupo. Mas de alguma forma, é com essa morte que tudo começa, e é com isso que o assassino deixa seu cartão de visitas. A partir da primeira morte, nós podemos descobrir quem serão as próximas vítimas.
—Tá. Se o Carl foi a primeira vítima, então é provável que a próxima seja a Gigi, não?
—Eu não contaria com isso. Gigi sobreviveu. Lembra como o assassino perturbava a gente? Era um jogo de sobrevivência. Quem conseguia sair vivo não era mais perturbado. Você se livrou, e ele não foi mais atrás de você. Assim como Alissa, Violet e.. -Claire hesitou, mas soltou. -E Dylan... ele só retornou para pegá-los quando fomos até a mansão. Porque aquilo foi o ato final dele. Seja qual for o circo que Juliett armou, seus seguidores devem ser bem fiéis ao plano clássico.
—Então.. Gigi está a salva até o "Ato final"?
—Provável... mas não conclusivo. Não vamos nos precipitar. Temos que achar alguém com algum tipo de podre, ou um grupo de amigos bem disfuncional. É Geralmente dos esquisitos e dos exagerados que o assassino vai atrás primeiro. E no meio dessa galera, terá alguma vadia ou vadio, que será o prato principal, forçado a ver todos seus amigos morrerem um a um, até não aguentar mais e pedir pra morrer...
—Isso é insano, mas até que faz sentido. Se olhar por esse modo, e voltando, isso tudo é HIPOTÉTICAMENTE falando.. as amigas da Gigi estão em perigo?
—Acho que sim. Mas ainda não dá pra saber. A Segunda vítima é sempre mais discreta. É Sempre alguém um pouco avulso na história, alguém que... que vai servir apenas para espalhar o pânico.
—Pera, agora tô um pouco confuso.
—É tipo assim. Se o assassino começa a pegar logo de cara um a um do grupinho, o grupinho vai se tocar, vai entrar em estado de alerta e isso vai ser ruim para ele, vai ficar mais difícil para matá-los. Então, a segunda vítima é alguém que não tenha muito a ver com a galera que ele está de olho. Assim, todos, até mesmo aqueles que não fazem parte do grupo, ficarão apavorados. A ideia de "Qualquer um pode ser a próxima vítima" vai ficar na cabeça de todos... no caso, de todos os estudantes de Pendleton. Ele vai querer passar a ideia de que ninguém está seguro, nem mesmo os faxineiros, então... a segunda morte é para espalhar um pânico geral. Assim como o que aconteceu com a Juliette... de qualquer jeito, a segunda vítima é alguém que só vai servir para chamar a atenção. Assim ele pode continuar seu plano contra o "Grupinho" sem que o tal grupinho saiba que estão em perigo. Ele precisa deles vulneráveis. Além do mais, ele precisa ter "Carne" no estoque, para quando não estiver matando seus protagonistas. Então, neste próximo ataque, literalmente qualquer um pode rodar.
—Mas isso é meio contraditório, Claire. Você disse que estava na mira desde o começo em Ashville, assim como as meninas... Eu e o resto é que éramos avulsos. Se for assim, quer dizer que o tal grupinho já sabe que é alvo do psicopata, só não está falando nada, por medo.
—É.. esses filhos da puta de máscara tendem a ser bem persuasivos. Eu lembro que eu não podia abrir a boca pra falar nada, senão mais alguém ia morrer e seria culpa minha.
—Exatamente. Então como vamos achar a galera que é o alvo do assassino, sendo que há uma grande chance deles não falarem nada?!
—Bem pensado. Mas temos que fazer alguma coisa. Sair conversando com as pessoas, dar um jeito de nos infiltrar nisso!
—Não, não, não de jeito nenhum! Isso vai atrair atenção demais para nós. Não parou pra pensar que assim que o fantasma nos vir, vai querer mudar seu cardápio de vítimas? Claire, isso é perigoso. Se vamos fazer isso, o melhor jeito é ficarmos anônimos nessa situação.
—Não... você pode ficar anônimo se quiser.
—O que vai fazer?
—Eu vou atrair o rato para a ratoeira.
—Você ficou louca?
—Eu estou com medo, cansada dessa merda e tenho que acabar com isso!
—Você não pode levantar da cama de manhã e pensar que é o Exterminador. Isso é loucura.
—Então o que propõe? Ficar sentado aqui e esperar que a próxima pessoa morra?
—Eu sei que vou pro inferno por dizer isso, mas sim, esse é o passo mais lógico.
—Edward, eu não te reconheço.
—Claire, acorda! Somos peixes na rede aqui! O melhor que podemos fazer, é ficar quietos e esperar. Afinal, nem sabemos se tem mesmo um assassino no campus. E se realmente tiver um, o que prova que é um "Ghostface?" Pode ser só um doido que odiava Carl e Gigi... e talvez Carl tenha sido a única vítima.
—Achei que tínhamos concordado que HÁ um GHOSTFACE na faculdade! Aquela foto não me engana!
—Você quer dizer, aquela foto borrada e fora de foco não te engana?!
—Você está do lado de quem aqui?!
—OK! OK!..
—Não dá pra ficar assim. No momento em que o primeiro clichê de terror surgir, o assassino vai montar o cenário e será um banho de sangue!
—Eu sei... quer dizer.. eu acho que sim.. eu não sei! Eu realmente não sei!
—Não sabe de nada especial que vai acontecer hoje?
—Bom... tem uma festa...
—Uma festa?! Onde?
—Na fraternidade da DKY, Aquela do Evan.
—Aquele meninos serão todos estripados. Uma festa é sinônimo de enterro.
—Hey, eu vou naquela festa! Não fale assim.
—Não, você não vai naquela festa!
—Ah, sim Claire. Eu vou.
—Então vou junto.
—Não é uma boa ideia.
—Aff, Ed, usa a cabeça!
—Claire, não tem como a DKY sofrer um ataque de um idiota fantasiado. Os garotos lá são uns brutamontes.
—Mais um motivo para você não ir. Se o assassino for pra lá hoje, e acredito que vá, pode muito bem ser um daqueles "brutamontes".
—Ah ta, como se os outros 15 rapazes não fossem parar um louco com uma faca.
—Pensa.. o assassino não é o "Predador", ele não sai matando em massa. Ele pega os idiotas um por um. Um vai mijar, o outro vai fazer não sei o que, é assim que funciona. Os pega sozinhos e desprevenidos. Qual é, não aprendeu nada na mansão dos Stone?
—Claire, eu tentei. De verdade.. eu tentei. Mas não consigo engolir essa história. Você está se precipitando e precisa de um calmante.

Edward caminhou para longe da cama bufando.

—Onde você vai?! -Claire questionou irritada.
—Eu vou pra festa. E você vai ver que amanhã, todos os garotos da DKY vão estar bem. Já sofremos demais... não quero viver num mundo de fantasia.
—Edward, me escuta..
—Não! Pare com isso... Eu já perdi demais Claire... demais. E não vou perder você. Eu..

Houve um longo silêncio. Os dois cabisbaixos já não mais se entreolhavam. O Quarto esfriou e nem um pio se dava. A porta se abriu, Edward preparava-se para sair quando de repente, parou. Hesitante, deu com a cabeça sobre os ombros como se olhasse para Claire, mas sem fazê-lo, e disse:

—Estou do seu lado. Se há alguma coisa aqui, estou com você. Mas até um telefone tocar, até que gritos tomem conta da faculdade... tente esquecer isso.
—Tá bem. -Respondeu ela nervosa.
—Eu vou indo. Pode ir pra festa comigo se quiser.
—Não, obrigada.

Edward fez sinal positivo com a cabeça, fechando a porta atrás de si.
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Em cima de uma mesinha contendo várias bijuterias sem dono, o telefone da casa tocava. Quieta e aparentemente abandonada, a sala ecoava o som do telefone que não parava de tocar.

A menina, deitada no sofá enrolada por inteiro num cobertor se revirou levemente com o toque agudo e irritante do aparelho. Um pouco de silêncio se fez, e mais um toque chamava. Descobrindo a cabeça, revelando os cabelos loiros cacheados, emergiu Gigi. Com os olhos, procurou por mais outra garota pelo cômodo, não encontrando. Vendo-se sozinha, e já começando a se irritar com mais um toque, jogou o cobertor para frente, que caiu no chão.

—Ai saco...

Levantando-se sem nenhuma vontade de nada, Gigi se obrigou a ir em direção a mesinha do lado da lareira. Tirando o telefone do gancho e passando o cabelo atrás da orelha, ela atendeu esfregando os olhos:

—Zeta Beta, Alô?...

Um pouco de ruído se deu na linha. Uma voz distorcida e inaudível surgia aos poucos, a primeira frase dita foi entendida pela loira com dificuldade, que grudava o telefone na orelha com mais força, como se isso fosse melhorar o áudio:

—Alô? ... -A voz masculina distorcida se revelou.
—ZETA BETA, ALÔ?! -Gigi disse em alto e bom som.
—Todas as garotas estão em casa?

Gigi desconfiou, apertou o fio encaracolado do aparelho em nervosismo, foi quando o ruído parou deixando a ligação mais limpa.

—Quem é? -Estava a ponto de ter um colapso nervoso.
—Olá.. as meninas da Zeta Beta estão prontas para a festa? Vai ser de matar... Hahahah....

Gelou. Gigi paralisou diante da ligação, reconheceu a voz. Era ele. Aquele jeito arrastado de falar, o modo como fez a pergunta, e a risada sarcástica no final. Não tinha dúvidas.

—E você, não é?... -Ela sabia que se arrependeria de fazer esta pergunta, mas não se conteve.
—Olá, Gigi...

"Paff!" O Telefone retornou de volta ao gancho com pancada violenta. Gigi desligou na hora com as mãos trêmulas. Não pode ser, aquilo não poderia estar acontecendo.

—Gigi, o que foi? -Perguntou uma das meninas que a fitava ao fundo na entrada da sala, carregando um rímel nas mãos. Era Clarice, que desentendida, abriu bem os olhos como se perguntasse "Que foi, porra?"

Ela não respondeu, se afastou do telefone em lentos passos para trás cobrindo a boca.

—Gigi! -Clarice tornou a chamá-la, e ela a olhou de volta rapidamente. A Própria voz de Clarice havia assustado a garota.
—Não... Não.... -Balbuciou se virando para correr.
—Hey, onde você vai?!

Gigi já estava chegando na porta. De pijama e meias apenas, a "Cachinhos Dourados" não perdeu tempo para dar no pé cruzando a sala numa corrida escorregadia, atirando-se contra a porta abrindo-a em desespero. Ela desapareceu saída a frente em questão de segundos deixando a porta aberta para trás, com Clarice portando um tremendo olhar de "What The Fuck?".

Passando pelo jardim correndo como o diabo foge a cruz, Gigi falava consigo mesma conforme tentava manter o fôlego:

—Regra número 1- Saia da maldita casa! Merda .... eu tenho que começar a fazer uma lista!

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. No próximo capítulo, nos aprofundaremos um pouco mais do horror que nos espera. Por favor, comente o que achou! E Muito obrigado por acompanhar! Até a próxima galera!



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