Christmas Love escrita por K2 Phoenix


Capítulo 1
Capítulo ÚNICO


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, sei que o Natal já passou, mas este é um pequeno presente que trago pra vocês ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/720233/chapter/1

There she goes in front of me

Take my life and set me free again

We'll make a memory out of it

Holy road is at my back

Don't look on, take me back again

We'll make a memory out of it

(“Lá vai ela na minha frente

Pegue minha vida e me liberte novamente

Nós construiremos uma memória com isso

Atrás de mim, um caminho maravilhoso eu percorri

Não olhe em frente, leve-me de volta mais uma vez

Nós construiremos uma memória com isso”)

NOT TODAY _ IMAGINE DRAGONS

Mike torcia as mãos desajeitadamente, nervoso. Em pânico.

E se a garota desorientada perto da mata que tinham visto naquele dia não fosse Eleven? Quase um ano depois, e ela não havia saído de sua cabeça. Dustin e Lucas balançavam a cabeça, taciturnos sobre a amiga cheia de bravura que tinha se diluído no ar; Will não a conhecera bem, mas via a reverência nos olhos dos amigos; e Max, a garota ruiva e sardenta que agora andava com eles, sempre com seu skate inseparável, ficava calada e respeitosa ao ouvir El ser citada. Não que os meninos tenham dito tudo sobre ela, mas só pela forma como ela era referenciada, Max sabia que deveria manter-se séria.

— Hey, Wheeler. – Hooper o chamou.

Mike desviou os olhos da tv, mas realmente não estava assistindo. Todos estavam ali, ansiosos, na sala dos Byers. Joyce e os filhos; sua irmã Nancy e Steve, com quem não namorava mais, porém meio que se tornara amigo de todos; e havia também Lucas, Dustin e Max.

— Eu vou lá na delegacia. Mandaram a menina para lá.

— Eu... eu...- Mike gaguejou.

— Escute, a pessoa em quem ela mais confia parece ser você. A garota achada tem a descrição que bate com a da Eleven, e se ela estiver assustada e confusa, vai ser bom encontrar alguém que lhe passe segurança.

Lucas segurou o ombro de Mike, dando apoio:

— Lembra quando ela preferiu você ao cara do laboratório que veio buscá-la? Ela realmente precisa de você.

Mike assentiu e saiu dos Byers junto com o xerife. Antes de descerem, Hooper suspirou e disse:

— Eu estive procurando por ela um ano inteiro, Mike. Colocando alimento e roupas na floresta a fim de conseguir resgatá-la, se ela tivesse ido parar no Upside Down.

O garoto arregalou os olhos, surpreso.

— Eu sei que deveria ter dito isso antes, mas não queria que vocês sofressem.

Mike balançou a cabeça:

— E o governo? Será que vão querer pegá-la de volta?

— Não, eles... eles só querem abafar o caso. Eu serei o responsável por ela, se acaso for a Eleven mesmo que estiver ali, esperando por nós.

Mesmo após tantos anos, Mike lembra daquele momento como se tivesse acontecido com ele há poucos instantes. Eleven virou o rosto cansado e sujo para ele e sorriu. Tinha lágrimas nos olhos, escoriações por todo o corpo, estava coberta com um agasalho arranjado às pressas na delegacia. Mas estava viva, estava ali, e ele correu para abraçá-la e sentir os frágeis braços dela em torno dele:

Mike. – ela suspirou. – Casa.

[...]

— ... e então, a Cinderela e o príncipe se casaram e viveram felizes para sempre. Fim. – Will fechou o livro de contos de fadas que Nancy havia dado para El e sorriu para a sua nova “irmã”. Joyce havia insistido para que a garota fosse morar com ela, mesmo que Mike tivesse ficado ressentido por ela não ficar em sua casa.

— Bonita história. – El sussurrou, bocejando. Ela sorriu e segurou a mão de Will. – Gosto das princesas.

O menino sorriu com o canto dos lábios. Mesmo que ele tenha sofrido tremendamente com o seu rapto pelo Demogorgon e passado uma semana no mundo invertido, além de ter passado meses cuspindo lesmas nojentas, nada se comparava a toda vida sofrida daquela menina.

— Você quer que eu ajeite seus travesseiros? Quer que eu traga leite quente com chocolate?

—Sim. – ela disse timidamente, até que alguém bateu na porta.

— Entra!- Will disse, levantando-se para guardar o livro e pegar o leite para a irmã. – Ora, é o Mike, El! – ele riu.- Que surpresa você por aqui!

Mike esfregou um pé no outro, olhando pra baixo e ruborizando. Todos os dias ele ia passar a tarde nos Byers desde que El voltara:

— Sem comentários, Will, por favor. – ele riu sem jeito.

— Tudo bem, eu vou só pegar um lanche para a Eleven, você vai querer também?

—Não, tô ok, acabei de comer torta de maçã em casa. Aliás, minha mãe mandou um pedaço pra você, El.

— Me dá, eu coloco num prato e trago o talher para ela comer.- disse Will, saindo e deixando os dois a sós.

— Oi, El.- ele sentou-se ao lado dela na cama. – Como foi seu dia?

— A maior parte, eu dormi. – ela parou, coordenando as palavras na cabeça.- Will leu uma história... Cindy...hum...

— Cinderela? – ele atalhou. – Ah, é uma boa história. Depois eu vou trazer outras histórias pra você, se quiser.

— De princesas? – os olhos da menina se iluminaram.

— Sim, pode ser. Mas também de guerreiros, de fadas, elfos. Na verdade – ele se aconchegou melhor ao lado dela, algo que fez a garota suspirar satisfeita, se aninhando a ele.- Eu posso até criar uma história para você.

— Pode?

— Sim, posso. É o que eu faço quando crio campanhas pro RPG... eu crio histórias. Daqui a uma semana será o Natal, você sabia?

— Não. – El simplesmente disse, abraçada a Mike. – Eu não sei o que é.

Mike sentiu o coração pesar: como alguém chegava àquela idade sem saber o que era o Natal?

— Você nunca... nunca ganhou presentes do Papai Noel?

— Não. Eu só conhecia o Papa. Papa me deu um urso.

Mike instintivamente fechou os punhos, revoltado. Tentando não sobressaltá-la, já que ela estava ainda se recuperando e se encontrava tão pacífica e aconchegada junto a ele, o garoto falou, o mais doce possível:

— Você vai ter o melhor Natal da sua vida, El, eu prometo.

— Mas, o que é Natal?

— É um dia em que você come muitas coisas gostosas, não vai pra aula, ganha presentes... Papai Noel pode trazer presentes para você, também. – ele achou importante que ela, ao menos uma vez na vida, vivesse algo que toda criança tinha tido oportunidade, que era ter a crença no bom velhinho.- e o dia todo é muito especial, porque todos a quem amamos estão conosco.

El pareceu refletir algo por um momento:

— Mike... alguém me ama?

Ele sentiu o rosto vermelho, ainda mais porque ela o encarava atentamente:

— Todos nós te amamos, El. Os Byers e o Hooper, que estão cuidando de você. Eles são sua família agora. Minha família também te ama. Os garotos... amigos se amam através da amizade...

— E você? – os olhos castanho-claros da menina o perscrutavam. – Você é  “não amigo”?

— El... – Mike lambeu o lábio inferior, meio surpreso de ela ter lembrado daquilo.- Yeah. Não amigo. Mais que isso. Definitivamente.

Eleven sorriu de modo misterioso, e a forma como a boca cheia e em forma de coração dela fazia um biquinho simplesmente estava atraindo-o como um imã. Os dois sentiram o coração disparar, e...

— El, seu lanche.- Will abriu a porta do quarto.

[...]

— Ok, eu disse pra Eleven que o Natal vai ser um dia muito especial, o que significa que a gente vai ter que fazer o melhor. É o primeiro dela, a El tem que ter a melhor lembrança possível. – disse Mike.

Lucas, Dustin, Will e Max olhavam para o amigo tentando manter os rostos sérios de quem estava aceitando uma missão bastante austera, mas na verdade estavam loucos para rir e fazer gracinhas sobre o quanto ele parecia apaixonado por Eleven.

— E o que você quer que a gente faça, propriamente?- Lucas ainda tentou dar um tom sério a sua voz.

— Podemos trazer o visco e pendurar no porão.- Max riu; sua risada foi o estopim para que os outros garotos se sentissem liberados a fazerem as gracinhas reprimidas em cima de Mike, que falou, aturdido:

— Parem, por favor! É sério! Eu preciso da ajuda de vocês!

— Vamos fazer o seguinte, a gente vai levar a El para andar de trenó.- sugeriu Will.

— Fazer boneco de neve.- interveio Dustin.

— E vamos procurar um presente que Papai Noel poderia deixar para Eleven.- concluiu Lucas.

— O que você vai dar para ela, Mike?- Max perguntou.

— Eu vou fazer o presente. – ele sorriu, enigmático.

[...]

Nos dias seguintes, com El parecendo melhor de saúde e mais bem alimentada, Joyce deixou que a garota saísse com os meninos. Ela nunca tinha visto a neve cobrindo tudo, e olhava curiosa as superfícies tomadas pelo branco, sendo contrastado pelos enfeites natalinos nas casas e lojas.

Enquanto não estava ao lado de El, Mike estava pensando nela e fazendo seu presente. Não era algo fácil, ele precisava de concentração e, à certa altura, ele percebeu que a as habilidades artísticas de Will seriam valiosas no seu projeto.

Então, finalmente, depois de todo a cooperação dos amigos, Mike pôde ver os olhos de El brilhando ao encarar a árvore de Natal de sua casa. Ele murmurou perto dela:

— Você gostou da nossa árvore?

— Bonita.- ela sorriu para ele. – Ela... brilha.

— Sim, são as luzes pisca-pisca. – ele apontou. – Olha.- ele pegou um bonequinho no pinheiro excessivamente decorado da sua casa.- Este é o Papai Noel. Nós já o vimos no comercial da Coca-cola, lembra?

— Sim. – ela pegou o enfeite em suas mãos delicadas.- O Papai Noel de verdade...

— Sim.- ele sabia o que ela queria dizer.- Ele vai deixar um presente para você quando todos forem dormir, El.

Eles ficaram em silêncio, Mike pegando nas mãos dela para devolver a miniatura de Papai Noel ao pinheiro, falhando no trabalho por não conseguir desviar seu olhar das íris da garota a sua frente.

— Meninos, venham comer! – Karen apareceu na sala, sorrindo e depois balançando a cabeça de forma conformada para o filho e Eleven, percebendo que ele era irremediavelmente louco por aquela garota.

Aquela foi, de longe, a mesa mais linda que El já tinha visto. Pratos de porcelana decorada, talheres de prata, velas, e muita, muita comida: peru, saladas, bolinhos assados, purê de batatas.

— Mike disse que este é o primeiro Natal que você comemora, Eleven.- disse Ted, o pai de Mike, sentado à cabeceira da mesa.- Nós queremos mostrar que te agradecemos o que você fez por todos ao... enfim.

A garota olhou para baixo, um pouco sem jeito, mas respondeu:

— Obrigada.

E eles comeram, muito, e cada vez que El olhava para os Wheeler, satisfeitos e falando alto à mesa, mais ela percebia porquê de o Natal ser tão especial. Mesmo que ela estivesse morando com os Byers e Hooper ( que estava namorando Joyce) fosse agora algo como seu pai, Eleven sempre teria no coração aquela família que a abrigara mesmo sem saber enquanto ela fugia, e cujo filho era o seu “não amigo” que fazia seu coração bater mais forte e seu estômago reagir de forma engraçada.

Após a ceia, a tradição era abrir os presentes. Mike ganhou alguns bonecos novos para a sua coleção, e após ele abrir seus presentes ele pediu para ir com El para o porão, onde estava seu presente.

Quando desceram as escadas, ela pôde ver um embrulho em cima da mesa.

— É seu, El. – Mike apontou, de repente nervoso demais. E se ela não gostasse?

A garota puxou hesitante as pontas do laço que envolvia o embrulho e retirou o que havia dentro do pacote com cuidado. Em suas mãos, um livro com capa dura vermelha e com letras douradas. Ela se virou com os olhos um pouco molhados para Mike:

— A...acho que não sei ler.

— Ah, tudo bem. – ele apontou para as letras. – Quer dizer “A História da Princesa El”. – ele sentiu o rosto arder; com certeza, já estava vermelho como um camarão.

Eleven arregalou os olhos, maravilhada; o livro era um caderno onde Mike escrevera a história de uma princesa com o seu nome, que havia vivido trancada em um castelo por um bruxo das trevas mau e tirânico. Um dia, ela conseguira fugir e encontrou três cavaleiros que andavam na chuva atrás de seu amigo desaparecido.

A cada página escrita, os olhos dela se maravilhavam, tanto pela história que Mike ia contando, como pelos desenhos de Will coloridos em aquarela.

— Mike... é lindo. Muito lindo. – ela sorriu para ele. – Obrigada.

Sem ele esperar, a garota lançou-se sobre ele e o abraçou apertado:

Melhor Natal, Mike.

Ele apertou o abraço em torno dela, agora um pouco mais confiante:

— Sim, El, o melhor. Mas só porque você está aqui comigo.

— Mike. – Eleven tinha uma expressão decidida no rosto. – Eu amo você.

As borboletas no seu estômago alçaram um voo livre causando uma sensação que o arrepiava. Então, o amor era isso? Era sentir o mundo girar, o chão sumir? Porque era isso o que ele sentia naquele momento:

— Eu também amo você, El. – era tudo o que ele conseguia dizer no momento, antes de beijá-la.

Eleven fechou os olhos, instintivamente, sentindo as mesmas sensações vertiginosas que Mike, e sabendo dessa vez que o ato de se beijar só acontecia com os “não amigos” mais do que especiais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Christmas Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.