Mudanças. escrita por Mestre do Universo dos Vermes


Capítulo 1
Fim de ano.


Notas iniciais do capítulo

É uma história bem leve e, na medida do possível, bonitinha.

Parte de um desafio que eu fiz com a LittleHobbit.
Tínhamos que postar até meia noite e, como dá para ver pela hora que eu acabei, eu fiz em cima da hora!

Tudo escrito hoje e comecei lá pela hora do almoço!

Enfim, é a primeira coisa que eu escrevo fora da categoria "originais", então tentei ficar o mais fiel possível aos personagens.

Chega de blá-blá-blá e vamos à história!



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Dez anos se passaram.

Ash estava agora com vinte anos e, às vezes, não acreditava que tanto tempo se passou. Claro que, em tanto tempo, ele viveu diversas aventuras e, provavelmente, ainda tinha várias o aguardando no futuro, mas, por hora, tudo estava calmo.

Ele estava de volta à Pallet para o fim de ano. Sua mãe o recebeu com um abraço caloroso e uma enxurrada de perguntas constrangedoras sobre o que ele comeu, onde dormiu e se lavou e trocou as cuecas todo dia... Enfim, não importa quanto tempo passasse, ela ainda o veria como o garotinho de dez anos que um dia saiu de casa em busca de um sonho.

O Natal foi há poucos dias e agora Ash estava ajudando a mãe a arrumar a bagunça, com uma ajuda de Pikachu, claro. A festa foi realmente grande, já que quase todos os amigos e companheiros de viagem do garoto, agora um jovem adulto, haviam comparecido. Todos animados e com suas histórias para contar.

Misty foi uma das primeiras a chegar, acompanhada de May e Dawn. Elas se tornaram boas amigas e, claro, não perdiam a chance de provocar Ash por ter quebrado a bicicleta de todas as três! Ao passo que ele se defendia alegando ter, eventualmente, as devolvido. Não que isso impedisse as brincadeiras, mas, no fim, eles mudavam o foco para outra coisa e continuavam a conversar normalmente.

Misty se tornou uma bela mulher, seus cabelos ruivos agora chegavam até os ombros e, na ocasião, estavam soltos e seu corpo tinha se desenvolvido lindamente. Além disso, suas habilidades como treinadora também evoluíram e ela era uma excelente líder de ginásio. Qualquer um que quisesse a insígnia de Cerulean precisava se esforçar! Ela ainda tinha um pouco de medo de pokémons inseto, mas isso era um detalhe...

May também estava diferente, agora seus cabelos castanhos eram mais longos, chegando até as costas, ela estava mais alta e trocou a faixa na cabeça por uma presilha brilhante, presente de seu namorado, Drew. Difícil acreditar, mas os dois acabaram se entendendo, ainda eram competitivos e se irritavam, entretanto se gostavam acima de tudo. Ela foi a líder do ginásio de Petalburg City  por algum tempo, mas preferiu deixar o cargo para seu irmão em prol de suas viagens para competições e seu trabalho como coordenadora.

Dawn era a mais baixa das três e seus cabelos azuis agora contavam com mechas vermelhas, além de serem bem curtos. Ela se tornou uma grande coordenadora Pokémon, assim como sua mãe, mas, com o tempo, percebeu que seu coração não estava mais naquilo e decidiu, há quase um ano, se esforçar para ser uma treinadora.

Pouco depois, Brock chegou com uma travessa de salpicão caseiro e um sorriso no rosto. Ash o recebeu animado, depois de tanto tempo viajando juntos e tenta coisa compartilhada, ele o considerava como um irmão mais velho. Por falar em irmãos, Brock se entusiasmou contando histórias de seus nove irmãos e, em especial, de Forrest, seu irmão que assumiu o ginásio enquanto ele estudava para se tornar um Médico Pokémon.

Iris e Cilan enviaram uma foto abraçados e sorrindo com gorros natalinos junto a uma mensagem de desculpas, explicando por que não poderiam ir comemorar em Pallet e desejando um feliz Natal a todos. Ash também recebeu uma mensagem parecida das enfermeiras Joy e das oficiais Jenny, reunidas para festejar em família e também desejando boas festas. Brock apontou na foto com qual enfermeira Joy ele trabalhava, fazendo com que todos se perguntassem como ele conseguia as diferenciar.

Bonnie e Clemont foram quase os últimos a chegar. Os irmãos também cresceram bastante e tinham novidades para contar. Clemont estava se aperfeiçoando como inventor, mesmo que algumas das suas invenções ainda explodissem, e recebeu um convite para estagiar na Escola de Pokémon de Tecnologia. Já Bonnie contava suas experiências como Performer Pokémon com uma empolgação contagiante.

Os últimos a chegar foram Jessie, James e Meowth, os quais entraram em grande estilo e declamando seu lema. Sim, a equipe Rocket foi convidada, afinal, mesmo com os esquemas para capturar pokémons (que, sinceramente, eram meio bobos e, em geral, inofensivos) e, em especial, o Pikachu, Ash passou a vê-los com certa simpatia, como aqueles parentes irritantes que você ama mesmo assim. E, com a condição de não tentarem nada ruim, seria até divertido tê-los para a festa.

Delia Ketchum, a mãe de Ash, estava mais que feliz por ter a casa tão cheia para o fim de ano. Ela já estava beirando os quarenta anos e algumas rugas e cabelos esbranquiçados eram visíveis, mas isso não afetou seu bom humor ou sua personalidade radiante. Era a primeira vez em muito tempo que seu lar ficava tão animado.

A festa foi ótima, teve uma mesa farta, conversas, alguns jogos, presentes (tanto para os treinadores quanto para os pokémons) e um pouco de confusão quando a equipe Rocket acidentalmente esbarrou na mesa de derrubaram a sobremesa sobre todos, incluindo eles mesmos, o que resultou uma bela guerra de comida!

Apesar de ter sido divertido na hora, Ash se arrependia um pouco agora que precisava limpar a bagunça. Mesmo assim, valeu a pena! A única coisa que ele sentiu falta, mesmo que não fosse admitir, foi Gary. Gary Carvalho agora era um renomado pesquisador Pokémon, tanto por mérito próprio quanto pela ajuda do avô, e um bom amigo de Ash. A rivalidade deu espaço para uma relação mais amena e amistosa.

Seus pensamentos foram interrompidos por alguém batendo à porta, ele parou a limpeza por um momento para atender e se surpreendeu levemente com quem estava lá: era Gary.

—Oi, Ash. —Ele cumprimentou com um sorriso tímido. —Eu sei que é quase ano novo, mas te trouxe um presente. —Disse e entregou um embrulho que carregava.

Ash sorriu e aceitou um pouco sem graça, murmurando algo sobre sentir muito por não ter um presente para o amigo. Era difícil ver Gary como aquele garoto mimado e arrogante de antes, pois ele estava muito diferente, mais educado, mais gentil, mais empático. A mudança de treinador para pesquisador realmente fez bem a ele.

O embrulho foi aberto e, dentro dele, havia um boné idêntico ao primeiro que Ash tinha ao sair para se tornar um treinador Pokémon. Gary disse algo sobre ser só uma lembrancinha, nada demais, mas Ash agradeceu feliz de verdade. Aquele presente realmente significava muito.

—Então, Gary, por que está aqui? —Ash tentou soar casual e Pikachu, em seu ombro, pareceu repetir a pergunta.

—Eu vim para a cidade passar um tempo com meu avô, ouvi falar que você estava por aqui e decidi passar para dar um “oi” e, bem... Você vai partir hoje para continuar sua jornada, certo? Eu pensei que a gente podia, não sei, ir junto? Também tenho que sair hoje para visitar o professor Rowan.

—Ah, claro, seria legal. —Concordou com um sorriso esquisito. —Partimos assim que eu acabar a limpeza, certo Pikachu? —Completou mais confiante olhando para Pikachu, que concordou com um aceno e um “pika pi”.

—Quer uma ajuda? Assim acabamos mais rápido. —Gary ofereceu e Ash aceitou.

Com Ash, Gary, Pikachu, Sra. Ketchum e Mr. Mime trabalhando juntos, a casa ficou como nova rapidinho. Depois disso, Ash arrumou sua mochila e teve que ouvir todos os conselhos e recomendações de sua mãe, idênticos aos de dez anos atrás, antes de partir.

O caminho foi tranquilo, os dois conversaram sobre o ano que tiveram e seus trabalhos. Ash achava que havia um clima estranho entre eles, mas devia ser só impressão, certo? Ele e Gary eram ótimos amigos, por que haveria algo esquisito nisso?

Depois de um tempo caminhando, os assuntos acabaram e os dois caíram num silêncio um pouco desconfortável. Mas esse momento de quietude não durou muito, já que, repentinamente, uma moça apareceu “do nada” e praticamente pulou sobre Gary, abraçando-o.

—Gary! Não acredito te ver depois de tanto tempo! Como você cresceu! Está tão diferente! —Ela exclamava uma frase seguida da outra com animação.

—Ah... Oi. —Gary cumprimentou se esquivando do abraço, incerto do que fazer naquela situação. —Desculpe, mas... Quem é você mesmo?

—Ah, desculpa, você nem deve se lembrar de mim, né? Já faz tanto tempo... —Ela afrouxou o aperto e se afastou para uma distância mais aceitável. —Eu era uma das suas líderes de torcida. —Explicou.

Com esse esclarecimento, os dois se entenderam um pouco melhor e começaram a conversar com entusiasmo. Ela contava o que fez desde deixou de ser uma das líderes de torcida, contudo deixava claro que ainda nutria certa admiração por Gary. Este, por sua vez, falava sobre a vida como pesquisador e, na opinião de Ash, seus olhos brilhavam em certas partes da conversa.

Falando de Ash, ele se sentiu deixado de lado na conversa e chegou até a comentar isso com Pikachu, que mostrou solidariedade. Após vários minutos, ela se despediu alegando precisar ir logo e que os estava atrasando. Gary sorriu e disse que não havia problema nenhum e que eles podiam conversar mais um pouco enquanto Ash apenas desejava que ela fosse embora logo. Ele não entendia bem o porquê desse sentimento... Inveja por uma garota bonita falar com Gary e não com ele? Não... Impaciência por estarem perdendo tempo parados? Não... Proteção com o melhor amigo? Quase...

—Qual o problema, Ash? Ciúmes? —Gary brincou, lembrando um pouco a criança arrogante que foi um dia. Algumas coisas não mudam... Melhoram, mas não mudam.

—Ciúmes? De você? Até parece! —Retrucou no mesmo tom infantil, entretanto, refletiu um pouco sobre a pergunta. Ciúmes? Era isso que ele sentia? Por Gary?

Os dois riram depois dessa “brincadeira” e o clima ficou um pouco mais leve. Ao menos, até chegarem a um ponto específico do caminho, quando Gary ficou um pouco evasivo e até meio inseguro.

—Ash... Eu queria te dizer uma coisa— Começou. —, mas acho que aquela placa vai fazer isso melhor que eu. —Completou com um tom que tentava ser leve e divertido, mas falhava por conta do nervosismo.

Ash se aproximou da referida placa e, no começo, pensou que fosse uma das antigas tendências de Gary à zombaria voltando. Ele reconhecia a cena, foi naquela placa que o outro escreveu “Gary esteve aqui, e Ash é um fracassado!” há tanto tempo.

Ele já estava pronto para gritar com Gary e reclamar furiosamente quando percebeu que algo havia mudado. Uma parte do “recado” foi riscada recentemente com uma caneta vermelha forte e algo foi escrito por cima, agora a placa dizia “Gary esteve aqui, e Ash é meu fracassado!”.

Ash olhou do recado modificado na placa para Gary, levemente ruborizado e parecendo envergonhado, e, de repente, tudo fez sentido. Gary gostava dele. E ele gostava de Gary, mesmo que só agora aceitasse a ideia de admitir. Agora, eles poderiam se declarar um para o outro, sorrir, se abraçar e fazer um perfeito final feliz.

Mas isso não seria o estilo de Ash Ketchum.

—VOCÊ BEM QUE PODIA TER RISCADO O FRACASSADO TAMBÉM! — Gritou irritado.

—Nah... Perderia a graça, ficaria sem o toque original. —Gary retribui num tom de falsa pretensão, aliviado. Aliviado porque ele sabia.

Sabia que era mútuo, assim como Ash. Os dois se conheciam bem demais.

Depois disso, qualquer sensação esquisita entre os dois sumiu.

E eles continuaram sua jornada de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Fofo? Por mais que eu não curta a palavra, admito que sim.

Fiel aos personagens? Espero que sim!
Como eu escrevi isso num dia só, não tive exatamente muito tempo para rever vários episódios. Usei muita Wikipédia e o que eu lembrava do anime.
A cena da placa é uma das minhas favoritas, então foi a primeira que eu lembrei!

Bom? Aí é com você!
Eu gostei, se não gostasse não teria nem postado.

E agora temos uma one-shot Ash/Gary em português! Viva!


Enfim, se alguém quiser ler a da Little Hobbit:

https://fanfiction.com.br/historia/720465/Vazio/

É de Sweeney Todd, se não conhecer o filme aconselho nem passar por lá. Você ficaria perdido.

E, Little Hobbit, feliz ano novo!

Acho que é isso, chega de tagarelice.
Bye!