Queens,uma semana antes do torneio de robótica

—Você vai de novo naquele muquifo, Marie? –disse April enquanto caminhava ao lado da amiga pelas caçadas do Queens.

—Eu preciso de peças novas, e o Bill disse que hoje chegariam.- disse Lizzie inquieta.

—E desde quando aquele lixo eletrônico são coisas novas?- perguntou a amiga tentando fazer Lizzie mudar de idéia.

As jovens andavam pelos quarteirões já conhecidos e observavam atentamente cada pequena mudança. Ao chegar na frete de um lugar onde havia escrito "Quinquilharias do Bill" em uma placa de metal tão velha que estava quase caindo, Lizzie entrou, e deu de cara com alguém que ela não queria ter visto naquele momento. Peter estava ao lado do balcão onde Bill estava, ela se aproximou do balcão ignorando completamente o garoto que estava parado ao lado dela. A anos os prodígios brigavam pelos lixos eletrônicos do Queens.

—E ai Bill?-comprimento a garota.

—Como é que ta?- retribuiu o comprimento. Bill era um homem beirando os 48 anos de idade que se não fosse aquela espelunca, ainda estaria sendo sustentado pela mãe.

—Conseguiu aquela peça que te pedi?-perguntou a garota se apoiando no balcão enquanto April observava as revistas antigas ao lado da amiga.

—Está bem ali.-disse o homem apontando para o computador surrado com a cabeça. Quando Lizzie se virou para ver onde estava a sua tão preciosa peça, logo percebeu que Peter também estava de olho nela.

—Nem pense nisso!-disse a garota que agora o olhava nos olhos. Peter olhou para o computador e depois para Lizzie. Os dois correram até a peça, mas o garoto a alcançou primeiro.

—Solta isso, seu quadrúpede!-disse a garota enquanto puxava o computador das mãos do Parker.

—Solta você, sua acéfala!-disse o garoto enquanto puxava de volta.

—O que?!- disse a garota ao ouvir o que o garoto havia falado. –Seu...seu desmiolado!-disse a garota que ainda lutava pelo computador.

—Vocês são estranhos até enquanto flertam.- disse April que agora tirava os olhos das revistas antigas.

—Mas que droga, Parker!- disse a garota quando Peter conseguiu tirar a peça de suas mãos. –Eu tenho um torneio de robótica esse final de semana, o que você vai fazer de produtivo com isto?- perguntou a garota apontando para o computador que estava nas mãos do garoto.

Peter encarou a garota por um tempo e Lizzie correspondeu o olhar, o que estava acontecendo com ela? Seria possível isso ser algum afeto? Vindo da Cabe isso parecia ser um absurdo.

—Tudo bem, você venceu!-disse o nerd ao estender a peça em direção a garota.

—É sério?-disse a garota surpresa.

—Não me faça mudar de ideia.-disse o garoto que foi interrompido por um abraço inesperado de Lizzie, que logo foi correspondido.

Do outro lado da loja April estendia a mão para Bill que logo em seguida lhe entregara dez dólares.

—Eu te disse que um dia eles cederiam.-disse a garota que agora guardava seu dinheiro no bolso do seu jeans surrado.

—Obrigada!-sussurrou a garota em meio ao abraço.

—Não há de quê!-disse Peter enquanto se soltava do abraço.

Quando os dois se soltaram perceberam que estavam sorrindo e April e Bill lançavam-lhes olhares maliciosos. A Cabe sentiu seu rosto esquentar, pegou a peça, deixou a quantia estipulada na etiqueta em cima do balcão e puxou a amiga para fora da espelunca. Do lado de fora da loja, percebeu que April ainda a encarava com um sorrisinho bobo.

—Que foi?-perguntou a garota tentando se fazer de desentendida.

—Eu sabia que você sentia alguma coisa por ele.-disse April animada.

—Não seja tola, April!-disse a Cabe encarando o asfalto enquanto caminhava.

April estava prestes a falar alguma coisa quando o seu celular tocou.

—Salva pelo gongo!-disse a garota ao pegar o celular.- É minha mãe, tenho que ir. Promete que não vai se perder?!-perguntou a amiga que logo virou os olhos.

—Tchau, April.-disse Lizzie o que fez a amiga se afastar rindo.

Será mesmo que April podia estar certa? Lizzie nunca havia se apaixonado por ninguém, a não ser quando tinha cinco anos e o Toby Jenks lhe deu um bolo porque ficou com dor de barriga. Elizabeth balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos, ela não podia pensar nisso, não agora, ela precisava focar na sua carreira e no seu futuro brilhante, agora não é hora de pensar em garotos.

A morena estava tão distraída que não percebeu que havia entrado em um beco sem saída até que uns caras nojentos a barraram.

—Olá coisa linda, porque nunca te vi pelas redondezas?-perguntou o homem se aproximando cada vez mais da Cabe, que por sua vez tentava se afastar dando passos para trás.

—Por que eu não chego perto de pessoas repugnantes, como vocês.- disse mostrando confiança, que logo foi perdida quando os homens a encurralaram num canto.

—Ora ora, se não temos uma garotinha respondona, você está com sorte, são as minha preferidas.- disse um homem que agora já estava em cima da garota que se debatia e gritava desesperadamente. Lizzie estava em pânico, pela primeira vez na sua vida não sabia o que fazer. Três homens prendiam a garota contra a parede enquanto o outro a atacava.

—Soltem-na!-Lizzie pensava que aquelas voz poderia ser fruto de sua imaginação, até ouvi-la pronunciar mais uma vez. –Agora! –A morena tinha certeza que conhecia aquela voz, mas as costas enormes do homem a impedia de descobrir quem era o dono da voz.

—E o que você vai fazer garotinho?-disse o maior dos homens.

Um dos homens soltou o braço de Lizzie e foi em direção ao garoto, ela ouvia chutes e murros e torcia desesperadamente para que o garoto estivesse ganhando. Ela olhou para o lado e percebeu que só havia mais um homem a segurando, essa era sua chance, a garota rezava para que as suas aulas de auto defesa tivessem valido a pena. O homem ao seu lado tinha o dobro de seu tamanho, parecia estar nervoso ao observar a luta, era a hora certa, então a garota acertou o seu precioso computador na cabeça do homem, o que fez ele desmaiar e o outro cara ficar ainda mais irado. Droga!

—Porque não meche com alguém do seu tamanho?-disse o garoto e o cara grandão foi em sua direção, permitindo que Lizzie tivesse uma visão clara do seu herói.

—Peter?-disse a garota surpresa. O garoto acertava socos e pontapés no homem que parecia não resistir, como o garoto conseguira fazer aquilo? Marie observava atentamente os movimentos do garoto, até o mesmo nocautear o homem no rosto, o que fez o cair no chão desmaiado e a Cabe ficar de boca aberta.

—Ta tudo bem?-perguntou o Parker ao se aproximar de Elizabeth, que balançou a cabeça confirmando que sim, ainda não acreditando em tudo que aconteceu. Peter se aproximou mais, diminuindo todo o espaço entre os dois e abraçou.

—Obrigada!- agradeceu a garota enquanto as lagrimas escorriam em seu rosto.

—Não há de quê.-disse Parker que a apertava ainda mais.