Fragmentação escrita por Deusa Nariko


Capítulo 1
Capítulo Único: Fragmentação


Notas iniciais do capítulo

Olá, olá, olá ;D

Mais uma one-shot AkaYona porque eu pretendo escrever muito sobre em 2017! MUAHAHAHAHA
Eu adoro HakYona,é OTP, mas eu também adoro o trio Hak-Yona-Soo-won (awnnn, eles criancinhas e brincando juntos) e eu amoooooo esse tipo de drama, então, resolvi explorar um pouquinho o dramalhão desses três.

Espero que gostem e boa leitura!



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Fragmentação

Por Deusa Nariko

Aquele céu para o qual nós três olhamos, juntos... Já não existe mais❞.

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Hak

Ela estava chorando de novo. Hak conseguia ouvir seus soluços do outro lado da clareira onde eles pararam para acampar naquele finzinho de tarde.

Depois que se quebrou pela primeira vez há duas noites, parecia impossível remendar os pedaços do coração de sua princesa. Às vezes ela chorava presa a um silêncio que o aterrorizava. Já fazia quase um dia inteiro que Hak não ouvia a voz dela. Em outras ocasiões, ela quebrava como agora e se rendia a um luto pesado que arrancava gemidos sofridos dos seus lábios e fazia tremer os seus ombros frágeis.

Hak ainda não havia decidido qual deles o atormentava mais.

Ela estava perdendo peso rápido demais por se recusar a se alimentar e ele estava ficando preocupado. Yona andava apenas se ele a puxasse pela mão, bebia água apenas se ele insistisse e dormia no primeiro lugar em que ele a recostava. Ela respirava, mas tão somente porque era um mecanismo natural do seu corpo e independia da sua vontade.

Hak temia que ela estivesse tentando tirar a própria vida ao se privar da comida que ele oferecia. Ele temia pegar no sono em algum momento e descobrir que ela finalmente desistiu de viver. Não que ele pudesse dizer que ela estava viva nos últimos dias. Yona estava vazia e isso o atormentava. Os olhos dela estavam ocos tanto de alegria quanto de vida. Ele tinha passado a evitar olhá-la por tempo demais, não queria que as lembranças calorosas que guardava da princesa fossem substituídas por essas. Não queria esquecer que o rosto dela já foi mais radiante e quente do que o próprio sol.

Enquanto acendia uma fogueira para os peixes que havia pescado — e que sabia que ela não comeria —, curvado no canto oposto da clareira, ele relembrava a expressão fria de Soo-won, suas palavras cruéis e seus atos repugnantes.

Soo-won assassinou mais do que ao Rei que ele servia naquela noite, ele assassinou a inocência de Yona. A possibilidade de ele haver matado a garota que Hak amava, a Yona cheia de vida e de sorrisos, fez seu sangue ferver enquanto suas mãos trabalhavam compulsivas na fogueira.

“Há apenas alguns instantes, eu o mandei para o inferno”, ele dissera com uma expressão tão fria quanto o gelo. E quando ele duvidara, Soo-won proferira as palavras mais cruéis que Hak já ouviu: “Pergunte à princesa Yona, ela testemunhou o assassinato do Rei com os próprios olhos”.

O ódio emergiu violento no seu peito, chamuscou o azul dos seus olhos e o fez cerrar a mandíbula com força o bastante para doer os seus dentes. Hak lembrou a luta que travaram e de como a lâmina de sua arma o feriu no ombro. O sangue que brotou da ferida havia respingado no pátio do castelo, mas não havia saciado a sua sede por vingança nem um pouco.

Hak havia decidido que seria ele a matar Soo-won em algum momento durante a fuga. Era dever dele, sua penitência por haver sido negligente. Seu descuido havia custado a vida do Rei Il e, por pouco, não custou também a vida da garota que ele amava.

Eu vou matá-lo, ele repetia para si mesmo e a cada vez que ouvia essa resolução nos próprios pensamentos, Hak se sentia menos e menos dividido e inseguro. O ódio queimava venenoso no seu coração. Iria até o inferno se fosse preciso para dar cabo da vida dele.

Mas, ainda havia uma pequena parte dele que chorava a perda do melhor amigo, porém tão insignificante àquela altura que era facilmente suplantada pela sua raiva e pela sua culpa.

Ao relancear brevemente para a princesa, do outro lado da clareira, notou que ela só havia cessado o choro porque caiu no sono, recostada ao tronco de uma árvore numa posição pouco confortável. Levantando-se de onde estava, foi até ela e se agachou para segurá-la pelos ombros.

Ajeitando-a numa posição mais cômoda, acabou, em algum momento, a puxando para os próprios braços. Ela ainda respirava e o rosto estava molhado pelas lágrimas que derramou até adormecer. Hak as enxugou uma a uma e apertou o rosto contra o cabelo vermelho volumoso.

Agarrou-se a ela e jurou que a protegeria mesmo que isso custasse sua vida.

E, algum dia, mataria Soo-won. Retribuiria aquela traição. Ainda que aquela pequena parte dele chorasse a possibilidade da concretização daquele juramento.

Pouco importava, era o seu dever a partir de agora, a sua missão; faria dela realidade.

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Yona

Ela acordou antes do amanhecer, como havia se habituado nos últimos dias. Recentemente, seu sono havia se tornado leve, o menor ruído na floresta ao sul do território da Tribo do Vento a despertava. E, se não fossem os ruídos, os pesadelos eram o suficiente para manterem-na acordada.

Yona havia revivido os eventos daquela noite de mil formas diferentes. O assassinato do seu pai, as palavras cruéis de Soo-won que nunca faziam sentido, o momento em que ela percebeu que ele também tiraria a vida dela. Em alguns sonhos, ele obtinha êxito nisso, em outros ela apenas fugia assustada pelo castelo sem jamais encontrar a saída, no entanto.

No sonho que a deixou mais perturbada, Soo-won acabava matando Hak também e ela terminava sozinha no escuro, sem ninguém para quem pudesse gritar por ajuda.

Grogue de sono e fraca pelos dias que passou sem se alimentar, ela demorou a perceber que, em algum momento, Hak havia se esgueirado e a puxado para perto dele, para que dormisse apoiada no seu corpo. Yona o observou em silêncio, a expressão pesada para alguém que dormisse profundamente parecia tão errada.

A luz pálida e tênue do fim da madrugada, filtrada através das ramagens densas das árvores, projetava ainda mais sombras no rosto dele e acentuava aquele sentimento de pesar. Ela soluçou baixinho, mas não encontrou forças para voltar a chorar.

Só tinha Hak agora. Só podia contar com ele e isso doía. Ter arrastado um amigo tão querido para uma vida de fugas e de perigos dilacerava o seu coração já quebrantado. E ela sabia que, apesar de não demonstrar tanto, Hak também estava sofrendo pela traição de Soo-won. Ele mascarava sua dor com o ódio. Afinal, para Hak, seu primo também havia sido alguém muito importante.

Por quê?, ela se questionava ao passo que seus olhos voltavam a marejar. Por que isso tinha de acontecer com eles? Por que Soo-won havia escolhido aquele caminho? Por que ele os lançara fora daquela forma? Por que ele jamais deu sinais de que planejava tomar o trono?

A cada pergunta, o seu coração apertava mais e mais. E a cada vez que percebia que não tinha as respostas para aquelas perguntas, Yona sentia mais e mais vontade de desaparecer, de desistir de tudo e de se entregar ao desespero que a vinha consumindo.

Inconscientemente, seus dedos buscaram, dentro de suas vestes, pela presilha que trouxera consigo. Apertou-a entre os dedos enquanto a agonia no seu peito arrefecia um pouco. Por vezes, aquilo era tudo que mantinha os cacos do seu mundo fragilmente unidos. Era a única prova que ela tinha de que, de fato, conheceu e conviveu com um Soo-won amável que uma vez a protegeu de tudo.

“Eu amo o seu cabelo, Yona”, ele dissera com um sorriso tão sincero, tão gentil, enquanto tocava no seu cabelo. “É um vermelho lindo, da cor do céu ao amanhecer”. Yona apertou a presilha com mais força enquanto a dor voltava a jorrar do buraco no seu peito. Não, não poderiam ser mentiras aquelas palavras. Mas então... Por quê?, ela se perguntava. Dói tanto, pensou, não ter mais o pai ao lado dela, não ter mais Soo-won ao lado dela.

E aquelas lembranças que iam e vinham, dos dias em que os três passaram juntos, passaram a atormentá-la. Ela não conseguia conciliar o Soo-won sorridente e espontâneo de suas lembranças com o Soo-won de olhos frios que assassinou seu pai.

Era como tentar reunir dois cacos de vidro irregulares e diferentes demais; não se encaixavam de forma alguma.

Então, ela finalmente encontrou forças para chorar em silêncio mais uma vez. Chorou pelo pai, que jamais voltaria a ver ou abraçar, chorou pelo primo a quem ansiou confiar seu coração, e chorou pelos dias que não voltariam.

Chorou baixinho para não despertar Hak, tão imóvel quanto conseguiria. Uma vez que os tremores cessaram e que as lágrimas acabaram, continuou a prantear tudo o que havia perdido.

Dentre tantas perdas, sabia que se encontrava algo ainda mais irrecuperável do que vidas ceifadas ou lembranças de dias felizes: sua inocência.

Naquela noite, Yona experimentou, pela primeira vez, a violência na sua forma mais crua. O sangue do seu pai, por não haver podido salvá-lo de alguma forma, estaria para sempre em suas mãos.

.

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Soo-won

O jantar de mais cedo havia deixado um sabor amargo na sua boca. Na realidade, era mais fácil, para ele, culpar a comida pela amargura constante que se tornara a sua vida. Era melhor que redirecionasse a culpa para outrem, assim não remoeria o que fez.

Estava de pé diante da janela, no quarto que ocupava no castelo. Não pretendia pedir que mudassem os seus pertences para o outro cômodo tão cedo. A brisa fresca da noite ao menos deixava uma sensação agradável na sua pele, afagando os longos cabelos louros que ele havia soltado quando se preparara para ir dormir; o sono não vinha de forma alguma, contudo.

Estava dormindo pouco desde aquela noite e Kye-sook já havia notado isso e o aconselhara a tentar descansar um pouco. Na hora, ele havia atribuído seu cansaço ao excesso de trabalho que havia agora no castelo. Tanto a se fazer, tanto a se conferir e planejar, mas o que realmente vinha tirando seu sono tinha rosto e nome. Ou melhor: tinham rostos e nomes.

Por anos ele planejou cada passo com muito cuidado. Matar o Rei e tomar o trono para si havia sido uma ambição alimentada durante muito, muito tempo. Agora, era real. E, para isso, para salvar o reino que tanto amava, Soo-won havia sacrificado as suas pessoas mais importantes em sua vida, Hak e Yona.

Traí-los havia sido a coisa mais difícil que já se obrigara a fazer. Mas ele sabia que esse dia chegaria, mais cedo ou mais tarde, o dia em que já não poderia tê-los ao seu lado. Olhando agora para o céu noturno, para o pontilhado de estrelas, ele ansiava para que ambos se afastassem de Kuuto o mais depressa possível. Era a única forma de continuarem vivos: ficar longe dele.

Soo-won sabia que Hak protegeria Yona a qualquer custo. Ela estaria mais segura ao lado dele do que jamais esteve em toda a sua vida. Se eles se escondessem em alguma vila pequena poderiam continuar vivos, se não interferissem nos planos dele, ele não precisaria eliminá-los. A frieza de sua lógica surpreendeu-o por um momento, mas, então, as coisas seriam assim a partir de agora.

Não sabia se poderia ter havido outro caminho, se, em algum futuro imaginário que ele massacrou, os três poderiam ficar juntos para sempre. Seu melhor amigo, o garoto que o inspirava com sua coragem e força, e a menina esfuziante que enchia o seu peito de calor... Ah, o sono certamente não viria naquela noite.

Ele havia escolhido isso, não podia voltar atrás e nem mesmo demonstrar arrependimento. Fez o que fez e levaria esse peso consigo até o último dia em que vivesse, não importava se fosse um longo período ou não. Kouka precisava dele, se não agisse o reino seria engolido em pouco tempo pelos reinos vizinhos.

Era por esse motivo que tomou a coroa para si e era por isso que havia sujado as suas mãos com o sangue do seu tio. Ao menos, havia sido poupado, por ora, de sujá-las com os sangues de Hak e de Yona.

Mas se tinha certeza de algo era que não podia esperar por leniência. Algum dia pagaria por seus pecados, com a sua alma se fosse preciso. Arderia no inferno por seus atos.

Não contava com o perdão de nenhum deles e era isso que o atormentava mais e que roubava o seu sono.

Cansado, mas incapaz de dormir por conta dos pensamentos ruidosos, ele se afastou da janela e finalmente adentrou a escuridão do cômodo.


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Notas finais do capítulo

Hora das polêmicas: alguém aqui gosta do Soo-won? Eu confesso que não sei se gosto ou se desgosto. Ele me causa sentimentos mistos (?) e acho que pra eu ter uma opinião mais concreta sobre ele a Kusanagi-sensei tinha que nos dar uma amostra dos pensamentos dessa criatura porque eita personagem enigmático! ahsuahsuahsua

E vocês acham que ele será perdoado no fim? Tanto pela Yona quanto pelo Hak? Eu tenho umas teorias aí, quem sabe um dia eu compartilhe ou escreva sobre X'D

Espero que tenham gostado e comentem!
Um feliz ano novo para todos!!! E logo, logo eu trago mais uma one-shot HakYona agshagshagshags

P.S: ALGUÉM MAIS SURTOU NO CAPÍTULO 134 DEPOIS QUE O HAK QUASE SE DECLAROU PARA A YONA?! AIMEUDEUS!!!!!!!!! agsvahsahsba