Beijo da Virada escrita por Lola Royal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Já falei para alguém que dia 31/12 é meu dia favorito do ano? Pois, então, é. Eu simplesmente amo a virada do ano e tudo mais, então queria compartilhar um pouquinho da minha paixão pela data através dessa one.

Não haverá continuação gente, pelo menos não está nos meus planos que haja. É uma história curta, mas que eu amei escrever e que espero que gostem de ler.

Boa leitura! ♥



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Escada

Isabella Swan, ou como preferia ser chamada, Bella, abriu seus olhos castanhos naquela manhã e não precisou de muito para se lembrar do dia que estava se iniciando e de tudo que aquela data significava. Era 31 de dezembro, véspera de ano novo.

Em todos os anos anteriores, Bella passou a data sentada na sala de estar da casa dos pais em Forks. Enquanto seu pai dormia na sua fiel poltrona, muito antes da meia-noite, sua mãe divertia-se criando planos que nunca seguia no ano novo, restando a Bella ficar ali, olhando a bola cair em New York pela televisão.

Porém, aquele ano seria completamente diferente. Pela primeira vez Renée, a mãe de Bella, tinha seguido um de seus tantos planos e organizou uma viagem em cruzeiro para si e para seu marido, Charlie, durante as férias de inverno, aquela altura eles já deviam estar nas Ilhas Gregas comemorando.

Então, Bella não estava na costa oeste do país, estava na leste, em New York. Finalmente, em seus longos vinte e cinco anos, poderia passar o ano novo em festas, no agito, não de pijamas e pantufas vendo o pai babar e a mãe entupir-se de margueritas.

Bella amava os pais, mas eles sempre eram tão cuidadosos com ela, ainda a tratavam como uma garotinha, não como uma mulher formada de quase trinta anos que já tinha um trabalho e se sustentava sozinha. Eles surtariam se descobrissem os planos dela para aquela noite, surtaram quando ela anunciou que estava se mudando para a grande cidade de New York quando se formou na Universidade de Washington aos vinte e um anos.

Desde então, Bella morava e trabalhava em New York. Era professora em uma escola particular de educação primária em Manhattan, ganhava bem, o suficiente para ter uma vida confortável, podia até mesmo se dar ao luxo de ter um apartamento, ainda que alugado, só para si.

O que Bella não tinha, a mais de cinco anos, era um namorado. Era tímida, passava muito tempo em casa entre seus livros, séries de TV e tentando manter plantas vivas na escada de incêndio do seu prédio, duas já tinham morrido só aquela semana.

Porém, Bella queria mudar. E, estava disposta a iniciar a mudança junto ao novo ano que logo começaria. Por isso, aceitou o convite de passar a festa de fim de ano com Alice, sua ex-colega de quarto, com quem tinha dividido um apartamento no primeiro ano quando se mudou para New York.

Alice Brandon, era o total oposto de Bella. Uma garota comunicativa, cheia de amigos e que trocava de namorados rapidamente. Bom, até ela conhecer, dois meses antes e, cair de amores por Jasper Whitlock, um texano charmoso que conquistou o coração da morena para todo o sempre.

Jasper era um aliado de Bella para aquela noite, ele iria levar a festa de Alice um amigo que trabalhava no mesmo banco que ele. Jacob Black, Bella tinha visto fotos. Descendente de nativos americanos, malhado e dono de um sorriso brincalhão, Bella sabia que ele era o homem mais bonito que já tinha visto em toda sua vida.

E, se tudo corresse perfeitamente, Jacob lhe daria um beijo na virada do ano. Bella mal podia esperar por aquilo, era um sonho prestes a se realizar. Beijaria um cara lindo em seu primeiro ano novo em New York, em uma festa, iria se divertir e estaria junto a alguém que podia se tornar seu namorado futuramente.

Logo ela estava fora da cama, cuidando de tudo para que pudesse sair. Deu uma geral no apartamento, sem querer que o local estivesse um chiqueiro durante a virada de ano. Então, depois de constatar que a terceira planta da semana estava morta, Bella deixou o seu apartamento.

Fez uma refeição leve em um restaurante próximo, depois seguiu para um salão onde tinha hora marcada. Estava gastando muito, mas sabia que aquele dia de rainha era necessário, fez de tudo ali, depilação total, cabelo, unha e pré maquiagem. Saiu do salão contente com o resultado, tinha tudo quase pronto para a noite que estava se aproximando, faltava apenas buscar por seu vestido, um caro e lindo vestido vermelho, na lavanderia.

O salão que estava ficava em um grande shopping, que encontrava-se absurdamente cheio aquele dia. Para evitar o tumulto dos elevadores e das escadas rolantes, Bella optou por descer pelas escadas convencionais. Já estava quase alcançando a última escada, quando seu celular tocou, rapidamente o pegou em sua bolsa, o atendendo ao ver que era Alice.

— Bella, eu vi a foto que você mandou do salão, você está um arraso! — Alice gritou em sua orelha.

— Eu sei, estou me sentindo tão confiante, Alice! — Bella exclamou de volta, descendo a escada distraidamente. — Acha que Jacob vai gostar de mim? Eu estou tão ansiosa para esta noi...

Tudo aconteceu muito rápido, perdendo o equilíbrio, Bella começou sua queda na escada. Não sentiu nada no momento, na verdade, a única coisa em seu momento era que chegaria atrasada a lavanderia, que estava prestes a fechar para pegar seu vestido perfeito.

— Oh meu Deus, moça, você está bem? — Uma das pessoas, do grupo de curiosos que se reuniram ao redor de Bella perguntou.

— Estou — Bella sussurrou, sentido uma dor imensa em sua perna esquerda e no pulso direito. Além disso, seu corpo todo estava dolorido, a cabeça também doía, mas ela estava mais tonta do que com dor ali. — Meu beijo — murmurou confusa. — Eu não posso perder meu beijo da virada — disse antes de desmaiar.

Café

Edward se serviu com um grande copo de café, deu um sorriso satisfeito por finalmente se reunir a sua querida amiga, a cafeína, depois de atender por um bom tempo um adolescente que tinha se machucado em um acidente de trânsito. Munido de sua preciosa dose de cafeína, o médico caminhou até um dos sofás da sala de descanso dos médicos.

— Paraíso! — exclamou, afundando no estofado, estava prestes a tomar o primeiro gole de seu café, quando seu momento de relaxamento foi rudemente interrompido.

— Doutor Cullen, comparecer a emergência. Doutor Cullen, comparecer a emergência — a voz feminina repetiu no sistema de som do hospital.

— Mas que merda — ele resmungou, tomou apenas um gole do café, que estava delicioso, livrou-se do resto.

Caminhou rapidamente até a emergência de traumatologia, encontrando-se com Rosalie McCarty, uma das enfermeiras em plantão naquela noite de véspera de ano novo. Ela, com uma aparência entediada, estendeu a ele o prontuário em suas mãos.

— Isabella Swan, 52 anos de idade — Rosalie começou a narrar a ficha nas mãos de Edward, mesmo que ele estivesse lendo tudo ali. — Ela caiu de uma escada no shopping, aparentemente está toda quebrada.

— Que maravilha. — Edward bufou. — Na idade dela uma queda dessas pode ter consequências terríveis, qual o quarto?

— Oitocentos e noventa. — Rosalie respondeu, seguindo na frente até o quarto que tinha acabado de anunciar, seus cabelos loiros dourados quase caindo do coque no alto de sua cabeça.

— Emmett ainda não está na cidade? — Edward perguntou, notando o desanimo da enfermeira.

— Não — Rosalie reclamou, colocando a mão sobre a maçaneta da porta do quarto onde Isabella estava. — Ainda está preso no aeroporto, ele nunca vai chegar aqui a tempo para a virada do ano, maldição. — Abriu a porta, parando ao ver não uma senhora na cama hospitalar, sim uma garota que nem devia ter trinta anos de idade.

— Quarto errado? — Edward indagou confuso, vendo a garota de cabelos cor de mogno deitada na cama, apagada. Ela estava maquiada, ou estava antes do seu acidente, ele podia ver isso pelas marcas de maquiagem por seu rosto branco, fazia-a parecer ter acabado de sair de um filme de terror sobre palhaços.

Rosalie caminhou até a cabeceira da cama de Isabella, pegando sua bolsa ali. A abriu, procurando por algum documento de identidade dela, encontrando a carteira de habilitação da Swan.

— Não, essa é nossa garota, ela tem vinte e cinco — Rosalie disse, arrumando os pertences de Bella. — Só estamos lidando com mais um caso de paramédicos idiotas que fazem tudo errado. — Rosalie arrancou a prancheta da mão de Edward, consertando o erro na idade da paciente.

— Ótimo, uma garota de vinte e cinco anos desastrada que rebolou por uma escada. — Edward começou a examinar Isabella, notando rapidamente sua perna esquerda quebrada, assim como seu pulso direito no mínimo torcido devido aos inchaços nas regiões. — Provavelmente estava bêbada. Eu estava tendo um momento com meu café, sabe, senhorita Swan? — falou com a garota inconsciente. — Estou de plantão há mais de vinte e quatro horas, agora quando ia ter um pouco de descanso, a senhorita decidiu rebolar da escada. — Ele tocou na mão esquerda dela, sentindo-a completamente gelada, esquentou-a entre suas próprias mãos, enquanto voltava-se para Rosalie. — Tomografia do corpo todo, um raio-x da perna, exames de sangue, ela tem alguma alergia medicamentosa?

— Nada em sua ficha. — Rose falou, checando aquilo.

— Ótimo. — Edward soltou a mão de Bella delicadamente sobre a cama, pegando o prontuário dela ali, prescrevendo os remédios iniciais. — Cuide dela, Rosalie, apenas me chame quando tudo estiver pronto, eu realmente preciso descansar. — Edward checou mais uma vez a temperatura na mão de Bella, que tinha ficado mais quente, então deixou o quarto que ela ocupava, indo de encontro ao seu café.

Hospital

Quando Bella acordou, o primeiro pensamento que teve foi seu vestido vermelho. Era um belo vestido, longo, com uma fenda na lateral direita, frente única e com um decote generoso nas costas. Alice tinha escolhido para ela, foi a primeira vez que Bella realmente gostou da ajuda da amiga para roupas.

— Me-Meu ves-vestido — ela murmurou confusa, enquanto acordava. Estava muito frio, ela logo percebeu isso, também estava em um local muito claro e deitada sobre uma superfície nem tão confortável assim. Ela abriu os olhos com dificuldade, vendo uma figura loira mexendo em algo perto de sua cabeça.

— Volte a dormir, querida, vai ser uma longa noite — a mulher disse gentilmente, Bella abriu os olhos rapidamente, vendo o local onde estava. Era um quarto de hospital, ela não ficou tão surpresa quanto a isso.

— Quem é você? — questionou a mulher.

— Rosalie McCarty — a enfermeira respondeu. — Você se lembra do que aconteceu, Isabella?

— Bella, eu gosto que me chamem de Bella — a Swan disse rapidamente, Rosalie assentiu para aquilo, seus olhos azuis passeando por um prontuário em suas mãos. — Eu lembro, mais ou menos, acho — falou se remexendo, sentindo a dor em seu corpo, sentiu algo duro em sua perna e pulso, mas não conseguia se mexer para olhar. — Estava deixando o salão no shopping, então acho que cai da escada. — Bella arregalou os olhos, encarando Rosalie. — Oh não, merda, que horas são? Eu tenho uma festa no apartamento da minha melhor amiga, tem um cara que vai me beijar a meia-noite, não posso perder isso.

— Lamento muito, mas...

Rosalie foi interrompida pela entrada de um médico no quarto. Até mesmo Bella perdeu a concentração por um instante com a chegada dele, era um homem alto, parecia muito cansado, mas ela podia ver que era bonito. Tinha revoltosos cabelos cor de cobre, olhos que a distância pareciam ser verdes, ou azuis, ombros largos e definitivamente ficava muito bonito de scrubs e jaleco.

— Olá, senhorita Swan, que bom vê-la acordada! — ele exclamou, lançando um sorriso que a fez gemer baixinho, a voz dele era tão linda quanto todo o resto. Entendendo o som de forma errada, Rosalie arrumou a intravenosa no braço de Isabella, acreditando que aquilo estava lhe causando dor. — Sou Edward Cullen, seu médico. — Ele chegou até o outro lado da cama dela. — Acabei de ver seus exames, senhorita Swan, foi uma bela queda, não? Você fraturou sua perna esquerda em duas partes. — Bella deixou de babar pelo médico ao ouvir aquilo, ficando desesperada por ter se quebrado tanto, mais uma vez. — Seu pulso direito tem uma pequena fissura, mas se for destra terá de ficar algumas semanas sem escrever nada à mão para não piorar o estado — ele dizia com confiança em seus diagnósticos. — Podemos fazer mais alguns exames clínicos agora? Você teve uma contusão craniana leve, mas precisará ficar em observação por vinte e quatro horas para prevenir possíveis complicações.

— Não, não, não! — Bella falou desesperada. — Eu não posso ficar internada — falou de forma enfática para Edward.

— Você não tem seguro médico? Nós podemos resolver isso — ele disse, pronto para dar novas instruções a Rosalie.

— Não, eu tenho, um bom seguro pra falar a verdade — Bella declarou. — Sabe por quê? Porque eu vivo me quebrando por ai, doutor Cullen, estou acostumada. Eu quebrei meu braço pela primeira vez quando tinha só dois anos de idade, meus ossos estão acostumados. — Edward respirou fundo, cansado, ainda mais por estar enfrentando uma paciente como Bella. — Mas, minha melhor amiga está dando uma festa hoje. Eu tenho um vestido caro me esperando, ou pelo menos tinha, a lavanderia já deve ter fechado. A questão é que, eu preciso ir a essa festa. Esse cara, Jacob, que trabalha no banco e é super bonito, estará lá e quero que ele me beije a meia-noite.

Edward olhou de Bella para Rosalie, então de volta a Rosalie. O cansaço sumiu de seu rosto por um minuto, ele parecia intrigado.

— Está me dizendo que quer deixar o hospital, correndo riscos à sua saúde, só para ir beijar um cara na virada do ano? — perguntou para Bella.

— Sim! — ela exclamou. — Eu tenho de ir beijá-lo. Convenci meus pais a embarcarem em um cruzeiro, paguei boa parte da viagem, tudo para que pudesse ter um ano novo divertido, eu não posso ficar presa a essa droga de cama vendo mais uma vez a bola cair pela televisão. — Gesticulou com a mão boa para o aparelho desligado na parede oposta.

— Lamento muito, senhorita Swan — Edward disse, contendo uma risada sobre a história dela. — Mas, eu não lhe darei alta, isso não seria certo. Você sofreu um acidente sério, não pode sair do hospital assim, muito menos para uma festa. Acredito que Jacob, certo? Pode beijá-la em qualquer outro dia do ano.

— Mas...

— Isso não está sendo discutido, senhorita Swan, é minha palavra final. — Edward mexeu na cama dela, deixando-a em outro ângulo para que pudesse examiná-la melhor. Bella lhe lançou um olhar feio, querendo estar com a mão direita boa para poder socá-lo. — Pode me encarar o quanto quiser, senhorita Swan, estou acostumado a ser odiado por pacientes. — Edward a olhou com diversão. — Você não irá ter seu beijo da virada, lamento muito.

— Cretino — Bella disse entre uma tosse forçada.

— Tosse? — Edward sorriu para ela, um sorriso torto cheio de deboche que por pouco não fez Bella gemer outra vez. Ela o amaldiçoou por ser tão bonito. — Agora teremos de mantê-la aqui por mais tempo devido a sua tosse, além do mais, seria rude beijar o pobre Jacob a meia-noite tossindo em sua cara.

Bella apenas bufou, arrepiando-se quando Edward colocou o estetoscópio sobre seu peito para ascultá-la. Ficou imediatamente corada, envergonhando-se por Edward estar ouvindo seu coração bater desesperadamente somente por sua proximidade.

Os olhares deles se encontraram, ela pode constatar que os dele eram definitivamente verdes. Também brilhantes, talvez os olhos mais bonitos que já tinha visto em toda sua vida.

Edward pigarreou, quando passou tempo demais perdido no olhar chocolate de Bella, ainda ouvindo o coração dela bater alucinadamente em seus ouvidos. Rapidamente afastou-se dela, que estava completamente corada.

— Algum problema cardíaco, senhorita Swan? — ele perguntou a ela, evitando olhá-la nos olhos.

— Talvez eu esteja desenvolvendo um agora — ela sussurrou muito baixo, mas Edward foi capaz de ouvir. Ele sorriu e ela, quando viu o sorriso triunfante dele, não se conteve em sorrir de volta.

Festa

Alice não precisou de muita burocracia para conseguir entrar no hospital, descobrir o quarto que Bella ocupava e ir até lá. Ela recebeu uma ligação do hospital cerca de uma hora antes, estava do outro lado da cidade em seu apartamento arrumando tudo para a festa, então praticamente correu até ali para ver a amiga acidentada.

— Que bom que está viva! — exclamou ao entrar no quarto, vendo Bella sentada na cama, tomando com cara de nojo uma sopa de cor e cheiro suspeitos. Recebeu seu jantar de doente não muito depois que terminou de ser examinada por Edward e foi deixada lá com parte do braço direito engessado, a perna esquerda toda imobilizada e uma faixa ridícula na cabeça, ao menos Rosalie tinha sido bondosa com ela e limpado a bagunça que a maquiagem tinha ficado em seu rosto.

— Eu sei, foi um acidente estúpido — Bella protestou. — Preciso que use seu poder de convencimento para fazer o médico me dar alta, Alice. Estou realmente bem, mas ele é um idiota. Como se eu nunca tivesse caído de uma escada antes.

— Okay, vou cuidar dele — Alice anunciou, chamando a enfermeira pelo botão acima da cama de Bella. — Sua sorte que meus números estão nos seus contatos de emergência, seus pais cruzariam o oceano se suspeitassem que você sofreu um acidente.

— Ei Bella, você já tomou sua sopa? — Rosalie perguntou entrando no quarto. — Ah meu Deus, Alice!

— Rosalie! — Alice deu um gritinho, algo muito característico dela.

— Como vocês se conhecem? — Bella perguntou confusa, vendo as duas se abraçarem como velhas amigas.

— Rosalie é irmã mais velha de Jasper — Alice contou empolgada. — Eu não sabia que estava de plantão hoje, Rose, você disse que iria minha festa.

— Eu vou, tive de cobrir o plantão de uma colega. Saio daqui em meia hora — Rose contou para Alice. — Meu marido finalmente já está voando, ele foi visitar a mãe em Boston.

— Emmett, o marido dela, é um médico aqui também. Não é legal? — Alice perguntou a Bella, que continuava remexendo sua sopa ruim.

 — Em uma hora mais ou menos ele estará na cidade e poderemos ir a sua festa. — Rosalie abriu um grande sorriso.

— Deus, só eu não irei a sua festa, isso é um castigo — Bella choramingou.

— Senhorita Swan, chorando? Devemos avaliar seu psicológico também? — Edward entrou no quarto, carregando um copo novo de café, ele já tinha perdido a conta de quantos bebeu durante todo aquele dia. — Edward Cullen, médico responsável por Isabella. — Se apresentou a Alice, que prontamente apertou a mão dele. — Devo pensar que você é a amiga oferecendo a festa de hoje?

— Sim, você quer vir? — Alice questionou. — Comida cara e open bar, iria gostar. — Piscou para ele. — Basta apenas assinar a alta da Bella e deixá-la ir também.

— Sem chances. — Edward bebeu um pouco de seu café. — Ela ficará aqui em observação como é o ideal, não pode deixar a internação.

— Babaca. — Bella forçou uma nova tosse.

— Teremos de cuidar da sua tosse, senhorita Swan, está ficando séria. — Edward lançou um novo sorriso a ela, antes de deixar o quarto.

— Não podemos arrancá-la daqui e traficá-la até o lado de fora? — Alice perguntou a Rosalie, que negou com um aceno de cabeça.

— Não, ela realmente tem de ficar em observação como o Doutor Cullen disse.

— Okay, estou cancelando a festa. — Alice proclamou.

— Não, você não está! — Bella protestou. — Você passou mais de um mês planejando a festa, Alice, não perca isso por mim. Vá! — Apontou para a porta. — E tenha seu beijo da virada com seu namorado. — Voltou-se para Rosalie. — Vá também e beije seu marido.

— Eu com certeza irei, mas só depois que você tomar sua sopa.

Bella resmungou, começando a tomar seu jantar de ano novo.

Conversa

Às dez da noite o movimento na traumatologia caiu drasticamente, Edward estava descansado, com direito a mais café, quando pensou em Bella sozinha no quarto ali. Bufando, indignado consigo mesmo por estar sendo tão idiota, ele deixou a sala de descanso dos médicos, indo até o quarto dela checar se ela estava bem, ou pior, se ela não tinha fugido.

Ela estava assistindo televisão, a transmissão ao vivo da Times Square, que Rosalie tinha ligado antes de deixar seu plantão. Bella estava claramente entediada, até mesmo um pouco triste, Edward percebeu.

— Você veio me dar alta? — ela perguntou ao notá-lo na porta do quarto.

— Eu realmente não posso, senhorita Swan — falou, entrando no quarto, checando a intravenosa no braço dela.

— Me chame apenas de Bella — ela pediu, abaixando o som da televisão com o controle.

— Italiana?

— Nem de longe. — Ela riu, vendo Edward sentar na poltrona próxima a sua cama, bebendo de seu café. — Sou de uma cidade bem pequena de Washington, sério, muito pequena. E você? É de New York, mesmo?

— Chicago — ele respondeu.

— Isso explica seu cabelo bagunçado? — ela sorriu timidamente para ele. — O vento da conhecida cidade dos ventos o bagunçou tanto que eles nunca mais voltarão ao lugar? — Edward gargalhou, sentando-se mais confortavelmente na poltrona.

— Boa, eu nunca tinha ouvido essa.

— Ás ordens. — Ela deu de ombros, sentindo seu corpo doer por isso. — Droga, você não pode me dar morfina?

— Isso te apagaria até o dia dois — ele falou.

— É a intenção, esquecer que tive mais um ano novo frustrante. — Suspirou. — Isso é ainda pior do que ficar sentada na sala da casa dos meus pais, já que estou toda quebrada. — Indicou com a cabeça a perna engessada. — Eu vou precisar de operação?

— Vai, caso não se comporte e exagere — Edward confirmou. — Eu posso operá-la, se quiser, seria uma excelente operação de “eu te avisei que devia ficar quieta”.

— Eu não confio em você me operando, doutor Cullen — o provocou. — Você está cheio de cafeína.

— Algumas pessoas são movidas a água, sou movido a café.

— Eu posso ter um pouco de café, também?

— Definitivamente não. — Bella bufou com mais aquela recusa. — Então, quando você não está caindo em escadas em pleno shopping, o que está fazendo da sua vida?

— Ensinando crianças, espero que elas sejam menos irritantes do que certos médicos — Bella o provocou mais uma vez, ganhando um sorriso do médico. — E você? Quando não está destruindo sonhos de seus pacientes, faz o que?

— Eu durmo, muito — Edward contou. — É meu passatempo preferido desde a faculdade.

— Isso não é emocionante — Bella resmungou.

— O quê? Você pensava que isso aqui é como Grey’s Anatomy? — Edward riu, gesticulando para o hospital. — Não, definitivamente não é.

— Parece chato, por que se tornou médico?

— Cresci ao lado de um médico, a profissão me chamou desde cedo. Eu realmente gosto do que faço, mesmo sendo exaustivo — contou. — Meu pai é um traumatologista também, eu aprendi muito com ele.

— Como por exemplo proibir pacientes de ir para festas ganharem um beijo na meia-noite?

— Sim, é a lição um! Afinal, o que há de tão especial nesse bendito beijo? Você está tão afim assim desse cara?

— Ele é bonito, mas sequer o conheço pessoalmente — Bella corou. — Eu só queria um ano novo diferente da monotonia de sempre. Até meus pais estão tendo isso, nesse exato momento estão na Grécia e eu aqui.

— Eu sinto muito — Edward disse suavemente. — Realmente a liberaria se fosse possível, Bella, mas não posso colocar sua saúde em risco. Não apenas porque isso ia sobrar para mim como seu médico, mas porque eu espero que você fique boa, não que acabe passando mal por ai e piore drasticamente. Essa é a lição dois de ser um médico.

Bella o olhou, vendo o rosto sério de Edward, mas seus olhos gentis.

— Eu sei, desculpe estar sendo tão chata sobre isso — falou. — Mas, realmente queria estar na festa. Quer dizer, você não está irritado por terem te escalado para o plantão enquanto todos estão lá fora se divertindo na noite mais legal do ano?

— Eu escolhi ficar de plantão, na verdade — Edward murmurou.

— Por que você faria isso?

— Porque há outros médicos aqui que iam aproveitar a noite melhor do que eu. — Fez um gesto de pouco caso. — Com suas famílias e amigos, eu podia cobri-los e todos sairiam ganhando.

— Mas, você podia estar lá fora com sua família e amigos.

— Eu estou em New York apenas há quatro meses — Edward explicou. — Tudo que fiz durante esse tempo foi dormir e trabalhar, sequer conheci a Times Square. — Apontou para a televisão, Bella o encarou perplexa com a informação. — Não conheço ninguém que não seja desse hospital, mas fora Rosalie e o marido dela, Emmett, não sou realmente próximo de ninguém aqui.

— Por que veio para New York?

— Minha ex-noiva e eu rompemos cinco meses atrás, eu precisava de uma mudança — contou em um tom de voz baixo.

— Eu sinto muito — Bella disse.

— Não, tudo bem. — Edward sorriu. — Foi muito melhor romper antes de casar, ela está feliz com um cara novo, eu estou feliz em New York.

— Você está preso no trabalho na noite de ano novo, Edward, isso não é divertido.

Como se fosse para salientar suas palavras, o sistema de som soou.

— Doutor Cullen, comparecer a emergência. Doutor Cullen, comparecer a emergência.

— Preciso ir, Bella. — Edward se levantou. — Até mais tarde.

Beijo

Era por volta de onze horas e quarenta minutos, Bella estava quase dormindo, com a televisão já desligada, quando ouviram entrar no quarto. Pensou ser alguma enfermeira para lhe aplicar mais um remédio, ou para checar se estava viva, mas se surpreendeu ao ver que era Edward novamente.

— Ei, você está a fim de cometer algumas infrações? — ele perguntou a ela.

— O quê?

— Nós podemos ver os fogos de artifício da Brooklyn Bridge lá de cima do prédio.

— Sério? — Bella se despertou ao ver aquilo, ele confirmou com um aceno de cabeça.

— Sim, a melhor parte é que não precisaremos ser pisoteados para conseguir uma boa visão.

— Mas, eu posso ir lá? Isso não seria arriscado.

— Sim, isso seria muito arriscado e eu posso perder meu emprego — Edward falou sério. — Mas, você me jogou na cara que eu não estou me divertindo e eu empatei toda sua diversão da noite, o mínimo que posso fazer é recompensá-la com uma boa visão dos fogos.

— Justo. — Bella assentiu. — Como faremos isso?

Edward mostrou a ela a cadeira de rodas que tinha levado até o quarto.

— Transporte particular, senhorita Swan — brincou, a fazendo rir baixinho.

— Quase uma limusine.

— Posso carregá-la? — Bella corou ao ouvir a pergunta, então se limitou a apenas assentir.

Com cuidado, Edward a tomou no colo, a depositando com delicadeza na cadeira de rodas. Rapidamente e com total segurança do que estava fazendo, esticou a perna quebrada dela e apoiou o soro e medicação que ela tomava no suporte da cadeira. Por fim, pegou uma coberta da cama, cobrindo Bella para que ela não congelasse de frio no terraço.

— Pronta?

— Sim — Bella cantarolou, mordiscando seu lábio inferior.

Edward também foi rápido em tirá-la do quarto e conduzi-la até o elevador. Não demorou muito para que eles parassem no último andar, que junto ao terraço do lado de fora, funcionava como um deposito de moveis.

— Uau, essa deve ser a melhor vista de New York! — Bella exclamou embasbacada quando chegaram ao terraço, nem mesmo o frio foi capaz de distraí-la da bela visão a sua frente. — Você costuma vir aqui sempre?

— Algumas vezes — Edward respondeu, conduzindo a cadeira dela em uma direção melhor para a ponte. — É um bom lugar para deixar toda a bagunça da cidade grande fora da cabeça por um tempo. — Parou de mexer na cadeira de Bella, ficando em um banco de concreto que tinha ao lado. — Você mora há muito tempo em New York?

— Cerca de quatro anos — Bella respondeu. — Eu amo esse lugar. — Sorriu, olhando para as luzes da cidade.

— Eu também, sério, mesmo que não tenha visto muito dela. É uma cidade tão viva — Edward declarou. — Okay, minha resolução de ano novo, conhecer New York melhor, qual a sua?

— Parar de matar minhas plantas? — Bella suspirou. — Já foram três só essa semana.

— Minha mãe é botânica — Edward comentou. — Você quer o contato do site dela? Ela tem uma pequena floricultura em Chicago, mas é realmente uma amante de internet e posta muito no site dela sobre o assunto, pode pegar algumas dicas. Ela também responde os e-mails se quiser tirar duvidas.

— Uau, eu ia adorar! Okay, então é isso, eu prometo parar de matar minhas plantas, você promete conhecer New York? — Estendeu a mão boa para ele, Edward a apertou, sentindo que ela estava congelado, rapidamente colocou a mão dela entre as suas, a aquecendo.

— Isso é mesmo bom — Bella comentou, olhando para sua mão entre as de Edward, o encaixe parecia ser perfeito para ela. A professora questionava-se se era para ele também.

— Feliz ano novo, Bella! — ele exclamou, fazendo com que Bella olhasse na direção da ponte, podendo ver os fogos, então voltou-se para Edward, que tinha os olhos  verdes voltados exclusivamente para ela.

— Feliz ano novo, Edward!

— Ainda é meia-noite, você ainda quer aquele beijo da virada? — ele perguntou, sorrindo de lado para ela, suas mãos ainda a aquecendo.

— Oh, sim — Bella falou, inclinando-se na direção de Edward, que prontamente foi até ela, fazendo com que eles se encontrassem no meio do caminho.

Foi um beijo singelo, primeiro apenas um toque dos lábios frios devido ao inverno rigoroso daquele ano, até que prolongaram o beijo. Uma das mãos de Edward encontrou caminho entre os cabelos de Bella, a mantendo perto dele, enquanto a mão dela ia ate o rosto dele, sentindo sua pele contra seus dedos.

Para Bella não era apenas um beijo da virada, era muito mais do que aquilo. Para Edward não era apenas um dia qualquer, era a ideia de poder recomeçar junto ao novo ano.

— Onde você pretende passar o ano novo que vem? — Edward perguntou quando o beijo acabou, mas eles permaneceram próximos um do outro, suas testas ainda se tocando.

— Não no hospital — Bella confessou, abrindo os olhos, vendo Edward abrir os dele. — Mas, eu realmente me machuco demais Edward, a todo tempo. Acho que seria muito seguro para mim e para a sociedade, se eu tivesse um médico por perto.

— Alguém em mente? — ele perguntou sorrindo, afagando o rosto dela.

— Eu conheci um médico hoje, se ele não topar, você pode assumir a responsabilidade? — ela brincou, ganhando uma risada dele.

— Eu posso sim.

— Ótimo — Bella disse animada. — Ah, eu acho que ainda não beijei o suficiente pelo novo ano, que tal...

Edward a interrompeu, voltando a beijá-la. Eles definitivamente não parariam com o beijo da virada, tinham o resto do ano para muitos mais beijos.

 


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Notas finais do capítulo

Feliz ano novo, gente. Muito obrigada a todo mundo que me acompanhou esse ano nas fanfics, vocês são demais.

Vejo vocês nos comentários? Beijos!

Lola Royal.

31.12.16